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MANUAL DO PROFESSOR

Aprendendo com

ESOPO
LIBERDADE PARA
AS FÁBULAS
Luiz Antonio Aguiar
Ilustrações: Márcia Széliga

Elaboração do manual: Januária Alves


Indicação: Categoria 1
ISBN: 978-85-8382-065-9 (6o e 7o anos do Ensino Fundamental)

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AUTOR na Vida da Gente” e “Literatura que dá


Luiz Antonio Aguiar, nascido no Rio Gosto de Ler” e ministra oficinas de
de Janeiro em 1955, é escritor, rotei- criação literária em colégios, eventos
rista de histórias em quadrinhos, pro- do mercado editorial, bibliotecas, li-
fessor de literatura e tradutor. Desde vrarias e espaços públicos.
1985, quando iniciou sua carreira, pu-
blicou diversos livros infantojuvenis e ILUSTRADORA
ganhou prêmios no exterior e no Bra- Márcia Széliga nasceu em 1963 no
sil, inclusive dois Jabutis. O autor tem Paraná. É artista plástica, arteterapeu-
um blogue em que publica folhetins ta, ilustradora e escritora de livros in-
de aventura e realiza um debate per- fantis e juvenis. Formou-se em Artes
manente mostrando a influência das Plásticas na Escola de Música e Belas
obras clássicas sobre a literatura pop, Artes do Paraná. Em 1984, fez espe-
como acontece em gêneros como cialização em Desenho Animado na
terror, fantasia, aventura, suspense e Academia de Belas Artes, da Cracóvia,
mistério. Além disso, dá aulas de litera- Polônia. Ministra oficinas de ilustração
tura para professores e bibliotecários e texto e oficinas vivenciais de dinâ-
sobre esses temas e conversa com o mica de grupo. É associada à AEILIJ
público em geral sobre a importância – Associação de Escritores e Ilustrado-
do convívio com os livros. Viaja o Bra- res do Livro Infantil e Juvenil. Partici-
sil dando palestras sobre “Literatura pou de diversas exposições no Brasil

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e exterior, salões, coletivas e mostras


individuais. Já ilustrou uma centena de
obras de diferentes autores da literatu-
ra infantojuvenil, e é autora ilustradora
de cinco títulos.

OBRA
A obra Esopo: liberdade para as fábu-
las reúne histórias, protagonizadas por
animais, que põem o jovem leitor em
contato com fábulas clássicas – como
a “A Cigarra e a Formiga” ou a “A Lebre
e a Tartaruga” – originárias da Grécia
Antiga. Paralelamente à leitura das texto como um espaço para expres-
fábulas, é possível, também, acompa- são de valores e sentidos. As fábulas
nhar fragmentos da misteriosa história trazem, ainda, informações sobre a
daquele que é considerado um dos vida na Grécia do século VI a.C., so-
precursores desse gênero literário: o bre o sistema político, os costumes
grego Esopo. Entre narrativas de tom e as crenças vigentes – em represen-
mais biográfico, a obra estimula a ima- tações bem verossímeis das relações
ginação do leitor e, principalmente, o humanas. Elas podem ser trabalha-
pensamento reflexivo. das em sala de aula como modo de
reflexão sobre a relação dos indiví-
Por que ler este livro nos Anos Finais duos com o mundo à sua volta. Po-
do Ensino Fundamental? de-se também explorar a interação
A fábula é uma narrativa alegórica do jovem com o meio em que vive,
que pode ser escrita tanto em verso estendendo essa reflexão para a sua
como em prosa. Nos Anos Finais do realidade, comparando as principais
Ensino Fundamental, o estudo desse diferenças e semelhanças entre a sua
gênero literário – caracterizado pela sociedade e a de Esopo.
presença de animais antropomórficos Além disso, durante o Ensino Funda-
como personagens e uma moral da mental, segundo a BNCC, deve-se con-
história – abre portas para a discussão templar não só o cânone e a literatura
sobre moral e ética. Que valores eram universal, mas também a literatura ju-
passados nessas narrativas? São os venil e a tradição popular. Por meio da
mesmos de hoje? leitura e estudo da fábula – intrinse-
Ao apresentar as virtudes, falhas e camente relacionada com a literatura
traços de caráter do homem por meio oral – o aluno se familiariza com a pro-
do comportamento dos animais, a dução de textos em gêneros literários
fábula leva o aluno a compreender o e artísticos diversos.

