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Resumo sobre o SUS

 A SAÚDE NA ANTIGUIDADE
As civilizações desenvolveram através dos tempos, um modo peculiar de pensar
sobre saúde e doença, tendo o senso comum como o padrão para avaliar os casos de
enfermidades, e de sanidade. A história das representações de saúde e doença foi
sempre pautada pela inter-relação entre os corpos dos seres humanos e as coisas e os
demais seres que os cercam.
Elementos naturais e sobrenaturais habitam estas representações desde tempos
imemoriais, provocando os sentidos e impregnando a cultura e os espíritos, os valores e
as crenças dos povos. Sentimento de culpa, medos, superstições, mistérios, envolvendo
o fogo, o ar, a terra, os astros, a organização da natureza, estão indissoluvelmente
ligados às expressões da doença, à ocorrência de epidemias, à dor, ao sofrimento, às
impressões de desgaste físico e mental, à visão da deterioração dos corpos e à
perspectiva da morte.
Na antiguidade, os povos praticavam a higiene pessoal e a limpeza por razões
religiosas e, em geral com o objetivo de aparecerem puros aos olhos dos deuses. A
higiene pessoal e os serviços públicos de saneamento tiveram grande desenvolvimento
nas cidades gregas, e posteriormente entre os romanos.
A literatura registra que entre os povos sem escrita, as pessoas associavam as
enfermidades a causas sobrenaturais. Nesse contexto, o homem pouco ou nada poderia
fazer para mudar o quadro. Existem registros de que os antigos povos da mesopotâmia
– sumérios, assírios e babilônios tinham um panteão de deuses. Estes povos inventaram
uma série de entidades, inferiores aos criadores supremos do universo e superiores às
suas vítimas: os demônios que se apossavam dos corpos, provocavam as doenças e
deviam ser exorcizados. Em outra concepção, a doença fazia parte das crenças
religiosas e os deuses era quem as causava. A ligação, portanto, entre a concepção das
doenças e as crenças religiosas remonta ao período greco-romano. Assim, a próxima
seção desse artigo abordará o conceito de saúde e doença na cultura greco-romana,
partindo da Grécia antiga até o período da fusão com a cultura romana, mais
precisamente a partir de 300 a.C.
Hipócrates é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da
história da Medicina, frequentemente considerado "pai da medicina", Primeiro esboço
de uma teoria racional e científica sobre a causa de doenças. É referido como uma das
grandes figuras do florescimento intelectual grego. Contudo, foi em Hipócrates (460
a.C) que os conceitos de saúde e doença na Grécia tomaram um teor científico.
Considerado o pai da medicina, era filho de Heráclito e Fenareta. Nasceu na ilha de Cós
e morreu entre 375 e 351 a.C. Substituiu a mitologia, baseada na cura pelo poder dos
deuses pela observação clínica de seus pacientes. Foi idealizador de um modelo ético e
humanista da prática médica. Criou métodos de diagnóstico, baseados na inquirição e
no raciocínio. As obras éticas e o juramento do médico, usados até hoje, fazem parte do
chamado Corpo Hipocrático (Corpus Hippocraticum). Dentre suas obras mais famosas,
destacam-se: Sobre as Epidemias (descreve doenças como: pneumonia, tuberculose e
malária); Sobre Ares, Águas e Lugares (tratado sobre saúde pública e geografia
médica); sobre a Dieta (alerta para a importância de uma dieta equilibrada e saudável) e
Aforismos.
