Você está na página 1de 14

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar, na perspectiva do Direito Ambiental-


Constitucional, o comprometimento do desenvolvimento da cidadania ecológica pelo
não atendimento do direito constitucional à educação ambiental. A pesquisa tem
como finalidade principal demonstrar que o não atendimento do direito constitucional
à educação ambiental compromete potencialmente o desenvolvimento da cidadania
ecológica. Para tanto, inicialmente, será trabalhada a conceituação da cidadania
ecológica, com foco especial no âmbito brasileiro. A seguir, apresenta os aspectos
históricos e jurídicos do direito constitucional à educação ambiental no sistema
jurídico brasileiro. Estabelecidas essas bases, derradeiramente, demonstra os
principais comprometimentos do desenvolvimento da cidadania ecológica pelo
potencial não desenvolvimento da educação ambiental. O método de abordagem é o
indutivo, no qual a hipótese é confirmada a partir do encadeamento do
desenvolvimento das variáveis. A técnica de pesquisa é bibliográfica, tendo como
principais referências a legislação, a jurisprudência, a doutrina e os dados
estatísticos consolidados. Por fim, conclui que o não atendimento do direito
constitucional à educação ambiental compromete potencialmente o desenvolvimento
da cidadania ecológica.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Comprometimento. Efetivação. Cidadania


Ecológica.
ABSTRACT

This paper aims to analyze, from the perspective of Constitutional-Environmental


Law, the commitment to the development of ecological citizenship due to non-
compliance with the constitutional right to environmental education. The main
purpose of the research is to demonstrate that failure to comply with the
constitutional right to environmental education potentially compromises the
development of ecological citizenship. Therefore, initially, the conceptualization of
ecological citizenship will be worked on, with a special focus on the brazilian scope.
Next, it presents the historical and legal aspects of the constitutional right to
environmental education in the brazilian legal system. Once these bases have been
established, it ultimately demonstrates the main commitments to the development of
ecological citizenship due to the potential non-development of environmental
education. The approach method is the inductive one, in which the hypothesis is
confirmed from the chain of development of the variables. The research technique is
bibliographical, having as main references legislation, jurisprudence, doctrine and
consolidated statistical data. Finally, it concludes that failure to comply with the
constitutional right to environmental education potentially compromises the
development of ecological citizenship..

Keywords: Environmental education. Commitment. Effectiveness. Ecological


Citizenship.
3

INTRODUÇÃO

A cidadania é considerada, conforme entendimento de Carlos André Birnfeld,


uma “prerrogativa inerente a alguns setores da coletividade para (...) criarem normas
gerais de convivência e administrarem as coisas comuns, assim como para, em
função dessas normas, serem tratados com idêntico critério”. (BIRNFELD, 2006, p.
19) Dessa forma, o cidadão torna-se responsável, diretamente, por propor as
mudanças estruturais necessárias para a efetivação da preservação socioambiental,
materializada na transformação de questões ambientais, liberdade de escolha, bem
como nas relações de poder e influência.
Por sua vez, a cidadania ecológica é apontada como um processo para a
garantia da responsabilidade coletiva, individual, econômica, social, ambiental, bem
como cultural e natural. Além disso, busca, também, uma mudança comportamental
efetiva nos cidadãos com a participação, por exemplo, dos poderes políticos
econômicos.
Já a educação ambiental, é um instrumento que objetiva, segundo Antônio
Silveira dos Santos, a “aprendizagem dos problemas ambientais e suas interligações
com o homem na busca de soluções que visem a preservação do meio ambiente”.
(SANTOS, 1999, p. 99) E mais, a educação ambiental procura construir novos
valores, conceitos e atitudes que contribuam para uma nova forma de relação entre
a sociedade e a natureza, configurando, assim, a formação de uma nova
consciência humana, bem como a formação de cidadãos mais críticos, reflexivos e
atuantes na defesa do meio ambiente.
Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar, na perspectiva do
Direito Ambiental-Constitucional, o comprometimento do desenvolvimento da
cidadania ecológica pelo não atendimento do direito constitucional à educação
ambiental. A pesquisa tem como finalidade principal demonstrar que o não
atendimento do direito constitucional à educação ambiental compromete
potencialmente o desenvolvimento da cidadania ecológica.
Para tanto, inicialmente, será trabalhada a conceituação da cidadania
ecológica, além da apresentação das principais características históricas e etapas
do seu desenvolvimento, com foco especial no âmbito brasileiro. A seguir, apresenta
os aspectos históricos e jurídicos do direito constitucional à educação ambiental no
sistema jurídico brasileiro. Estabelecidas essas bases, derradeiramente, demonstra
4