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Esse gênero literário permite ao alu- instigando-os a refletir sobre temas


no desenvolver a capacidade de fruir como, por exemplo, “a moral das his-
e valorizar a literatura, reconhecendo- tórias” e a ética, nos tempos atuais e
-lhe, assim, o potencial que tem de na Grécia Antiga. O debate lhes per-
transformar e humanizar. Sendo um mitirá expressar suas impressões da
gênero de caráter didático e mora- obra e exercitar seu pensamento críti-
lista, pode ser facilmente trabalhado co. Nas aulas de História e Arte, pode-
com temas de História e Filosofia. Es- -se estudar e explorar a cultura grega
crita em uma linguagem adequada ao clássica fazendo-se a adaptação tea-
público infantojuvenil, a fábula ensi- tral de uma das fábulas.
na valores e atitudes a serem segui- Essas e outras propostas serão deta-
dos ou repudiados. lhadas a seguir, para garantir o melhor
aproveitamento de todos os conteúdos.
Propostas de atividades
Este manual apresenta propostas de
atividades que enriquecerão a leitura
dos alunos, contemplando competên-
Gênero literário:
cias tanto de Língua Portuguesa quan-
Conto, crônica, novela, teatro, texto
to de outras áreas do conhecimento,
da tradição popular
como História e Arte.
Para preparar a leitura, propõe-se Temas:
uma conversa com os estudantes so- O mundo natural e social /
bre fábulas e um de seus principais Diálogos com a história e
autores, o grego Esopo. Após a leitura, a filosofia
conduzir um debate com os alunos,

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Preparando a leitura
Língua Portuguesa

A obra de Luiz Antonio Aguiar reúne


fábulas do grego Esopo. Sua leitura
trabalha a compreensão de contos
populares, narrativas, lendas, mitos e
questões filosóficas, elementos que
podem ser explorados nas aulas de
Língua Portuguesa.
Para levar os alunos a uma melhor
compreensão do gênero, leia a apre- gênero literário em questão. Expli-
sentação da obra. Além de trazer in- que, então, que a fábula surgiu na
formações sobre algumas fábulas Antiguidade e era transmitida oral-
que estão por vir, o texto tece alguns mente, razão pela qual há várias ver-
comentários sobre o seu autor Esopo, sões de uma mesma história.
cuja real existência ainda hoje é ques- Depois, estimule-os a recontar aos
tionada. Em seguida, converse com colegas alguma fábula de que se
eles sobre a conclusão a que chega- lembrem. Ao contar e recontar histó-
ram acerca do gênero literário fábula, rias da tradição oral – como “causos”,
buscando levantar as suas principais contos de animais, contos de encan-
características, tais como a presença tamento e de esperteza – e da tradi-
de personagens animais com traços ção literária escrita, o aluno aprimora
humanos e a presença de uma “moral a habilidade de sintetizar e expor, oral
da história”, frase que resume as ideias e coerentemente, uma série ou séries
principais da história e transmite um de acontecimentos sequenciados.
ensinamento. Peça que releiam o texto de apre-
Em seguida, pergunte aos alu- sentação e observem o que é dito
nos que fábulas conhecem e como sobre o criador das histórias. Por que
sabem que a história pertence ao a existência de Esopo é posta em dú-
vida? Que sensações essa informação
lhes provoca? Após essa leitura e esse
bate-papo, a turma com certeza se
sentirá mais motivada a se aventurar
à leitura da obra.

Após a leitura

Uma questão essencial da obra é a


discussão em torno da chamada “moral

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da história”. Embora essa seja uma das • Ao final das fábulas deste livro, não há
principais características da fábula, o uma “moral da história”, mas sim uma
livro convida o leitor a refletir sobre o mensagem. Vocês conseguem iden-
caráter reducionista da interpretação. tificar a mensagem de cada uma das
Essa discussão é particularmente acen- fábulas?
tuada no último capítulo, que trata dos • Vocês acham que é possível haver mais
anos após a morte de Esopo. Ainda so- de uma moral para uma mesma fábula?
bre essa questão, vale ressaltar que a • A moral da história estimula ou deses-
última fábula do livro, “Conta-se que, timula a leitura das fábulas? Ela as tor-
numa época…”, é a única que, de fato, na mais interessantes de ler por causa
apresenta uma moral conclusiva. desse aspecto? Expliquem por quê.
Após a leitura do livro, forme uma
roda com a turma e proponha um Nesse momento, oriente-os a ex-
debate sobre a “moral da história”. porem suas ideias, para que desen-
Conduza o debate fazendo perguntas volvam a habilidade de “apresentar
norteadoras, como: argumentos e contra-argumentos co-
erentes, respeitando os turnos de fala,
• O que vocês acham que é moral? na participação em discussões sobre
• A moral de determinada fábula consti- temas controversos e/ou polêmicos”.
tui-se em um ensinamento? (BRASIL, 2017, p. 143)

