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DIRETRIZES DO
CURRÍCULO
INTEGRADO NA
EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Celma Rocha Silva
Dalcione Lima Marinho
Rosemeri Scalabrin
CONCEPÇÕES E
DIRETRIZES DO
CURRÍCULO
INTEGRADO NA
EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Celma Rocha Silva
Dalcione Lima Marinho
Rosemeri Scalabrin
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Reitor
Claudio Alex Jorge da Rocha
Diretor do CTEAD
Márcio Wariss Monteiro
ELABORAÇÃO
Professores conteudistas
Celma Rocha Silva
Dalcione Lima Marinho
Rosemeri Scalabrin
Revisão textual
Jéssica Rejane Lima
Este caderno foi produzido pelo Centro de Tecnologias em Educação a Distância - CTEAD do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA em parceria com a coordenação do Curso
de Formação Continuada de Aperfeiçoamento em Práticas Pedagógicas Inovadoras para EJA.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
www.ctead.ifpa.edu.br
Atenção
Sinaliza trecho importante
Exercício
Indica atividades propostas
Glossário
Esclarece significado de termos e palavras
Mídia
Recomenda vídeos e áudios relacionados ao tema
Curiosidade
Indica curiosidades sobre o tema estudado
Link
Indicação de links e material adicional
Sumário
Conteúdo
Apresentação7
Minicurrículo do professor 42
Referências44
Este componente possui uma carga horária total de 15 horas e será ofer-
tado integralmente na modalidade de ensino a distância – EAD. O obje-
tivo geral é compreender a integração epistemológica, de conteúdo, de
metodologias e de práticas educativas numa integração teoria-prática,
entre o saber e o saber-fazer, o que pode ser traduzido em termos de
integração entre uma formação humana mais geral.
Bons estudos!
8
1
Elementos históricos da
educação de jovens e
adultos no brasil
A história da educação de jovens e adultos – EJA no Brasil constitui-se
em um movimento de luta social por direito e inclusão. Reconstruir esse
contexto histórico é uma forma de compreender o papel de uma política
pública educacional que busca promover uma efetiva mudança no ce-
nário educacional e social do país, oferecendo oportunidade a pessoas
que não tiveram acesso à escolarização, fato bem recorrente na classe
trabalhadora brasileira.
bou por trazer também para o país, junto com eles, as ideias socialistas
e anarquistas, responsáveis pela organização dos trabalhadores. Isso foi
um fato histórico primordial na materialização da EJA, algumas décadas
à frente.
https://www.diferenca.com/taylo-
guesia industrial, cujo pensamento era a articulação entre a agricultura
rismo-fordismo-e-toyotismo/ e a indústria, para fortalecer o projeto de industrialização do Brasil com
apoio das oligarquias rurais, tendo como principais resultados a amplia-
ção do processo de produção em massa e o controle do tempo e do
movimento dos trabalhadores.
12
3. aconteceu o 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos;
https://educacaointegral.org.br/
Nacional de Alfabetização. Esse movimento, como as demais iniciativas
reportagens/paulo-freire-em-seu-
da sociedade civil que tinham como base de suas ações a transformação devido-lugar/?gclid=EAIaIQobChM
Imv7XiuKk6wIVCAB7Ch2YdQQSEA
social, foi interrompido em 1964 com o Golpe Militar. AYASAAEgL3ZPD_BwE
Outro fato importante desse período dos anos 1990 foi a criação da LDB
nº 9.394/1996. Os artigos 37 e 38 dessa normativa reafirmam o direito
dos jovens e adultos quanto ao acesso à educação básica, sobretudo a
sua oferta pública e gratuita, estabelecendo responsabilidades aos entes
federados através da identificação e mobilização da demanda, com ga-
rantia ao acesso e à permanência. Porém, estabelecem o rebaixamento
da idade para prestar exames para o supletivo, assegurado por lei: ficou
estabelecida que a idade mínima para acesso ao ensino fundamental
seria de 15 anos e, para o ensino médio, de 18 anos. Assim sendo, a EJA
passou a ter caráter supletivo e de aceleração do ensino regular, descon-
figurando-a enquanto modalidade de ensino autônoma e legítima.
