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FLORENCE NIGHTINGALE

Florence Nightingale (12 de Maio 1820, Florença – 13 de Agosto 1910,


Londres) foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser
pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da
Criméia.

Também contribuiu no campo da Estatística, nomeadamente na


criação de sistemas de representação e popularização gráfica como o
gráfico setorial (comumente conhecido como gráfico do tipo "pizza").

Sua família, rica e bem-relacionada, vivia em Florença, na Itália. Por


isso, Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nasceu,
como sua irmã mais velha Parthenope nascida em Partênope. Moça
brilhante e impetuosa, rebelou-se contra o papel convencional para as
mulheres de seu status, que seria tornar-se esposa submissa, e decidiu
dedicar-se à enfermagem.

Tradicionalmente, o papel de enfermeira era exercido por mulheres


ajudantes em hospitais ou acompanhando exércitos, muitas
cozinheiras e prostitutas acabavam tornando-se enfermeiras, sendo
que estas últimas eram obrigadas como castigo.

Florence Nightingale ficou particularmente preocupada com as


condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Ela
anunciou sua decisão para a família em 1845, provocando raiva e
rompimento, principalmente com sua mãe.

Aparentemente, Florence sofria de esquizofrenia. Em dezembro de


1844, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em
Londres, que acabou evoluindo para escândalo público, ela se tornou
a principal defensora de melhorias no tratamento médico.
Imediatamente, ela obteve o apoio de Charles Villiers, presidente do
Poor Law Board (Comitê de Lei para os Pobres). Isto a levou a ter papel
ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do Estado
para muito além do fornecimento de tratamento médico.

Em 1846, ela visitou Kaiserwerth, um hospital pioneiro fundado e


dirigido por uma ordem de freiras católicas na Alemanha, ficando
impressionada pela qualidade do tratamento médico e pelo
comprometimento e prática das religiosas.

Outras informações falam sobre a comunidade religiosa luterana em


Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela observou o pastor
Theodor Fliedner e as diaconisas que trabalhavam para os doentes e
os desprovidos.

A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da


Criméia, que se tornou seu principal foco quando relatos de guerra
começaram a chegar à Inglaterra contando sobre as condições
horríveis para os feridos.

Em outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras


voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia Mai Smith, partem para
os Campos de Scurati localizados na Criméia.

Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em Agosto


de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a pessoa mais
famosa da Era Vitoriana além da própria Rainha Vitória. Contudo, o
destino lhe reservou um grande golpe quando contrai tifo e permanece
com sérias restrições físicas, retornando em 1856 da Criméia.

Impossibilitada de exercer seus trabalhos físicos, dedicou-se a


formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era
reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo prêmio
concedido através do governo inglês. Fundou a Escola de Enfermagem
no Hospital Saint Thomas, com curso de um ano, que era ministrado
por médicos com aulas teóricas e práticas.

Florence faleceu em 13 de agosto de 1910; deixando legado de


persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo,
estabeleceu as diretrizes e caminhos para enfermagem moderna.

Florence Nightingale, OM, RRC (*12 de maio de 1820 +13 de agosto de


1910) foi uma célebre reformista social e estatística inglesa, e a
fundadora da enfermagem moderna. Ela ganhou proeminência
enquanto servia como enfermeira durante a Guerra da Crimeia, onde
ela tratou de soldados feridos. Ela era conhecida como “A Senhora com
a Lanterna” por causa de seu hábito de fazer rondas à noite.

Comentaristas do início do século XXI têm argumentado que as


realizações de Nightingale na Guerra da Criméia foram exageradas
pela mídia na época para satisfazer a necessidade do público por um
herói, mas suas realizações posteriores permanecem amplamente
aceitas. Em 1860, Nightingale lançou as bases da enfermagem
profissional com o estabelecimento de sua escola de enfermagem no
St. Thomas' Hospital em Londres. Foi a primeira escola de enfermagem
secular no mundo, agora parte da King's College London. O Juramento
de Nightingale feito por novas enfermeiras foi batizado em sua honra,
e o Dia Internacional dos Enfermeiros é comemorado em todo o
mundo na data do seu aniversário de nascimento.

