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ACADÊMICAS AMANDA BELMIRO TURBA, MARIANA FONSECA MICHELS E ANA LUIZA OLIVEIRA LOPES

PROF.ª ELENIR TEREZINHA RIZZETTI ANVERSA E ORIENTADORA: PROFª GISELA CATALDI FLORES
SAÚDE COLETIVA NO CONTEXTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

HUMANIZAÇÃO E ACOLHIMENTO DA
POPULAÇÃO CARCERÁRIA FEMININA
ENFERMAGEM BACHARELADO

SANTA MARIA, 2022


TÓPICOS DA APRESENTAÇÃO
PLANEJAMENTO

TEMA
METODOLOGIA

Humanização e Acolhimento da
Revisão de artigos e matérias
população carcerária feminina

PÚBLICO-ALVO OBJETIVO

Servidores Públicos do SUS Entender o contexto dessas


mulheres enquanto grupo social
vulnerável
HUMANIZAÇÃO DAS MULHERES
PRIVADAS DE LIBERDADE
CONTEXTO
E DADOS

A humanização pode ser compreendida como um vínculo entre profissionais e


usuários, baseado em ações guiadas pela compreensão e pela valorização dos
sujeitos, preconizados por atitudes éticas e humanas.

Nos estudos publicados referentes a saúde da população carcerária, destaca-se


uma falha no comprometimento da aplicabilidade dos princípios de
universalidade, equidade e integralidade propostos pelo Sistema Único de Saúde.
O SUS preconiza o acesso à saúde de forma universal, no entanto esse princípio
não funciona na prática dentro das unidades prisionais, seja pela deficiência no
acesso a profissionais de saúde, falta de local adequado e/ou materiais
necessários para determinados procedimentos.
DIREITOS

DEVEM SER CUMPRIDOS


DAS PENITENCIÁRIAS BRAS
ERFIL ILEIRAS
O P

mães, jovens, em sua maioria negras, solteiras, com baixa


PROBLEMAS escolaridade e em condições socioeconômicas precárias,
envolvidas com o tráfico de drogas.
IDENTIFICADOS
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

I. II. III.
Em 2003, o Ministério Falar em humanização Para a implementação
da Saúde implanta a da assistência, em saúde efetiva da Política Nacional
Política Nacional de coletiva, implica pensar de Humanização (PNH), é
Humanização da Atenção em tornar os serviços necessário que os recursos
e Gestão do Sistema resolutivos e de materiais e humanos
Único de Saúde, qualidade, tornando as sejam suficientes, caso
ampliando assim, o necessidades de saúde contrário sempre haverá
campo de assistência dos usuários uma falha estrutural que
hospitalar para todos os responsabilidade daqueles dificilmente será resolvida
serviços de saúde. envolvidos nesse processo de forma
de trabalho. desburocratizada.

A Saúde tem como fatores


determinantes e condicionantes Houve um aumento de 656%

entre os anos de 2000 e 2016,
chegando ao patamar de 42 mil
O meio físico, condições
mulheres presas, considerando
geográficas, água, alimentação,
que a população carcerária
habitação, etc.
masculina cresceu em torno de
O meio socioeconômico e cultural 293% no mesmo período.
ocupação, renda, educação, etc. Tal fato repercute diretamente
Fatores biológicos, idade, sexo, na luta pela promoção de
herança genética, etc. políticas públicas e políticas
E a oportunidade de acesso aos específicas dentro do sistema
serviços que visem à promoção, carcerário, a fim de combater a
proteção e recuperação da saúde. negligência do Estado e
desigualdade de gênero.
CONSEQUÊNCIAS
As condições de vida e saúde da população
que se encontra em unidades prisionais,
levam-nos a refletir que embora a legislação
vise prevenir o crime e a garantir o retorno
à convivência social, as precárias condições
de confinamento tornam-se um dos
empecilhos a esta meta, bem como
impossibilitam o acesso das pessoas presas à
saúde de forma integral e efetiva.

DESIGUALDADE
O atendimento proporcionado às mulheres
dentro dos presídios são praticamente os
mesmos destinados aos homens,
desconsiderando as especificidades
femininas e suas particularidades,
dificultando o processo de ressocialização
dessas mulheres apenadas, gerando maior
complexidade (França, 2014).

ACESSOS À REDE DE ATENÇÃO


PLANO NACIONAL DE SAÚDE DO SISTEMA PENITENCIÁRIO

Vê-se que o acesso em saúde


das encarceradas está voltado
A meta é que em todas as em ações curativas, sendo
Aos trabalhadores do serviço, atendidas e medicadas
penitenciárias devem existir ações
cabe a atuação respeitando a
para detecção precoce do câncer quando adoecem apenas,
individualidade e subjetividade
cérvico uterino e de mama, revela que existe uma
de cada sujeito, criando um
diagnóstico e tratamento das IST’s, deficiência na infraestrutura
espaço de compartilhamento,
da assistência à anticoncepção, para os atendimentos sendo
considerando o conhecimento
assistência ao pré-natal de baixo e que alguns são feitos em
técnico com os saberes e
alto risco, implantação da imunização lugares improvisados,
interesses de cada usuário
das gestantes, implantar a assistência ineficácia das equipes em
atendido, dessa forma
ao puerpério e garantir o acesso das saúde em fazer um
permitindo uma relação
gestantes para o atendimento de atendimento humanizado
horizontalidade e humanizada.
intercorrências e parto. com uma escuta ativa para

estas mulheres encarceradas.