16
O público da EJA possui características específicas que o diferencia de
outros estudantes. Desse modo, uma questão central é a distorção sé-
Com base na legislação que or-
rie/idade: a LDB nº 9.394/1996 estabelece que estudantes com idade
ganiza a oferta de ensino no país
superior ou igual a 15 anos no ensino fundamental, e com idade supe- (LDB nº 9.394/1996), a criança
deve ingressar aos 6 anos no 1º
rior ou igual a 18 anos no ensino médio, podem compor turmas de EJA. ano do ensino fundamental e
concluir a etapa aos 14. Na faixa
O contexto relatado é o reflexo real da história de vida de muitos brasi- etária dos 15 aos 17 anos, o jovem
deve estar matriculado no ensino
leiros, dos distintos estados e regiões do país, que, devido às condições médio. O valor da distorção é cal-
financeiras e sociais limitadoras e adversas, encerram seus processos de culado em anos e representa a de-
fasagem entre a idade do aluno e
formação escolar, na maioria dos casos, de forma precoce. Em outras a idade recomendada para a série
que ele está cursando. O aluno é
situações, essa relação com a escola nunca existiu, evidenciando a mar-
considerado em situação de dis-
ginalização e a desigualdade presente em nossa sociedade. torção ou defasagem idade-série
quando a diferença entre a idade
Os processos formativos no ensino da EJA não devem limitar-se apenas do aluno e a idade prevista para a
série é de dois anos ou mais (CAS-
à escolarização. Mais que isso, é necessário proporcionar aos jovens TRO, 2008).
18
e com ele prosseguirem os estudos, outros que precisam do certifica-
do para permanecerem nos empregos, e ainda outros que lá estão em
busca de experiências sociais, relacionais e socializadoras; alunos que já
frequentaram uma escola em alguma época de suas vidas e outros que
nunca frequentaram uma escola. (FILHO, 2012, p. 4)
20
3
As teorias gerais do
currículo e o papel da classe
trabalhadora na construção
da educação no Brasil
A história da educação brasileira tem sido marcada pela influência ex-
terna. Os modelos e propostas pedagógicas tiveram como base inicial o
conservadorismo jesuítico de cunho religioso e, posteriormente, a edu-
cação tradicional e tecnicista, marcada pela transmissão de conteúdos
que interessavam aos detentores do poder econômico e político do país
em cada época.
22
pesquisa para a formação do pensamento autônomo. Assim, propôs o
desenvolvimento de um conjunto de recursos capazes de articular os
conteúdos às experiências dos estudantes, de desenvolver a avaliação
de natureza qualitativa, a fim de valorizar a participação ativa dos estu-
dantes e o crescimento subjetivo no processo de construção da aprendi-
zagem, bem como na gestão ancorada no princípio da convivência, cujo
modelo administrativo vê o gestor como articulador do contexto socio-
cultural e promotor de espaços de participação.
24
A proposta de desenvolvimento de escolas normais no campo com cur-
rículo diferenciado e adequado à vocação agrícola brasileira passou a
ser desenvolvido sob a coordenação da Direção de Ensino de São Paulo,
em 1931. Porém, o tempo restrito de permanência da gestão do ensino
impossibilitou a materialização da proposta, devido à instalação do go-
verno brasileiro de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, centralizado e inter-
ventor, o qual tirou a autonomia das escolas e dos estados.
E sobre o pós-estruturalismo e os
vido ao alto índice de analfabetismo na região. Com o Golpe Militar, o
ideais multiculturais no link: educador popular foi preso e exilado. Assim, em 1964, ocorreu a inter-
https://educador.brasilescola.uol. rupção da maioria dos programas de alfabetização de educação popular
com.br/trabalho-docente/teorias-
-curriculares.htm de jovens e adultos da cidade e do campo, e o método Paulo Freire foi
proibido, pois estimulava a formação do ser político como sujeito de di-
reitos, configurando um retrocesso da política educacional.
