Introdução à Vida

e Obra do Escritor
Fernando Sabino

Unidade 1. Fernando
Sabino: uma vida

Profa. Cristina Gonçalves

Ferreira de Souza

UFSCar
 Introdução à Vida e Obra do Escritor Fernando Sabino1

1. FERNANDO SABINO: UMA VIDA

Fernando Tavares Sabino nasceu em Belo Horizonte no dia 12 de outubro

de 1923. Caçula de seis irmãos, Sabino era descendente de imigrantes italianos
por parte de pai. Seus avós mudaram-se de Salerno para Leopoldina no final
dos 1800. Seus pais casaram-se e mudaram-se para a capital em 1913. Seu pai
chamava-se Domingos Sabino e era procurador de partes e representante
comercial. Sua mãe chamava-se Odete Tavares de Lacerda, era professora
primária e pertencia a uma família tradicional de Leopoldina.
Figura 1: Sabino criança.

Fonte: Acervo do escritor2.

Texto 1. Convido-o a ler o artigo Encontro com uma Itália sentimental: a

origem italiana do escritor Fernando Sabino, no qual a pesquisadora Cristina
Souza apresenta a relação do escritor com a terra natal de seus avós. O texto
está disponível também no tópico referente a esta primeira unidade.

1
Cristina Gonçalves Ferreira de Souza é formada em Letras com mestrado em Literatura Brasileira. Doutoranda
em Teoria da Literatura e Literatura Comparada. Atualmente trabalha como assessora pedagógica na UFMG, na
área de educação a distância.
2
As imagens utilizadas são, em sua maioria, da autora deste material ou cedidas pela família do escritor.
 Precoce, Sabino publicou seus primeiros contos por volta dos doze anos
de idade em uma revista do Rio de Janeiro chamada Carioca e na revista Argus
de Belo Horizonte. A casa da família Sabino localizava-se no entorno da
conhecida Praça da Liberdade, onde hoje se situa o prédio da Escola de Design
da Universidade do Estado de Minas Gerais3.
Figura 2: Praça da Liberdade na década de 1930.

Fonte: https://www.otempo.com.br/galeria-de-fotos/beaga-antiga-3.103641

O jovem dividia-se entre as atividades escolares, as competições de

natação no Minas Tênis Clube e os footings (passeios a pé nos quais os jovens
paqueravam) na Praça da Liberdade. No início da década de 1940, Sabino
ingressou no jornalismo como redator da Folha de Minas, indicado pelo
escritor Murilo Rubião. O início oficial da sua carreira literária aconteceu com a
publicação do livro Os grilos não cantam mais, em 1941, quando tinha apenas
18 anos. Nessa época, Sabino estudava na Faculdade de Direito e também
frequentava as rodas literárias belo-horizontinas, onde conviveu com escritores
como Pedro Nava, Cyro dos Anjos, Etienne Filho, Marques Rebelo, Guilhermino
César, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos.

3
https://uemg.br/unidades-2019/856-escola-de-design
 Com os três últimos, compôs um grupo literário apelidado, por Mário de
Andrade, de “Grupo dos Vintanistas", literatos nascidos na década de 20.
Porém, suas amizades extrapolavam as fronteiras do estado. Mário de
Andrade, a quem Sabino enviou seu livro de estreia, tornou-se seu grande
amigo e correspondente entre os anos de 1942 e 1945, orientando-o na
estética modernista.
Figura 3: Sabino com os vintanistas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino#/media/Ficheiro:2341_sabino04_dest.jpg

Multimídia 1: Faça um passeio pela Belo Horizonte sentimental do escritor,

por meio um mapa digital criado a partir da crônica BH - ontem, hoje e sempre.
O link está disponível também no tópico desta primeira unidade.

Em 1944, Sabino casou-se com Helena Valadares (com quem

permaneceu casado até 1952) e mudou-se para o Rio de Janeiro. Na capital do
país, o escritor passou a colaborar para jornais e a conviver com artistas e
escritores como Di Cavalcanti, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de
Moraes, dentre outros.
 Figura 4: Vinicius, Helena e Fernando Sabino em foto da década de 40.

