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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES E

CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DE SALVADOR

A LUTA PELO DIREITO FINANCEIRO JUSTO, DIANTE DA


CORRUPÇÃO: Manifestação Passe Livre, Transporte Público e
Reflexos Normativos.

Ludmilla Mattos Pinheiro de Souza

Salvador - BA

2014
Ludmilla Mattos Pinheiro De Souza

A LUTA PELO DIREITO FINANCEIRO JUSTO, DIANTE DA


CORRUPÇÃO: Manifestação Passe Livre, Transporte Público e
Reflexos Normativos.

Monografia apresentada como requisito parcial para


a obtenção do título de especialista perante a
Universidade Cândido Mendes, em convênio com o
Curso Cejus, no Curso de Pós-Graduação em
Direito Financeiro, Tributário e Previdenciário.
Orientador: prof. Hugo Schayer

Salvador-BA

2014
FOLHA DE APROVAÇÃO

Monografia intitulada, “ A LUTA PELO DIREITO FINANCEIRO JUSTO, DIANTE DA


CORRUPÇÃO: Manifestação Passe Livre,Transporte Público e Reflexos
Normativos.”, apresentada pela aluna Ludmilla Mattos Pinheiro de Souza, para a
obtenção do título de especialista, perante a Universidade Cândido Mendes e o
Curso Cejus.

Salvador, __ de ___________ de 20___.

Nota:__________________________________________

Avaliador:_______________________________________
AGRADECIMENTOS

Minha mãe, por acreditar em mais uma conquista; minha filha por me
dá alegria; a meu pai por ter do céu,olhado por mim; as minhas tias
Ana Lúcia Mattos e Eliane Souza Pinheiro, aos meus amigos que me
ajudaram em especial Sávio e Maria; aos professores do curso, em
especial a Pedro Barreto e a Hugo Schayer pela dedicação em ensinar.
“government of the people, by the people, for the people”, o governo
do povo, pelo povo, para o povo (ABRAHEM LINCOLIN 1863).

“ (...)a reação do sentimento de justiça dos Estados e dos indivíduos torna-


se mais violenta quando os mesmos se vejam diante de uma ameaça
concreta ás suas condições peculiares de vida.” (MONTESQUIEU, apud
Ihering,.2006. P.49).
RESUMO

A presente monografia tem por objetivos tanto avaliação analítica dos motivos
determinantes que levaram o interesse populacional na luta pelo direito financeiro
justo, quanto, demonstrar que a luta através das manifestações passe livre
agilizaram o processo de mudanças normativas e prioridades orçamentárias
moldando para a persecução dos objetivos prioritários exigidos pela massa de
manifestantes com foco significativo no aumento do transporte público, entendido
como inicial estopim. Tem como argumentos dados e conceitos sobre a corrupção, a
manifestação e explanação da conjuntura atual de funcionamento legal do transporte
público coletivo urbano brasileiro, prováveis soluções para uma melhor gestão legal
orçamentária diante da manifestação passe livre, concluindo com algumas
mudanças normativas ocorridas até o prezado momento.

Palavras-chaves: Corrupção – Direito Financeiro – Luta Pelo Direito – Manifestação


Passe Livre -Transporte Público Coletivo.
RESUME

The present monograph aims on the analytic evaluation of the motives that had
determined the people’s goal on fighting for a fare financial right, as well as
demonstrates that the fight through the Free Pass manifestations have speeded up
the process of changing budgetary norms and priorities, shaping for the pursuit of the
priority goals required by the mass of demonstrators with significant focus on rise
public transportation taxes, understood as the initial trigger. It has as arguments
datas and concepts about corruption, manifestation and explanations about the
current conjuncture of the legal mechanisms of the brazilian public urban transport,
probable solutions to a better budgetary management in face of the Free Pass
manifestation, concluding with some normative changings occurred until this moment

Keywords : Corruption - Financial Law - The Fight Right - Pass Free Expression -
Public Transportation Group.
Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 DIRIEITO FINANCEIRO......................................................................................... 12
1.1 ORÇAMENTO .................................................................................................. 17
3 A LUTA PELO DIREITO FINANCEIRO ................................................................. 23
3.1 JUSTIÇA FISCAL............................................................................................. 23
3.2 ÉTICA E JUSTIÇA ........................................................................................... 25
3.3 A LUTA PELO DIREITO .................................................................................. 26
3.4 CORRUPÇÃO .................................................................................................. 27
3.4.1 História da corrupção pública e atualidade ........................................... 28
3.4.2 A influência da mídia ............................................................................... 33
4 MANIFESTAÇÃO PASSE LIVRE E CONSIDERAÇÕES FISCAIS ....................... 34
4.1 HISTÓRIA ........................................................................................................ 34
4.2 OS MOTIVOS DA MANIFESTAÇÃO ............................................................... 36
4.2.1 Copa do Mundo 2014 ............................................................................... 36
4.2.2 O Despertar Fiscal ................................................................................... 39
3.2.3 Os 5 Pilares Motivacionais ...................................................................... 40
4.3 RESPONSABILIDADE FISCAL E TRANSPERÊNCIA..................................... 41
5 TRANSPORTE PÚBLICO RODOVIÁRIO.............................................................. 46
5.1 CONTRATO E LICITAÇÃO .............................................................................. 49
5.2 MOBILIDADE URBANA .................................................................................. 51
5.3 POLÍTICA FISCAL .......................................................................................... 54
5.4 VIABILIDADE ................................................................................................... 57
5.4.1Tarifa Zero ................................................................................................. 60
5.4.2 Imposto Sobre Grandes Fortunas .......................................................... 63
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 65
7 CRONOGRAMA .................................................................................................... 67
8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 68
LISTA DE SIGLAS

ADCT- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

AGERBA- Agência de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e


Comunicação da Bahia.

ANTT- Agência Nacional de Transportes Terrestres

BNDS- Banco Nacional de Desenvolvimento

BTR- Bus Rapid Transit(ônionibus de trânsito rápido)

CDES- Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

CF- Constituição Federal

CTB- Código Tributário Brasileiro

DETRAN- Departamento Estadual de Trânsito

DF- Distrito Federal

DRU- Desvinculação de receita da União

e-MAG- Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico

e-PING- Programa de Governo Eletrônico Brasileiro

FEF- Fundo de Estabilização Fiscal

FHC- Fernando Henrique Cardoso

FSE- Fundo Social de Emergência

FSM- Fórum Social Mundial

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístíca

LC- Lei Complementar

LDO- Lei de Diretrizes orçamentárias

LOA- Lei Orçamentária Anual

MPL- Movimento Passe Livre

MT- Mato Grosso


PAC- Programa de Aceleração do Crescimento

PEC- Projeto de Emenda Constitucional.

PM- Medida Provisória

PPA- Plano Pluri Anual

PT- Partido dos Trabalhadores

SP- São Paulo

UNESP- Universidade Estadual Paulista

VTL- veículo leve sobre trilhos


11

1 INTRODUÇÃO

O povo brasileiro tem se mostrado insatisfeito, há algum tempo, com relação


à política de finanças públicas, e atualmente pode-se mesmo dizer indignado, devido
ao modo de deliberação da utilização dessas finanças. Isto porque o orçamento
público deve levar em consideração as necessidades e os recursos financeiros,
além de ponderar a importância pública desses gastos em prol da população.

Nesse sentido, tal indignação é justificada por ser constatado em pesquisa


que o Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, segundo pesquisa da
Transparência Internacional-TI, e, como se não bastasse, nos últimos anos, diversos
escândalos envolvendo políticos corruptos vieram à tona, além dos crescentes
gastos públicos com a Copa do Mundo, o que acabou por desenvolver um
sentimento de defesa do patrimônio financeiro na população.

Ihering, em seu livro A Luta Pelo Direito(2006), entende ser a luta o meio pelo
qual se alcança o direito. Apesar de o livro referir-se ao direito privado, podemos
aqui analogicamente aplicar o conceito no direito publico e estendê-lo com o nome
de A Luta Pelo Direito Financeiro, para indicar o nascimento do sentimento de
profunda indignação da polução brasileira perante os gastos públicos.

Fruto do sentimento de Luta pelo Direito Financeiro, em 2013 ressurge um


movimento em São Paulo chamado “Manifestação Passe livre”. Tal movimento
tomou proporções mundiais, tendo iniciado com o aumento da tarifa de transporte
publico em 20 centavos no mês de junho, e, como resposta, o governo toma
diversas medidas para a redução das tarifas de transporte público, que hoje funciona
através de concessionárias ou permissionárias de serviço público.
12

2 DIRIEITO FINANCEIRO

A palavra direito é originária do latim directu; esta remete ao que é certo,


correto, reto, indesviável. Em Roma foi definido como jus est ars boni et aequi, ou
seja, é a “arte do bem e da eqüidade” (Cf. MAXIMILIANO, Carlos ,1990, p. 170), já a
sociologia entende que o direito existe onde há homens reunidos, pois acredita-se
que o homem é um ser social, e apenas em uma sociedade pode haver direito, já
que se assim não o fosse não haveria a quem cobrá-lo.

O Direito pode ser natural ou positivo. O direito natural envolve não só o


direito dos homens, mas dos animais e da natureza, ele é guiado pelo divino, é o
homem com seu intelecto e entendimento de justiça natural, proveniente do
sentimento do que é divinamente correto e benéfico, que, agindo com a razão,
distingue o que é direito ou não. O filósofo Aristóteles é o impulsionador teórico do
direito natural; por tal façanha, é considerado o pai deste.

O direito positivo é aquele que se concretiza na normatização legal escrita e


imposta a todos. O positivismo provém de pensadores como Auguste Comte e Hans
Kelsen, este último, em seu livro Teoria Pura do Direito(2000), apresenta um direito
normativo independente de fatores sociais, ou axiológicos, diferentemente da
concepção atual, que leva em conta outros fatores influenciadores do direito positivo
como compreende o professor Miguel Reale(2009) em sua teoria tridimensional do
direito, a qual entende o direito como um conjunto de três fatores: fato, valor e
norma. Igual concepção possui o jurista Silvio de Salvo Venosa:

Sob o aspecto geral, o direito se apresenta em três acepções.


Como regra de conduta obrigatória, que se traduz no direito objetivo; como
sistema ordenado de conhecimentos, o que se traduz na ciência do direito;
e como uma faculdade que a pessoa tem de agir para obter de outrem o
que entende cabível, o direito subjetivo.(2004, p.30).

No direito positivo distinguem-se vários tipos de direitos, denominados por


áreas focais minuciosamente distintas, porém interligadas, como por exemplo: o
direito penal, que visa proteção a sociedade e aplicação de sanções a ações ilícitas
e graves de cometimento humano; o direito do trabalho, que protege o trabalhador; o
13

direito financeiro, direito tributário, etc. O direito também pode ser classificado como
direito público ou direito privado, segundo Hans Kelsen, no livro “Teoria Pura do
Direito”, se distinguem da seguinte forma:

O Direito privado representa uma relação entre sujeitos em posição


de igualdade – sujeitos que têm juridicamente o mesmo valor – e o Direito
público uma relação entre um sujeito supra-ordenado e um sujeito
subordinado – entre dois sujeitos, portanto, dos quais um tem, em face do
outro, um valor jurídico superior.(2000, p.310).

Paulo Nader entende que “É um equívoco supor que haja antítese entre o
direito público e o privado. O direito não se compõe de substâncias diferentes,
estranhas entre si”(2013, p.12), mas apesar desse entendimento, ele reconhece que
“A distinção entre Direito Público é útil no plano didático.”(2013, p.102). O direito
financeiro dentro dessa classificação tem natureza jurídica de direito público. O
povo, em seu contrato social (ROUSSEAU, 1999) de comum acordo, aceita o
Estado como um instrumento de promoção da paz e desenvolvimento econômico
dos povos para a melhoria de vida econômica e social de todos que estão por ele
protegidos, pois, “O que o homem perde pelo contrato social, é a sua liberdade
natural e um direito ilimitado a tudo o que o tenta e que pode atingir; o que ganha é a
liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.” (ROUSSEAU,1999, p.37).

Criado o Estado, como o garantidor do direito de todos, foi-se necessário


arrecadar verbas públicas; para isso, ainda na monarquia, foi concedido ao Estado
verbas do trabalho de seus povos, melhor dizer, imposto à população um valor de
contribuição como, por exemplo, o quinto, que correspondia a 20% do que se extraía
da terra em minérios, tudo isso para o custeio da segurança e proteção. O Estado
mantém a ordem e para isso necessita do dinheiro de sua população. Dela são
cobrados tributos, mas o controle estatal possui limites nesse poder de cobranças,
limites legais que John Locke(1632- 1704) tráz em seus escritos ideológicos, qual
seja, a compreensão de um Estado limitado pelo povo em defesa de seus direitos.

Atualmente há uma imensa complexidade tanto na arrecadação quanto nos


gastos públicos. O dinheiro arrecadado tem utilidade multifacetada, envolvendo
saúde, educação, moradia, estabilidade econômica, funcionamento da polícia, do
14

judiciário, do legislativo, etc. e, para tudo isso, há que se ter leis regulamentando os
dois procedimentos. A “lei maior”, a Constituição Federal Brasileira, norteia o vasto
campo de sistemas que compõem o direito financeiro nos artigos 70 a 75 e nos
artigos 163 a 169, além da lei complementar 4.320/64, a lei complementar 101/2000,
e as leis orçamentárias dentre outras normatividades.

A maior parte do dinheiro público provém dos tributos, que são um tipo de
receita financeira. Neles estão os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria,
segundo a constituição e, segundo a teoria pentapartite do Supremo Tribunal
Federal (STF), incluem-se também os empréstimos compulsórios(Recurso
Extraordinário nº 111.954/PR, DJU 24/06/1988) e as contribuições especiais( AI-AgR
658576/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgamento em
27/11/2007; AI-AgR 679355/RS). Portanto, apesar de o direito tributário ser uma
“matéria” diversa, tem influência significativa nas decisões políticas orçamentárias
para a criação de normatividades correlatas.

Segundo Aliomar Baleeiro (2001a, p.3), várias causas convergiram para a


definição do direito financeiro como disciplina autônoma, sejam pelas guerras do
século XX, ou a inclusão na Constituição de 1946 da competência da união para
legislar normas gerais de direito Financeiro, que segundo ele teve como precursor o
jurista Barão V. Myrbach Rheinfeld. Inicialmente não havia uma separação clara
entre direito financeiro e direito tributário, mas em1964 surge a Lei 4.320, permitindo
assim um comparativo com o Código Tributário Nacional de 1966, conseguindo
divergir com mais clareza os dois institutos.