os principais comprometimentos do desenvolvimento da cidadania ecológica pelo


potencial não desenvolvimento da educação ambiental.
O método de abordagem é o indutivo, no qual a hipótese é confirmada a partir
do encadeamento do desenvolvimento das variáveis. A técnica de pesquisa é
bibliográfica, tendo como principais referências a legislação, a jurisprudência, a
doutrina e os dados estatísticos consolidados. Por fim, conclui que o não
atendimento do direito constitucional à educação ambiental compromete
potencialmente o desenvolvimento da cidadania ecológica.

1. A CIDADANIA ECOLÓGICA E SEU DESENVOLVIMENTO NO BRASIL

De início, se faz mister trazer à baila que, conforme entendimento de Carlos


André Birnfeld:

(...) a cidadania traduz-se inicialmente pela prerrogativa inerente a


alguns setores da coletividade (cidadãos) para, direta ou
indiretamente e com algum grau de legitimidade, criarem normas
gerais de convivência e administrarem as coisas comuns, assim
como para, em função dessas normas, serem tratados com idêntico
critério. (BIRNFELD, 2006, p. 19)

Ainda, em complemento, o autor supracitado ensina que:

(...) a cidadania, assim como toda e qualquer prerrogativa individual


passa a ser concebida efetivamente uma outorga do Estado ao
súdito. Cidadão é, destarte, aquele que o Estado diz quem, quando e
como é. Observe-se, que nestes termos, as normas acabam sendo o
lugar único das garantias subjetivas, entre as quais as garantias da
cidadania. Isso significa dizer, por outro lado, que a inexistência de
normas que incorporem garantias subjetivas, implica, a priori, na
inexistência de defesa na ordem estatal para as mesmas. Tanto
quanto a igreja feudal houvera proclamado a altos brados que fora da
igreja não haveria salvação, a Ciência Jurídica, nas trilhas da
pretensão cientificista que substituía os deuses pela potestade
racional, proclamaria em suas entrelinhas que fora da norma
emanada pelo Estado não haveria qualquer garantia. Assim, e a
partir desta ordem de pensamento, a cidadania acaba sendo
afastada de um locus sociológico efetivamente privilegiado, do eixo
fundador da ordem jurídica, onde pode ser considerada parte
imprescindível do Contrato Social, fundadora da ordem jurídica, e
passa a ser arremetida para o lugar comum das normas que pululam
sob a égide de uma estatalidade bastarda. (BIRNFELD, 2006, p. 19)

Dessa forma, é possível observar que a cidadania, em uma perspectiva geral,


pode ser caracterizada de diferentes formas. Por um lado, de acordo com Luiz Pinto
5

Ferreira a cidadania poder ser considerada como um regramento que determina a


nacionalidade. Por outro lado, Manoel Gonçalves Ferreira Filho aduz que a
cidadania é compreendida como um conjunto da nacionalidade, acrescido de direitos
políticos, como por exemplo, o direito ao voto. Já, por sua vez, Vera Regina Andrade
defende a existência de duas faces da cidadania: a jurídica e a política, sendo,
portanto, uma face autoritária e democrática, respectivamente. (BIRNFELD, 2006, p.
260)
Superada a conceituação da cidadania propriamente dita, passemos à análise
específica da cidadania ecológica.
Tem-se que, em virtude da conceituação de cidadania acima mencionada,
entende-se que o cidadão é responsável, diretamente, por propor as mudanças
estruturais necessárias para a efetivação da preservação socioambiental,
materializada na transformação de questões ambientais, liberdade de escolha, bem
como nas relações de poder e influência.
Além disso, ao imputarmos a efetivação da cidadania às questões ambientais,
é possível observarmos novas atitudes e novos valores advindos da sociedade,
caracterizando, assim, a também chamada Ecocidadania, que nas palavras de
Carlos Frederico Bernardo Loureiro expressa:

(...) a inserção da ética ecológica e seus desdobramentos no


cotidiano, em um contexto que possibilita a tomada de
consciência individual e coletiva das responsabilidades tanto
locais e comunitárias quanto globais, tendo como eixo central o
respeito à vida e a defesa do direito a esta em um mundo sem
fronteiras geopolíticas. (LOUREIRO, 2004, p. 76)

