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CENTRO EDUCACIONAL MOTTIVE

CURSO: TÉCNICO DE ENFERMAGEM

DISCIPLINA: ORGANIZÇÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM

PROFESSORA: ENF. SILVANA PEREIRA

APOSTILA DE ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM

HISTORIA DA ENFERMAGEM

ORIGEM DA ENFERMAGEM

A enfermagem é uma profissão que se desenvolveu ao longo dos


tempos. Surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de
saúde no decorrer da história. No Brasil, desde a implantação da
enfermagem moderna, na década de 20 e até os dias atuais, a
história da enfermagem vem sendo objeto de estudo dado sua
importância como profissão. A enfermagem, desde suas origens
religiosas e militares, é um saber dominado pelas mulheres e
dirigido ao ato do cuidar, e tendo os mais pobres como alvos. A
seguir, vamos apresentar um breve resumo da história de
enfermagem no mundo.

1. FLORENCE NIGHTINGALE
Florence Nightingale (12 de Maio 1820, Florença – 13 de Agosto
1910, Londres) foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por
ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da
Criméia.

Também contribuiu no campo da Estatística, nomeadamente na


criação de sistemas de representação e popularização gráfica como
o gráfico setorial (comumente conhecido como gráfico do tipo
“pizza”).

Sua família, rica e bem-relacionada, vivia em Florença, na Itália. Por


isso, Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nasceu,
como sua irmã mais velha Parthenope nascida em Partênope. Moça
brilhante e impetuosa, rebelou-se contra o papel convencional para
as mulheres de seu status, que seria tornar-se esposa submissa, e
decidiu dedicar-se à enfermagem.

Tradicionalmente, o papel de enfermeira era exercido por mulheres


ajudantes em hospitais ou acompanhando exércitos, muitas
cozinheiras e prostitutas acabavam tornando-se enfermeiras, sendo
que estas últimas eram obrigadas como castigo.

Florence Nightingale ficou particularmente preocupada com as


condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Ela
anunciou sua decisão para a família em 1845, provocando raiva e
rompimento, principalmente com sua mãe.

Aparentemente, Florence sofria de esquizofrenia. Em dezembro de


1844, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em
Londres, que acabou evoluindo para escândalo público, ela se
tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico.
Imediatamente, ela obteve o apoio de Charles Villiers, presidente
do Poor Law Board (Comitê de Lei para os Pobres). Isto a levou a ter
papel ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do
Estado para muito além do fornecimento de tratamento médico.

Em 1846, ela visitou Kaiserwerth, um hospital pioneiro fundado e


dirigido por uma ordem de freiras católicas na Alemanha, ficando
impressionada pela qualidade do tratamento médico e pelo
comprometimento e prática das religiosas.

Outras informações falam sobre a comunidade religiosa luterana


em Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela observou o
pastor Theodor Fliedner e as diaconisas que trabalhavam para os
doentes e os desprovidos.

A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da


Criméia, que se tornou seu principal foco quando relatos de guerra
começaram a chegar à Inglaterra contando sobre as condições
horríveis para os feridos.
Em outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras
voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia Mai Smith, partem
para os Campos de Scurati localizados na Criméia.

Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em


Agosto de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a
pessoa mais famosa da Era Vitoriana além da própria Rainha
Vitória. Contudo, o destino lhe reservou um grande golpe quando
contrai tifo e permanece com sérias restrições físicas, retornando
em 1856 da Criméia.

Impossibilitada de exercer seus trabalhos físicos, dedicou-se a


formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já
era reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo
prêmio concedido através do governo inglês. Fundou a Escola de
Enfermagem no Hospital Saint Thomas, com curso de um ano, que
era ministrado por médicos com aulas teóricas e práticas.

Florence faleceu em 13 de agosto de 1910; deixando legado de


persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo,
estabeleceu as diretrizes e caminhos para enfermagem moderna.

Florence Nightingale, OM, RRC (*12 de maio de 1820 +13 de agosto


de 1910) foi uma célebre reformista social e estatística inglesa, e a
fundadora da enfermagem moderna. Ela ganhou proeminência
enquanto servia como enfermeira durante a Guerra da Crimeia,
onde ela tratou de soldados feridos. Ela era conhecida como “A
Senhora com a Lanterna” por causa de seu hábito de fazer rondas à
noite.