RELATOS
PRINCIPAIS CAUSAS DE ADOECIMENTO
Abandono por parte de seus familiares, companheiros, a ausência
de pessoas de vínculo sentimental, ruptura dos papéis sociais e
sobretudo o sentimento de culpa por estar longe dos filhos,
somados à solidão, opressão, desconfiança, ociosidade, dividir o
espaço de confinamento e o temor próprio do ambiente do cárcere,
agentes estressores como a privação de direitos, são fatores
predominantes para o risco de desajustes emocionais e
adoecimento mental.
Para atender as necessidades de saúde da população carcerária
feminina brasileira, entende-se que seja necessário conhecer e
refletir sobre as condições de vida dessas mulheres. Nesse
contexto, compreender e discutir fatores que permeiam o universo
carcerário torna-se indispensável aos profissionais que atendem a
população carcerária feminina.
P O R T A N T O
Pode ser observado que os profissionais da
enfermagem possuem papel fundamental para que
exista um resultado efetivo no acesso à saúde,
através de equipes multidisciplinares com ações
educativas que visem a promoção em saúde neste
ambiente prisional.
Em outro aspecto, seria o atendimento humanizado,
atento as individualidades de cada mulher,
resultando em uma confiança com o profissional de
enfermagem para que até mesmo dúvidas de saúde
sejam solucionadas no ambiente do cárcere.

ABORDANDO O 18 A 29 ANOS - O PERFIL


PRECONCEITO Mulheres à margem da sociedade, periféricas e fadadas

SOFRIDO... a um perfil dificultoso, além de presas, são mães


solteiras, jovens, vulneráveis socialmente e cumprindo
pena, em sua maioria, por tráfico de drogas, já
habituadas às prisões antes do próprio encarceramento,
através de visitas a membros da família. Além disso,
62% são negras, sofrendo ainda com o racismo
estrutural, cada vez mais presente em nosso cotidiano.

SEGATO, 2006
A intersecção de raça/etnia com outras categorias como
gênero e classe social, evidencia fortes contrastes na
sociedade brasileira. Estes contrastes incidem
transversalmente em distintas esferas da vida social,
no acesso à educação, à saúde, à qualidade de vida,
saneamento básico, inserção no mercado de trabalho,
acesso à informação, à justiça e à cidadania.
IMPACTO SOCIAL
DADOS

O IBGE afirma que há mais de 152 milhões de


mulheres negras no Brasil, o que representa 54%
do total da população brasileira. Sendo estas a
sofrer com o fenômeno da tripla discriminação,
ou seja:
Estão sujeitas à múltiplas formas de
discriminação social em consequência da junção
entre racismo, pobreza e machismo, as quais
resultam em uma espécie de asfixia social com
desdobramentos negativos sobre todas as
dimensões da vida.
O reflexo da história nas prisões
É importante fazer um recuo na história para
observar que o processo de transformação do
escravismo colonial em capitalismo contemporâneo
não incluiu rupturas significativas em determinadas
relações sociais no Brasil.
RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROMOÇÃO DA SAÚDE DE MULHERES ENCARCERADAS


Experiências vivenciadas por acadêmicos de Enfermagem, da
Universidade Federal do Piauí (UFPI), durante estágio da disciplina
Saúde da Mulher, na Casa de Custódia feminina, em Teresina.

R E O E S T U D
O B O
S
MÉTODO
As mulheres encarceradas receberam orientações sobre a importância dos exames clínicos de
mama e citopatológico, uso de métodos contraceptivos e ISTS, sobre o uso do sulfato ferroso e
ácido fólico por gestantes. Eles relatam que o estágio foi importante para mostrar a atual
realidade das mulheres privadas de liberdade e promover seu direito à assistência à saúde.

PARTICIPANTES
Participaram das consultas de enfermagem todas as mulheres privadas de liberdade que
precisaram fazer o exame de Papanicolau (rastreamento do câncer de colo de útero) e
acompanhamento do ciclo gravídico (pré-natal) e as que aguardavam os resultados de exames
(aconselhamento e orientações), iniciaram ou estavam dando continuidade ao tratamento de IST
(abordagem sindrômica) e foram submetidas a exames (hemograma, VDRL, glicose em jejum,
toxoplasmose, parasitológico e sumário de urina). Também tiveram a oportunidade de fazer
abordagem sindrômica em mulheres suspeitas de sífilis e candidíase, além da alimentação, o
sono, o repouso, as questões emocionais e, quando necessário, adotamos algumas atitudes em
busca do bem-estar.
Acolhimento pelos profissionais da área da saúde.