Dessa forma, conforme entendimento de Carlos André Birnfeld, a cidadania


ecológica pode ser definida como:

(...) uma pluralidade democrática e eficiente de instâncias, apta a


combinar o desenvolvimento da subjetividade, o respeito à alteridade
e ao ecossistema, com a eficaz consolidação normativa nacional e
transnacional das conquistas democráticas obtidas ao longo do
processo civilizatório. (BIRNFELD, 2006, p. 322)

Assim, é possível concluir que a cidadania ecológica pode ser considerada


como um processo para a garantia da responsabilidade coletiva, individual,
econômica, social, ambiental, bem como cultural e natural. Além disso, busca,
6

também, uma mudança comportamental efetiva nos cidadãos com a participação,


por exemplo, dos poderes políticos econômicos.

2. O DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O direito à educação é reconhecido como um dever-direito inescusável por


parte da sociedade, Estado e família para com todos, em conformidade com os
objetivos constitutivos da República Federativa do Brasil. De fato, conforme disposto
no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, tem-se que “a educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL,
1988, on-line)
E mais, considerando o reconhecimento expresso do acesso à educação
como um direito fundamental, inicialmente, através de uma breve síntese histórica, é
possível observar que, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de
forma pioneira, caracterizou, no âmbito internacional, os direitos econômicos, sociais
e culturais, como garantias fundamentais ao ser humano, estando entre eles, o
direito à educação, conforme disposto em seu artigo 26, vejamos:

Todos os seres humanos têm direito à educação. A educação será


gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A
educação elementar será obrigatória. A educação técnico profissional
será acessível a todos, bem como a educação superior, está
baseada no mérito. A educação será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do
respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
educação promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
(DUDH, 1948, on-line)

Além disso, o acesso à educação é considerado uma pré-condição para a


efetiva garantia dos demais direitos humanos, constituindo uma fonte de
emancipação dos cidadãos ao propiciar maior segurança, reconhecimento,
igualdade, respeito, solidariedade e, principalmente, democracia. Nesse sentido,
imperioso trazer à baila parte do conceito de educação trazido por José Celso Melo
Filho, atentemos:
7

A educação objetiva propiciar a formação necessária ao


desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da
personalidade do educando. O processo educacional tem por meta:
(a) qualificar o educando para o trabalho; (b) prepará-lo para o
exercício consciente da cidadania. O acesso à educação é uma das
formas de realização concreta do ideal democrático. (MELO, 1986, p.
533)

Ainda, à luz da arquitetura jurídico-constitucional brasileira e de outros


subsídios legislativos de nosso ordenamento jurídico, o acesso à educação é
positivado como um direito fundamental ao ser previsto, de forma expressa, no rol
dos direitos sociais, conforme disposto no artigo 6º da Carta Magna. Assim, se faz
necessário analisar algumas observações expostas por Ingo Sarlet sobre os direitos
fundamentais e suas garantias:

os direitos fundamentais podem ser considerados simultaneamente


pressuposto, garantia e instrumento do princípio democrático da
autodeterminação do povo por intermédio de cada indivíduo,
mediante o reconhecimento do direito de igualdade (perante a lei e
de oportunidades), de um espaço de liberdade real, bem como por
meio da outorga do direito à participação (com liberdade e
igualdade), na conformação da comunidade e do processo político,
de tal sorte que a positivação e a garantia efetiva do efetivo exercício
de direitos políticos (no sentido de participação e conformação do
status político) podem ser considerados o fundamento funcional da
ordem democrática e, neste sentido, parâmetro de sua legitimidade.
(SARLET, 2012, p.71)

No que tange à garantia da educação ambiental no âmbito escolar, se faz


imperioso destacar o art. 1º da Lei 9.795/99, que conceitua a educação ambiental da
seguinte forma, vejamos:

Art. 1º. Entende-se por educação ambiental os processos por meio


dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL,
1999, on-line)

Nesse sentido, Marcos Reigota discorre sobre os obstáculos e desafios


encontrados para a efetivação da garantia constitucional do acesso à educação
ambiental, vejamos:

(....) a educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser


uma concepção radical de educação, não porque prefere ser a
tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas
sim porque nossa época e nossa herança histórica e ecológica
8

exigem alternativas radicais justas e pacíficas. (REIGOTA, 1998, p.