Fonte: https://cafemachadocom.wordpress.com/2019/08/30/de-vinicius-para-os-escritores-mineiros/

No ano de 1946, Sabino mudou-se para os Estados Unidos onde

permaneceu até o ano de 1948, trabalhando em um escritório do consulado
brasileiro e enviando colaborações para jornais e revistas do país. Neste
período, correspondeu-se intensamente com Clarice Lispector, que conhecera
no Rio de Janeiro no ano anterior, com Murilo Rubião e com os vintanistas. Nos
EUA, Sabino escreveu as crônicas que foram reunidas e publicadas em 1950 no
livro A cidade vazia, escreveu o livro Os movimentos simulados (2004), e
rascunhou os livros O encontro marcado (1956) e O grande mentecapto (1979).

Entre 1949 e 1964 Sabino viveu no Brasil. Neste período, escreveu textos
para periódicos nacionais, como a revista Manchete, e publicou obras
importantes, como os livros O encontro marcado (1956), O homem nu (1960) e
A mulher do vizinho (1962). Veja abaixo um conto publicado na revista
Manchete em 1952.
 Figura 5: Texto na revista Manchete.

Fonte: http://memoria.bn.br/DocReader/004120/441

Em 1960, Sabino resolveu ingressar na carreira de editor e fundou a

Editora do Autor em parceria com Rubem Braga e Walter Acosta. A editora se
dedicou com sucesso a publicações de autores nacionais e internacionais de
gêneros menos prestigiados por outras editoras.
 Figura 6: Capa de um livro da Editora do Autor.

Fonte: Autora.

No ano de 1964, Sabino mudou-se, com Anne Beatrice Still, (com quem
foi casado de 1957 a 1972), para a Londres, onde passou a exercer a função de
adido cultural junto à embaixada brasileira. Ali, o escritor permaneceu até o
ano de 1966. Neste período, colaborou com textos para a BBC, para revistas e
jornais brasileiros e escreveu as obras A companheira de viagem (1965) e A
inglesa deslumbrada (1967).
Figura 7: Sabino em Londres.

Fonte: Acervo do escritor.

 De volta definitivamente ao Brasil, Sabino realizou atividades literárias e
jornalísticas diversas. Em 1966, o escritor fundou a sua segunda editora, a
Editora Sabiá em parceria com Rubem Braga. A Editora Sabiá fez um imenso
sucesso e publicou mais de cem títulos de escritores nacionais e internacionais.
Além de revolucionar o mercado com seu design arrojado, a editora deu
espaço para escritores de textos curtos, como contos e crônicas, e para a
poesia. Em 1972, a editora foi vendida para a editora José Olympio e Sabino
retornou para literatura.
Figura 8: Capas da Editora Sabiá.

Fonte: Acervo do escritor.

Em 1973, Sabino decidiu trabalhar com audiovisual e fundou, em

parceria da David Neves, a Bem-te-vi filmes. Com a qual realizou uma série de
viagens internacionais produzindo documentários. Sabino também produziu
uma série de minidocumentários com escritores nacionais como Carlos
Drummond de Andrade, Jorge Amado dentre outros.
 Figura 9: Drummond no documentário O fazendeiro do ar.

Fonte: https://www.fatosdesconhecidos.com.br/7-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-carlos-drummond-de-
andrade/

Nas décadas de 80 e 90, dedicou-se às produções literárias que

obtiveram grande sucesso de crítica e público, como o romance O menino no
espelho (1982), A vitória da infância (1984), Martini seco (1987). O escritor
recebeu prêmios por sua obra, como o Prêmio Jabuti (1980) e o Prêmio
Machado de Assis (1999) e teve textos adaptados para o cinema e para o
teatro. Em 1988, publicou O tabuleiro de damas, sua autobiografia, e, em 1996,
publicou sua obra reunida. Na década de 90, Sabino também participou de
apresentações de jazz nas noites cariocas tocando bateria na Ramblers
Tradicional Jazz Band. Em 1992, casou-se com Lygia Marina de Moraes,
namorada desde a década de 70, de quem se divorciou em 1993. Sabino é pai
de sete filhos: Eliana, Leonora, Pedro e Virgínia, do primeiro casamento; e
Verônica, Bernardo e Mariana, do segundo casamento.
Figura 10: Sabino em 1987.