O conceito de Direito financeiro varia de autor para autor, alguns autores


fazem uma interdependência com o conceito de finanças públicas de maneira que
este só pode ser completamente compreendido após igual compreensão daquele,
seguem esse entendimento, Kiyoshi Harada e Thiane Piscitelli. Para Harada, “o
Direito financeiro é o ramo do Direito Público que estuda a atividade financeira do
Estado sob o ponto de vista jurídico” (2013, p.18) e atividade financeira do estado é :
“(...) a atuação estatal voltada para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros
necessários à consecução das atividades de Estado que, em última análise, se
resumem na realização do bem comum” (2013, p.4).
15

Enquanto Thiane Piscitelli entende que “o direito financeiro tem por objetivo
disciplinar a atividade financeira do Estado e, assim, estabelecer regras relativas aos
três pilares dessa atividade: o orçamento público, e receita pública e a despesa
pública.” (2013, p.24). E por atividade financeira do Estado, diz ser “representada
pelo conjunto de ações que o Estado desempenha visando à obtenção de recursos
para o seu sustento e a respectiva realização de gastos para a execução de
necessidades públicas.”(2013, p.20).

Restritivamente, Regis Fernandes de Oliveira conceitua o direito financeiro


como “o conjunto de princípios e regras que disciplina a arrecadação das receitas
não tributárias, as despesas, o orçamento, a dívida pública, a gestão financeira e a
responsabilidade fiscal.”(2013, p.19), enquanto amplamente Marcus Abraham e
Baleeiro conceituam como:

O Direito Financeiro é o ramo do Direito Público destinado a


disciplinar a atividade financeira do Estado, ou seja, é o conjunto de normas
que regula o relacionamento do Estado com o cidadão para arrecadar, gerir
e aplicar os recursos financeiros, de acordo com o interesse público. (p.28,
ABRAHAM, M. 2013).

O Direito Financeiro é compreensivo do conjunto das normas sobre


todas as instituições financeiras- receitas, despesas, orçamento, crédito e
processo fiscal – ao passo que o Direito Fiscal, sinônimo de Direito
Tributário, aplica-se contemporaneamente a despeito de qualquer contra-
indicação etimológica, ao campo restrito das receitas de caráter
compulsório. Regula precipuamente as relações jurídicas entre o Fisco,
como sujeito ativo, e o contribuinte, ou terceiros como sujeito passivos
(...).(BALEEIRO. 2001b, p.5).

Baleeiro acrescenta o processo fiscal como parte do direito financeiro, porém


tal pensamento já está obsoleto. Entende-se o processo fiscal como parte do direito
tributário e não do direito financeiro. Em interpretação ampla, como visto, o direito
financeiro abarca o direito fiscal, ou seja, o direito tributário é compreendido como
um sub-ramo do direito financeiro assim como expressam BALEEIRO e ABRAHAM:

“O Direito Fiscal é o sub-ramo do Direito Financeiro que apresenta


maior desenvolvimento doutrinário e maior riqueza de diplomas no direito
positivo dos vários países. (BALEEIRO, 2001, p.5).
16

(...)o Direito Tributário é considerado um ramo autônomo do Direito


Financeiro, responsável por disciplinar todos os aspectos relativos à receita
pública originária dos tributos, que é, apenas uma das inúmeras fontes de
financiamento do Estado regulada pelo Direito Financeiro( ABRAHAM,
M.,p.29, 2013).

Luciano Amaro conceitua o direito tributário como “ a disciplina dos tributos .


Com isso se abrange todo o conjunto de princípios e normas reguladoras da criação,
fiscalização e arrecadação das prestações de natureza tributária”(2008, p.2). Tanto o
direito Tributário quanto o direito financeiro possuem natureza jurídica de direito
público, contudo o primeiro é considerado um sub-ramo do segundo conforme
exposto nos pensamentos dos juristas Aliomar Balleiro e Marcus Abraham. Portanto,
para um completo entendimento do direito financeiro, é necessário igual
entendimento do direito tributário.

O direito financeiro e o tributário, juntos, são importantíssimos para economia


do país. Enquanto o direito financeiro se ocupa de regular a despesa, a receita, o
crédito e o orçamento publico, organizando para uma melhor administração
financeira do Estado com o Plano Pluri Anual (PPA), a Lei de Diretriz Orçamentária
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), o direito tributário se ocupa de regular as
leis pra a capitação e posterior distribuição de recursos financeiros de natureza
corrente tributária e o processo fiscal. Ambos os direitos são autônomos em sua
didática disciplinar e possuem leis e princípios próprios que os regulam. Os
princípios orçamentários são: a unidade, universalidade, anualidade, exclusividade,
equilíbrio, legalidade, publicidade, especificação, programação, não afetação da
receita (lei 4320/64), etc., já os princípios tributários são: legalidade, anterioridade
(150 III b’ CF), anterioridade nonagesimal, irretroatividade tributária, isonomia,
capacidade civil, não limitação ao tráfico de pessoas e bens, vedação ao confisco,
uniformidade geográfica, não cumulatividade, seletividade, etc.

Na Constituição Federal do Brasil de 1982, a competência dos dois institutos


se encontra no artigo 24, como competência concorrente entre União, Estados, e
Distrito Federal, conforme a seguir: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro,
17

penitenciário, econômico e urbanístico; II – orçamento (...)”, quanto a competência


municipal, ela está implícita no artigo 30, “Compete aos Municípios: I - legislar sobre
assuntos de interesse local”.

A maior parte da política fiscal e orçamentária é feita através de manipulações


da legislação tributária, pois dela advêm maior quantia da verba pública brasileira.

1.1 ORÇAMENTO

O orçamento é composto pelo Plano Plurianual(PPA), pela Lei de Diretrizes


Orçamentárias(LDO) e pela Lei Orçamentária Anual(LOA), tanto a união quanto os
estados, o Distrito Federal e os Municípios terão essas três leis que são leis formais
ordinárias.

O plano plurianual (PPA) é feito a longo prazo com perspectiva de 4 anos,


assim como o período do cargo presidencial com eleições de 4 em 4 anos, contudo
os períodos não são correspondentes por completo apesar de a cada novo
presidente ser feito um novo PPA, no primeiro ano de seu mandato seguirá o PPA
anterior, e cada presidente cumprirá apenas 3 anos de seu PPA, ou seja, o novo
presidente se encarregará de dar continuidade e término ao previsto no PPA do
presidente anterior e assim consecutivamente.

A Lei de Diretrizes Orçamentária é feita ano a ano, informa as diretrizes a


serem seguidas, as prioridades de gastos e metas fiscais e devem estar de acordo
com o PPA, já a Lei Orçamentária anual (LOA) é feita ano a ano assim como a LDO,
nela ocorre a discriminação das receitas previsíveis e das despesas fixadas, e deve
estar de acordo tanto com a LDO quanto com o PPA.

As leis orçamentárias que regeram o ano de 2013 da União foram: o PPA


2012-2015 com a Lei 12.593, a Lei de Diretrizes Orçamentárias 12.708, modificada
pela lei 12.795, e a LOA 12.798. Dilma Rousseff, presidente da república eleita em
18

2011 institui o Plano Plurianual da União para o período de 2012 a 2015 com a Lei
12.593 de 18 de janeiro de 2012, e nela contem as diretrizes em seu artigo 4º da lei,
dentre elas, a garantia dos direitos humanos com redução das desigualdades
sociais, a ampliação da participação social, excelência na gestão para garantir o
provimento de bens e serviços à sociedade e o aumento da eficiência dos gastos
públicos. Quanto às prioridades administrativas, estão o PAC (programa de
Aceleração do crescimento) e o Plano Brasil sem Miséria.

A LDO de 2013, lei 12.708, foi modificada pela lei 12.795, e possuía sete
anexos, dentre eles os exigidos pela lei complementar 101, o anexo de Metas
Fiscais e o anexo de Riscos Fiscais, contudo o anexo sétimo foi vetado, dentre os
anexos estão: anexo I, objetivo das Políticas Monetária, Creditícia e Cambial; anexo
II, Relação dos quadros Orçamentários Consolidados; anexo III, Relação das
Informações Complementares; anexo IV, anexo de Metas Fiscais; anexo V,
Despesas que não serão objeto de Limitação de Empenho, nos termos do Artigo 9º,
§2º, da LRF, por constituírem obrigações constitucionais ou Legais da União; anexo
VI, Riscos Fiscais; anexo VII, Prioridades e metas(vetado).

A LOA de 2013, lei 12.798, estimava a receita e fixava a despesa em R$


2.276.516.541.532,00, Já a LOA de 2014, lei 12.952, estima a receita e fixa a
despesa em 2.488.853.320.708,00. As despesas públicas são definidas enquanto as
receitas são previstas, isso ocorre pois não há precisão na arrecadação, é sempre
um evento futuro previsível mas nunca preciso, já as despesas há como estabelecê-
las anteriormente para uma melhor organização administrativa.

A Receita pública, segundo Regis Fernandes de Oliveira, é “a entrada


definitiva de dinheiro e bens nos cofres públicos”(2013.p.148); em conformidade,
Claudio Carneiro conceitua a receita como “a entrada ou ingresso definitivo de
dinheiro nos cofres públicos, de que o Estado lança mão pra fazer frente às
despesas, com o intuito de realizar o interesse público e movimentar a máquina
administrativa”(2011, p.12).
Quanto a classificação doutrinária a receita pode ser diferenciada pela
natureza (orçamentária ou extra-orçamentária), pela regularidade, podendo ser
ordinária (empresarial ou patrimonial), e a extraordinária, pela coercitividade
19

(derivada ou originária) e por categoria econômica (receita corrente e receita de


capital).

Legalmente as receitas públicas são distinguidas em receitas de capital e


receitas Correntes. As receitas públicas passam por quatro etapas: a previsão, o
lançamento, arrecadação e o recolhimento. Conforme a Lei 4.320/64, em seu artigo
11 §4º, as receitas correntes podem ser classificadas como: receita tributária, neste
caso, na lei, estão presentes apenas os Impostos, as Taxas e as Contribuições de
Melhoria, contudo devem ser levados em consideração as Contribuições Sociais, e
os Empréstimos Compulsórios; em seguida, segue a classificação com a receita
patrimonial, que comporta as receitas imobiliárias, as receitas de valores mobiliários,
as participações e dividendos além de outras receitas patrimoniais; por conseguinte.
Tem-se a receita industrial (Receita de Serviços Industriais e Outras Receitas
Industriais), as de transferências correntes e as receitas diversas, como multas,
cobrança da Divida Ativa e outras. A receita, nos últimos anos, tem aumentado,
batendo recordes de arrecadação ano a ano.

Quanto a Despesa, segundo Claudio Carneiro, a despesa pública é “ a soma


dos gastos em dinheiro feitos pelo Estado para a realização do interesse público,
incluindo o gasto com a máquina administrativa, obras e serviços públicos( 2011,
p.15).

As despesas quanto à classificação doutrinária, podem ser Institucionais,


Funcionais programáticas e Econômicas (capital, correntes, de transferências
correntes), as etapas destas são: fixação, programação, empenho, liquidação,
ordem de pagamento e pagamento. A despesa pública, segundo o art.13 da lei
4.320/64, está dividida detalhadamente em:

DESPESAS CORRENTES: Despesas de Custeio (Pessoa Civil,


Pessoal Militar, Material de Consumo, Serviços de Terceiros, Encargos
Diversos) e Despesas de Transferências Correntes (Subvenções Sociais,
Subvenções Econômicas, Inativos , Pensionistas, Salário Família e Abono
Familiar, Juros da Dívida Pública, Contribuições de Previdência Social,
Diversas Transferências Correntes).

DESPESAS DE CAPITAL: Investimentos (Obras Públicas, Serviços


em Regime de Programação Especial, Equipamentos e Instalações,
20

Material Permanente, Participação em Constituição ou Aumento de Capital


de Empresas, ou Entidades Industriais ou Agrícolas); Inversões Financeiras
(Aquisição de Imóveis, Participação em Constituição ou Aumento de Capital
de Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras, Aquisição de Títulos
Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento, Constituição de
Fundos Rotativos, Concessão de Empréstimos, Diversas Inversões
Financeiras) e Transferências de Capital (Amortização da Dívida Pública,
Auxílios para Obras Públicas, Auxílios para Equipamentos e Instalações,
Auxílios para Inversões Financeiras, Outras Contribuições.) (grifo nosso)

Harada, em seu livro (2011, p. 22 e 23), acrescenta outras classificações, tais


como: despesa ordinária e despesa extraordinária; despesas produtivas,
reprodutivas e improdutivas; despesas de competência constitucional quais sejam:
despesas federais, estaduais e municipais e a classificação econômica em despesa-
compra e a despesa - transferências. As despesas ordinárias são as presentes de
forma regular, despesas comumente realizáveis, já as despesas extraordinárias são
despesas novas, as despesas com a Copa do Mundo, por exemplo, são despesas
novas e que foram problematizadas pelos altos gastos com estádios.

A partir do Decreto 2829 de 29 de outubro de 1998, todo gasto público está


associado a um programa do governo. Os programas são elaborados dentro dos
ministérios e necessitam conter os objetivos, o órgão responsável, o valor global, o
prazo de conclusão, a fonte de financiamento, etc. Hoje o governo sustenta os
gastos de 24 ministérios, 10 secretarias e segundo o PPA de 2012 -2015, o
orçamento da união possui 65 programas.

Art. 1o Para elaboração e execução do Plano Plurianual 2000-2003


e dos Orçamentos da União, a partir do exercício financeiro do ano de 2000,
toda ação finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em
Programas orientados para a consecução dos objetivos estratégicos
definidos para o período do Plano.
Parágrafo único. Entende-se por ação finalística aquela que
proporciona bem ou serviço para atendimento direto a demandas da
sociedade. (Dec.2829/98)

Conforme o pensamento de HARADA:

O volume das despesas públicas, em última análise, resulta sempre


de uma decisão política, porque a formulação do elenco de necessidades
de uma sociedade, a serem satisfeitas pelo serviço público, é matéria que
se insere no âmbito de atuação do poder político. A este cabe a formulação
da Política Governamental, na qual está prevista a realização dos objetivos
nacionais imediatos, objetivos esses eleitos de conformidade com idéias
21

políticas, religiosas, sociais, filosóficas do momento, afim de que o plano de


ação governamental tenha legitimidade perante a sociedade(2011, p.21 e
22).

Quando o orçamento previsto é insuficiente para cobrir as despesas fixadas


na lei orçamentária, ocorrem créditos adicionais. Os créditos adicionais podem ser:
credito suplementar, Credito especial e crédito extraordinário. A Lei 4.320/64 em
seus artigos 7º e 43º informa os conceitos e seus limites.

Apesar de o orçamento, quando entregue, apresentar-se “perfeito”, com


receitas e despesas em total harmonia, a partir do momento em que é posto em
prática, mudanças variadas podem ocorrer e estas mudanças ocorrem pela
concreticidade das ações humanas e oscilações de mercado. O princípio do
equilíbrio indica que, apesar de tais imprevistos, é necessário um equilíbrio
orçamentário para que não se adquiram dívidas desnecessárias, portanto a lei limita
os créditos adicionais suplementares e específicos a uma arrecadação de receita
superior a despesas.