43)

Ademais, o autor supracitado defende a importância da educação ambiental


no âmbito escolar, haja vista ser, conforme palavras de Francisco Wendell Dias
Costa e Patrícia Rosa Aguiar, “uma prática considerada preponderante para uma
ação política, pois ela se propõe a preparar cidadãos que devam adotar como
princípios a reivindicação por justiça social, cidadania e ética nas relações sociais”.
(COSTA; AGUIAR, 2020, on-line)
Por sua vez, Antônio Silveira dos Santos conceitua a educação ambiental
como um “processo de estudos e aprendizagem dos problemas ambientais e suas
interligações com o homem na busca de soluções que visem a preservação do meio
ambiente”. (SANTOS, 1999, p. 99)
Ainda, é necessário observar que, de acordo com Fábio Cascino, o Tratado
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
documento confeccionado por jovens, educadores ambientais e pessoas
relacionadas à defesa do meio ambiente de diferentes partes do mundo, e que foi
publicado durante a 1ª Jornada de Educação Ambiental, tornando-se, assim,
referência para a educação ambiental, especialmente no que tange ao
desenvolvimento do Programa Nacional de Educação Ambiental, do Órgão Gestor
da Política Nacional de Educação Ambiental (WIKIPEDIA, 2006, on-line),
caracterizou a educação ambiental como:

(...) uma ação que deve tratar das questões globais críticas, suas
causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu
contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados com o
desenvolvimento e o meio ambiente, tais como população, saúde,
paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e da
fauna, devem ser abordados dessa maneira. (CASCINO, 2003, p. 45)

Em sentido congênere, Francisco Wendell Dias Costa e Patrícia Rosa Aguiar


ensinam que diante dos inúmeros problemas sociais e ambientais existentes, é
evidente que o incentivo “na formação de uma consciência da população e
elaboração de propostas educativas com objetivo que perpassem pela função social
e política, buscando a formação de um cidadão crítico e reflexivo”, é medida
inarredável para a efetivação de uma cidadania ecológica, através da garantia do
acesso à educação ambiental. (COSTA; AGUIAR, 2020, on-line)
9

E mais, é possível observar, assim, que a educação ambiental tem como


principal escopo a construção de novos valores, conceitos e atitudes que contribuam
para uma nova forma de relação entre a sociedade e a natureza, configurando,
também, a formação de uma nova consciência humana, bem como na formação de
cidadãos mais críticos, reflexivos e atuantes na defesa do meio ambiente.
Dessa forma, conforme entendimento de Marcos Reigota, é necessário que
propostas pedagógicas sejam elaboradas para a garantia do acesso à educação
ambiental, vejamos:

(...) as propostas pedagógicas centradas na conscientização,


mudança de comportamento, desenvolvimento de competências,
capacidade de avaliação e participação dos educandos,
propiciam o ganho de conhecimentos, mudança de valores e
aperfeiçoamento de habilidades. (REIGOTA, 1998, apud
JACOBI, 2003, p. 196)

Portanto, observa-se que, diante da atual crise ambiental enfrentada por


nossa sociedade, é de clareza solar que a concretização de uma nova consciência
acerca das questões ambientais, bem como a elaboração de novos projetos
educativos ambientais no âmbito escolar são fatores imprescindíveis para a
formação de cidadãos mais críticos e reflexivos, capazes de contribuir para a
transformação de nossa realidade social, ambiental e política, a partir da influência
introjetada através da educação ambiental. (CATALÃO, 2009)

3. O POTENCIAL COMPROMETIMENTO DO DESENVOLVIMENTO DA


CIDADANIA ECOLÓGICA PELO NÃO ATENDIMENTO DO DIREITO
CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Como visto anteriormente, a educação ambiental é fator predominante para a


construção de novos valores e conceitos, novas ações, habilidades e atitudes que
contribuam, de forma principal, para o desenvolvimento de uma relação nova e
salutar entre a sociedade e o meio ambiente.
E mais, para que seja concretizada a participação do cidadão nas questões
ambientais, é necessário um grande e efetivo incentivo, tendo em vista que,
segundo palavras de Ronaldo Castro e Anna Maria Baeta:

os processos da cidadania e da participação guardam entre si


uma relação de interdependência e complementaridade
10

fundamental à afirmação e ao exercício da democracia genuína,


pois (...) a cidadania necessita da participação social para
assegurar sua concretização, dinamismo, crescimento e
maturação (...) a participação social pressupõe, para sua
concretização e exercício, a cidadania entendida como conquista
e reconhecimentos de direitos. Participar significa fazer parte e
tomar parte, significa influir ativamente na escola e na construção
dos destinos sociais e na solução dos problemas vivos pela
comunidade. (CASTRO; BAETA, 2008, p. 134)