Comentaristas do início do século XXI têm argumentado que as


realizações de Nightingale na Guerra da Criméia foram exageradas
pela mídia na época para satisfazer a necessidade do público por
um herói, mas suas realizações posteriores permanecem
amplamente aceitas. Em 1860, Nightingale lançou as bases da
enfermagem profissional com o estabelecimento de sua escola de
enfermagem no St. Thomas’ Hospital em Londres. Foi a primeira
escola de enfermagem secular no mundo, agora parte da King’s
College London. O Juramento de Nightingale feito por novas
enfermeiras foi batizado em sua honra, e o Dia Internacional dos
Enfermeiros é comemorado em todo o mundo na data do seu
aniversário de nascimento.

Suas reformas sociais incluem a melhoria nos cuidados da saúde de


todos os setores da sociedade britânica, melhorias na saúde e luta
por um melhor alívio da fome na Índia, ajudando a abolir leis que
regulavam a prostituição de forma demasiadamente opressora às
mulheres, e ampliando a formas aceitáveis a participação da
mulher na força de trabalho.

No juramento criado por Florence fica claro o empenho por ela


colocado em cada uma dessas lutas e o desejo de que cada vez
mais mulheres se enveredassem por esse caminho da enfermagem
de forma digna e eficaz.

Nightingale foi uma escritora prodigiosa e versátil. Em sua vida


muito do seu trabalho publicado foi respaldado com difundidos
conhecimentos médicos. Alguns de seus trechos foram escritos em
Inglês simples, para que pudessem ser facilmente compreendidos
por aqueles com pouco conhecimento literário. Ela também ajudou
a popularizar a apresentação gráfica dos dados estatísticos. Grande
parte da sua escrita, incluindo o seu extenso trabalho sobre religião
e misticismo, só foi publicado postumamente.

2. OS PRIMEIROS ANOS

Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820 em uma


família rica, bem relacionada da classe alta britânica, em Villa
Colombaia, em Florença, Itália, e foi batizada com o nome da
cidade de seu nascimento. A irmã mais velha de Florence, Frances
Parthenope, fora igualmente batizada com o nome do lugar de seu
nascimento, Parthenopolis, um assentamento grego, hoje parte da
cidade de Nápoles. Quando Florence tinha um ano de idade, a
família mudou-se de volta para a Inglaterra em 1821 com
Nightingale sendo criada nos lares da família em Embley e Lea
Hurst.

Seus pais eram William Edward Nightingale, nascido William


Edward Shore (1794–1874) e Frances (“Fanny”) Nightingale née
Smith (1789–1880). A mãe de William, Mary née Evans, era
sobrinha de Peter Nightingale ao qual, sob os termos de seu
testamento, William herdou sua propriedade em Lea Hurst em
Derbyshire, e assumiu o nome e o brasão de Nightingale. O pai de
Fanny (avô materno de Florence) foi o abolicionista e unitarista
William Smith. Florence Nightingale fora educada principalmente
por seu pai que almejava um outro futuro para ela.

Nightingale passou pela primeira de várias experiências que ela


acreditava serem chamados de Deus em fevereiro de 1837, quando
estava em Embley Park, provocando um forte desejo de devotar a
sua vida ao serviço de outros. Em sua juventude, foi respeitosa com
a oposição de sua família sobre seu trabalho como enfermeira,
anunciando sua decisão de ir a campo apenas em 1844. Apesar de
raiva e angústia intensa de sua mãe e irmã, ela se rebelou contra o
papel esperado de uma mulher de seu status de se tornar uma
esposa e mãe. Nightingale trabalhou duro para educar-se na arte e
ciência da enfermagem, apesar da oposição de sua família e do
restritivo código social para jovens mulheres inglesas afluentes.