Suas reformas sociais incluem a melhoria nos cuidados da saúde de


todos os setores da sociedade britânica, melhorias na saúde e luta por
um melhor alívio da fome na Índia, ajudando a abolir leis que
regulavam a prostituição de forma demasiadamente opressora às
mulheres, e ampliando a formas aceitáveis a participação da mulher
na força de trabalho.

No juramento criado por Florence fica claro o empenho por ela


colocado em cada uma dessas lutas e o desejo de que cada vez mais
mulheres se enveredassem por esse caminho da enfermagem de
forma digna e eficaz.

Nightingale foi uma escritora prodigiosa e versátil. Em sua vida muito


do seu trabalho publicado foi respaldado com difundidos
conhecimentos médicos. Alguns de seus trechos foram escritos em
Inglês simples, para que pudessem ser facilmente compreendidos por
aqueles com pouco conhecimento literário. Ela também ajudou a
popularizar a apresentação gráfica dos dados estatísticos. Grande
parte da sua escrita, incluindo o seu extenso trabalho sobre religião e
misticismo, só foi publicado postumamente.

2. OS PRIMEIROS ANOS
Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820 em uma família
rica, bem relacionada da classe alta britânica, em Villa Colombaia, em
Florença, Itália, e foi batizada com o nome da cidade de seu
nascimento. A irmã mais velha de Florence, Frances Parthenope, fora
igualmente batizada com o nome do lugar de seu nascimento,
Parthenopolis, um assentamento grego, hoje parte da cidade de
Nápoles. Quando Florence tinha um ano de idade, a família mudou-se
de volta para a Inglaterra em 1821 com Nightingale sendo criada nos
lares da família em Embley e Lea Hurst.

Seus pais eram William Edward Nightingale, nascido William Edward


Shore (1794–1874) e Frances (“Fanny”) Nightingale née Smith (1789–
1880). A mãe de William, Mary née Evans, era sobrinha de Peter
Nightingale ao qual, sob os termos de seu testamento, William herdou
sua propriedade em Lea Hurst em Derbyshire, e assumiu o nome e o
brasão de Nightingale. O pai de Fanny (avô materno de Florence) foi o
abolicionista e unitarista William Smith. Florence Nightingale fora
educada principalmente por seu pai que almejava um outro futuro
para ela.

Nightingale passou pela primeira de várias experiências que ela


acreditava serem chamados de Deus em fevereiro de 1837, quando
estava em Embley Park, provocando um forte desejo de devotar a sua
vida ao serviço de outros. Em sua juventude, foi respeitosa com a
oposição de sua família sobre seu trabalho como enfermeira,
anunciando sua decisão de ir a campo apenas em 1844. Apesar de
raiva e angústia intensa de sua mãe e irmã, ela se rebelou contra o
papel esperado de uma mulher de seu status de se tornar uma esposa
e mãe. Nightingale trabalhou duro para educar-se na arte e ciência da
enfermagem, apesar da oposição de sua família e do restritivo código
social para jovens mulheres inglesas afluentes.

Como uma jovem mulher, Nightingale era atraente, esbelta e graciosa.


Ainda que seu comportamento muitas vezes fosse rude, ela podia ser
muito charmosa e seu sorriso era radiante. Seu pretendente mais
persistente era o político e poeta Richard Monckton Milnes, 1º Barão
de Houghton, mas depois de um namoro de nove anos ela o rejeitou,
convencida de que o casamento iria interferir na habilidade de seguir
sua vocação para a enfermagem. Abaixo encontram-se fotos de seus
pretendentes:

Em 1847 em Roma ela conheceu Sidney Herbert, um político que tinha


sido Secretário de Guerra (1845-1846). Herbert estava em sua lua de
mel; ele e Nightingale se tornaram amigos próximos ao longo da vida.
Herbert seria Secretário de Guerra novamente durante a Guerra da
Crimeia; ele e sua esposa foram fundamentais para facilitar o trabalho
de enfermagem de Nightingale na Crimeia. Ela se tornou uma
conselheira chave da carreira política dele, embora tenha sido acusada
por alguns de ter adiantado a morte de Herbert pela Doença de Bright
em 1861 por causa da pressão que seu programa de reforma colocara
sobre ele. Nightingale também, muito mais tarde, teve fortes relações
com Benjamin Jowett, que pôde ter querido se casar com ela.

