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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DO PARÁ – IFPA

CAMPUS BELÉM
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS – LÍGUA PORTUGUESA

Carlos Wilker Silva de Sousa

LITERATURA INFANTO JUVENIL: RECENSÃO DO LIVRO “RUTH


ROCHA CONTA A ODISSÉIA”

Belém - Pará
2022
Carlos Wilker Silva de Sousa

LITERATURA INFANTO JUVENIL: RECENSÃO DO LIVRO “RUTH


ROCHA CONTA A ODISSÉIA”

Recensão apresentada à disciplina


Literatura Infanto-Juvenil, do curso de
Licenciatura Plena em Letras, da turma:
C3082MB, referente à nota parcial da 2ª
avaliação, sob orientação da Professora
Dra. Maria da Luz.

Belém - Pará
2022
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
Licenciatura Plena em Letras: Língua Portuguesa.
Literatura Infanto-Juvenil – Professora Dra. Maria da Luz

Carlos Wilker Silva de Sousa

Recensão do livro “Ruth Rocha Conta a Odisséia”

A obra da escritora Rute Rocha, intitulada Rute Rocha Conta a Odisséia e


ilustrada por Eduardo Rocha, narra uma das mais importantes e antigas histórias da
Grécia Antiga: A Odisséia de Homero. Devido à sua linguagem arcaica e, a princípio,
sendo apresentado em versos, este clássico sofreu algumas adaptações durante as
suas traduções mundo à fora. Rute Rocha pretende, neste recontar da mitologia,
apresentar ao leitor a história em sua essência original e, ao mesmo tempo, com
uma linguagem acessível para crianças, jovens e adultos.
A escritora Ruth Rocha é autora de Marcelo, Marmelo, Martelo – um dos
maiores sucessos editoriais do país – e de mais de duzentos títulos publicados e já
foi traduzida para mais de vinte idiomas. Nascida em São Paulo, em 1931, dedicou
mais de 50 anos à literatura e se tornou um dos nomes mais conhecidos da literatura
infanto-juvenil.
A obra em questão, assim como outro livro da autora, Ruth Rocha conta a
Ilíada, foi publicado pela editora Companhia das Letrinhas e reconta o clássico
atribuído a Homero, poeta maior da literatura ocidental. O livro recebeu, em 2000, o
prêmio Figueiredo Pimentel (Melhor Livro de Reconto) e o selo “Altamente
Recomendável”, ambos da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
A edição apresenta uma sessão introdutória com um resumo sobre o que
aconteceu antes que a “Odisséia” começasse, para auxílio na compreensão da
cronologia da guerra de Tróia, o rapto de Helena, os principais personagens e uma
apresentação sobre quem a obra irá girar em torno, ou seja, Ulisses, como consta
nas últimas linhas da introdução:
A Odisséia é a história da volta de Ulisses, o mais astuto de todos os
gregos, para sua ilha de Ítaca, onde era rei. Ulisses é o nome romano do
nosso herói. Na Grécia ele é chamado de Odisseu. Por isso esta história se
chama Odisséia. (ROCHA, 2000, p. 9)

A obra possui 3 partes de 24 capítulos, que contam a volta de Ulisses à ilha


de Ítaca, da qual era rei e esperavam por ele a esposa, Penélope, e seu filho,
Telêmaco. A história se inicia dez anos após o fim da guerra de Tróia. A parte 1
conta as tensões em Itaca, onde a mulher de Ulisses e seu filho se encontram aflitos
por causa da ausência do rei. São apresentados, também, os homens que planejam
usurpar o trono do protagonista em sua ausência, tal como ganhar a confiança de
sua esposa, a fim de se casarem com ela e herdarem o dinheiro da família.
A parte 2 se inicia relatando as aventuras de Odisseu nos mares desde que
saiu de Tróia, enfrentando dificuldades impostas por Hélio, o sol, e Poseidon, o deus
das águas. Compadecida do viajante, Palas Atenas, que era muito amiga dos
gregos, decidiu intervir e convocar uma reunião com os deuses para discutirem
sobre o destino de Ulisses, que estava preso na ilha na ninfa Calipso, além de ir se
encontrar com Telêmaco – disfarçada como Mentes, o rei de Táfios – para avisar
sobre a volta do pai.
A parte 3 conta o retorno de Ulisses, o “mais estatuto dos gregos”, para
Itaca, seu reencontro com Penélope e reconhecimento como rei, porém a sua
aproximação do trono é, a princípio, discreta, pois antes de assumir precisou
reconhecer as verdadeiras intenções de quem estava a rodear a mansão e descobrir
os pretendentes de Penélope que, após tanta insistência, a forçaram a escolher um
deles, apesar da resistência da esposa e de seu filho.
A escrita de Ruth ainda exibe uma preocupação com alguns aspectos da
obra original e com as marcas de estilo homérico, tais como o uso de epítetos,
mistura de dialetos gregos nos textos e a explicação de costumes específicos da
antiga civilização grega. Neste sentido, Figueiredo e Miotti (2014) comentam sobre
as adaptações feitas pela autora, sobretudo na era da revolução digital, que
demandaram mais atenção sobre como as histórias são contadas, do que
propriamente quais histórias serão ouvidas ou lidas:
Sob este aspecto, Ruth Rocha pode ser vista como um moderno rapsodo
(“costurador” [de poemas], em grego), ao assumir o desafio de transmitir e
propagar uma narrativa que inaugura o próprio conceito de “clássico”
(conforme Calvino o definiu em 1981). Temos razões para acreditar que o
modus operandi de Ruth Rocha na reformulação do poema homérico tem
papel fundamental na manutenção do apelo que esta história, contada
originalmente há quase três mil anos, ainda possui para os jovens leitores
modernos. (FIGUEIREDO; MIOTTI, 2014, p. 14)
Sobre a mistura de dialetos gregos, uma rubrica autoral de Homero, Ruth
propôs uma adaptação semelhante e que faz sentido em nossa língua: A mescla de
registros eruditos e coloquiais da língua portuguesa, no entanto se utiliza da
recorrência de paratextos, tais como rodapés, para esclarecer o sentido das
expressões.
Em conclusão, com o intento de reviver o mito, a autora lança mão à
linguagem atual, recuperando lendas e narrativas da cultura clássica com sucesso,
pois em relação à produção de livros paradidáticos sobre obras tão importantes para
a humanidade, iniciativas desta natureza oferecem um olhar integrado sobre os
saberes literários, seja no cenário escolar, acadêmico ou familiar. A facilitação da
obra homérica para leitores de todas as idades fornece meios de acesso para
leitores do futuro, ávidos por novidade, que podem se identificar com uma obra
escrita há quase três mil anos, graças à genialidade da escritora brasileira.
REFERÊNCIAS

CALVINO, I. Por que ler os clássicos. Tradução de Nilson Moulin. São Paulo:
Companhia de Bolso, 2011.
MIOTTI, Charlene; FIGUEIREDO, Flávia. As novas coordenadas de Ítaca: Ruth
Rocha conta a Odisséia. Nonada: Letras em Revista, vol. 2, núm. 23, 2014, pp. 12-
19.
ROCHA, Ruth. Ruth Rocha conta a Ilíada. 1ª Edição. Editora Salamandra
ROCHA, Ruth. Ruth Rocha conta a Odisseia. Ilustrações de Eduardo Rocha. São
Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000.

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