Como uma jovem mulher, Nightingale era atraente, esbelta e


graciosa. Ainda que seu comportamento muitas vezes fosse rude,
ela podia ser muito charmosa e seu sorriso era radiante. Seu
pretendente mais persistente era o político e poeta Richard
Monckton Milnes, 1º Barão de Houghton, mas depois de um
namoro de nove anos ela o rejeitou, convencida de que o
casamento iria interferir na habilidade de seguir sua vocação para a
enfermagem. Abaixo encontram-se fotos de seus pretendentes:

Em 1847 em Roma ela conheceu Sidney Herbert, um político que


tinha sido Secretário de Guerra (1845-1846). Herbert estava em sua
lua de mel; ele e Nightingale se tornaram amigos próximos ao longo
da vida. Herbert seria Secretário de Guerra novamente durante a
Guerra da Crimeia; ele e sua esposa foram fundamentais para
facilitar o trabalho de enfermagem de Nightingale na Crimeia. Ela
se tornou uma conselheira chave da carreira política dele, embora
tenha sido acusada por alguns de ter adiantado a morte de Herbert
pela Doença de Bright em 1861 por causa da pressão que seu
programa de reforma colocara sobre ele. Nightingale também,
muito mais tarde, teve fortes relações com Benjamin Jowett, que
pôde ter querido se casar com ela.

Nightingale continuou suas viagens (agora com Charles e Selina


Bracebridge) a lugares tão distantes quanto a Grécia e o Egito. Seus
escritos sobre o Egito em particular, são testemunhos da sua
aprendizagem, habilidade literária e filosofia de vida. Navegando
pelo Nilo tanto quanto Abu Simbel em janeiro de 1850, ela
escreveu o pequeno texto que registramos a seguir:

“Eu acho que nunca vi nada que me afetara mais do que isso”. E
sobre o templo: “Sublime no mais alto nível de beleza intelectual ,
intelecto sem esforço, sem sofrimento… nenhuma apresentação
está correta – mas o efeito completo é mais expressivo da grandeza
espiritual do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado. Dá a
impressão que milhares de vozes dariam, unindo-se em um só
sentimento simultâneo unânime de entusiasmo ou emoção, que
fora dito que superaria o homem mais forte”.

Em Tebas ela escreveu sobre ser “chamada por Deus”, enquanto


uma semana depois, perto do Cairo, ela escreveu em seu diário
(como distinto das suas longuíssimas cartas que sua irmã mais
velha, Parthenope, imprimira após seu retorno): “Deus me chamou
pela manhã e me perguntou se eu faria o bem por ele apenas, sem
reputação” Mais tarde, em 1850, ela visitou a comunidade religiosa
luterana em Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela
observou o pastor Theodor Fliedner e as diaconisas que
trabalhavam para os doentes e os desprovidos. Ela considerou a
experiência como um ponto de virada em sua vida, e publicou suas
descobertas anonimamente em 1851; A Instituição de Kaiserswerth
no Reno pelo Treinamento Prático das Diaconisas, etc. foi seu
primeiro trabalho publicado. Ela também recebeu quatro meses de
formação médica no instituto, o que serviu de base para seus
cuidados posteriores.
Em 22 de agosto de 1853, Nightingale assumiu o cargo de
superintendente do Instituto para o Cuidado de Senhoras Doentes
em Upper Harley Street, Londres, um cargo que ocupou até
outubro de 1854. Seu pai tinha lhe dado uma renda anual de £500
(cerca de £40 mil ou US$ 65 mil dólares americanos em valores
atuais), o que lhe permitiu viver confortavelmente e para perseguir
a sua carreira.

3. A GUERRA DA CRIMEIA

A contribuição mais famosa de Florence Nightingale veio durante a


Guerra da Crimeia, que se tornou seu foco central quando
chegaram notícias à Grã-Bretanha sobre as terríveis condições dos
feridos. Em 21 de outubro de 1854, ela e uma equipe de 38
enfermeiras mulheres voluntárias que ela treinou, incluindo sua tia
Mai Smith, e quinze freiras católicas (mobilizadas por Henry Edward
Manning) foram enviadas (sob a autorização de Sidney Herbert)
para o Império Otomano. Elas foram dispostas em cerca de 295
milhas náuticas(546 quilômetros; 339 milhas) através do Mar Negro
a partir de Balaclava na Crimeia, onde o principal acampamento
britânico foi levantado. Na imagem que se segue podemos
visualizar um pouco essa localização.