As escolas em alternância nas-
ceram na França, em 1935, por Apesar do regime autoritário em que o Brasil vivia àquela época, a crítica
iniciativa de famílias que agrupa-
ram-se em associações com duplo
sobre a educação tradicional e a escola descontextualizada permaneceu,
objetivo: implementar projetos de originando, nos anos 1970, as teorias pós-críticas do currículo. Essas te-
desenvolvimento regional e criar
alternativas educacionais para os orias eram fundamentadas nos princípios da fenomenologia, do pós-
jovens. Para tanto, foi concebido
-estruturalismo e dos ideais multiculturais, também fazendo duras
um modelo de escola sob res-
ponsabilidade legal, financeira e críticas às teorias tradicionais de educação, elevando as discussões para
gerencial a cargo das associações
de pais. além da questão das classes sociais, como fizeram as teorias críticas, na
As Escolas Famílias Agrícolas – EFA medida em que colocavam o sujeito como foco principal.
foram criadas na Itália, em 1960,
com o apoio dos poderes públicos Sob essa perspectiva, as teorias pós-críticas do currículo desafiaram-se
do país. Essa pedagogia funda-
mentava-se na pesquisa e no tra- a entender “mais do que a realidade social dos indivíduos”, pois, para
balho como princípios educativos, essas teorias, era “preciso compreender também os estigmas étnicos e
em que os jovens passavam duas
semanas recebendo conhecimen- culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual e todos
tos gerais e técnicos voltados para
a realidade agrícola regional e
os elementos próprios das diferenças entre as pessoas, ampliando para
duas semanas nas propriedades o “combate à opressão de grupos semanticamente marginalizados e lu-
rurais, aplicando os conhecimen-
tos recebidos no tempo presencial tar por sua inclusão no meio social”.
(REIS, 2006).
As teorias pós-críticas consideravam que o currículo tradicional atuava
Já o movimento das Casas Fami- como o legitimador dos modus operandi dos preconceitos que se estabe-
liares Rurais nasceu na França, lecem pela sociedade. Assim, a sua função era a de se adaptar ao contex-
entre 1935 e 1937, a partir da to específico dos estudantes para que o aluno compreendesse nos cos-
necessidade de criação de uma tumes e práticas do outro uma relação de diversidade e respeito. Além
escola que suprisse as carências
do mais, em um viés pós-estruturalista, o currículo passou a considerar
reais e solucionasse os problemas
a ideia de que não existe um conhecimento único e verdadeiro, sendo
vivenciados no campo. Na década
de 1950, essa formação profissio-
esse uma questão de perspectiva histórica, ou seja, que se transforma
nal, aliada à educação humana nos diferentes tempos e lugares. (PENA, 2003, p. 2)
para filhos de agricultores, come-
ça a crescer e migrar para outros Nesse contexto crítico e pós-crítico das teorias do currículo, emergiram,
países da Europa. Atualmente,
no Brasil, entre os anos de 1970 e 1984, as primeiras experiências for-
expandiu-se para os cinco conti-
nentes, com a mesma concepção mativas com base na Pedagogia da Alternância, a partir da Escola Fa-
– formar jovens para provocar o
desenvolvimento global do meio mília Agrícola – EFA, no Espírito Santo, e da Casa Familiar Rural – CFR, no
rural (MILANI et al., 2002).
Paraná.
26
No estado do Pará, em 1994, a primeira CFR foi criada, no município
de Medicilândia; em 1996, a EFA, no município de Marabá; e, em 2008,
o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Campus
Rural de Marabá – IFPA CRMB. A atuação da alternância pedagógica re- O IFPA CRMB é sucessor da Escola
presenta a materialização de experiências de escolarização articulada à Agrotécnica Federal de Marabá,
criada pela Lei nº 11.534/2007
formação profissional, que foi desenvolvida fora das escolas oficiais e (BRASIL, 2007). O CRMB compõe
a política de expansão da Rede
apenas posteriormente reconhecida pelos órgãos competentes.
Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica do gover-
Entretanto, a educação escolar oficial formal desenvolvida no período no federal, que constituiu o IFPA
1960-1980 pautou-se na perspectiva psicologizante, de base tecnicista a partir da integração do Centro
Federal de Educação Tecnológica
e autoritária, pois atendia ao regime militar da época. Desse modo, a do Pará – CEFET-PA com as Escolas
Agrotécnicas Federais de Casta-
educação da população limitou-se à proliferação de programas, os nhal e Marabá (IFPA CRMB, 2010).
quais apresentavam a perspectiva de formar para o mercado de trabalho
urbano.
Nessa mesma linha de pensamento, nos anos 1970, com a retomada da Os programas aos quais a educa-
ção da população ficou limitada
discussão sobre educação rural, foi lançado o II Plano Setorial de Educa- são aqueles como o Programa
ção (1975-1979), que estabeleceu a criação de condições para o desen- Intensivo de Preparação de Mão-
-de-Obra Agrícola – PIPMOA, o
volvimento de programas de educação no meio rural, na direção da me- Programa Diversificado de Ação
Comunitária – PRODAC, o Serviço
lhoria socioeconômica das populações dessas áreas. Porém, sem êxito.