Nightingale continuou suas viagens (agora com Charles e Selina


Bracebridge) a lugares tão distantes quanto a Grécia e o Egito. Seus
escritos sobre o Egito em particular, são testemunhos da sua
aprendizagem, habilidade literária e filosofia de vida. Navegando pelo
Nilo tanto quanto Abu Simbel em janeiro de 1850, ela escreveu o
pequeno texto que registramos a seguir:

“Eu acho que nunca vi nada que me afetara mais do que isso”. E sobre o
templo: “Sublime no mais alto nível de beleza intelectual , intelecto sem
esforço, sem sofrimento… nenhuma apresentação está correta – mas o
efeito completo é mais expressivo da grandeza espiritual do que qualquer
coisa que eu poderia ter imaginado. Dá a impressão que milhares de vozes
dariam, unindo-se em um só sentimento simultâneo unânime de
entusiasmo ou emoção, que fora dito que superaria o homem mais forte”.

Em Tebas ela escreveu sobre ser “chamada por Deus”, enquanto uma
semana depois, perto do Cairo, ela escreveu em seu diário (como
distinto das suas longuíssimas cartas que sua irmã mais velha,
Parthenope, imprimira após seu retorno): “Deus me chamou pela
manhã e me perguntou se eu faria o bem por ele apenas, sem
reputação” Mais tarde, em 1850, ela visitou a comunidade religiosa
luterana em Kaiserswerth-am-Rhein na Alemanha, onde ela observou
o pastor Theodor Fliedner e as diaconisas que trabalhavam para os
doentes e os desprovidos. Ela considerou a experiência como um
ponto de virada em sua vida, e publicou suas descobertas
anonimamente em 1851; A Instituição de Kaiserswerth no Reno pelo
Treinamento Prático das Diaconisas, etc. foi seu primeiro trabalho
publicado. Ela também recebeu quatro meses de formação médica no
instituto, o que serviu de base para seus cuidados posteriores.

Em 22 de agosto de 1853, Nightingale assumiu o cargo de


superintendente do Instituto para o Cuidado de Senhoras Doentes em
Upper Harley Street, Londres, um cargo que ocupou até outubro de
1854. Seu pai tinha lhe dado uma renda anual de £500 (cerca de £40
mil ou US$ 65 mil dólares americanos em valores atuais), o que lhe
permitiu viver confortavelmente e para perseguir a sua carreira.

3. A GUERRA DA CRIMEIA

A contribuição mais famosa de Florence Nightingale veio durante a


Guerra da Crimeia, que se tornou seu foco central quando chegaram
notícias à Grã-Bretanha sobre as terríveis condições dos feridos. Em 21
de outubro de 1854, ela e uma equipe de 38 enfermeiras mulheres
voluntárias que ela treinou, incluindo sua tia Mai Smith, e quinze freiras
católicas (mobilizadas por Henry Edward Manning) foram enviadas
(sob a autorização de Sidney Herbert) para o Império Otomano. Elas
foram dispostas em cerca de 295 milhas náuticas(546 quilômetros; 339
milhas) através do Mar Negro a partir de Balaclava na Crimeia, onde o
principal acampamento britânico foi levantado. Na imagem que se
segue podemos visualizar um pouco essa localização.