Nightingale chegou no início de novembro de 1854, nas Casernas


de Selimiye em Scutari (atual Üsküdar em Istambul). Sua equipe
descobriu que um tratamento pobre para soldados feridos estava
sendo levado pelo staff médico sobrecarregado de trabalho sob a
indiferença dos oficiais. Faltavam medicamentos, a higiene era
negligenciada e infecções em massa eram comuns, muitas delas
fatais. Não havia equipamentos para processar alimentos para os
pacientes.

Depois que Nightingale enviou um apelo para The Times pedindo


por uma solução do governo para o mau estado das instalações, o
governo britânico encomendou a Isambard Kingdom Brunel o
projeto de um hospital pré-fabricado que fosse construído na
Inglaterra e pudesse ser enviado para os Dardanelos. O resultado
foi o Hospital Renkioi, uma instalação civil, que, sob a gestão do Dr.
Edmund Alexander Parkes, teve uma taxa de mortalidade menor do
que um décimo da de Scutari.

A primeira edição do Dicionário da Biografia Nacional (1911)


afirmou que Nightingale reduziu a taxa de mortalidade de 42% para
2%, fosse pelas apenas pelas melhorias na higiene ou por chamar a
Comissão Sanitária. Porém, outros escritos afirmam que as taxas de
mortalidade, na verdade, começaram a subir aos níveis mais altos
de todos os hospitais da região.

Durante o seu primeiro inverno em Scutari, 4.077 soldados


morreram. Dez vezes mais soldados morreram de doenças como
tifo, febre tifoide, cólera e disenteria do que por ferimentos de
batalha. Com a superlotação, esgotos defeituosos e falta de
ventilação a Comissão Sanitária teve de ser enviada pelo governo
britânico para Scutari em março de 1855, quase seis meses depois
da chegada de Florence Nightingale. A comissão descarregou os
esgotos e melhorou a ventilação. As taxas de mortalidade foram
drasticamente reduzidas, embora alguns escritos refiram também
que ela não reconheceu a higiene como a causa predominante das
mortes na época e, por outro lado, também nunca clamou por
crédito de ajudar a reduzir a taxa de mortalidade. Em 2001 e 2008,
a BBC lançou documentários críticos do desempenho de
Nightingale na Guerra da Crimeia, acompanhando alguns artigos
publicados em The Guardian e em The Sunday Times. O estudioso
de Nightingale, L. McDonald rejeitou estas críticas como “muitas
vezes prepotentes”, argumentando que eles não são sustentadas
por fontes primárias.

Nightingale acreditava ainda que as taxas de mortalidade alta foi


devido à má nutrição, falta de suprimentos e excesso de trabalho
dos soldados. Depois que ela voltou para a Inglaterra e começou a
coletar provas perante a Comissão Real sobre a Saúde do Exército,
ela passou a acreditar que a maioria dos soldados no hospital foram
mortos pelas más condições de vida. Essa experiência influenciou
sua carreira mais tarde, quando ela defendeu boas condições
sanitárias como de grande importância para a vida.
Consequentemente, ela reduziu as mortes de tempos de paz no
exército e voltou sua atenção para hospitais sanitariamente
desenhados.

4. A SENHORA COM A LANTERNA

Durante a Guerra da Crimeia, Florence Nightingale ganhou o


apelido de “A Senhora com a Lanterna” de uma frase em uma
reportagem de The Times. “Ela é um anjo ministrante, sem exagero
nenhum nesses hospitais, e no que sua forma esbelta
deslizasilenciosamente ao longo de cada corredor, o rosto de todo
pobre companheiro amacia com gratidão ao vê-la. Quando todos os
oficiais médicos se retiraram durante a noite e o silêncio e a
escuridão se estabeleceram sobre aquelas milhas de prostrados
doentes, ela pode ser observada sozinha, com uma pequena
lanterna na mão, fazendo suas rondas solitárias”.

A frase foi popularizada mais ainda pelo poema “Santa Filomena”


de Henry Wadsworth Longfellow de 1857:

Foi naquela casa de infortúnio.

Uma Senhora com uma Lanterna eu vejo.