Nacional de Formação Profissio-
nal Rural – SENAR, o Centro Rural
Nos anos 1980, foi lançado o III Plano de Educação, Cultura e Despor- Universitário de Treinamento e
to, que atribuiu à educação um importante papel na política social com de Ação Comunitária – CRUTAC, o
Projeto Rondon, entre outros.
a criação do Programa Nacional de Ações Sócio-Educativas e Culturais
para o Meio Rural – Pronasec e do Programa de Extensão e Melhoria
para o Meio Rural – Edurural. Contudo, esses também não obtiveram
êxito.
Tais princípios asseguram que as escolas sejam iguais entre si, indepen-
dentemente da localização, da dependência administrativa e dos sujei-
tos nelas inseridos. Contudo, esses princípios têm sido historicamente
desconsiderados nas escolas do campo.
28
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário esco-
lar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, 1996)
Do final dos anos 1990 até os dias atuais, têm sido desenvolvidas ex-
periências educativas voltadas para a formação de professores, funda-
mentadas na pedagogia libertadora e na pedagogia da alternância. Entre
essas experiências, têm destaque o Programa de Apoio à Formação Su-
perior em Licenciatura em Educação do Campo – Procampo, o ProJovem
Campo Saberes da Terra e o Programa Nacional de Educação na Refor-
ma Agrária – Pronera, todos voltados para o campo. No âmbito da cida-
de, tiveram destaque os projetos Escola de Fábrica e Programa Ensino
Médio Inovador – ProEMI.
A exemplo disso, o IFPA CRMB, entre os anos de 2009 e 2020, tem de-
senvolvido ofertas de cursos em diferentes níveis e modalidades, expe-
O IFPA CRMB tem ofertado cursos riências educativas contextualizadas, em consonância com os povos do
técnicos nas modalidades integra-
da (Agropecuária, Agroecologia e campo e os movimentos sociais, adotando metodologias inovadoras e
magistério para os povos indíge-
nas) e subsequente (Agropecuária
incentivando a ressignificação curricular nos municípios de abrangência
e Agroindústria); superiores de do campus, a partir da formação e da assessoria aos profissionais da
graduação (Tecnólogo em Agroe-
cologia e Licenciatura em Educa- educação e jovens oriundos do campo. Ações semelhantes a essa têm
ção do Campo); especializações
sido desenvolvidas também em outros campi do IFPA, como os de Bra-
(Recuperação de Áreas Degrada-
das e Alteradas e Educação do gança, Breves, Cametá, Castanhal e Santarém.
Campo) (MARINHO; BARBOSA,
2019). Porém, nos últimos anos, as políticas educacionais brasileiras foram ce-
nários de retrocessos e abusos por parte dos governos, a exemplo da
Reforma do Ensino Médio, a partir da Medida Provisória nº 748/2016,
que previa exclusões de disciplinas e abertura para que profissionais
sem licenciatura dessem aulas. Houve ainda a Proposta de Emenda à
Constituição – PEC 241/2016, que almejava frear a trajetória de cresci-
mento dos gastos públicos e tentava equilibrar as contas públicas, fixan-
do gastos públicos por até 20 anos.
30
4
O ensino profissional
integrado à educação de
jovens e adultos
O ensino profissional foi atrelado ao modelo de desenvolvimento eco-
nômico vigente nos diferentes períodos da história brasileira, sendo, as-
sim, o reflexo das contradições sociais existentes em nossa sociedade,
evidenciando a reprodução de uma concepção de educação autoritária,
assistencialista e tecnicista. Essa modalidade de ensino, por muito tem-
po, configurou-se em um padrão dual de educação, o que demarcou a
trajetória educacional para as elites e para os trabalhadores.
32
Nesse sentido, a “travessia” significa que a concepção de educação inte-
gral e integrada desenvolvida nos IF deveria logo ser assumida também
pelos 27 estados da Federação. Isso com vistas a assegurar a educação
básica fundamentada na formação humana articulada à demanda social
de profissionalização da juventude diante das desigualdades sociais e
educacionais que persistem no país, de modo a garantir a educação pú-
blica, gratuita e de qualidade em todas as escolas, sejam elas do centro
ou da periferia, do campo ou da cidade. Diante disso, em 2007, o gover-
no federal criou o ProEMI.