Os créditos adicionais são abertos por insuficiência dos recursos repassados


e fixados no orçamento, no caso dos créditos suplementares, ou por não previsão
orçamentária, no caso dos créditos especiais, e até por urgência, em situações
também não fixadas e imprevisíveis, no caso dos créditos extraordinários.

Todos os anos são abertos diversos créditos adicionais, assim como são
modificadas as leis orçamentárias anuais com suas emendas. Nos últimos anos,
estão ocorrendo superávits de arrecadações, porém ainda assim apenas 5% vão
para os investimentos.

Quanto a destinação de verba pública a priori, a verba pública não pode ter
destinação diversa da fixada no orçamento, contudo se houver a autorização do
Poder Legislativo excetuando casos previstos na constituição, ela poderá ser
desvirtuada e destinada diversamente mediante lei. Nos casos previstos
Constitucionalmente, a verba não poderá ser destinada diversamente; com exceção
22

da DRU, caso ocorra, os legitimados devem propor ação direta de


inconstitucionalidade.

A DRU é a Desvinculação da Receita da União, e tem natureza temporária,


esta teve início em 1994 com o art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias sendo denominada de Fundo Social de Emergência (FSE), mudando
em 2011 com a emenda constitucional nº68 que prorrogou o prazo inicial para 31 de
dezembro de 2015, para o nome de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Com ela
pode-se desvincular 20% dos impostos e das contribuições, assim, a DRU é
responsável por cerca de 60% do total dos recursos que a União tem liberdade de
gastar.

ADCT. Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até


31 de dezembro de 2015, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União
de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico,
já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais
e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 68, de 2011).

Por outro lado, tramita no congresso Projeto de Emenda Constitucional


(PEC) do Orçamento Impositivo número 22A do ano 2000, proposto pelo então
Senador a época, Antonio Carlos Magalhães, que tem por objetivo tornar obrigatória
a execução da programação orçamentária, modificando os artigos 165 e 166 da
Constituição Federal e acrescentando os artigos 35A e 35B ao Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT).
23

3 A LUTA PELO DIREITO FINANCEIRO

A sociedade reflete a formação histórica de seus povos, seus pensamentos e


verdades, estão sempre em constantes mudanças. A evolução social é inevitável é o
querer dos povos em harmonia que traça o caminho das mudanças mais sutis ás
mais drásticas.

Mas para mudar é necessário haver um direito pelo qual lutar. A partir do
momento em que si decide qual o direito a se lutar, os povos aglomeram-se
harmonicamente com um só intuito, mudanças efetivas.

O desejo pela luta de um direito Financeiro justo, é uma reação a corrupção.


Luta-se para obtenção da justiça fiscal, de ética, leis financeiras justas e fim da
corrupção, luta-se, portanto, por um Direito Financeiro justo, ético, eficiente e eficaz.

3.1 JUSTIÇA FISCAL

A idéia de justiça é relativa, o que é justo para uns não necessariamente é


justo para outros. Dentro de uma justiça social, o justo seria a continuação de ações
dos padrões costumeiros entendidos como corretos, mas na justiça legal, o justo é o
prescrito em lei, ou simplesmente o que esta não proíbe no caso do direito penal por
exemplo. A justiça fiscal nos remete ao que é correto, de direito, legal, dentro dos
padrões fiscais aceitáveis. No governo, a justiça fiscal é imprescindível para um bom
funcionamento da “máquina pública”; segundo Marcus Abraham,

O Estudo do Direito Financeiro engloba, hoje, questões


relacionadas a efetivação da justiça fiscal. Preocupa-se com a maneira mais
equitativa de arrecadação, especialmente na sua fonte tributária.
Desenvolve os mecanismos de gestão do Erário, que passam a se pautar
em normas de governança pública, direcionando sua atuação por medidas
que se parametrizam pela moralidade, ética, transparência, eficiência e
responsabilidade. Impõe aos gastos públicos novas formas de controle, a
fim de observar o melhor interesse da coletividade, atribuindo ao gestor da
24

coisa pública a responsabilização pelos seus atos e decisões na sua


administração. Hoje em dia, as finanças públicas são regidas por normas
que prezam a justiça na arrecadação, eficiência na aplicação, transparência
nas informações e rigor no controle das contas públicas. (ABRAHAN, M,
2013 p. XIX)

Marcus Abraham, portanto, enfatiza a importância dessa justiça dentro do


estudo do direito financeiro e sua aplicabilidade prática na produção e execução de
leis, de forma a arrecadar e aplicar de maneira justa os recursos públicos
disponíveis, mantendo transparência fiscal em cada ato. Outra concepção de justiça
fiscal encontra-se no pensamento de Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy :

O conteúdo realisticamente aferível que alcance todas as


concepções de Justiça que a tradição ocidental nos coloca, devendo-se
levar em conta, também, os benefícios e os custos da vida social.
A justiça fiscal é justiça de algum modo comutativa, distributiva,
repressiva, social, legal e equitativa. E ainda que justiça, em sentido amplo,
seja conceito metafísico, oponível, por exemplo, à ideia de eficiência, que é
percepção nuclear de outro campo das ciências sociais aplicadas — refiro-
me à economia — pode-se transitar em torno de uma ideia de justiça que
contenha alguma objetividade. É o que seria necessário para uma
conceituação prospectiva de justiça social.(GODOY, 2013).

Godoy faz referência à relatividade da idéia de justiça e procura entender a


justiça fiscal dentro de um conceito mais amplo de justiça social; quando este se
refere à justiça fiscal como justa, se referia às próprias leis fiscais como justas. No
âmbito restrito de um órgão, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social (CDES), a justiça fiscal está diretamente ligada a “arrecadação e a aplicação
dos recursos públicos para o desenvolvimento”(2013, p.1), com especial ênfase no
orçamento cidadão e pretensão de simplificação e equidade no sistema tributário,
através de analises, debates e recomendações.

Seja a justiça fiscal dentro do conceito de estudo do direito financeiro segundo


Marcus Abraham, de um conceito amplo de justiça social como entende GODOY, ou
em um órgão específico como no CDES, ela é de importância fundamental para a
organização, gestão e aplicação dos recursos públicos e para a diminuição da
corrupção Estatal. Quando a sociedade exige justiça fiscal, ela exige a aplicação de
todos esses conceitos, mas principalmente exige uma justiça fiscal que beneficie
25

toda a sociedade, ou seja, todo o povo de forma equitativa e coerente com a


realidade de cada um, diminuindo as desigualdades sociais existentes e punindo os
que a lei transgride.

3.2 ÉTICA E JUSTIÇA

O problema ético financeiro social é enfatizado em texto do doutor Mario


Sergio Cotella em revista do Simprofaz(2011), e nele respondendo a perguntas
associativas do comportamento humano em face do mau uso do dinheiro público,
acredita que as práticas imorais independem do melhor ou pior uso do dinheiro
público, de forma que pessoas com condutas imorais não serão inibidas em suas
atitudes e sim apenas não terão o motivo impulsionador que dantes tinham.

A corrupção é uma escolha independente de quem a pratique, o cidadão se


sente no direito de agir de forma incoerente perante o mau uso do dinheiro público,
porém a “justiça pessoal” não seria o melhor caminho para alguém eticamente
correto. Para ele, a ética e a política estão ligadas, uma depende da outra para a
realização de um funcionamento excelente, além disso, há 10 virtudes sociais éticas
essenciais que devem nortear as atitudes para essa excelência quais sejam:
Humildade, Harmonia, Sinceridade, Pluralismo, Solidariedade, Honestidade,
Decência, Esperança, Persistência e Alegria.

Antes de mais nada: Ética não é cosmética! A adoção de


princípios decentes de conduta, e a sua prática, não pode ser
feita apenas de fachada, para ostentação externa e
dissimulação das reais intenções. A recusa a uma
determinação legal não pode se dar pela fraude conveniente,
justificada pela adoção de uma justiça pessoal; todas as vezes
que um cidadão ou um conjunto de nós rejeita um preceito isso
precisa ser feito de dois modos: pela litigância nos tribunais,
obedecendo ao rito processual, ou pela organização de uma.
(CORTELLA, p. 2011)
26

Ética não é só agir conforme a lei, e sim agir em equilíbrio justo, já que as leis
são conflitantes, cabe ao gestor público e ao juiz, nos casos processuais, a
ponderação; e ao cidadão, a busca de seu direito, como o não confisco por exemplo.
Assim também concorda o Arcebispo de Aparecida na entrevista do dia 12 de abril
de 2012 à Canção Nova Notícias, quando afirma que “Nem tudo o que é lei é ético,
moral e justo.”(2012, p.1) ou seja, poderá haver leis injustas, anti-éticas e imorais, e
indo além, poderá haver leis que em um único assunto se contrapõem e neste
momento, entra a justiça com suas interpretações e o buscador do direito, o
“lutador”, seja para se defender e exigir soluções ou para buscar mudanças efetivas.

3.3 A LUTA PELO DIREITO

Quando se diz que esta ou aquela pessoa tem direito a “algo”, significa dizer
que, para que tudo ocorra corretamente, este “algo” deveria lhe ser dado de maneira
a se fazer justiça, pois ter um direito é ter “algo” para se lutar e os dois, o direito e a
justiça, caminham juntos; por exemplo, se ocorre a injustiça, logo se luta pela justiça
e essa “luta pela justiça” seria a luta por um Direito.

Rudolf Von Ihering, defende o direito como um produto social e o compara à


própria paz, e ainda diz ser necessária a luta para atingir essa paz, ou seja, “o
direito”. Contudo essa luta para ele jamais termina, pois sempre haverá injustiças a
serem defendidas, “O fim do direito é a paz, e o meio para consegui-lo é a
luta.”(IHERING, 2006, p.27)

Para um direito financeiro justo é também necessário um direito tributário


justo, mas não basta ter justiça no direito em si, em suas normas e princípios, há
que haver justiça nos homens que participam da administração pública e da
elaboração das leis, assim como no povo que as deve cumprir e questionar quando
ocorrerem falhas ou necessitarem de novos preceitos.
27

Lutar por um direito financeiro é, portanto, lutar para que as necessidades


humanas estejam em harmonia orçamentária e tributária, de forma a questionar
abusos, cobrar punições, ir em busca de novas leis que achem necessárias a
promoção do bem-estar fiscal, tributário e social da população em conjunto com o
Estado. Isto porque “A manutenção da ordem jurídica pelo Estado nada mais é que
uma luta contínua contra as transgressões da lei.”(IHERING, 2006, p.29)

3.4 CORRUPÇÃO

A palavra corrupção é derivada do latin corruptio, de corrumpere (deitar a


perder, estragar, destruir, corromper); etimologicamente possui o sentido de ação de
depravar, destruir ou adulterar (PLACIDO e SILVA, 2010, p.393). Pelo código penal,
decreto lei 2.848 de 1941, a corrupção pública está presente explicitamente nos
artigos 317 e 333, dividida entre corrupção passiva e ativa respectivamente.
Contudo, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção assinada pelo Brasil
em 2003, com efeito vinculante, lista atitudes que seriam consideradas corruptas
dentre estas estão a lavagem de dinheiro, lavagem de produto de delito, abuso de
funções, suborno no setor privado, malversação ou peculato, apropriação indébita
ou outras formas de desvio de bens por um funcionário público, Tráfico de
influências etc.

A corrupção da administração pública na atualide, em um conceito genérico,


seriam atos que desabonam a moralidade pública e põem a perder a confiança
popular na gestão governamental e a “fé” na Constituição como, por exemplo, na
concepção dos objetivos pátrios constitucionais como o de construir uma sociedade
livre, justa e solidária, e nos princípios da administração pública, dentre outras
garantias.

A corrupção da administração pública na atualide, em um conceito genérico,


seriam atos que desabonam a moralidade pública e põem a perder a confiança
popular na gestão governamental e a “fé” na Constituição como, por exemplo, na
concepção dos objetivos pátrios constitucionais como o de construir uma sociedade
28

livre, justa e solidária, e nos princípios da administração pública, dentre outras


garantias.

3.4.1 História da corrupção pública e atualidade

Thomas Hobbes, filosofo inglês, acreditava que “o objeto de todos os atos


voluntários dos homens é algum bem pra si mesmos”(2004, p.103); o homem,
portanto, teria uma tendência natural para a corrupção, seria ele imbuído em seu
ímpeto primário a práticas maléficas contra a sua própria espécie com o fim de
beneficiar-se . Dessa forma, a corrupção é fatídica e previsível, tendenciosa a todos
e combatê-la seria combater a própria natureza humana.

Em textos da Rita Biason do Departamento de Relações Internacionais da


Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Claudio Weber Abramo, nota-se a
progressiva modificação de conduta conforme os diferentes momenos históricos e
comerciais, quando a corrupção parece dar mais lucro que prejuízo ela é mais bem
aceita, a partir do momento que esta passa a prejudicar as contas públicas e a
economia do País, ela passa a ter um diferente ponto de vista sendo entendida
como prejudicial e o combate torna-se necessário a preservação do crescimento
econômico:

“Os primeiros registros de práticas de ilegalidade no Brasil, que


temos registro, datam do século XVI no período da colonização portuguesa.
O caso mais freqüente era de funcionários públicos, encarregados de
fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa portuguesa e
ao invés de cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio
ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e
diamante. Cabe ressaltar que tais produtos somente poderiam ser
comercializados com autorização especial do rei, mas acabavam nas mãos
dos contrabandistas. Portugal por sua vez se furtava em resolver os
assuntos ligados ao contrabando e a propina, pois estava mais interessado
em manter os rendimentos significativos da camada aristocrática do que
alimentar um sistema de empreendimentos produtivos através do controle
dessas práticas.”(BIASON, 2005)

“Em 1978, Susan Rose-Ackerman publicou seu Corruption: a study


in politicaleconomy,1 em que argumenta que o papel e o impacto da
29

corrupção sobre a economia e as organizações políticas são mais extensos


e profundos do que até então se sustentava. O surgimento do trabalho de
Rose-Ackerman foi um divisor de águas. A partir daí, declinou a
popularidade da interpretação da corrupção como lubrificante benéfico para
a economia e se passou a prestar mais atenção aos prejuízos que ela traz à
eficiência econômica.” (ABRAMO, 2005)

Migrando de uma visão benéfica para maléfica, perante o poder público


brasileiro, a concepção da corrupção se acomoda em nossa sociedade hoje de
forma a não agradar, considerada como um empecilho ao crescimento econômico e
desenvolvimento do país tanto no setor privado, pois priva o governo de
arrecadações justas, quanto no setor público com os gastos desnecessários e
inúteis à população como um todo.

