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CLC3 – Saúde- Língua e Comunicação

Conceitos de saúde ao longo da história


Diversos conceitos do que vem a ser doença e saúde existem desde muito cedo. Na visão mágico-
religiosa do Egito, doença era resultado de forças alheias ao organismo por causa do pecado ou de maldição.
A cólera era considerada divina diante dos pecados humanos. Na cultura Xamã, o feiticeiro tribal expulsava
através de rituais os maus espíritos que se apoderavam das pessoas, causando doenças.
Na Grécia, defendiam princípios como a Teoria dos Humores, onde doença e velhice, procedentes do
coração, sistema respiratório, fígado e baco, resultam do desequilíbrio dos humores. (Hipócrates Séc. V a.C.);
a Teoria do Calor Intrínseco, onde a alma é combinada, ao nascer, ao calor intrínseco e dele depende para
se manter unida ao corpo (Aristóteles Séc. VI a.c.); e Determinantes de Saúde, uma combinação das duas
teorias que falava sobre quatro temperamentos no estado de saúde: endógena, constitucional, física e de
hábitos – Galeno (129-200 d.C.).

Quando o interesse académico ganha destaque


Na idade Média (500-1500 d.C.) o interesse académico ganha destaque, dando importância
às medidas de higiene para a manutenção da boa saúde. A influência da religião cristã manteve a conceção
da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé́. Lembramos que o cuidado de doentes
nesta época, em boa parte, estava entregue a ordens religiosas.
Na Era Moderna (séc. XVII e XVIII) o conceito baseava-se na química, onde as doenças eram
provocadas por agentes externos ao organismo. Os processos que ocorrem no corpo são químicos, os
melhores remédios para expulsar a doença também seriam químicos. Os tratamentos aos doentes se
davam através da administração de pequenas doses de minerais e metais, notadamente o mercúrio, como
utilizado no caso da sífilis.
No Oriente, China e India, as conceções de saúde e doença seguiam e seguem, um rumo diferente.
Fala–se de forças vitais que existem no corpo, há́ saúde quando essas forças funcionam de forma
harmoniosa, caso contrário sobrevem a doença. As medidas terapêuticas como acupuntura e ioga tem por
objetivo restaurar o fluxo normal de energia e, assim, preservar a saúde do individuo.
No final do século XIX nasce a revolução pasteuriana com o reconhecimento da existência de
microrganismos causadores de doença, o que dá origem a introdução de soros e vacinas. Fatores etiológicos
até então desconhecidos estavam sendo identificados; as doenças agora poderiam ser prevenidas e curadas.

Elaborado por: Paula Gonçalves 1


A atenção integral à saúde
Entre 1813–1858 nasce a Epidemiologia, com inglês John Slow, com base no estudo pioneiro cólera
em Londres, onde vivia-se um contexto “contabilidade da doença”. Após a Primeira Guerra realeza inglesa
cria o Serviço Nacional de Saúde, a fornecer atenção integral à saúde a toda com recursos dos cofres
públicos.
Após a Segunda Guerra Mundial foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização
Mundial da Saúde – OMS 7/4/1948, com isso, veio o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do
Estado na promoção e proteção da saúde, com o conceito: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Saúde deveria expressar o direito a uma
vida plena, sem privações.
Em 1974, Mar Allende, titular do Ministério da Saúde e do Bem-estar do Canadá conceitua saúde nas
seguintes abrangências:
• Biologia humana: herança genética e processos biológicos inerentes à vida, incluindo
fatores de envelhecimento;
• Meio ambiente: o solo, a água, o ar, a moradia, o local de trabalho; Estilo de vida, do
qual resultam decisões que afetam a saúde;
• Organização da assistência à saúde: assistência medica, serviços ambulatoriais e
hospitalares e medicamentos.

Saúde em países desenvolvidos e subdesenvolvidos


Em 1978 é realizada a Conferencia Internacional de Assistência Primaria à Saúde, promovida pela
OMS, onde enfatizou-se as desigualdades na situação de saúde entre países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, com destaque para a responsabilidade governamental na provisão da saúde e a
importância da participação de pessoas e comunidades no planejamento e implementação dos cuidados à
saúde.
Em 1986 é apresentada a Carta de Ottawa, documento da primeira conferência Internacional sobre
promoção de saúde. Trata-se de uma Carta de Intenções que busca contribuir com as políticas de saúde em
todos os países, incluindo educação em saúde, nutrição adequada, saneamento básico, cuidado materno-
infantil, planejamento familiar, imunizações, prevenção e controle de doenças endémicas e outros agravos à
saúde, e provisão de medicamentos essenciais.
Em 2002 mais uma abordagem é incorporada aos conceitos de saúde e doença, a do ecossistema. A
relação saúde/doença deve ser vista agora também como um processo coletivo, estreitando as relações
entre saúde, ambiente, uso desmedido de recursos naturais e de seus impactos ambientais e sociais.

Elaborado por: Paula Gonçalves 2

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