Passa através do brilhoso turno,

E, de sala em sala, em cortejo.

5. CARREIRA PROFISSIONAL

Em 29 de Novembro de 1855 na Crimeia foi criado o Fundo


Nightingale para a formação de enfermeiras durante uma reunião
pública de reconhecimento do trabalho de Nightingale na guerra.
Houve uma onda de doações generosas. Sidney Herbert atuou
comosecretário honorário do fundo e o Duque de Cambridge fora o
presidente. Nightingale foi considerada também uma pioneira no
conceito de turismo médico, com base em suas 1.856 cartas
descrevendo spas no Império Otomano. Ela detalhou as condições
de saúde, descrições físicas, informações de dietas e outros
detalhes vitais dos pacientes que ela dirigiu lá. O tratamento lá era
significativamente menos caro do que na Suíça.

Nightingale teve £45 mil à sua disposição a partir do Fundo


Nightingale para criar a Escola de Treinamento Nightingale no
Hospital St. Thomas em 9 de Julho de 1860. As primeiras
enfermeiras Nightingale treinadas começaram a trabalhar em 16 de
maio de 1865 na Enfermaria Casa de Cuidados de Liverpool. Hoje
chamada de Escola de Enfermagem e Obstetrícia Florence
Nightingale, a escola faz parte do King’s College de Londres. Ela
também fez campanha e levantou fundos para o Hospital Real de
Buckinghamshire em Aylesbury, perto da casa de sua irmã em
Claydon House.

Nightingale escreveu Notas sobre Enfermagem no ano de1859. O


livro fez as vezes de pedra fundamental do currículo da Escola
Nightingale e de outras escolas de enfermagem, muito embora
tenha sido escrito especificamente para a educação das pessoas
para enfermagem domiciliar. Nightingale escreveu “O
conhecimento sanitário diário, ou o conhecimento de enfermagem,
ou, em outras palavras, de como por a Constituição em tal Estado
no qual não teremos doença, ou que teremos recuperação de
doença, tome um lugar mais alto. Isto é reconhecido como o
conhecimento que cada um deve ter – independente do
conhecimento médico, o qual só uma profissão pode ter.” A seguir
imagem de uma das edições do referido livro.

Notas sobre a Enfermagem também vendeu bem para o público


leitor em geral e é considerada uma clássica introdução à
enfermagem. Nightingale passou o resto de sua vida promovendo e
organizando a profissão de enfermagem. Na introdução da edição
de 1974, Joan Quixley da Escola Nightingale de Enfermagem
escreveu: “O livro foi o primeiro de seu tipo a ser escrito. Apareceu
num momento em que simples regras de saúde estavam apenas
começando a serem conhecidas, quando os seus temas foram de
importância vital não só para o bem-estar dos pacientes em
recuperação, quando os hospitais estavam cheios de infecção,
quanto para os enfermeiros que ainda eram majoritariamente
considerados como pessoas ignorantes e sem instrução. O livro
tem, inevitavelmente, o seu lugar na história da enfermagem, pois
foi escrito pela fundadora da enfermagem moderna”.

Como Mark Bostridge demonstrou recentemente, uma das


realizações mais pontuais de Nightingale foi a introdução de
enfermeiras treinadas para o sistema de casas de cuidados na
Inglaterra e na Irlanda da década de 1860 em diante. Isso
significava que indigentes doentes não estavam mais sendo
cuidados por outros indigentes sadios, mas por equipe de
enfermagem devidamente treinada.

Embora Nightingale seja dita às vezes por ter negado a teoria da


infecção por toda a sua vida, uma biografia recente discorda,
dizendo que ela estava simplesmente fazendo oposição a uma
teoria dos germes precursora conhecida como “contagionismo”.
Esta teoria sustentou que as doenças só poderia ser transmitidas
pelo toque. Antes dos experimentos de meados da década de 1860
por Pasteur e Lister , dificilmente quase alguém levava a sério a
teoria dos germes; mesmo depois, muitos médicos praticantes não
ficaram convencidos. Bostridge apontou que no início dos anos
1880 Nightingale escreveu um artigo para um livro texto em que
ela defendeu precauções estritas concebidas, disse ela, para matar
os germes. O trabalho de Nightingale serviu de inspiração para os
enfermeiros na Guerra Civil Americana. O governo da União se
aproximou dela para conselhos sobre a organização da medicina de
campo. Embora suas ideias tenham encontrado resistência de
oficiais, elas inspiraram o corpo voluntário da Comissão Sanitária
dos Estados Unidos.