O mundo luta pela eliminação da corrupção, a população mundial, de forma


progressiva, se mobiliza ano a ano para o combate de práticas consideradas
corruptas e a própria administração pública modifica seus modelos de gestão, para
um melhor combate da corrupção; assim tiveram: o modelo patrimonial de 1821 a
1930, o modelo burocrático de 1930 a 1965, o modelo gerencial de1965 até os dias
atuais. No que concerne ao poder Público, o modelo patrimonialista propiciava a
corrupção, pois os cargos públicos eram de livre nomeação e hereditários, além
disso, os bens públicos e privados não se distinguiam. “ O Estado era tido como
propriedade do soberano, e o aparelho de Estado - (a administração) funcionava
como uma extensão de seu poder” (PALUDO, 2010, p.52).

Em 1993, a Transparency International (TI), uma organização não


governamental, foi criada e, a partir de 1995, passa a publicar um relatório anual
chamado de Índice de Percepções de Corrupção (IPC), que tem o intuito de medir o
grau de percepção da corrupção dos funcionários públicos e políticos pela
sociedade, indo de 0 a 10, ou 0 a 100 a depender do ano. Quanto mais próximo de 0
mais corrupto seria o País. O Brasil, em 2010, encontrava-se em 59° posição com
nota de 3,9; em 2011, na 73º posição e nota 3.8; em 2012, na 69º posição e com
nota 43, equivalente a 4.3, em 2013 na 72ª posição, com nota 42. Percebe-se que, o
Brasil é um dos países que apresenta um índice de percepção de corrupção muito
alta pela população, demonstrando ser para o mundo um dos países mais corruptos.
A sua média de nota entre os anos de 2010 a 2013 é de 4, apresentando apenas
30

uma leve melhora entre os anos de 2011 a 2012 subindo o equivalente a 0,5 e
baixando da posição 73º para a 69º.

Segundo Cláudio Weber Abramo (2005), esse método é falho, porque não
consegue descobrir e medir a corrupção de forma efetiva e eficaz, pois é um
fenômeno oculto e só pode ser medido por suas efetivas descobertas, que nada se
comparam à realidade. Além disso, sofre interferência de diversos fatores, como
opiniões com base em relatos de terceiros, inclinações ideológicas, imprecisão
intrínseca do sistema de coleta de dados, afetação automática dos rankings nas
mudanças de posições de um dos elementos do sistema, além de não garantir a real
integridade de países nem suas evoluções.

Todavia, esse não parece ser o mesmo pensamento dos investidores, dos
presidentes e do Wordeconomic Fórum (Fórum econômico Mundial), visto que
muitos se baseiam nesses estudos para tomar decisões financeiras importantes.

A Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção foi assinada pelo Brasil
em 9 de dezembro de 2003, no governo de Lula. Dois anos após, a Lei de
Responsabilidade Fiscal entrou em vigor nacional em 14 de dezembro de 2005 e,
em 31 de janeiro de 2006, surge o decreto 5.687 que promulgou a convenção no
Brasil com o total de 71 artigos dentre eles o artigo 13:

Artigo 13 -Participação da sociedade.1. Cada Estado Parte adotará


medidas adequadas, no limite de suas possibilidades e de conformidade
com os princípios fundamentais de sua legislação interna, para fomentar a
participação ativa de pessoas e grupos que não pertençam ao setor público,
como a sociedade civil, as organizações não-governamentais e as
organizações com base na comunidade, na prevenção e na luta contra a
corrupção, e para sensibilizar a opinião pública a respeito à existência, às
causas e à gravidade da corrupção, assim como a ameaça que esta
representa. Essa participação deveria esforçar-se com medidas como as
seguintes: a) Aumentar a transparência e promover a contribuição da
cidadania aos processos de adoção de decisões; b) Garantir o acesso
eficaz do público à informação; c) Realizar atividade de informação pública
para fomentar a intransigência à corrupção, assim como programas de
educação pública, incluídos programas escolares e universitários; d)
Respeitar, promover e proteger a liberdade de buscar, receber, publicar e
difundir informação relativa à corrupção. Essa liberdade poderá estar sujeita
a certas restrições, que deverão estar expressamente qualificadas pela lei e
ser necessárias para: i) Garantir o respeito dos direitos ou da reputação de
terceiros; ii) Salvaguardar a segurança nacional, a ordem pública, ou a
31

saúde ou a moral públicas. 2. Cada Estado Parte adotará medidas


apropriadas para garantir que o público tenha conhecimento dos órgão
pertinentes de luta contra a corrupção mencionados na presente
Convenção, e facilitará o acesso a tais órgãos, quando proceder, para a
denúncia, inclusive anônima, de quaisquer incidentes que possam ser
considerados constitutivos de um delito qualificado de acordo com a
presente Convenção.(PLANALTO, 2003).

A partir da promulgação da Convenção das Nações Unidas Contra a


Corrupção, o combate à corrupção e a transparência pública se intensificaram. A
Controladoria Geral da União (CGU) disponibiliza desde o dia 06 de setembro de
2012, no Portal Transparência, o cadastro de Explusões da Administração Federal; o
cadastro é atualizado mensalmente. Em notícia do site, neste mesmo dia, a
assessoria de comunicação social da Controladoria Geral da União comenta que o
ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, acredita que “a divulgação do Cadastro de
Expulsões da Administração Federal é mais um passo dado pelo Governo Federal
brasileiro em cumprimento à Lei de Acesso à Informação.” (HAGE, 2012, p.1)

Em análise às informações contidas no cadastro entre os meses de janeiro a


julho de 2013, pode-se concluir que: foram 216 demissões, 27 cassações 21
destituições e 12 perdas de função pública. Dentre as demissões, destaca-se, em
primeiro lugar, o Instituto Nacional de Seguro Social com 68 funcionários; em
segundo, estão a Secretaria da Receita Federal e as Universidades Federais com
24 servidores e por fim temos o Departamento de Polícia Rodoviária Federal com
16 servidores públicos demitidos. Quanto às cassações de aposentadoria, o Instituto
Nacional de Seguridade Social também se encontra em destaque com 12 servidores
dos 27 totais. Percebe-se que, apesar da intensificação no combate à corrupção,
setores importantes apresentam altos índices de demissões, dentre eles o setor do
Departamento de Polícia Rodoviária Federal e o Instituto Nacional de Seguro Social;
esse último obteve resultados alarmantes em tal pesquisa.

Os partidos políticos, o povo brasileiro e os jornais servem como


controladores da corrupção e divulgadores de informações a respeito dela. Observa-
se, por exemplo, que em pesquisa feita por lideranças do Partido dos Trabalhadores
(PT) sobre os anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), divulgada em
julho de 2002 e intitulada: “O Brasil não esquecerá: 45 escândalos que marcaram o
32

governo FHC”(PT,2012), são listadas ações coniventes com a corrupção e casos de


corrupção nos seguintes tópicos:

1 - Conivência com a corrupção, 2 - O escândalo do Sivam, 3 - A


farra do Proer, 4 - Caixa-dois de campanhas, 5 - Propina na privatização, 6 -
A emenda da reeleição, 7 - Grampos telefônicos, 8 - TRT paulista, 9 - Os
ralos do DNER, 10 - O "caladão", 11 -Desvalorização do real, 12 - O caso
Marka/FonteCindam, 13 - Base de Alcântara, 14 - Biopirataria oficial, 15 - O
fiasco dos 500 anos, 16 - Eduardo Jorge, um personagem suspeito, 17 -
Drible na reforma tributária, 18 - Rombo transamazônico na Sudam, 19 - Os
desvios na Sudene, 20 - Calote no Fundef, 21 - Abuso de MPs, 22 -
Acidentes na Petrobras, 23 - Apoio a Fujimori,
24 -Desmatamento na Amazônia, 25 – Os computadores do FUST, 26 –
Arapongagem, 27 - O esquema do FAT, 28 - Mudanças na CLT, 29 - Obras
irregulares, 30 - Explosão da dívida pública, 31 - Avanço da dengue, 32 –
Verbas do BNDES, 33 - Crescimento pífio do PIB, 34 – Renúncias no
Senado, 35 - Racionamento de energia, 36- Assalto ao bolso do
consumidor, 37 – Explosão da violência, 38 – A falácia da Reforma agrária,
39 - Subserviência internacional, 40 – Renda em queda e desemprego em
alta, 41 - Relações perigosas, 42 –Violação aos direitos humanos, 43 –
Correção da tabela do IR,
44 – Intervençãona Previ, 45 – Barbeiragens do Banco Central. (2012)

Em contrapartida, o Jornal Brasil Wiki, (um jornal on line e participativo, em


que a população é quem redige os textos) publica em 02 de agosto de 2007,
reportagem de autoria do “jornalista” Raphael Neves de São Paulo, em que afirma
que a corrupção do governo de Luís Inácio Lula da Silva(Lula), desde 2003, pode
ser citada em uma lista com um total de 105 itens, dentre eles : o Escândalo do
Propinoduto, Escândalo do Valerioduto, Escândalo do Mensalão, Operação Navalha,
Operação Xeque-Mate, Operação Moeda Verde, dentre outros.

Com a crescente divulgação da mídia jornalística e diversos casos de


corrupção expostos, envolvendo desvio de verbas públicas, além de gastos
desnecessários, gerou-se uma crescente necessidade de luta pelo direito financeiro,
por aplicabilidade efetiva e eficaz da verba recebida pelo governo e pagas através
de tributos da população dentre outros meios de receita pública.
33

3.4.2 A influência da mídia

As mídias, com uma gama de informações transmitidas pela televisão,


internet e através da imprensa como revistas e jornais de grande circulação
nacional, têm influência massiva sobre a população. Sendo assim, o interesse
desses meios informativos em documentar acontecimentos no âmbito jurídico penal
fez crescer a audiência dos programas televisivos, os quais investiram mais em
pesquisas e assuntos jurídicos gerais, não apenas os penais, trazendo ao
conhecimento do público, com uma linguagem clara e accessível ao cidadão
comum, assuntos que dantes se encontravam nos confins das mentes seletas de
advogados, juízes, etc, como julgados jurisprudenciais e informações sobre os
direitos que são de cada cidadão.

O cidadão, munido de tais informações, passou a buscar seus direitos,


crescendo assim o número de processos judiciários e inchando o sistema. Contudo,
o que interessa aqui é a importância de tais informações, uma vez que a
conseqüência dessa divulgação é o crescimento de um sentimento de busca pela
justiça através do direito financeiro. Essa tomada de decisão só foi possível com a
consciência do que é “correto” dentro do mundo jurídico, ou seja, o que é de direito e
o que é sancionável.

O sentimento de justiça fiscal, financeira e orçamentária, ao longo dos anos,


ocorre por manipulações de partidos políticos, por ser uma decisão política, contudo
a “manifestação passe livre” é fruto de um movimento da massa populacional e
apartidário, o que mostra a evolução e o amadurecimento que foi conseguido, é uma
“política do povo” proporcionada pela maior informação circulante. A mídia, contudo
apesar de informar sobre corrupções, procurou ocultar inicialmente, informações
relevantes sobre o movimento Passe Livre; ato que foi do conhecimento público e
notório de todos que buscavam por informações a respeito dos encontros públicos.
34

4 MANIFESTAÇÃO PASSE LIVRE E CONSIDERAÇÕES FISCAIS

A manifestação passe livre surge como um movimento popular, de um povo e


imbuído a transformar e melhorar não só o transporte público coletivo, mas também
outros ramos como educação e saúde pública.

Em um ambiente de obras super faturadas para a copa do mundo, o cidadão


brasileiro se vê com falta do básico, e suas necessidades em segundo plano
ocasionando assim o despertar fiscal.

O despertar fiscal, ou seja, o olhar crítico da população perante a gestão


pública seus gastos, suas leis orçamentárias e prioridades, seguindo por falta de
mobilidade pública, aumento dos transportes, Projetos de leis e PECs incoerentes
com a vontade da população, dentre outros motivos, fizeram com que pessoas
fossem as ruas protestar e Lutar por seus direitos.

4.1 HISTÓRIA

A Constituição do Brasil tem entre seus objetivos fundamentais, no seu art.3º:


“construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza, a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais”
(1988). Nesse caso, sempre que os objetivos forem desviados, cabe à população
reclamar, visto que é o povo o detentor do poder e a ele cabe exigir seus direitos e a
integridade de seus representantes.

A participação popular, segundo o artigo 14 da Constituição Federal, pode


ocorrer por plebiscito, referendo ou iniciativa popular; há também a participação nas
audiências públicas, a obrigatoriedade do orçamento participativo na elaboração das
LOAs e a permissão des movimentos sociais, conforme consta no art.5º.XVI e XVII,
35

permitindo a reunião pacífica em locais abertos ao público com duas únicas


objeções, a de não frustrar outra reunião e comunicar à autoridade competente.

Em 2001 foi criado o Fórum Social Mundial (FSM) que, segundo o Wikipédia é
“um evento altermundialista organizado por movimentos sociais de muitos
continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social
global”. Em 2003 ocorreu um movimento na cidade de Salvador-Bahia chamado de
revolta do “busú”; em 2004 ocorreu a revolta da catraca em Santa Catarina, mas só
em 2005 o movimento foi denominado de “Movimento Passe Livre” em Porto Alegre.
Ao longo dos anos, os movimentos foram tomando maiores proporções, chegando
aos dias de hoje como um movimento mundial, alcançando a mídia e brasileiros de
outros países. (WIKIPÈDIA, 2013, p.1). Antes disso, em 1990 Luisa Erundina, então
governadora de São Paulo, apresenta proposta de tarifa zero, planejada por Lucio
Gregóri, secretário de transporte a época, nesta, previa transporte gratuito a todos
os cidadãos de São Paulo com uma política na qual o IPTU seria o imposto que
bancaria o custo deste transporte de maneira que quem ganha mais paga mais,
quem ganha menos paga menos e quem nada ganha não paga nada, contudo não
vingou por oposicionistas tendo apenas progredido no sentido de implemento da
municipalização em 1991.

Segundo a página oficial do movimento, o Movimento Passe Livre (MPL) é


“um movimento social autônomo, apartidário, horizontal e independente, que luta por
um transporte público de verdade, gratuito para o conjunto da população e fora da
iniciativa privada.” (TARIFAZERO, 2013, p.1). O dia 26 de outubro foi considerado o
dia Nacional de Luta pelo Passe Livre, em decorrência da aprovação de um projeto
de lei de iniciativa popular em Florianópolis.
36

4.2 OS MOTIVOS DA MANIFESTAÇÃO

Os motivos que levaram ao Movimento Passe- Livre são diversos, e refletem


a sociedade atual. A relevância dos motivos está na origem da luta por um Direito
Financeiro justo e vão desde gastos exorbitantes com a Copa e má gestão da verba
pública á insatisfações nos diversos setores em especial a falta de mobilidade
urbana e preços exorbitantes no transporte público coletivo.