Nightingale chegou no início de novembro de 1854, nas Casernas de


Selimiye em Scutari (atual Üsküdar em Istambul). Sua equipe descobriu
que um tratamento pobre para soldados feridos estava sendo levado
pelo staff médico sobrecarregado de trabalho sob a indiferença dos
oficiais. Faltavam medicamentos, a higiene era negligenciada e
infecções em massa eram comuns, muitas delas fatais. Não havia
equipamentos para processar alimentos para os pacientes.

Depois que Nightingale enviou um apelo para The Times pedindo por
uma solução do governo para o mau estado das instalações, o governo
britânico encomendou a Isambard Kingdom Brunel o projeto de um
hospital pré-fabricado que fosse construído na Inglaterra e pudesse ser
enviado para os Dardanelos. O resultado foi o Hospital Renkioi, uma
instalação civil, que, sob a gestão do Dr. Edmund Alexander Parkes,
teve uma taxa de mortalidade menor do que um décimo da de Scutari.

A primeira edição do Dicionário da Biografia Nacional (1911) afirmou


que Nightingale reduziu a taxa de mortalidade de 42% para 2%, fosse
pelas apenas pelas melhorias na higiene ou por chamar a Comissão
Sanitária. Porém, outros escritos afirmam que as taxas de mortalidade,
na verdade, começaram a subir aos níveis mais altos de todos os
hospitais da região.

Durante o seu primeiro inverno em Scutari, 4.077 soldados morreram.


Dez vezes mais soldados morreram de doenças como tifo, febre tifoide,
cólera e disenteria do que por ferimentos de batalha. Com a
superlotação, esgotos defeituosos e falta de ventilação a Comissão
Sanitária teve de ser enviada pelo governo britânico para Scutari em
março de 1855, quase seis meses depois da chegada de Florence
Nightingale. A comissão descarregou os esgotos e melhorou a
ventilação. As taxas de mortalidade foram drasticamente reduzidas,
embora alguns escritos refiram também que ela não reconheceu a
higiene como a causa predominante das mortes na época e, por outro
lado, também nunca clamou por crédito de ajudar a reduzir a taxa de
mortalidade. Em 2001 e 2008, a BBC lançou documentários críticos do
desempenho de Nightingale na Guerra da Crimeia, acompanhando
alguns artigos publicados em The Guardian e em The Sunday Times. O
estudioso de Nightingale, L. McDonald rejeitou estas críticas como
“muitas vezes prepotentes”, argumentando que eles não são
sustentadas por fontes primárias.

Nightingale acreditava ainda que as taxas de mortalidade alta foi


devido à má nutrição, falta de suprimentos e excesso de trabalho dos
soldados. Depois que ela voltou para a Inglaterra e começou a coletar
provas perante a Comissão Real sobre a Saúde do Exército, ela passou
a acreditar que a maioria dos soldados no hospital foram mortos pelas
más condições de vida. Essa experiência influenciou sua carreira mais
tarde, quando ela defendeu boas condições sanitárias como de grande
importância para a vida. Consequentemente, ela reduziu as mortes de
tempos de paz no exército e voltou sua atenção para hospitais
sanitariamente desenhados.
4. A SENHORA COM A LANTERNA

Durante a Guerra da Crimeia, Florence Nightingale ganhou o apelido


de “A Senhora com a Lanterna” de uma frase em uma reportagem de
The Times. “Ela é um anjo ministrante, sem exagero nenhum nesses
hospitais, e no que sua forma esbelta deslizasilenciosamente ao longo
de cada corredor, o rosto de todo pobre companheiro amacia com
gratidão ao vê-la. Quando todos os oficiais médicos se retiraram
durante a noite e o silêncio e a escuridão se estabeleceram sobre
aquelas milhas de prostrados doentes, ela pode ser observada
sozinha, com uma pequena lanterna na mão, fazendo suas rondas
solitárias”.

A frase foi popularizada mais ainda pelo poema “Santa Filomena” de


Henry Wadsworth Longfellow de 1857:

Foi naquela casa de infortúnio.

Uma Senhora com uma Lanterna eu vejo.

Passa através do brilhoso turno,

E, de sala em sala, em cortejo.