Assim, o currículo integrado tem como objetivo romper com uma edu-
cação assistencialista e tecnicista, que limita-se ao preparo de mão de
obra para as fábricas, e lutar por uma educação que contribua para a di-
minuição dessa histórica dualidade do ensino, herdada da divisão entre
trabalho manual e trabalho intelectual. Sob essa perspectiva, o currículo
na EPT assume as categorias trabalho, ciência e cultura, no sentido onto-
lógico, como dimensões que estruturam o currículo integrado.
34
Existem três sentidos para a integração: “como concepção de formação
humana; como forma de se relacionar educação básica e formação pro-
fissional; e como relação entre parte e totalidade na proposta curricular”
(RAMOS, 2008, p. 5).
Portanto, é nesse sentido que voltamos a dizer que as ciências são co-
nhecimentos produzidos pela humanidade em processos mediados pelo
trabalho e pela ação humana. Decorre daí a compreensão de que ne-
nhum conhecimento é só geral, porque estrutura objetivos de produção;
nem somente específico, pois nenhum conceito é apropriado produtiva-
mente e pode ser formulado ou compreendido desarticuladamente das
ciências e das linguagens. No currículo integrado,
A integração coloca as disciplinas e cursos isolados numa perspectiva
relacional, de tal modo que o abrandamento dos enquadramentos e
das classificações do conhecimento escolar promove maior iniciativa de
professores e alunos, maior integração dos saberes escolares com os
saberes cotidianos dos alunos, combatendo, assim, a visão hierárquica e
dogmática do conhecimento. (BERNSTEIN, 1996, p. 19)
36
A interdisciplinaridade emerge também como uma forma de enfrenta-
mento à fragmentação do saber, portanto, é elemento indissociável do
currículo integrado “com base na formação humana a partir da integra-
ção de todas as dimensões da vida e do processo formativo” (RAMOS,
2007, p. 2).
d. agir racionalmente;
Uma situação-limite, na perspec- Sob a perspectiva da construção coletiva do currículo freireano, são ne-
tiva discutida por Paulo Freire,
representa uma situação que de-
cessários três passos para a construção coletiva do planejamento inte-
safia a prática do ser humano de grado: o estudo da realidade – ER, a organização do conhecimento – OC
tal forma que torna-se necessário
enfrentá-la e superá-la para pros- e a aplicação do conhecimento – AC.
seguir. Assim, para Freire (1974),
as situações-limite não devem O ER é composto pelo estudo dos materiais secundários e a realização
ser contornadas, mas analisadas,
enfrentadas e estudadas em suas
da pesquisa-ação. A OC é composta pelo estudo das entrevistas com
múltiplas contradições, sob pena o objetivo de identificar as situações-limite sociais, expressas nas falas
de reaparecerem mais adiante,
com força redobrada. significativas que contêm um limite explicativo do real. Uma vez selecio-
nadas todas as falas, observa-se a que aparece com mais frequência, a
qual torna-se o tema gerador.
38
mental de conhecimento. A realidade concreta é assumida como objeto
do conhecimento (não mais os conteúdos), educadores e educandos são
sujeitos do processo educativo e o conhecimento científico é utilizado
para ajudar na transformação do contexto sócio-histórico.
Essa afirmação nos leva a refletir sobre quais são as concepções e práti-
cas pedagógicas que influenciam a EJA integrada ao ensino profissional.
Como organizar o planejamento integrado para essa modalidade de en-
sino?
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Minicurrículo do professor
Celma Rocha Silva
Rosemeri Scalabrin
42
Referências
ALMEIDA, A.; CORSO, A. A educação de jovens e adultos: aspectos
históricos e sociais. Educere: PUCPR, 2015.
44
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases
para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Acesso em: 27 jun. 2020.
48
MENEZES, B. Fenomenologia de Edmund Husserl - Filosofia. Disponível
em: https://www.todamateria.com.br/fenomenologia/ Acesso em: 21
ago. 2020.
50
SOBRAL, F. J. M. Retrospectiva Histórica do Ensino Agrícola no Brasil. In:
Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica/Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, v. 2, n. 2,
(nov. 2009). Brasília, DF: MEC, SETEC, 2009. Anual, ISSN: 1983-0408. pp.
75-95.