4.2.1 Copa do Mundo 2014

Eventos importantes, de notoriedade mundial, ocorrerão em dois anos no


Brasil, onde o país sediará a Copa do mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016.
Para a copa do mundo, foram escolhidas 12 cidades sede; são elas: Belo Horizonte,
Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, porto Alegre, Recife, Rio de
Janeiro, São Paulo e Salvador.

A necessidade de copa do mundo em um país como o Brasil é questionável


com gastos públicos exorbitantes na consecução do feito, além de créditos
adicionais diversos abertos, aumentando ainda mais o valor das obras que demoram
a ser conclusas.

Há dificuldades em avaliar as benfeitorias reais da Copa do Mundo diante dos


desagrados sociais e financeiros do Estado e sua população. Casos de
desapropriações forçadas em prol da consecução de obras públicas superfaturadas
para a copa do mundo(ROLNIK,2011), assim como obras desnecessárias para a
população a longo prazo, como construções de Estádios de futebol em locais onde
não haverá a efetiva utilização destes após os jogos da Copa de 2014 e das
Olimpíadas de 2016, gastos públicos exorbitantes que elevam a dívida pública com
empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS) e a faltam
investimentos para melhorar as condições de saúde, educação e pobreza
populacional deixam a população apreensiva.
37

Dos Estádios para a copa de 2014, 5 são parceria publico privada, 3 são
contratos privados e 4 contrato público, dentre os últimos, o Estádio de Brasília, que
será o único não financiado pelo BNDS e é o mais caro, custando 1 bilhão, 15
milhões e 600 mi reais. O parlamentar e ex-jogador da seleção brasileira de futebol
Romário de Souza Faria, em crítica, diz que “Quem gosta de futebol, não irá usufruir
pelos preços dos ingressos, que vão bater os 450 reais. Vai ser a copa no Brasil,
mas não vai ser a copa pro brasileiro” (2011). Assim também se preocupa a relatora
especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada
Raquel Rolnik em entrevista afirma:

Não há informação, avisos de remoção sem nenhuma


antecedência, nenhum espaço de diálogo e de participação, nenhum
espaço para que as comunidades possam apresentar um projeto alternativo
que minimize as remoções, por outro lado estão acontecendo muitas
violações no campo das compensações financeiras indenizações e nas
propostas de reassentamento. É que as indenizações estão com valores
extremamente baixos, 2 mil, 3 mil, valores insuficientes para que aquelas
famílias tenham uma moradia adequada. As cidades que recebemos
denuncias são, sobretudo, o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte,
Recife, Porto Alegre, Curitiba, Natal e Fortaleza.(2011).

Em um cenário de contradições, entre os interesses mercadológicos da Copa


do mundo e os interesses da maioria populacional, somados a estafa pela tolerância
da corrupção que se vê agora em meio a uma “festa”, surge a oportunidade de
reivindicar o interesse da massa e evidenciá-lo ao mundo.

O planejamento orçamentário da copa do mundo foi dividido em 3 ciclos, o


primeiro de 2009 a 2010( infra estrutura: estádios, mobilidade urbana, aeroportos e
portos), o segundo de 2010 a 2011(infra estrutura de suporte e serviço) e o terceiro
de 2011 a 2014(Operação e ações Específicas). Em comparativo dos relatórios do
TCU de abril de 2013 e agosto de 2012, referentes a gastos com a copa do mundo,
pode-se perceber que ele demonstra gastos de 8.606 milhões com mobilidade
urbana em 2013, gastos esses estimados um ano antes em 12.050 milhões, esse
decréscimo ocorreu também com os gastos nos aeroportos que de 7.335 milhões
diminui para 6.805 milhões. Em contra partida, os gastos com arenas (estádios)
pularam de 6.761 milhões em 2012 para 7.098 milhões em 2013 assim como foram
acrescentados gastos de 2.463 milhões para o turismo. A inadequação da
38

necessidade populacional versos ações de Políticas Públicas, desencadeou o


desabafo do jornalista Luiz Carlos Prestes:

Imaginemos um casal que fizesse rarear a comida sobre a mesa,


mas que ao mesmo tempo, deixando os filhos a passar fome, comprasse
roupas caras para uma festa, não faria sentido, é o que o governo federal
faz em relação à infra estrutura, à viabilização dos projetos que estão em
andamento para a copa do mundo.(2013).

A matriz de responsabilidades define a responsabilidade da União dos


Estados, Distrito Federal e Municípios, e apresenta os valores a serem investidos na
Copa do Mundo. O documento originado em 13 de janeiro de 2010, já sofreu
diversas modificações, a ultima ocorreu em setembro de 2013, antes disso, em 14
de janeiro de 2013, Walter Jorge de Freitas em seu blog afirma em conclusão:

Das 82 obras de mobilidade urbana, portos e aeroportos prometidas


em 2010, por meio de um documento chamado matriz de
responsabilidades, somente três permanecem com igual cronograma e
orçamento. Nada menos que 21 empreendimentos foram retirados do
compromisso, 25 tiveram o orçamento alterado e os demais 33
experimentaram ao menos mudança no prazo de conclusão. Ao longo deste
período, outras 28 obras de mobilidade urbana foram incluídas na previsão
e somente sete delas chegaram a ser entregues até agora. (FREITAS,
2013, p.1

Com a inflação subindo e o crescimento econômico diminuindo, milhões são


gastos para a copa do mundo que inicialmente parecia ser um sonho, mas
concretamente revelou-se absurdo e desperdício financeiro. O senador Mario Couto
requereu abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquerito(CPI) com o fim de
investigar gastos de obras da Copa do Mundo, compras de votos, desvios de
verbas, desonerações fiscais de obras, etc. mas apesar de inicial apoio com 33
votos, senadores voltaram atrás retirando votos ficando com apoio apenas de 66
senadores.

O tempo percorrido que o povo brasileiro apaixonado por futebol “cair na real”
foi o tempo que levou para descer pelo ralo milhões e outros milhões em desvios
aos bolsos dos corruptos. Vinte centavos a mais no transporte só adiantou o tão
esperado soluço dos desesperados, que o engolem e acordam no susto urrando em
busca de soluções imediatas e eficazes
39

As manifestações em todo o Brasil iniciadas com o estopim dos R$ 0,20 a


mais na tarifa de transporte de São Paulo, e que desencadeou questões esquecidas
ou simplesmente silentes a respeito da difundida e por vezes aceita corrupção,
serviram de degraus para um combate mais proeminente contra a corrupção,
refletindo em cascata nas ações governamentais, provocando incômodos à
presidente Dilma, que se vê com escassos recursos por falta de uma poupança
suficientemente farta nos cofres públicos para resolver as questões necessárias .

Ao que parece, há uma suscessão de movimentos que não pretendem parar,


e ora se averigua o fatídico e brilhante processo com as notáveis e contínuas
exigencias populares, muitas delas já conseguidas, mas que não freiam por
completo e não apaziguam as manifestações, que apenas ganham força,
enervando-se em múltiplas e novas reivindicações, que tomam lugar de outras já
conseguidas e vencidas, galgando passo a passo melhorias inimagináveis em tão
pouco tempo, conseguidas em conjunto. Quando grupos de estudantes param,
grupos de promotores entram, quando esses saem, sindicalistas entram, são
contínuos e corajosos movimentos com variados desejos e angústias, todos em
busca de um novo Brasil, livre de corrupção e gastos publicos desregrados.

4.2.2 O Despertar Fiscal

“O gigante acordou!”. Frase expressiva e triunfante de orgulho, emanada do


povo brasileiro nas manifestações passe-livre, que demonstram o despertar da
consciência fiscal popular e uma necessidade de saber e deter gastos fiscais não
desejados, promovendo gastos almejados pela população.

Manifestações assim não eram vistas há muito tempo, desde o governo Color
em 1991, quando pessoas foram às ruas com rostos pintados de verde e amarelo ao
que chamavam de “Movimento dos Caras Pintadas”. Por sua política fiscal temerária
e descobertas de fraudes pelo tesoureiro de sua Campanha, Collor de Melo foi
arrastado pela massa popular, o que levou ao no impeachment e posterior
40

substituição por Fernando Henrique Cardoso, que veio a ser em seguida, por voto
popular, o novo presidente da República.

Segundo Lúcia Müzell, protestos em São Paulo são o reflexo da inflação


crescente nos meses anteriores a junho. Ela afirma que “Economistas são unânimes
em constatar a alta dos preços e avaliam que o valor da passagem é o estopim de
uma insatisfação crescente com o custo de vida no Brasil” (2013, p.1). Contudo, em
análise mais profunda, há que se averiguar como chegou-se a inflações crescentes.

3.2.3 Os 5 Pilares Motivacionais

Para melhor entendimento, deve ser dito que a inflação não foi um motivo
singular e sim um dos 5 pilares motivacionais, quais sejam: corrupção; gastos
públicos desnecessários; aumento da inflação; melhoria tecnológica na arrecadação
fiscal; e Ineficácia dos Programas Governamentais.

• Corrupção: Desvios de verbas públicas dilapidam o poder econômico


do Estado, e escândalos constantes por descobertas de corrupção desestabilizam a
confiança dos investidores.

• Gastos Públicos Desnecessários: O autoritarismo financeiro, que faz


ações desproporcionais à necessidade prioritária da população, desgasta a
confiabilidade no poder público em gerir as verbas públicas além de diminuir ainda
mais o poder econômico do país de forma desvalorativa.

• Inflação: A inflação faz subir os preços e incomoda a população, que


perde o poder de compra e consequentemente diminui o crescimento econômico.

• Melhoria tecnologica na arrecadação fiscal: Enquanto vários setores


necessitam de melhoria, o governo se preocupa em arrecadar, e investe em
41

tecnologia e aperfeiçoamento da fizcalisação, apertando ainda mais o cerco contra a


população, que se sente acuada com muitas cobranças e pouco efeito devolutivo
social, pagando para ser melhor cobrado e pouco cuidado em seus intereses de
saúde, educação, transporte, etc.

• Ineficácia dos Programas Governamentais: Prestação insuficiente e


sem qualidade de serviços essenciais como moradia, educação, saúde, transporte,
falta de mobilidade urbana, etc. Problemas causados pela má gestão de verbas
Públicas.

4.3 RESPONSABILIDADE FISCAL E TRANSPERÊNCIA

Para obter uma boa justiça financeira, é necessário haver responsabilidade e


transparência fiscal, através de elementos de controle. Por um maior controle e
devida punição aos culpados, o povo luta. Assim sendo, o sentimento de injustiça
perante a corrupção incita o cidadão a ir às ruas com o finco de transmutar as atuais
atitudes e leis públicas desfavoráveis aos interesses da coletividade humana
brasileira.

Quanto ao controle, o sistema de fiscalização contábil financeira e


orçamentária é inerente ao estado democrático de direito e tão somente em um
estado totalitário não há fiscalização. Isso ocorre porque a palavra República remete
a coisa pública, portanto o dever de zelo com a coisa pública é inerente ao estado
republicano, ou seja, há responsabilidade do governo com o dinheiro que o estado
arrecada, pois é verba do povo, o estado é um mero gestor; “government of the
people, by the people, for the people”, o governo do povo, pelo povo, para o povo
(LINCOLIN,1863, p.2). A atividade de fiscalização abrange os aspectos de
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de subvenções e renúncia de
receita (artigo 70 CF). O gestor público é fiscalizado e, caso sejam constatadas
irregularidades, ele pode ser destituído da suas funções, ser responsabilizado por
42

crime de improbidade administrativa, crime de responsabilidade política, etc. Toda e


qualquer pessoa que detenha dinheiro público deve prestar contas.

Art.70, Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O controle é feito pelo Congresso nacional com auxílio do Tribunal de Contas;


no âmbito da União, há três tipos de controles: controle interno, externo e integrado.
O cronograma de desembolso, o relatório resumido da execução orçamentária e o
relatório de gestão fiscal são importantes instrumentos para tais controles.

Os responsáveis pelo controle interno no âmbito da União são a CGU no


poder executivo, os tribunais e o Conselho Nacional de Justiça no âmbito judiciário,
o Congresso Nacional no poder legislativo, e todos eles possuem o dever de
informar irregularidades ao tribunal de Contas da União sob pena de serem
responsabilizados.

Referente ao controle populacional é vedado o anonimato conforme o artigo


5º, IV, da Constituição Federal, podendo dar ensejo à responsabilidade ao acusador
sem provas, o qual poderá informar ao Tribunal de Contas da União caso tenha
provas irrefutáveis de irregularidades. Igualmente se encaixa nesse controle o
Ministério Público, os partidos políticos, sindicatos e associações, sempre com o
finco de “controlar” o orçamento, seus gastos e arrecadações. A previsão está no
art. 74,§2º,CF. “Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União”(CF.1988)

Nos negócios o dinheiro de investimentos e de manutenção de uma empresa,


devem está garantidos, caso este seja perdido por roubo ou por mau uso, a
tendência seria a falência. Dessa maneira funciona o capitalismo, em que tudo é
centralizado em seus ganhos, perdas e lucros. Objetivando sobreviver, a empresa
deve manter a circulação comprando ou vendendo. Se não há dinheiro para investir,
43

não há como competir com outras empresas; por outro o ângulo, não havendo
dinheiro para se manter, não há como pagar as contas básicas. Assim, empréstimos
acontecem, dívidas aparecem e o negócio pode “afundar”, com provável perda,
inclusive do próprio estabelecimento em favor dos bancos ou do governo para
saudar dívidas. Observando a analogia acima, percebe-se a importância do
questionamento sobre o que aconteceria caso o dinheiro público se esvaísse por
mau investimento, “roubo” ou outro fator. A resposta a esta pergunta causaria, sem
sombra de dúvidas, grande desconforto.

A responsabilidade fiscal do Estado perante o povo protegido é de suma


importância haja vista a capacidade singular de melhorar ou piorar vidas,
desestruturando toda uma Nação. A burocracia na execução dos programas
propostos pelos Ministérios pode trazer gastos não previstos. A compra pela
secretaria de Saúde do município de São José, com recursos próprios, de latas de
leite para crianças com problemas nutricionais, a serem distribuídos para famílias
cadastradas no programa do município, que nunca chegaram a seu destino
passando da validade, com conseqüente descarte (JONAL DO ALMOÇO, 2012).
Neste caso, o problema se origina na empresa distribuidora. Esse é apenas um
exemplo de verba pública municipal gasta com uma aparente excelência de
destinação, mas que não alcançou o seu destino e, portanto, sua finalidade,
tornando-se um gasto público desnecessário ou, por assim dizer, ineficaz, não
econômico, portanto igualmente ineficiente; um dinheiro jogado no “lixo”, que deixam
os famintos ainda mais famintos por lhes dar esperança.