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História dentre outros, que utilizem cenários e


personagens realistas ou de fantasia,
A Grécia Antiga é o pano de fundo observando os elementos da estrutura
da maior parte da narrativa. Assim, narrativa próprios ao gênero pretendi-
nas aulas de História sobre o Ociden- do”. (BRASIL, 2017, p. 169)
te Clássico e as noções de cidadania O objetivo é que cada aluno com-
e política da Grécia, separe a turma ponha uma breve narrativa, buscando
em grupos e oriente-os a realizar uma refletir sobre questões importantes,
pesquisa acerca da civilização grega. como a corrupção e a troca de favores
Em seguida, distribua entre eles al- políticos, a discriminação racial, entre
guns temas para pesquisa, tais como: outras. As personagens devem ser ani-
a religião e os deuses do Olimpo, a mais, e os alunos devem atentar para
origem da democracia, o teatro e as os outros elementos narrativos – enre-
tragédias gregas, a origem da filoso- do, narrador, sequência de fatos, tem-
fia: Aristóteles e Platão, o conceito de po e espaço – utilizando os tempos
Antiguidade Clássica, os domínios e verbais adequados e empregando, es-
expansão da cultura grega. sencialmente, diálogos em discursos
Cada grupo deve, então, organizar direto ou indireto.
um painel explicativo com as informa- Todas as fábulas do livro são apre-
ções coletadas, podendo utilizar ima- sentadas por meio de ilustrações
gens e ilustrações. Ao final, exponha que mesclam homens com máscaras
todos os painéis nas paredes da sala de de animais, animais com rostos hu-
aula, compartilhando os conhecimen- manos e até mesmo com máscaras
tos históricos e culturais com a turma. teatrais. Com isso fica evidente a re-
lação da fábula com o teatro grego,
Língua Portuguesa e Arte uma importante e significativa forma
de arte na Grécia Antiga. Ao final da
Muitas fábulas de Esopo levam em produção textual, os alunos devem
conta o contexto político da época, ao juntar-se em grupos e escolher uma
abordarem relações de poder e injus- das fábulas criadas e adaptá-la para
tiças sociais. Considerando o momen- texto teatral, em colaboração com o
to político atual em que vive o nosso componente curricular de Arte. Pos-
país, oriente os alunos a escreverem teriormente, as peças podem ser re-
uma fábula que reflita sobre relações presentadas para a turma.
de poder em nossa sociedade, aper- De acordo com a BNCC, os alunos de-
feiçoando, assim, a habilidade de “criar vem desenvolver a habilidade de “ela-
narrativas ficcionais, tais como contos borar texto teatral a partir da adaptação
populares, contos de suspense, misté- de romances, contos, mitos, narrativas
rio, terror, humor, narrativas de enig- de enigma e de aventura, novelas, bio-
ma, crônicas, histórias em quadrinhos, grafias romanceadas, crônicas, dentre

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outros” (BRASIL, 2017, p. 157). Com intermédio de jogos, improvisações,


a orientação do professor de Língua atuações e encenações, caracteriza-
Portuguesa, os alunos devem adaptar dos pela interação entre atuantes e
a fábula escolhida, utilizando-se dos espectadores”. (BRASIL, 2017, p. 194)
elementos próprios de um roteiro de
peça de teatro, como o discurso direto
para os diálogos; as rubricas para ca-
racterização do cenário, do espaço, do
tempo; e a caracterização física e psico-
lógica das personagens.
É importante mostrar que o diálogo
é um elemento essencial em um tex-
to dramático, uma vez que, na peça
teatral, a história não é narrada para
a plateia, e sim mostrada pelos atores
que, representando as personagens,
movimentam-se no palco e reprodu-
zem as falas. Incentive-os a pesquisar formas de
Com o texto teatral já elaborado, au- dramaturgia e espaços cênicos; a expe-
xilie os alunos na produção, distribui- rimentar as diferentes funções teatrais,
ção dos papéis, concepção do cenário e gestualidade e construções corporais
figurino e ensaio para a representação. e vocais; caracterizar as personagens
Segundo a BNCC, “o Teatro instaura com figurinos e adereços; caracterizar
a experiência artística multissensorial o cenário com produções artísticas
de encontro com o outro em perfor- próprias; pesquisar sonoplastia ade-
mance. Nessa experiência, o corpo é quada para a peça; e levar em conta a
lócus de criação ficcional de tempos, relação com o espectador. Depois de
espaços e sujeitos distintos de si pró- elaboradas e ensaiadas, separe algu-
prios, por meio do verbal, não verbal mas aulas para que os grupos apresen-
e da ação física. Os processos de cria- tem suas peças para toda a turma.
ção teatral passam por situações de REFERÊNCIA: BRASIL, Ministério da Educação. Base
criação coletiva e colaborativa, por Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília, DF, 2017.

SDS Editora de Livros Ltda.


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