5. CARREIRA PROFISSIONAL

Em 29 de Novembro de 1855 na Crimeia foi criado o Fundo Nightingale


para a formação de enfermeiras durante uma reunião pública de
reconhecimento do trabalho de Nightingale na guerra. Houve uma
onda de doações generosas. Sidney Herbert atuou comosecretário
honorário do fundo e o Duque de Cambridge fora o presidente.
Nightingale foi considerada também uma pioneira no conceito de
turismo médico, com base em suas 1.856 cartas descrevendo spas no
Império Otomano. Ela detalhou as condições de saúde, descrições
físicas, informações de dietas e outros detalhes vitais dos pacientes
que ela dirigiu lá. O tratamento lá era significativamente menos caro
do que na Suíça.
Nightingale teve £45 mil à sua disposição a partir do Fundo Nightingale
para criar a Escola de Treinamento Nightingale no Hospital St. Thomas
em 9 de Julho de 1860. As primeiras enfermeiras Nightingale treinadas
começaram a trabalhar em 16 de maio de 1865 na Enfermaria Casa de
Cuidados de Liverpool. Hoje chamada de Escola de Enfermagem e
Obstetrícia Florence Nightingale, a escola faz parte do King’s College de
Londres. Ela também fez campanha e levantou fundos para o Hospital
Real de Buckinghamshire em Aylesbury, perto da casa de sua irmã em
Claydon House.

Nightingale escreveu Notas sobre Enfermagem no ano de1859. O livro


fez as vezes de pedra fundamental do currículo da Escola Nightingale
e de outras escolas de enfermagem, muito embora tenha sido escrito
especificamente para a educação das pessoas para enfermagem
domiciliar. Nightingale escreveu “O conhecimento sanitário diário, ou
o conhecimento de enfermagem, ou, em outras palavras, de como por
a Constituição em tal Estado no qual não teremos doença, ou que
teremos recuperação de doença, tome um lugar mais alto. Isto é
reconhecido como o conhecimento que cada um deve ter –
independente do conhecimento médico, o qual só uma profissão pode
ter.” A seguir imagem de uma das edições do referido livro.

Notas sobre a Enfermagem também vendeu bem para o público leitor


em geral e é considerada uma clássica introdução à enfermagem.
Nightingale passou o resto de sua vida promovendo e organizando a
profissão de enfermagem. Na introdução da edição de 1974, Joan
Quixley da Escola Nightingale de Enfermagem escreveu: “O livro foi o
primeiro de seu tipo a ser escrito. Apareceu num momento em que
simples regras de saúde estavam apenas começando a serem
conhecidas, quando os seus temas foram de importância vital não só
para o bem-estar dos pacientes em recuperação, quando os hospitais
estavam cheios de infecção, quanto para os enfermeiros que ainda
eram majoritariamente considerados como pessoas ignorantes e sem
instrução. O livro tem, inevitavelmente, o seu lugar na história da
enfermagem, pois foi escrito pela fundadora da enfermagem
moderna”.

Como Mark Bostridge demonstrou recentemente, uma das realizações


mais pontuais de Nightingale foi a introdução de enfermeiras treinadas
para o sistema de casas de cuidados na Inglaterra e na Irlanda da
década de 1860 em diante. Isso significava que indigentes doentes não
estavam mais sendo cuidados por outros indigentes sadios, mas por
equipe de enfermagem devidamente treinada.

Embora Nightingale seja dita às vezes por ter negado a teoria da


infecção por toda a sua vida, uma biografia recente discorda, dizendo
que ela estava simplesmente fazendo oposição a uma teoria dos
germes precursora conhecida como “contagionismo”. Esta teoria
sustentou que as doenças só poderia ser transmitidas pelo toque.
Antes dos experimentos de meados da década de 1860 por Pasteur e
Lister , dificilmente quase alguém levava a sério a teoria dos germes;
mesmo depois, muitos médicos praticantes não ficaram convencidos.
Bostridge apontou que no início dos anos 1880 Nightingale escreveu
um artigo para um livro texto em que ela defendeu precauções estritas
concebidas, disse ela, para matar os germes. O trabalho de Nightingale
serviu de inspiração para os enfermeiros na Guerra Civil Americana. O
governo da União se aproximou dela para conselhos sobre a
organização da medicina de campo. Embora suas ideias tenham
encontrado resistência de oficiais, elas inspiraram o corpo voluntário
da Comissão Sanitária dos Estados Unidos.