Se gastos inicialmente bem intencionados e em conformidade com as


necessidades socais da população podem ser, no meio do caminho, desvirtuados e
empacados em sua finalidade, imagina-se o que pensar sobre gastos originalmente
inescrupulosos ou quiçá de perdas significativas das verbas públicas por corrupções.
Dinheiro e mais dinheiro, arrecadado, de forma legal, para propiciar todos os direitos
e deveres previstos na constituição, e nas leis, mas apesar de toda legalização e
controle, os erros humanos coexistem e novas leis para novos controles surgem a
fim de educar.
44

No dia 4 de maio de 2000 foi sancionada a lei complementar de


responsabilidade fiscal, no governo de Fernando Henrique cardoso, regulando o
artigo 163 da constituição Federal o qual informa:

Art. 163 . Lei complementar disporá sobre:


I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a
das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder
Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão
e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da
administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio
realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das
instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e
condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento
regional.(PLANALTO, 1988), (grifo nosso).

A Lei Complementar 101 de 2000, lei de responsabilidade fiscal, não revoga a


lei 4.320 de 1964, que estatui normas gerais de direito financeiro; apesar de esta ter
status de lei complementar, em caso de conflito, prevalece a lei mais nova. Os
objetivos da lei estão em seu artigo primeiro, qual seja:

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no
Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento
de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e
condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária,
operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar. (PLANALTO, 1964)

O Direito fiscal para Baleeiro, como visto, é o sinônimo de Tributário, mas tal
conceito da palavra “fiscal” não se aplica quando o assunto é responsabilidade
fiscal, pois passa então a ter uma abrangência maior, como informa o artigo primeiro
da lei de responsabilidade fiscal, que não só abrange as receitas e despesas de
origem tributárias, mas todas elas, tributárias ou não; igual entendimento se aplica
ao conceito de justiça fiscal.

A União, os Estados, o DF e os Municípios são obrigados a cumprir a lei de


responsabilidade fiscal que regula, dentre outras matérias: o planejamento
orçamentário em seu capítulo II, a receita pública em seu capítulo III, envolvendo a
45

previsão, arrecadação e a renúncia de receita, as políticas e práticas de prevenção,


os códigos de conduta dos funcionários públicos, a responsabilidade no setor
privado, as medidas relativas ao poder judiciáio e ao ministério público além da
transparência fiscal

Quanto à transparência fiscal, apenas em 2010, no governo de Luis Inácio


Lula da Silva, surge o decreto 7.185 que regula o inciso III do art.48 da Lei de
responsabilidade fiscal, cujo texto havia sido incluído através da Lei Complementar
131 de 2009, a qual regula a transparência fiscal e determina a utilização do
sistema integrado e em tempo real da transmissão de informações orçamentárias e
contábeis da administração financeira :

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos


quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de
acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido
da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões
simplificadas desses documentos.Parágrafo único. A transparência será
assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº
131, de 2009).
I – incentivo à participação popular e realização de audiências
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei
de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar
nº 131, de 2009).
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso
público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e
controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder
Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei
Complementar nº 131, de 2009). (grifo nosso) (PLANALTO, 2009)

O supra-citado “padrão mínimo” está especificado no capítulo II, o qual


informa os requisitos tecnológicos a serem aplicados como, por exemplo, o padrão
de arquitetura Programa de Governo Eletrônico Brasileiro (e-PING) e padrão de
acessibilidade dos sítios e portais do governo brasileiro, Modelo de Acessibilidade
em Governo Eletrônico (e-MAG).

Finamente, a lei de responsabilidade fiscal foi um importante avanço na


fiscalização financeira do país, o que colaborou com o combate à corrupção e uma
maior arrecadação de receita orçamentária para o país.
46

5 TRANSPORTE PÚBLICO RODOVIÁRIO

O presente trabalho detém-se em um dos pilares principais e iniciadores da


manifestação passe-livre, ou seja, o serviço de transporte público, mais
precisamente o transporte coletivo dentro do município, efetuado através de ônibus.

O Transporte Público no Brasil é entendido como modalidade de serviço


público. O transporte de pessoas e cargas de uma localidade a outra é um serviço
que, contratualmente, se configura como uma prestação de fazer, isto é, o governo
se compromete com uma obrigação de fazer para com a população em decorrência
do mandamento constitucional e legal. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo
conceituam serviço público como:

Serviço público é atividade administrativa concreta traduzida


em prestações que diretamente representam, em si mesmas, utilidades ou
comodidades materiais para a população em geral, executada sob regime
jurídico de direito público pela administração pública ou, se for o caso, por
particulares delegatários (concessionários e permissionários, ou, ainda, em
restritas hipóteses, detentores de autorização de serviços) (2012, p.685).

Em outra perspectiva, Plácido e Silva conceituam o serviço público em


sentido amplo da seguinte forma:

Em sentido amplo, serviço público entende-se todo aquele


que é instituído, mantido e executado pelo Estado, através de suas
instituições e de seus órgãos, com o objetivo de atender os seus próprios
interesses e de satisfazer as necessidades coletivas. (2010, p.1280)

O serviço público surge de uma necessidade da população. A demanda


populacional é diversa e inesgotável, sempre haverá necessidades, contudo nem
sempre haverá como supri-las, elas vão de necessidades básicas e emergenciais às
de cunho econômico- político e longo prazo. A toda necessidade coletiva é pública,
porém a recíproca não é verdadeira, a necessidade pública surge de deliberações
políticas, ponderando prioridades dentro da demanda de cuidado já existentes na
população; para Aliomar Baleeiro, necessidade pública é:
47

toda aquela de interesse geral, satisfeita pelo processo do serviço


público. É a intervenção do Estado para promovê-la, segundo aquele
regime jurídico, que lhe dá o colorido inconfundível. A necessidade torna-se
pública por uma decisão dos órgãos políticos.(p.4, 2001.)

A competência legislativa para o serviço de transporte é da União, o artigo


Art. 21, XX, CF. informa que “compete à União: instituir diretrizes para o
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos” (1988) e quanto à competência municipal temos no Art. 30, V, CF:
“compete aos Municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial”; o que é reiterado no artigo Art. 175,
CF o qual explica que: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos” (1988).

O Transporte público, portanto, é um serviço Público essencial, surgido pela


necessidade social da população, prestado direta ou indiretamente pelo poder
público por força de lei constitucional, delegável por concessão ou permissão aos
particulares em colaboração através de licitação conforme a lei 8.666/93 e prestado
pelo município em interesse local. Nesse diapasão, o ônibus é um transporte público
coletivo, e segundo o artigo 4º da lei de mobilidade urbana (Lei Nº 12.587, de 3 de
Janeiro de 2012.), o transporte público coletivo é um “serviço público de transporte de
passageiros acessível a toda a população mediante pagamento individualizado, com
itinerários e preços fixados pelo poder público”.

Para a utilização do transporte público, a população necessita pagar certa


quantia em dinheiro. A natureza jurídica de tal quantia foi discutida e após
questionamentos duvidosos sobre ter natureza jurídica de taxa, preço público ou
tarifa, a Súmula 545 do Supremo tribunal federal faz a distinção entre preço público
e taxas, “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a
prévia autorização orçamentária, em relação a lei que as instituiu” e, para findar as
dúvidas remanescentes, juristas diferenciam tarifa de preço público. Regis
48

Fernandes de oliveira conceitua preço público como:“ o preço público ou taxa


tabelado” (2013, p.193), e os autores, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, opnam
por ser a tarifa, “ o nome dado ao preço público que representa a contraprestação
pecuniária de um serviço, pago diretamente pelo usuário ao respectivo
prestador”(2012, p.725). Vistas tais diferenças, o entendimento pacifico é de que tal
valor representa uma tarifa, e portanto não se encontra no rol dos tributos, o valor é
passado para as concessionárias e permissionárias de serviços de transporte
público de maneira facultativa e apenas se na efetiva utilização do serviço. O quadro
abaixo mostra as visíveis diferenças entre taxas e tarifas:

TAXA TARIFA
Receita Derivada Receita Originária
Instituída em Lei Natureza Contratual
Regida pelo Dir. Tributário Regida Pelo Dir. Administrativo
Compulsória Facultativa
Cobrada pelo poder público Cobrada por particular
Serviço Efetivo ou potencial Serviço efetivo
Não admite rescisão Admite rescisão
Observa os princípios Naõ observa os princípios
tributários tributários

(Curso de direito tributário e financeiro- Claudio Carneiro, p.232. ano. 2011.)

As empresas prestadoras de serviços de transporte coletivos são pessoas


jurídicas de direito privado que prestam serviços por meio de delegação, seja por
permissão ou concessão, através de contrato, quando o poder concedente não
transfere a titularidade, apenas a execução do serviço. Possuem o intuito de lucro,
mantendo a modicidade das tarifas e o equilíbrio econômico financeiro, e, se
previsto em contrato, podem utilizar-se de fontes alternativas de receitas, como por
exemplo propagandas, além de atuar ou não com parceria público privada. Há
responsabilidade objetiva das empresas mesmo para com os não usuários (art.2 e
25 lei 8987-95 combinado com 37 §6ºCF.) e estas são reguladas palas Agências
49

Reguladoras, a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, e as regionais


como a. AGERBA- Agência de Regulação de Serviços Públicos de energia,
Transportes e Comunicação da Bahia, além de serem controladas pelo Tribunal de
contas.

O transporte público deve ser prestado adequadamente, satisfazendo as


condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas como informa a Lei
8987 em seu artigo 6º, contudo nem sempre é o que ocorre, hoje o transporte
público caminha para se tornar um direito social através da PEC90/11, proposta por
Luiza Erundina, o que dará ensejo a mais investimentos nesse setor, que tem uma
demanda constante e precisa ser mais bem planejado e executado.

5.1 CONTRATO E LICITAÇÃO

Para uma empresa ser concessionária ou permissionária de serviço público é


necessário um contrato com o Poder Público; antes de se contratar, estas passam
por um processo de licitação em que várias empresas concorrem de forma justa.
Diferentemente dos contratos comuns, nesses contratos da administração pública
com os particulares, é possível a alteração unilatetral do contrato de suas clausulas
de serviço e de execução. A lei 8987/95 diferencia claramente os dois institutos
contratuais:

Lei 8987/95, art.2º, II - concessão de serviço público: a delegação


de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
por prazo determinado; IV - permissão de serviço público: a delegação, a
título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita
pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Prefeituras municipais driblam a licitação como confirma pesquisa divulgada


no dia 18 de agosto de 2013 pelo jornal O Globo, a pesquisa aponta 13 capitais em
50

que empresas operam sem a devida licitação, em muitas são contratos antigos, e
várias empresas devem quantias significativas ao governo. No rio de Janeiro,
apenas em 2010 ocorreu a primeira licitação.

Somadas, 49 empresas e 17 empresários do ramo devem R$ 2,8 bilhões -


dívidas previdenciárias e tributárias na maior parte - para os cofres públicos, o que
equivaleria a 342 vezes o orçamento de 2013 do Ministérios dos Transportes. Entre
essas instituições estão empresas que operam o transporte público no Rio de
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Distrito federal, cidades em que houve
licitação. Segundo a legislação, as empresas só podem participar de concorrências
públicas se estiveram em dia com o fisco (JORNAL TERRA, 2013).

(JORNAL TERRA, 2013)


51

Percebe-se que as dívidas das empresas de transportes públicos superam


em mais de 300 vezes o valor do orçamento do ministério dos transportes previsto
para 2013. Nas empresas privadas, quando o funcionário oferece mais prejuízo que
lucro, ele é demitido, todavia empresas que trabalham em parceria com o governo
proporcionando prejuízo aos cofres públicos, oferecendo serviços de baixa
qualidade e preços elevados para a população são gratificados com o silêncio, a
tolerância e o pacifismo do governo enquanto a população arca com altos gastos e
serviços inadequados.

Há dívidas, principalmente tributárias e previdenciárias, não pagas por parte


das empresas. Caberia, por conseguinte, a extinção do contrato de concessão ou
permissão do serviço público que poderia ocorrer por uma das opções do artigo 35
da lei 8987/95, mais precisamente pela caducidade com inadimplemento do
concessionário feito por decreto sem direito a indenização.

Art. 35. Extingue-se a concessão por: I - advento do termo


contratual; II - encampação; III - caducidade; IV - rescisão; V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou
incapacidade do titular, no caso de empresa individual.

A luta pelo direito, através da manifestação passe livre, induz o governo optar
pela encampação nas outras regiões já que há interesse público na retomada do
serviço pelo poder público, o que ocorreria por lei autorizativa mediante prévia
indenização, contudo um gasto elevado seria gerado em tais ações, o que
necessitaria de prévia previsão orçamentária.

5.2 MOBILIDADE URBANA

A mobilidade urbana e o meio ambiente são problemas clássicos dos grandes


centros urbanos e um desafio para os governos e a sociedade como um todo. Hoje,
segundo Bill Ford (2011), há pelo menos 800 milhões de carros em todo o mundo e
esse número cresce a cada ano juntamente com os congestionamentos. Estima-se
que em 2044 haverão aproximadamente entre 2 a 4 bilhões de carros nas ruas, e
52

além disso os estudos por ele expostos em tal palestra indicam que 50% das
espécies podem ser extintas com o aumento de 3 graus no clima, algo que pode ser
alcançado caso o fluxo de emissões de Co2 no ar continue progredindo.

A expansão tecnológica e programações de mobilidade urbanística devem


estar atreladas a preocupações ambientais. Carlos Dora, coordenador do
departamento de saúde pública e meio ambiente da Organização Mundial de Saúde
(OMS) fez um estudo que correlaciona saúde e transporte público; em entrevista
afirma:

Cidades de grande porte têm uma série de coisas em comum –


independente de serem de países ricos, pobres ou em desenvolvimento –
com São Paulo: doenças do coração, acidentes, doenças da poluição,
respiratórias, câncer... Atualmente, mais de seis milhões de pessoas
morrem por ano só devido à poluição do ar. [...] O transporte é responsável
não só por ruídos, acidentes, poluição, redução de espaço urbano; ele
também tem um custo muito alto em mortes.(DORA, 2013)

As pesquisas de Carlos Dora apontam para a necessidade de investimentos


tecnológicos e um excelente planejamento de transporte urbano com o fim de
implantar transportes mais limpos, rápidos e eficientes além de melhores
sinalizações para diminuir não apenas o trânsito, mas também acidentes e emissão
de poluentes, implantando, dentre outros métodos, os BTR (ônibus de trânsito
rápido), metrôs, ciclovias, e espaços para pedestres.

