Você está na página 1de 2

A Estratégia Saúde da Família foi criada para superar o modelo tradicional de assistência em

saúde. Ela pressupõe a integração das dimensões subjetivas e sociais dos usuários,
ultrapassando a redução do processo saúde/doença a puros limites técnico-científicos. O artigo
tem por objetivo compreender como os profissionais da saúde lidam com os conhecimentos
populares dos usuários da estratégia. A metodologia caracteriza-se como exploratória com
abordagem qualitativa, a técnica para a coleta de dados foi grupo focal, e para interpretação dos
resultados, a análise de conteúdo. Participam da amostra integrantes das sete equipes da
Estratégia Saúde da Família do município de Campo Bom RS, escolhidos segundo critérios de
competência, somando doze membros. Os resultados mostraram divergências entre os
profissionais sobre como acolher ou não saberes populares. Muitos não consideram a
subjetividade e as representações sociais da cultura popular no processo saúde/doença. Outros
toleram estes saberes como mecanismo para que o usuário aceite a terapia proposta. Apenas
uma minoria valoriza esses conhecimentos, como complementares ao universo científico, na
construção da integralidade.
Esta linha preocupa-se com o fomento de estudos sobre o cuidado em saúde e as práticas
populares de saúde, buscando a identificação e análise dos conhecimentos tradicionais
(inovações e criações baseadas na tradição; propriedade dos conhecimentos tradicionais).
Visa identificar e avaliar estratégias de promoção da saúde e qualidade de vida para a
população negra, indígena e quilombola em espaços promotores de saúde, levando em
consideração as práticas culturais, tradicionais e religiosas afro-brasileiras. Estudos sobre o
mapeamento de povos e comunidades tradicionais, em especial os indígenas,
remanescentes quilombolas e comunidades de terreiro e de suas ações de saúde.
Abordagens descoloniais dos conhecimentos sobre saúde, bem viver, qualidade de vida.
Abordagens corporais da saúde (dança, capoeira, músicas, performances). Abordagens
sobre práticas terapêuticas, adoecimento e morte de matriz africana e indígena,
conhecimentos, saberes, práticas e história da saúde na África e na Diáspora.
Conhecimentos, saberes e práticas de saúde afro-indígenas. Análise dos itinerários
terapêuticos e das redes de atenção â saúde da população negra e indígena. Medicinas
tradicionais, práticas integrativas e complementares da cultura afro-brasileira e indígena.
Impactos do racismo na saúde mental de negros e negras e dos povos indígenas. Práticas
terapêuticas e alimentares das comunidades tradicionais negra e indígena. Conhecimentos
populares em saúde (parteiras, benzedeiras, erveiras, rezadeiras etc.) e suas práticas de
cuidado. Saúde mental da população negra e indígena. Segurança Alimentar e Nutricional
das comunidades tradicionais de matriz africana, comunidades rurais, ribeirinhos,
pescadores e marisqueiras, quilombolas, das florestas, dos povos indígenas e das
comunidades negras em geral.

 1. Franco TB, Merhy EE. Programa Saúde da Família (PSF): Contradições de


um programa destinado à mudança do modelo tecnoassistencial. In: Merhy EE,
organizador. O trabalho em saúde: olhando e experenciando o SUS no
cotidiano São Paulo: Editora Hucitec; 2003.
 2. Briceño-León R. Siete tesis sobre la educación sanitaria para la participación
comunitaria. Cad Saude Publica 1996; 12:07-17.
 3. Bardin L. Análise de Conteúdo Lisboa: Edições 70; 1979.
2

Você também pode gostar