Fonte: https://oglobo.globo.com/acervo/incoming/fernando-sabino-escritor-23143706
 No início dos anos 2000, o escritor organizou, na obra Livro aberto
(2001), textos publicados originalmente em periódicos e publicou também sua
correspondência com os vintanistas, no livro Cartas na mesa (2002), com
Clarice Lispector, no livro Cartas perto do coração (2003), com Mário de
Andrade (2003) no livro Cartas a um jovem escritor e as suas respostas.

O escritor faleceu no dia 11 de outubro de 2004, um dia antes do

aniversário de oitenta e um anos, em decorrência de um câncer. Seu
sepultamento foi feito no Rio de Janeiro ao som do jazz da banda com a qual
tocou no início dos anos 90. Na sua lápide, por ordem sua, foi escrito o seguinte
epitáfio: “Aqui jaz Fernando Sabino, nasceu homem, morreu menino".
Figura 11: Sepultamento

Fonte: https://oglobo.globo.com/acervo/incoming/fernando-sabino-escritor-23143706

Texto 2. Convido-o a ler o artigo O perseguidor, no qual Silviano Santiago

traça um perfil preciso da literatura do escritor Fernando Sabino.
Texto 3. No depoimento, intitulado Os claros da vida, o escritor Edgar Telles
Ribeiro recorda um encontro muito especial com o escritor Fernando Sabino.

Vídeo 1. Conheça Sabino por meio de depoimentos dos seus amigos e

admiradores. Assista ao vídeo “Encontro marcado com Fernando Sabino”,
disponível na aba desta unidade.
Esses materiais podem ser acessados também no tópico desta primeira
unidade.
 Na próxima unidade, vamos abordar a bibliografia do escritor.

Até lá!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BENDER, Flora Cristina. Fernando Sabino: literatura comentada. São Paulo:

Editora Abril Educação, 1981.

BLOCH, Arnaldo. Fernando Sabino: reencontro. Rio de Janeiro: Editora Relume,

2005.

CANTONI, Nilza. Savino: di Ispani para Leopoldina. A origem italiana de

Fernando Sabino. Disponível em: https://youtu.be/flFpVXB8OaM

DUTRA, Cristina Gonçalves Ferreira de. Vida e literatura nas cartas de Sabino,
Mário e Clarice. 2010. 115 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) -
Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2010. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/ECAP-86XJP2

FERNANDO SABINO. Wikipedia. Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino

MASSI, Augusto (org.). Os sabiás da crônica. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

MORAES, Lygia Marina de. Conheça o escritor brasileiro Fernando Sabino. Rio
de Janeiro: Editora Record, 1979.

SABINO, Fernando. O tabuleiro de damas. Rio de Janeiro: Record, 1999.

SABINO, Fernando. Programa Gente de Expressão. 1994. Entrevista concedida a

Bruna Lombardi. Disponível em: https://youtu.be/YVjweLEGSx0. Acesso em
20/06/2022.

SABINO, Fernando. O tabuleiro de damas. Rio de Janeiro: Editora Record, 1999.

SERRA, Cristina. Entrevista. Curitiba: Kotter Editorial, 2021.

SOUZA, Cristina Gonçalves Ferreira de. Encontro com uma Itália sentimental: a
origem italiana do escritor Fernando Sabino. In: 10º SEMINÁRIO DA
IMIGRAÇÃO ITALIANA EM MINAS GERAIS, 2020, Belo Horizonte, p. 1-15.
Disponível em: https://ponteentreculturas.com.br/wp/wp-
content/uploads/2021/05/04-Encontro-com-uma-Italia-sentimental.pdf

SOUZA, C. G. F. de . (2021). Roteiro literário digital de Fernando Sabino por Belo

Horizonte. Anais Do Congresso Nacional Universidade, EAD E Software Livre,
2(12). Disponível em:
https://ueadsl.anais.nasnuv.com.br/index.php/UEADSL/article/view/509.

STEEN, Edla van. Viver & Escrever: volume 2. Porto Alegre: L&PM, 2008.

WERNECK, Humberto. O desatino da rapaziada. São Paulo: Companhia das

Letras, 1992.

A não ser que indicado ao contrário, o curso Introdução à Vida e Obra do Escritor Fernando Sabino -
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