Assim, é imprescindível analisar a relação de educação ambiental com a


cidadania ecológica, pois, conforme entendimento de Pedro Jacobi:

É uma atitude que contribui para a formação e exercício da


cidadania, referindo-se a uma nova forma de encarar a relação
do homem com a natureza. [...] A Educação Ambiental para a
cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as
pessoas para transformar as diversas formas de participação da
sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade
baseada na educação para a participação. (JACOBI, 2003, p.
198-199)

Dessa forma, é possível observar que a junção entre cidadania ecológica


e educação ambiental, conforme entendimento de Pedro Jacobi, contribui para o
efetivo exercício da cidadania, vejamos:

A Educação Ambiental para a cidadania representa a


possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para
transformar as diversas formas de participação da sociedade e
de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na
educação para a participação. (JACOBI, 2003, p. 198-199)

A educação ambiental é uma modalidade de intervenção positiva na


sociedade, tendo em vista que ela engloba aspectos tanto sociais, econômicos e
políticos quanto culturais e éticos, tornando-se, portanto, um processo de
aprendizagem e ensino para a efetivação da cidadania, através da responsabilidade
política e social, construindo, ainda, novas relações e novos valores entre a natureza
e os seres humanos, na busca por uma melhor qualidade de vida. (PHILIPPI
JUNIOR; PELICIONI, 2002)
Ainda, a interligação entre as questões ambientais e a efetivação da
cidadania possibilita o desenvolvimento de responsabilidades políticas, sociais,
econômicas, éticas e ambientais, além disso, a concretização da cidadania nas
questões ecológicas caracteriza a cidadania ecológica, propriamente dita, que
busca, por sua vez, uma prática educacional ambiental eficiente. (LOUREIRO, 2008)
11

Desse modo, conforme entendimento de Pedro Jacobi:

a Educação Ambiental assume cada vez mais uma função


transformadora, na qual os indivíduos são corresponsabilização
dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um
novo tipo de desenvolvimento - o desenvolvimento sustentável. O
caminho a ser desenhado passa por uma mudança no acesso à
informação e por transformações institucionais que garantam
acessibilidade e transparência na gestão. (JACOBI, 1993-1995)

No mais, a garantia da educação ambiental no currículo escolar proporciona,


conforme palavras de Francisco Wendell Dias Costa e Patrícia Rosa Aguiar:

um processo de inovação educativa englobando todo o conjunto do


coletivo escolar (professores, alunos e comunidade) e as instâncias
decisórias e responsáveis das secretarias de educação, no âmbito
estadual e municipal, com apoio das Delegacias do MEC nos
estados e de outras entidades interessadas no tema. (COSTA;
AGUIAR, 2020, on-line)

Nesse sentido, para a concretização de uma cidadania ecológica por meio da


garantia da educação ambiental, se deve levar em consideração que a temática
ecológica deve percorrer por todas as disciplinas do currículo escolar, devendo ser
trabalhada tanto de forma interdisciplinar quanto transdisciplinar, contextualizando,
assim, a realidade da comunidade local, possibilitando, dessa forma, que os alunos
tenham uma maior visão de mundo, desenvolvendo, também, um maior senso
criativo, crítico e reflexivo sobre as atuais questões ambientais.
E mais, a educação ambiental deve estar intimamente ligada com a promoção
de conhecimento e análise, através de atividades práticas que possibilitem a
realização de tarefas e ações que visem a valorização e a conservação do meio
ambiente para as gerações futuras e atuais. (REIGOTA, 1998)
Por fim, é possível concluir que o âmbito escolar é o fator predominante para
a formação de cidadãos mais críticos, reflexivos e participativos no desenvolvimento
de uma relação entre o meio ambiente, coletividade e educação, tendo em vista que
a garantia da educação ambiental é condição primordial para a efetivação da
cidadania ecológica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
12

