Enfermidades Parasitárias no Brasil | Perspectiva Histórica
O texto Enfermidades Parasitárias no Brasil apresenta uma interpretação acerca da
relação entre ser humano e ciência e como lidaram com as parasitoses desde o período pré-colonial até o momento presente. O documento inicia relatando que os primeiros indícios da presença de parasitas no Brasil foram trazidos de povos estrangeiros. Hymenolepis nana, G. lamblia e Entamoeba foram algumas espécies citadas que afetaram os povos indígenas no período pré-colonial. Dessa forma, segundo apontado no texto, a identificação dessas espécies em solos brasileiros indicou que os indígenas já lidavam com as parasitoses no Brasil pré-colonial, o que se opõe a crença de que quem aqui habitava estava em condições de isolamento patogênico. Isso posto, pode-se afirmar que graças ao acesso a ciência nos dias atais, pode-se imaginar que naquela época da história seria impossível a ausência de microrganismos parasitários, visto que não se conheciam, por exemplo, as práticas de higiene que são fundamentais na prevenção contra essas doenças. Ainda que não tenha sido notado nenhum caso expressivo de eclosão de doenças, o autor chama atenção para leishmaniose mucotânea e para doença de Chagas. Durante o período colonial, uma série de doenças acometeram a população que aqui vivia, contudo, chama atenção o modo como o autor retrata as parasitoses e a chegada dos escravos africanos, ele explica sobre a febre amarela, contudo, termina evidenciando que a maior herança deste período não foi o vetor da doença ou a enfermidade, e sim o racismo, apontando que o texto, apesar de expressar um vasto conhecimento científico do eixo da parasitologia, expressa fortemente um cunho social, que posteriormente, terá um papel crucial no processo saúde-doença do Brasil. Chamado pelos escritores de o desabrochar da medicina tropical, este foi um período de grandes avanços científicos durante o século XIX, destaque para a Escola Tropicalista Baiana e sua conduta singular no estudo das doenças tropicais, que possui uma forma de estudo humanizada extremamente importante, que engloba também aspectos sociais e persiste até os dias atuais, nas Universidades Baianas, por exemplo. Diversos avanços são mencionados no texto durante o século XX que acabaram culminando na adoção de medidas profiláticas contra as enfermidades, como medidas de higiene, que de acordo com o documento, se estendeu a uma limpeza social. Em seguida, expõe os anseios da época por uma cidade moderna, seguindo padrões europeu, que visava exclusão dos pobres e não da pobreza, elucidando mais uma vez a proposta dos autores de mostrar o lado social do avanço da ciência, levando aos leitores a refletirem que a medicina prosperou e se modificou com o passar dos anos, mas e a sociedade? Mesmo com o crescente desenvolvimento da área, a mesma parcela populacional que no passado sofria com doenças parasitárias, permanece invisível e excluída, sofrendo pelos mesmos motivos que nos séculos passados. No século XX, o texto documenta avanços na saúde pública e complexidade no ponto de vista social nas campanhas de vacinação, desencadeando a famosa Revolta da Vacina, que se inicia com a implementação da obrigatoriedade da população de se vacinar contra a varíola. Diante dessa perspectiva, a obra explica que o problema está na forma como a vacinação foi conduzida, sem o mínimo de respeito com a comunidade, sem clareza de informações, utilizando da brutalidade para aplicação da mesma. Durante todo o escrito observa-se que as doenças infecciosas e parasitárias acompanham as mudanças na sociedade, assim, novas enfermidades surgem, outras são erradicadas de acordo com os caminhos tomados pela comunidade. Dessa forma que a tuberculose se torna a maior causa de morte no final do século XIX e início do século XX, no Rio de Janeiro, com os operários sujeitos a condições precárias de higiene e alimentação. Além disso, os relataram a forte influência das intervenções humanas na natureza com endemias e epidemias, como os surtos de malária, febre amarela causada por vetores silvestres e a leishmaniose tegumentar. Mudando um pouco o cenário, este trabalho traz o avanço na saúde pública na Era Vargas, maior atenção às classes trabalhadoras, criação de leis trabalhistas que foram medidas benéficas para a saúde da população. No período da ditadura houve importante crescimento no setor de saneamento básico, nas habitações e nas tecnologias da área da saúde. Embora tenha tido inúmeros marcos na saúde brasileira, como a criação SUS, algumas doenças voltam a assolar o país, isso porque ainda persistem muitos desafios na esfera social a serem enfrentados, a desigualdade social que reflete no acesso a saneamento básico e insegurança alimentar é um exemplo, e ainda heranças deixadas pelo passado, como o histórico escravista do Brasil, são obstáculos que ainda não foram superados.