Dentre as tecnologias mundiais estão o projeto Land Airbus da China: um


ônibus oco, que comporta a passagem de carros por baixo dele e possui capacidade
para 300 pessoas. Há também, já em uso na China, os mine carros compactos
elétricos e, além desses, na cidade de Masdar em Abu Dhabi, existem os ônibus
elétricos sem condutor, que andam embaixo das cidades. Alternativas mais
econômicas como os ônibus de dois andares percorrem as ruas de Londres, a
chamada frota vermelha, primeiramente com o routermaster e hoje com o Boris, tem
ainda os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), veículos já utilizados em algumas
cidades brasileiras e a BTR( Bus Rapid Transit) ou seja, vias rápidas de transito
especiais para ônibus.
53

Segundo a Lei 8987, Art. 6o § 2o “A atualidade compreende a modernidade


das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão do serviço.” Há necessidade de modernização do transporte
público no Brasil. Hoje o transporte público baseia-se principalmente em trens,
ônibus e metrôs, contudo na maioria das cidades impera apenas o transporte
rodoviário de ônibus e há superlotações e precariedade na manutenção dos
terminais e dos ônibus.

O mundo pesquisa formas de obter mais mobilidade de maneira ecológica, e


o Brasil deve se modernizar, pensar o orçamento público e os problemas sociais não
apenas de forma econômica ou legal, e sim de forma “holística”. As invenções
tecnológicas dentro do campo de transportes estão em expansão dia após dia.
Cidades brasileiras como Cuiabá (MT), Brasília (DF), São José dos Campos e São
Vicente (SP) já possuem projetos de VLT( veículo leve sobre trilhos) em andamento;
em Paris, o tramoe comporta 300 pessoas e possui 44 metros, seguindo na mesma
linha, no nordeste em Cariri, entre a cidade do Crato e Juazeiro do Nordeste, é
utilizado também o VTL . Outras opções são os ônibus de dois andares e ônibus
elétricos. Um projeto de arquitetos britânicos chamado Skycycle pretende melhorar
o trânsito nas cidades criando ciclovias aéreas, estimulando o uso de bicicletas em
substituição aos carros.( BARBOSA, p.2014)

Em Salvador (Bahia), após o inicio das manifestações, ocorreram mudanças


dentre as quais estão da abertura de licitação pública para serviços de transportes
públicos, parceria publico privada com o banco Itaú para a implantação do “Bike
Salvador”, permitindo maior acessibilidade a esse meio de transporte, e testes
dentre os dias 3 ao 21 de dezembro com ônibus elétricos. A modernização traz
eficiência, economia e eficácia, assim como a adequação do direito legal
orçamentário com a vida social é imprescindível para melhor gestão financeira e
econômica do país.
54

5.3 POLÍTICA FISCAL

Segundo Aliomar Baleeiro ( 1905-1978), no livro: Uma Introdução à Ciência


das Finanças, 15ª edição, atualizada e revisada por Dejalma de campos, editora
Forence, 2001, política fiscal é

a) o conjunto de medidas financeiras (despesas públicas, impostos,


empréstimos, etc.) empregadas pelos governos para comando da
conjuntura econômica, quer promovendo a volta à prosperidade nas crises
de depressão, quer reprimindo um processo inflacionário e também para
alterações racionais das estruturas; b) o estudo que axiológico, quer técnico
dessas medidas, à luz da teoria econômica e financeira.(BALEEIRO. 2001a,
p.29)

A política fiscal é concretizada através da normatização, ou seja, através do


estudo do direito financeiro, tributário e constitucional. O economista avalia a
situação fática; o político projeta, discute, planeja; o legislador legisla e o direito
surge enquanto instrumento inicial dos atos conseguintes que sucederão para o
sucesso de tal política. A justiça fiscal é necessária a uma boa política fiscal e
conseqüente lei, com ela se faz justo o cumprimento de tais políticas.

A renúncia de receita pública é uma política fiscal. Em entrevista, Francisco


Dornelles enfatiza a importância do orçamento público para a eficácia da política
fiscal e da renúncia tributária:

Considerando que a renúncia tributária, à luz da Lei de


Responsabilidade Fiscal, é uma despesa, o que é necessário fazer para
medir sua eficácia para o conjunto da sociedade?
Francisco Dornelles – Eficácia, por princípio, tem a ver com alcançar
os resultados, os objetivos... Não temos uma medida adequada e recorrente
de quais os resultados se alcançam com os incentivos concedidos, quanto
menos comparar com o custo da renúncia. Isso tem menos a ver com lei e
mais com práticas, no caso da RFB, talvez também do TCU. O Brasil
precisa dar novo avanço na cultura fiscal – não apenas identificar e estimar
a renúncia, como também fixar, previamente, as metas a serem
perseguidas e, depois, apurar quanto foi logrado. Se ainda falta avaliar
dessa forma a renúncia, o mesmo também carece ser realizado para todas
as despesas públicas. Ainda não temos uma contabilidade de custos e
quanto mais um sistema de metas fiscais. Isso indica que, além da reforma
tributária, também precisamos de outra, do Orçamento. (DORNELLES,
2013) .
55

O orçamento está intimamente ligado aos problemas sociais, assim como a


política, em um local com desequilíbrio gritante nas classes sociais associada a um
inchaço populacional terá conseqüente menos arrecadação, mais necessidade de
gastos assistenciais e menos verbas para investimentos públicos. Imagina-se que
certo município decresce sua população, seja pela migração, aumento de mortos ou
por menos nascimentos, é provável que políticos se assustem não pelo decréscimo
populacional, mas pela provável perda do número de representação parlamentar
prevista na constituição que os limita ao número da população. Na política, o número
de representantes parece pesar mais que uma melhor gestão, um município com
menos pessoas é mais fácil gerir e menor são os gastos com assistência, transporte
público, educação, etc, considerando que o setor populacional da classe D e E são
os que mais crescem. Mas, ainda assim, diante de tal decréscimo, a ação política
poderá ser de incentivo à maternidade e não à melhoria da qualidade de vida das
pessoas já existentes no município por exemplo.

Pressionado com as manifestações populares, o governo doravante passa a


priorizar a educação, o transporte e o combate a corrupção, pilares centrais da
manifestação Passe-Livre, antes inimaginável, com os destemperos demonstrados
em projetos como o da emenda constitucional 37/2011, o projeto de decreto
legislativo 234/2011, a chamada cura gay e o Projeto de lei 478/2007, o chamado de
bolsa estupro, etc., estes, enfatizam momentos de tensão populacional e repúdio ao
congresso. A sociedade vivencia a Luta pelo Direito Financeiro justo, e como
afirmava Ihering, “Todas as grandes conquistas da história do direito, só puderam
ser alcançadas através de séculos de lutas intensas e ininterruptas”.

Detendo-se às ações realizadas com o propósito de responder o povo


brasileiro no quesito transporte público, é sancionada a Medida Provisória (M.P.) 617
no dia 31 de maio de 2013, proposta por Guido Mantega. Em sua exposição de
motivos, alega ser possível a modicidade das tarifas cobradas no transporte público
com as modificações previstas na Medida Provisória, esta demonstra valores da
renúncia de receita, além da perfeita consonância com o previsto na Lei de
Diretrizes Orçamentária para o ano de 2013:
56

Em obediência ao disposto no art. 14 da Lei Complementar nº 101,


de 4 de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, cabe informar que a
renúncia de receitas decorrente da medida será da ordem de R$ 1.274
milhões (um milhão, duzentos e setenta e quatro mil reais) no ano de 2013,
de R$ 1.414 milhões (um milhão, quatrocentos e quatorze mil reais) no ano
de 2014, e de R$ 1.568 (um milhão, quinhentos e sessenta e oito mil reais)
no ano de 2015.

Tal medida provisória perdeu a validade dia 27 de setembro de 2013, sem


sucesso na tentativa de inclusão do transporte aéreo e marítimo; contudo, em 11 de
setembro de 2013, foi sancionada a Lei 12.860 com o fim de reduzir o valor do
transporte público nos seguintes dizeres:

Art. 1o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da


Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre a receita
decorrente da prestação de serviços regulares de transporte coletivo
municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros.
Parágrafo único. O disposto no caput alcança também as receitas
decorrentes da prestação dos referidos serviços no território de região
metropolitana regularmente constituída. ( 2013)

Outra providência governamental foi a Medida Provisória 624, de 14 agosto


de 2013, que, dentre outros, abre crédito extraordinário em favor de Transferências
a Estados, Distrito Federal e Municípios, no valor de R$ 1.500.000.000,00 , para
auxílio financeiro aos municípios, estando à mercê do município gastar ou não essa
verba no o transporte público com o fim de diminuição de sua tarifa, assim também
confirma o Jornal Tribuna da Bahia,

“Segundo o governo, o dinheiro deverá ser destinado à melhoria da


qualidade dos serviços públicos nas cidades, como saneamento e
transporte público. Entretanto, não há nenhuma vinculação explicitada no
texto da MP”. (2013)

Quanto às medidas de desoneração da contribuição patronal sobre a folha de


pagamentos das empresas, a Lei nº 12.715, de 17/09/2012 (conversão da MP 563)
fixou alíquotas de 2%, para as empresas de transporte rodoviário de passageiros; e
1% para os demais transportes com vigência: 1º de janeiro de 2013 a 31 de
dezembro de 2014. Dentre as mudanças ocorridas, destaca-se também o Projeto de
lei 6.020 que foi arquivado em 20 de setembro de 2013 pela promulgação da lei
57

12.859/2013 a qual dá incentivos fiscais a importadoras e produtoras de álcool até


janeiro de 2024:

Art. 1o A pessoa jurídica importadora ou produtora de álcool,


inclusive para fins carburantes, sujeita ao regime de apuração não
cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) poderá descontar das
referidas contribuições, devidas em cada período de apuração, crédito
presumido calculado sobre o volume mensal de venda no mercado interno
do referido produto.

O problema do alto custo do transporte público rodoviário, dentro das cidades,


reflete negativamente na população, pois tal empecilho locomotivo impede o seu
acesso indiretamente à saúde, educação, etc. A prestação não efetuada através de
tributos e de tarifas é hoje um serviço de natureza delegada a empresas particulares
dentro do âmbito municipal. Alternativas como diminuição da carga tributária dos
combustíveis utilizados e dos impostos ou contribuições a serem pagas seriam uma
opção viável no primeiro momento, porém, sendo um serviço de natureza essencial
necessáro à popupulação como meio para obtenção de outras garantias
constitucionais, permitir a obtenção de lucro em tais serviços é contraditório.

Empresas particulares, com a certeza da continuação de utilização dos


serviços e o incentivo da isenção tributária, não teriam interesse em frear o aumento
dos preços para a obtenção de lucro, mas sim retardá-lo momentaneamete.
Indiscutível é também que, com a retirada de isenções no futuro, os preços subam
ainda mais.

5.4 VIABILIDADE

A viabilidade de o transporte público ser prestado diretamente pelo Governo é


questionada, visto que, em nenhum lugar do mundo, há a prestação de serviço de
transporte público diretamente prestado pelo governo a um grande contingente
populacional. O transporte público no Brasil não tem uma prestação exemplar, o
mais utilizado é o rodoviário, e este apresenta problemas com o alto fluxo de
58

pessoas em horário de pico, não atende de forma eficiente todas as pessoas que,
em sua maioria, fazem todo o percurso em pé. A questão que se faz é como prestar
tal serviço diretamente mesmo entendendo que uma das conseqüências será o
aumento do fluxo de usuários e a necessidade de aumento da frota de ônibus para
comportar tal demanda. Outro problema a ser enfrentado é de onde virá o dinheiro
para bancar tais gastos que serão necessários.

Os gastos nos quatros eventos esportivos quais sejam: Copa das


Confederações, Copa do Mundo, Olimpíadas e Paraolimpíadas no Brasil, somadas a
renúncias de receitas fiscais através, por exemplo, das isenções, além da corrupção
e má gestão da verba pública fazem com que, para desenvolver uma análise
orçamentária com o finco de desvendar uma possível verba a fim de financiar o
propósito do livre passe no transporte público, sejam envolvidos calorosos debates
oposicionistas. Contudo aqui será proposta uma avaliação meramente no campo
das suposições ideológicas com o intuito de fazer pensar em prováveis ações
fáticas.

Em um primeiro momento crê-se na impossibilidade de uma luta que só os


ignorantes compram pela falta de conhecimento, o que muitos jornais inclusive
inicialmente enfatizaram, dando a entender que se tratava de uma “manifestação
sem motivo aparente”, “baderna”, como pode ser percebido nas palavras do
jornalista Arnaldo Jabor:

Só vimos isso quando a organização criminosa queimou dezenas de


ônibus, não pode ser por causa de 20 centavos![...] no fundo tudo é uma
imensa ignorância política, é burrice misturada a um rancor sem rumo[...].
Aqui se vingam de quê?Justamente a causa deve ser a ausência de
causas.[...] Realmente esses revoltosos de classe média não valem nem 20
centavos! (JABOR, 2013)

Teóricos afirmam ser uma impossibilidade econômica e juristas renomados


sequer conseguem cogitar tal possibilidade, dizem ser simplesmente impossível. No
dia 27 de junho de 2013 em entrevista o titular de Urbanismo e Transporte do
município de Salvador, José Carlos Aleluia, disse:“Absolutamente não. Não se pode
gastar um quarto do orçamento do Município que é de R$ 4 bilhões”. Por outro lado,
59

a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), autora da PEC90/11, a qual assegura o


transporte como um direito social, afirma em entrevista :

Nós propomos tarifa zero através da criação de um fundo municipal


de transporte para o qual todos contribuiriam com o IPTU. Então, tem que
socializar esse custo. Não pode ser só custeado diretamente de quem usa
aquele serviço, que é quem depende do transporte coletivo para ir ao
trabalho.

Aproximadamente 90% dos gastos do orçamento estão nas despesas de


custeio, e dos gastos com investimentos, 60% são para despesas na área social,
nesse diapasão, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), propôs Projeto de Lei
Complementar 290/13 com o fim de limitar as despesas de custeio à inflação
somada à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior. O projeto altera o
art. 15 e acrescenta art. 15-A à Lei Complementar nº 101/00, segundo Caiado em
2012, enquanto R$ 58,4 bilhões foram gastos em custeio da máquina pública,
apenas R$ 56,4 bilhões foram gastos em ações e serviços de saúde pública .

A discricionariedade quanto à disposição dos recursos públicos diminui, seja


pela vinculação de receitas, transferências constitucionais ou despesas de execução
obrigatória, porém percebe-se superávits de arrecadação a cada ano, como
informou o Ministro Guido Mantega no ano de 2013 : "Queria começar o ano dando
boas notícias do ponto de vista fiscal. O governo central cumpriu o compromisso de
fazer um superávit primário acima de R$ 73 bi para o ano de 2013", já no ano de
2014 o recorde de arrecadação foi atingido 13 dias antes do período correspondente
ao ano de 2013, e no dia 1º de fevereiro de 2014 já haviam sido arrecadados mais
de 209 bilhões.