É importante analisar que a garantia da cidadania ecológica por meio da


efetivação da educação ambiental a educação ambiental possibilita uma intervenção
positiva na sociedade, tendo em vista o conjunto de aspectos tanto sociais,
econômicos e políticos quanto culturais e éticos, tornando-se, portanto, um processo
de aprendizagem e ensino para a concretização da cidadania, através da
responsabilidade política e social, construindo, ainda, novas relações e novos
valores entre a natureza e os seres humanos, na busca por uma melhor qualidade
de vida. (PHILIPPI JUNIOR; PELICIONI, 2002)
Daí a necessidade de se deve levar em consideração que a temática
ecológica deve percorrer por todas as disciplinas do currículo escolar, devendo ser
trabalhada tanto de forma interdisciplinar quanto transdisciplinar, contextualizando,
assim, a realidade da comunidade local, possibilitando, dessa forma, que os alunos
tenham uma maior visão de mundo, desenvolvendo, também, um maior senso
criativo, crítico e reflexivo sobre as atuais questões ambientais.
E para que isso ocorra, é imprescindível a construção de uma nova
consciência acerca das questões ambientais, bem como a elaboração de novos
projetos educativos ambientais no âmbito escolar que busquem a formação de
cidadãos mais críticos e reflexivos, capazes de contribuir para a transformação de
nossa realidade social, ambiental e política, a partir da influência introjetada por meio
da educação ambiental. (CATALÃO, 2009)
Por fim, é possível concluir que o âmbito escolar é o fator predominante para
a formação de cidadãos mais críticos, reflexivos e participativos no desenvolvimento
de uma relação entre o meio ambiente, coletividade e educação, tendo em vista que
a garantia da educação ambiental é condição primordial para a efetivação da
cidadania ecológica.

REFERÊNCIAS

BIRNFELD, Carlos André. Cidadania Ecológica. Pelotas: Editora Delfos, 2006.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 05 de
dezembro de 2021.

BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9795. Diário Oficial da


República Federativa do Brasil, Brasília, 1999. Disponível em
13

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em 07 de dezembro de


2021.

CASCINO, Fábio. Educação Ambiental: princípios, história, formação de


professores. 3. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2003.

CASTRO, Ronaldo Sousa de; BAETA, Anna Maria. Autonomia intelectual: condição
necessária para o exercício da cidadania. In: LOUREIRO, Carlos Frederico
Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Sousa de
(Orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 4. ed. São
Paulo: Cortez, 2008. cap. 4, p. 99-141.

CATALÃO, Vera Lessa. Desenvolvimento sustentável e educação ambiental no


Brasil. In: PÁDUA, José Augusto (Org.). Desenvolvimento, justiça e meio
ambiente. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Peirópolis, 2009. p. 242-270.

COSTA, Francisco Wendell Dias; AGUIAR, Patrícia Rosa Aguiar. A formação da


cidadania ecológica articulada à educação ambiental na escola. 2020. Revista
Cerrados (Unimontes), vol. 18, núm. 02, pp. 245-274, 2020. Disponível em:
https://www.redalyc.org/jatsRepo/5769/576962806013/html/. Acesso em 07 de
novembro de 2021.

JACOBI, Pedro. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de


Pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, v. n. 118, p. 198-205, março 2003.
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
15742003000100008. Acesso em: 22 de novembro de 2021.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educação Ambiental Transformadora. In:


LAYRARGUES, Philippe Pomier. (Coord.). Identidades da educação ambiental
brasileira. Brasília: MMA, 2004. p. 67-84.

MELO FILHO, José Celso. Constituição Federal anotada. 2 Ed. São Paulo:
Saraiva, 1986.

ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. 10 de dezembro de 1948. Disponível em http://bit.ly/2SybuMC. Acesso
em 06 de dezembro de 2021.

PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; PELICIONI, Maria Cecília Focesi. Alguns pressupostos


da educação ambiental. In: PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; Pelicioni, Maria Cecília
Focesi (Orgs.). Educação Ambiental: desenvolvimento de cursos e projetos. 2. ed.
São Paulo: Signus Editora, 2002. cap. I, p. 3-6.

REIGOTA, Marcos. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, Pedro et al.
(Orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São
Paulo: SMA, 1998. p. 43-50.

REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Brasiliense,


2009. Coleção primeiros passos.
14

SANTOS, Antônio Silveira Ribeiro dos. O direito ambiental e a participação da


sociedade. In BEJAMIN, Antônio Herman V.; MILARÉ, Édis (Coord.). Revista de
direito ambiental. São Paulo, 1999.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. rev. atual. Porto
Alegre, Livraria do Advogado, 2012.

TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E


RESPONSABILIDADE GLOBAL. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2021. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Tratado_de_Educa%C3%A7%C3%A3o_Ambiental_para_Sociedades_Sustent
%C3%A1veis_e_Responsabilidade_Global&oldid=62061504>. Acesso em 07 de
novembro de 2021.

Você também pode gostar