Na década de 1870, Nightingale foi mentora de Linda Richards, a


“primeira enfermeira treinada da América”, e permitiu a ela para
voltar para os EUA com a formação e conhecimentos adequados
para estabelecer escolas de enfermagem de alta qualidade. Linda
Richards se tornou uma grande pioneira de enfermagem nos EUA e
Japão.

Em 1882, várias enfermeiras Nightingale tornaram-se matronas em


vários hospitais de renome, incluindo, em Londres (Hospital Santa
Maria, Hospital Westminster, Casa de Cuidados e Enfermaria St.
Marylebone e o Hospital para Incuráveis em Putney) e por toda a
Grã-Bretanha (Hospital Vitoriano Real, Netley; Enfermaria Real de
Edimburgo; Enfermaria de Cumberland e a Enfermaria Real de
Liverpool), bem como no Hospital de Sydney, em Nova Gales do Sul,
na Austrália.

Em 1883, Nightingale foi premiada com a Cruz Vermelha Real pela


Rainha Vitória. Em 1904, foi nomeada a Senhora da Graça da
Ordem de São João (LGStJ). Em 1907, ela se tornou a primeira
mulher a ser condecorada com a Ordem do Mérito. No ano
seguinte, foi dada a ela a Honraria da Liberdade da Cidade de
Londres. Seu aniversário é hoje comemorado como o Dia
Internacional da consciência sobre Síndrome de Fadiga Crônica.

“A Liberdade Honorária (Honorary Freedom) é ocasionalmente


atribuída a líderes mundiais e outros indivíduos proeminentes em
reconhecimento as suas realizações. Trata-se da honra mais distinta
conferida pela Cidade de Londres.”

De 1857 em diante, Nightingale foi intermitentemente acamada e


sofrera de depressão. Uma biografia recente cita brucelose e
espondilose associada como causas. Uma explicação alternativa
para sua depressão é baseada em sua descoberta após a guerra
que tinha sido enganada sobre as razões para a alta taxa de
mortalidade. Não há, no entanto, nenhuma prova documental para
apoiar esta teoria.

A maioria das autoridades hoje aceita que Nightingale sofria de


uma forma particularmente extrema de brucelose, cujos efeitos
começaram a serem levantados apenas no início dos anos 1880.
Apesar de seus sintomas, ela permaneceu produtiva na reforma
social. Durante seus anos acamada, ela fez também um trabalho
pioneiro na área de planejamento hospitalar, e seu trabalho se
propagou rapidamente pela Grã-Bretanha e pelo mundo.

A produtividade de Nightingale desacelera consideravelmente na


sua última década. Ela escreveu muito pouco durante esse período,
devido à cegueira e declínio das habilidades mentais, embora ela
ainda mantivesse o interesse nos assuntos atuais.

REFERÊNCIAS

1. Gonzáles JS. Historia de la Enfermería. 1 ed. Alicante/ES: Gráfica


Estilo; 1999.

2. Oguisso T Trajetória histórica e legal da enfermagem. 1 ed. São


Paulo: Manole; 2005

3. Barreira EA. Memória e história para uma nova visão da


enfermagem no Brasil. Rev. latino-am. enferm. 1999; 7(3):87-93.

4. Padilha MICS, Borenstein MS. História da Enfermagem: ensino,


pesquisa e interdisciplinaridade. Esc. Anna Nery Rev. Enferm.
2006 dez; 10(3):532-8.

5. Porto F. Editorial. Cultura de los cuidados. 2009; 12(26):7-8.

6. Meihy JCSB. Manual de Historia Oral. 4a . ed. São Paulo: Loyola;


2002.

7. Foucault M. O sujeito e o poder. In: Dreyfus H, Rabinow P,


organizadores. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Para
além do estruturalismo e da hermenêutica. 1 ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária; 1995. p. 231-49.

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