OBJETIVO
PARTICIPANTES
Este estudo, possibilita dar vazão às
Pesquisa desenvolvida, com 11 necessidades das mulheres presas, ao
mulheres aprisionadas, no valorizar suas falas e depoimentos,
conjunto penal de uma cidade da demonstrando consequentemente as
qualidades das ações de saúde.
Bahia, em regime fechado. Na
Proporcionando que gestores municipais,
análise de dados, foram
possam desenvolvê-las baseadas nos
evidenciados aspectos princípios do SUS, por meio da
relacionados à inexistência e/ou humanização, descentralização,
ineficiência, das ações em saúde. universalidade, equidade e participação
ativa.

As primeiras questões a serem abordadas:

PRIMEIRO
“Quais serviços em saúde que você conhece dentro do presídio?
Quais os serviços em saúde que você utilizou dentro do presídio?
O que você acha dos serviços em saúde que existem neste presídio?
Você se sente bem atendida nos serviços em saúde que são oferecidos no presídio?
Você gostaria que tivesse mais algum tipo de serviço em saúde dentro do presídio?”

DADOS
CARACTERÍSTICAS
As participantes da pesquisa apresentaram idade entre 22 e 69 anos.
Quanto ao estado civil, seis encontravam-se solteiras, três casadas civilmente e
duas em união estável.
No que se refere à escolaridade, uma era analfabeta, seis possuíam ensino
fundamental incompleto e quatro, ensino médio.
No que tange à religião, seis eram católicas, duas, evangélicas, e três não tinham
denominação.
Das mulheres aprisionadas, seis se autodeclararam não negras, e cinco, negras.
Dez presas eram do Estado da Bahia e apenas uma era de outro estado.
Elas evidenciam a ausência de serviços ou ineficiência nas ações
executadas dentro do sistema penitenciário, o que pode ser corroborado
pelos depoimentos abaixo:
1 2
3 4
ANDORINHA LAVADEIRA ÁGUIA SARACURA
(...) quando a gente (...) eu só conheço a (...) devia ter (...) às vezes pra ser
enfermaria pra passar ginecológico pra não atendido tem que fazer
tá sentindo alguma
pelo médico e a zuada. O atendimento
coisa, nós fala, aí precisar irpra rua, até
enfermeira... de vez em deveria ser mais rápido e
agora não fiz nenhuma
elas [as agentes] quando, quando a gente ter um médico 24 horas
citologia, nem fora e aqui, pois fica mais os
levam a gente na sente mal. Psicólogo
nem aqui. Marcaram técnicos. Passo mal à
enfermaria, aí o tem, mas eu nunca
citologia para quem noite, as meninas
gostei de ir não. Não me
médico olha. Se começam a gritar, faz
sinto bem atendida, precisa passar pelo
precisar passar zuada chamando. Quando
porque a gente vem pro ginecologista, mas
vem, diz: ‘não tem nada
remédio, passa (...). médico, tá precisando e nunca chama, tem
prescrito, eu não posso

bota outros na frente cinco meses (...) fazer nada’ (...)
(...).

DEPOIMENTO

ARAPONGA
CONCLUSÃO...

Pode-se afirmar, a partir


dessa pesquisa, que as
vivências das mulheres
aprisionadas desvelam a
ineficiência e/ou inexistência
de serviços em saúde
prestados dentro do sistema
penitenciário local.

REFERÊNCIAS

I. SILVA, L.C.; A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO E A GESTÃO DO CONHECIMENTO:


TRANSFORMANDO O ATENDIMENTO DE SAÚDE NO SISTEMA CARCERÁRIO FEMININO. SÃO PAULO,
2021.
II. SOUZA JUNIOR, LAURINDO WANTUIR DE ET AL. O ACESSO À SAÚDE DAS MULHERES
ENCARCERADAS NO BRASIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. REVISTA TERRA & CULTURA:
CADERNOS DE ENSINO E PESQUISA, [S.L.], V. 37, N. ESPECIAL, P. 387-393, SET. 2021. ISSN 2596-
2809.
III. COSTA, F. M.; POLÍTICAS DE SAÚDE VOLTADAS ÀS MULHERES DO SISTEMA PRISIONAL: REVISÃO
DE LITERATURA. SALVADOR, 2020.
IV. LOPES, R. M. F., MELO, D. C. DE, & ARGIMON, I. I. DE L. (2010). MULHERES ENCARCERADAS E
FATORES
ASSOCIADOS A DROGAS E CRIMES. CIÊNCIAS & COGNIÇÃO, 15(2). RECUPERADO DE
HTTP://CIENCIASECOGNICAO.ORG/REVISTA/INDEX.PHP/CEC/ARTICLE/VIEW/308

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