Quanto à seguridade social, segundo análise, produzida pela ANFIP


(Associação Nacional de Auditores Fiscais da Previdência Social), em 1999, só de
COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), foram
arrecadados R$ 30,934 bilhões e retidos no Tesouro: R$ 8,052 bilhões, já os desvios
para outros setores foram de R$ 12,888 bilhões, e de CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido) foram arrecadados R$ 6,736 bilhões, retidos R$ 1,744 bilhão
e desviados R$ 981 milhões, já em 2012, “a Seguridade Social apresentou um
60

grande superávit em suas contas de receitas e despesas. Foram mais de R$ 78


bilhões de saldo positivo.”(ANFIP, 2013, p.109), com tais superávits é permitido a
utilização da DRU( Desvinculação de Receitas da União), instituída em 1994 e
prorrogada até 2015 com a emenda constitucional 68 de 2011.

Para a obtenção do Passe Livre, são necessários: primeiro a obtenção da


verba pública para tal consecução; segundo, findar os contratos de permissão e
concessão, em terceiro ver as viabilidades tecnológicas disponíveis para a prestação
de um serviço de qualidade. Quanto à investigação da origem financeira dos
investimentos necessários, poderia ser utilizada verba dos impostos, pois estes, em
regra, não têm destinação específica, ou a verba assistencial das contribuições
sociais através da predestinação legalmente permitida com a DRU, pois sobra
dinheiro todo o ano que é desviado para diversas funções. Há também a
possibilidade apenas de diminuição do custo, isentando as concessionárias e
permissionárias de transporte público dos encargos impostos pelo poder público
com os impostos e contribuições; essas últimas ações já estão em andamento.

As viabilidades tecnológicas disponíveis estão presentes no capitulo 5.2 e são


elas dentre outras o ônibus de 2 andares como em exemplo de Londres,
investimentos em Metrô, VTL, Ciclovias, BTR, Cartão de livre passe, mas com
regras de não embarque caso lotado, etc.

5.4.1Tarifa Zero

No Brasil, há tarifa zero no transporte publico para pessoas portadoras de


deficiências física, mental, auditiva ou visual, comprovadamente carentes com base
na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência Física assinado pelo
Brasil em 2007 e no direito a igualdade presente na constituição, tratando os
desiguais de forma desigual. O direito está garantido legalmente na lei 8.899 de 29
de junho de 1994, o qual informa em seu Art. 1º, “É concedido passe livre às
pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes, no sistema de
61

transporte coletivo interestadual”. Contra a lei 8.899/94 foi proposta a Ação Direta de
Inconstitucionalidade n° 2.649, por não apresentar fonte de custeio como consta no
artigo 195§5º da Constituição Federal do Brasil, “Nenhum benefício ou serviço da
seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
fonte de custeio total.”, entendendo ser parte da seguridade social como um
benefício da assistência social (prestado a quem necessita). Todavia, o Supremo
Tribunal Federal entendeu ser constitucional por não se tratar de um benefício da
seguridade social, não necessitando, portanto, de custeio, pois o custo seria
repassado aos demais usuários. Além da lei federal há leis Estaduais e Municipais
que garantem o passe livre aos deficientes.

Ocorre em algumas cidades como Cuiabá e Rio de Janeiro passe livre para
estudantes, defendido através da lei 3.394/1996, alterada pela lei 10.709, de 31 de
julho de 2003, Art. 10. “Os Estados incumbir-se-ão de: VII - assumir o transporte
escolar dos alunos da rede estadual.” e Art. 11. “Os Municípios incumbir-se-ão de: VI
- assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.” Há também passe livre
para idosos e algumas classes de funcionários públicos, mas a proposta da luta pelo
direito financeiro justo concretizada pela manifestação passe livre é, dentre outras, o
trasporte gratuito a toda a população e não apenas a uma parcela desta.

A Municipalização teoricamente melhora os serviços de transportes públicos,


ela é a retomada pelo poder público da administração do transporte público coletivo
e está prevista no Código de Trânsito Brasileiro - CTB Art. 24. e cita 21
Competências aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios. A
Municipalização melhora da qualidade do serviço, pois passa a não depender mais
do preço da tarifa. As empresas apenas executam o determinado e recebem pelo
custo, há aumento no numero de ônibus nas ruas, diminuição do tempo de esperas
dos ônibus, reduz a idade média da frota, cria novas linhas, cai o índice de lotação
para menos de 7 passageiros por metro quadrado como exemplo da
municipalização ocorrida em 1992 na cidade de são Paulo, hoje muitos Estados já
aderiram a Municipalização no transporte público tais como Acre (1 município),
Alagoas ( 13 municípios), Amapá (3 municípios), Distrito federal (1 município),
Pernambuco (29 municípios), São Paulo (271 municípios), Bahia ( 44 municípios)
etc, um total de 1.392 municípios brasileiros segundo o (DETRAN, 2012).
62

Apesar da municipalização, o problema da dificuldade de mobilidade urbana e


altos valores continuam. No Brasil, segundo dados do IBGE- Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, em 2008 e 2009, a média de gastos com transportes
públicos era quase igual a média de gastos com alimentação; enquanto os gastos de
alimentação estavam em média de 19,8%, os gastos com transportes ficavam em
torno de 19,6 % dos gastos totais do orçamento público familiar.

Quem sustenta o transporte coletivo hoje é a população pobre, pois é ela


quem mais usa e necessita desse tipo de transporte na atual conjuntura, o que é
injusto, uma vez que são os menos abastados e sustentar o transporte público
nessas condições não é fazer justiça orçamentária e sim injustiça. É necessário que
haja uma maior disponibilidade de verbas para esse setor e uma reorganização para
que de fato todos contribuam com o transporte coletivo na medida de suas
capacidades contributivas.

A solução para tais problemas se dará com a implantação do transporte


gratuito a toda a população, a chamada tarifa zero ou passe livre, diminuindo o fluxo
de carros com prioridade a transportes coletivos e aos ciclistas melhorando assim o
trânsito e acabando com o desconforto financeiro.

A tarifa Zero, já é realidade em alguns locais como, por exemplo, na França


em Châteauroux, e na Bélgica em Hasselt; esta última teve um aumento do
transporte público em 1000% após a implantação do transporte gratuito. Em Sydney,
a linha 5 e em Kogarah linha 430 na Austrália, a tarifa zero funcionam em pequenos
trechos e financiados pelo estado. No Brasil, em Agudos, São Paulo, foi implantada
em 2003 com 40 mil habitantes; Potirendaba, São Paulo, em 1998, com 16 mil
habitantes; no interior de São Paulo, em Porto Real, no ano de 2011 com 17mil
habitantes.

A tarifa zero no transporte público coletivo é possível e já existe, basta


concretizá-la em grande escala para beneficiar a todos os brasileiros, principalmente
aos jovens e adultos em idade produtiva oportunizando melho acesso ao trabalho e
educação proporcionando dessa forma aumento no rendimento econômico e cultural
no Brasil.
63

5.4.2 Imposto Sobre Grandes Fortunas

Dentro da conjuntura atual vivemos em um país com grandes desigualdades


sociais. De um lado as cidades apresentam favelas, ou seja, casas amontoadas em
sua maioria feitas em terrenos invadidos onde, por vezes, sequer há ruas e sim
escadas improvisadas, locais onde não há recolhimento de lixo, onde a água e a luz
são adquiridas por meio dos vulgarmente chamados “gatos” e onde o saneamento,
caso exista, é precário. Do outro lado, percebe-se vivendo ao lado das favelas duas
outras classes, a classe média e a alta, pessoas que vivem em ruas limpas, casas
ou prédios bem estruturados, que pagam seus tributos, e estudam em escolas
particulares, almoçam em restaurantes, andam de carro próprio ou táxi, têm
convênio médico, etc.

Mas, além dessas classes, há a classe dos afortunados e dos miseráveis. Os


miseráveis são os que sequer possuem uma casa, vivem nas ruas, são pedintes,
não conhecem o mínimo de seus direitos e, por essa razão, muitas vezes não
usufruem de programas assistenciais.

Os afortunados são detentores de grandes fortunas, são os que possuem


milhões em conta e outros milhões em imóveis. Esses vivem em diversos lugares,
em hotéis chiques, em mansões isoladas, em apartamento luxuosos, são donos de
barcos, aviões, carros importados e caros, são os que podem gastar 5 mil reais em
um vestido ou sapato como algo comum e usual. A incidência do imposto sobre
grandes fortunas incidiria sobre esses afortunados.

O IGF, ou seja, o imposto sobre grandes fortunas está previsto na


Constituição Federal no artigo art. 153, inciso VII. Apesar disso, não há lei
complementar que o regule, assim como não há lei que o institua. Seria necessário
primeiro conceituar o que seriam grandes fortunas, como a lei diz, são fortunas, ou
seja, não são os tipicamente afortunados ou os de melhor condição que
identificamos aqui como os de classe alta, mas sim são os de “grandes” fortunas que
entendemos ser os que possuem pelo menos 50 milhões, com atualização do valor
ano a ano, porém ainda não há lei que o defina.
64

A instituição desse imposto seria justa e beneficiaria a todos, além de servir


também como mais uma opção de verbas para o transporte público gratuito,
podendo ser destinada uma parte para tal, através de emenda constitucional que
crie uma exceção ao princípio da não vinculação dos impostos.
65

6 CONCLUSÃO

O direito financeiro cuida das receitas, despesas, créditos e orçamento; está


materializado em normatividades, dentre elas o PPA, LDO, LOA. As decisões de
onde gastar são decisões políticas que ponderam as necessidades públicas. Apesar
de ano a ano as arrecadações baterem recordes, faltam recursos públicos para
investir em necessidades básicas e isso acontece porque as decisões políticas nem
sempre ponderam com louvor as reais necessidades a serem atendidas, assim
como, dentro da máquina pública nem sempre há pessoas de boa fé.

O governo se mantém através do dinheiro de sua população, a maior parte


provém dos impostos que são obrigatórios. Essa verba deve ser gasta apenas com
previsões legais orçamentárias e são fiscalizadas pela população e pelo governo
através do Tribunal de Contas da União, dos Estados e dos Municípios.

A difusão de informações sobre corrupções através da mídia e


concomitantemente aumento da transparência pública elevou o sentimento de
injustiça em relação ao direito financeiro, à distribuição do orçamento público e suas
prioridades.

A dicotomia entre os gastos elevados para a Copa do Mundo e a falta de


investimentos na saúde e educação, dentre outros, fez com que o aumento de
passagens nos transportes públicos acabasse por ser a gota d’água, ou seja, a
faísca inicial para uma efetiva luta pelo direito através do denominado Movimento
Passe Livre.

O Movimento Passe Livre comprovou a teoria de Ihering que demonstra ser


preciso a luta do povo para a concretização de um direito. Após o início das
manifestações as políticas públicas se voltaram a procurar resolver os problemas da
população, ouvindo suas reivindicações e criando soluções imediatistas. Contudo,
quanto ao transporte público, os manifestantes até o momento da presente
monografia não obtiveram o êxito desejado, isto é, custo zero.
66

O transporte público brasileiro é prestado de forma imprópria, com alto custo,


péssimo atendimento e tecnologia defasada. Soluções como a municipalização,
isenções tributárias em combustíveis e renúncia de receitas para as concessionárias
e permissionárias de serviços de transporte público coletivo, não são suficientes, só
o transporte com tarifa zero pode solucionar o problema.

A Tarifa Zero é possível e necessária, assim como as inovações tecnológicas,


e a mobilidade urbana, assim será viabilizada, considerada hoje um grande
problema tanto ambiental como acidental e econômico. Todos os fatores indicados
nesta pesquisa, que indicam as necessidades públicas em relação ao transporte
igualmente público, levam a ações políticas de implemento da tarifa zero e de leis
orçamentárias que a viabilize.

A maior parte da política fiscal e orçamentária é feita através de manipulações


da legislação tributária, pois são dos tributos que advém maior quantia da verba
pública brasileira. Dentre as possibilidades de obtenção de verbas para a concepção
de tal objetivo, as que melhor se encaixam são: a obtenção através dos Impostos
em especial IGF (Imposto Sobre Grandes Fortunas), IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano) e através do excesso de arrecadação das contribuições sociais.

Diante do exposto, faz-se provada a importância da Luta pelo direito


financeiro justo para a aquisição de modificações na Legislação Tributária e
Financeira; assim como a interferência da corrupção nesse processo de mudança. É
necessária, a continuação da persecução para aquisição efetiva do objetivo
perquirido, no caso em comento, o transporte público gratuito e diretamente
oferecido aos usuários pelo poder público que poderá ser financiado pelo excesso
de arrecadação das contribuições sociais ou pelos impostos. Faz-se necessário
ainda, maior disponibilidade de verbas para o transporte público e reorganização da
arrecadação para que todos contribuam na medida de sua capacidade contributiva.
67

7 CRONOGRAMA

Jul/ 2013 : escolha do tema.


Ago/ 2013: pesquisa e confecção do índice.
Set./ Out/ 2013: pesquisa e confecção dos capítulos 1 e 2.
Nov/Dez/ 2013: pesquisa e confecção dos capítulos 3 e 4
Jan/ 2014: pesquisa e confecção da conclusão
Fev/2014 entrega
68

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contribuições previdenciárias sobre a folha de salários devidas pelas empresas que
especifica; institui o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento
da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, o Regime Especial de Tributação do
Programa Nacional de Banda Larga para Implantação de Redes de
Telecomunicações, o Regime Especial de Incentivo a Computadores para Uso
Educacional, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica e o Programa
Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência; restabelece o
Programa Um Computador por Aluno; altera o Programa de Apoio ao
71

Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores, instituído pela Lei no


11.484, de 31 de maio de 2007; altera as Leis nos 9.250, de 26 de dezembro de
1995, 11.033, de 21 de dezembro de 2004, 9.430, de 27 de dezembro de 1996,
10.865, de 30 de abril de 2004, 11.774, de 17 de setembro de 2008, 12.546, de 14
de dezembro de 2011, 11.484, de 31 de maio de 2007, 10.637, de 30 de dezembro
de 2002, 11.196, de 21 de novembro de 2005, 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
9.532, de 10 de dezembro de 1997, 12.431, de 24 de junho de 2011, 12.414, de 9 de
junho de 2011, 8.666, de 21 de junho de 1993, 10.925, de 23 de julho de 2004, os
Decretos-Leis nos 1.455, de 7 de abril de 1976, 1.593, de 21 de dezembro de 1977, e
a Medida Provisória no 2.199-14, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
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Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) na venda de álcool, inclusive para fins carburantes; altera
as Leis nºs 9.718, de 27 de novembro de 1998, 10.865, de 30 de abril de 2004,
11.196, de 21 de novembro de 2005, e 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e a
Medida Provisória nº 2.199-14, de 24 de agosto de 2001, para dispor sobre a
incidência das referidas contribuições na importação e sobre a receita decorrente da
venda no mercado interno de insumos da indústria química nacional que especifica;
revoga o § 2º do art. 57 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005; e dá outras
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