Na década de 1870, Nightingale foi mentora de Linda Richards, a


“primeira enfermeira treinada da América”, e permitiu a ela para voltar
para os EUA com a formação e conhecimentos adequados para
estabelecer escolas de enfermagem de alta qualidade. Linda Richards
se tornou uma grande pioneira de enfermagem nos EUA e Japão.

Em 1882, várias enfermeiras Nightingale tornaram-se matronas em


vários hospitais de renome, incluindo, em Londres (Hospital Santa
Maria, Hospital Westminster, Casa de Cuidados e Enfermaria St.
Marylebone e o Hospital para Incuráveis em Putney) e por toda a Grã-
Bretanha (Hospital Vitoriano Real, Netley; Enfermaria Real de
Edimburgo; Enfermaria de Cumberland e a Enfermaria Real de
Liverpool), bem como no Hospital de Sydney, em Nova Gales do Sul, na
Austrália.

Em 1883, Nightingale foi premiada com a Cruz Vermelha Real pela


Rainha Vitória. Em 1904, foi nomeada a Senhora da Graça da Ordem
de São João (LGStJ). Em 1907, ela se tornou a primeira mulher a ser
condecorada com a Ordem do Mérito. No ano seguinte, foi dada a ela
a Honraria da Liberdade da Cidade de Londres. Seu aniversário é hoje
comemorado como o Dia Internacional da consciência sobre Síndrome
de Fadiga Crônica.

“A Liberdade Honorária (Honorary Freedom) é ocasionalmente


atribuída a líderes mundiais e outros indivíduos proeminentes em
reconhecimento as suas realizações. Trata-se da honra mais distinta
conferida pela Cidade de Londres.”

De 1857 em diante, Nightingale foi intermitentemente acamada e


sofrera de depressão. Uma biografia recente cita brucelose e
espondilose associada como causas. Uma explicação alternativa para
sua depressão é baseada em sua descoberta após a guerra que tinha
sido enganada sobre as razões para a alta taxa de mortalidade. Não
há, no entanto, nenhuma prova documental para apoiar esta teoria.

A maioria das autoridades hoje aceita que Nightingale sofria de uma


forma particularmente extrema de brucelose, cujos efeitos começaram
a serem levantados apenas no início dos anos 1880. Apesar de seus
sintomas, ela permaneceu produtiva na reforma social. Durante seus
anos acamada, ela fez também um trabalho pioneiro na área de
planejamento hospitalar, e seu trabalho se propagou rapidamente
pela Grã-Bretanha e pelo mundo.

REFERÊNCIAS
1. Gonzáles JS. Historia de la Enfermería. 1 ed. Alicante/ES: Gráfica
Estilo; 1999.
2. Oguisso T Trajetória histórica e legal da enfermagem. 1 ed. São
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3. Barreira EA. Memória e história para uma nova visão da enfermagem
no Brasil. Rev. latino-am. enferm. 1999; 7(3):87-93.
4. Padilha MICS, Borenstein MS. História da Enfermagem: ensino,
pesquisa e interdisciplinaridade. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2006 dez;
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5. Porto F. Editorial. Cultura de los cuidados. 2009; 12(26):7-8.
6. Meihy JCSB. Manual de Historia Oral. 4a . ed. São Paulo: Loyola; 2002.
7. Foucault M. O sujeito e o poder. In: Dreyfus H, Rabinow P,
organizadores. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Para além do
estruturalismo e da hermenêutica. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária; 1995. p. 231-49.

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