A idade média foi considerada a “idade das trevas”, quando se acreditava que a
terra era plana, que os transtornos mentais tinham apenas causas demoníacas e que o
surgimento da ciência moderna se deu a partir da negação da
religiosidade/espiritualidade. No início do período, não havia uma orientação médica
única e organizada. Se uma pessoa adoecesse devido a um trauma ou doença poderia
buscar tratamento no curandeirismo, num benzedor, na astrologia, através de
encantamentos e misticismo ou finalmente procurar um médico consagrado, se
houvesse um disponível. A Idade Média (500-1500 d.C.) foi marcada pelo sofrimento
impingido pelas inúmeras pestilências e epidemias à população.
inda segundo tal lógica dialética, no nascimento ocorria a união entre corpo com
a alma, já na morte se observaria a separação dos dois, onde o destino do corpo era a
decomposição natural e por isso prezava-se pela salvação da alma. Porém, a salvação
das almas se realizaria plenamente no dia da ressurreição dos corpos, onde haveria uma
nova união entre o corpo e a alma, com o corpo agora purificado. Portanto, na dinâmica
da salvação o corpo não poderia ser excluído, em que o ideal ascético da Idade Média,
ou seja, a recusa pelo que é corporal e mundano, era considerado apenas um meio para
a salvação, já que o corpo possuía extrema importância. Conseqüência desta visão, as
práticas de cura deixaram de ser realizadas por médicos e passaram a ser atribuição de
religiosos. No lugar de recomendações dietéticas, exercícios, chás, repousos e outras
medidas terapêuticas da medicina clássica, são recomendadas rezas, penitências,
invocações de santos, exorcismos, unções e outros procedimentos para purificação da
alma, uma vez que o corpo físico, apesar de albergá-la, não tinha a mesma importância.
O Renascimento com seu poder renovador buscou romper com todos os
conceitos doutrinários e estáticos em benefício de uma ciência baseada na observação e
na realidade. Os três marcos das ciências médicas neste período foram: a nova
anatomia, a obra de Paracelso e a elevação da cirurgia à categoria de ciência. E também
a invenção da imprensa possibilitou uma reprodução e divulgação dos saberes médicos.
As construções renascentistas são mais complexas utilizando duas formas básicas: o
elemento cruciforme e o pátio interno ou claustro rodeado por galerias e corredores,
sendo o claustro utilizado como elemento organizador na distribuição destes edifícios.
O Renascimento marca com mudanças de mentalidade e valorização cientifica
mudando o edifício hospitalar da mão da igreja passando para as mãos da sociedade
médica. Traços marcantes no período do Renascimento são:
 Diversas conquistas científicas – anatomia e fisiologia;
 Descoberta de organismos microscópicos;
 Descoberta do escorbuto – tripulantes de navios.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SAÚDE


Em meados do século XIX quando a Revolução Industrial se expandia pela
Europa, proprietários de inúmeras fábricas começaram a se preocupar com as perdas
consideráveis de mão-de-obra, o que refletiu nos primeiros serviços de assistência
medica no trabalho.
Neste contexto, emerge no final do século XIX, diferentes estudos acerca da
saúde da classe trabalhadora, envolvendo suas condições sanitárias e higiene,
insalubridade, análises de relatórios médicos e observações de ambiente de trabalho.
Esses estudos tiveram início na França e Grã-Bretanha, chegando rapidamente aos
Estados Unidos.
Nesse período ocorreu o crescimento populacional acelerado (grandes cidades),
motivado pela rápida industrialização. Essa imensa urbanização deu origem a graves
problemas sociais, como aumento de mortalidade geral, promiscuidade, redes de esgoto
e de abastecimento de água mal projetadas, deficiência quantitativa e qualitativa da
assistência médica, principalmente hospitalar, além da carência e da insalubridade das
moradias.
A Revolução Industrial enfatizou no século XIX o momento em que se
estabeleceram as bases históricas da moderna epidemiologia. Naquele momento as
cidades cresciam e as condições de vida se agravavam. O consumo da mão-de-obra,
resultante da exploração dos trabalhadores, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar
inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo. Características marcantes
no período da Revolução Industrial (XIX):
 Início de movimentos por melhorias das condições sanitárias;
 Em vários países, movimento por melhoria das condições sanitárias das cidades
rápido crescimento dos hospitais;
 Esforços para educar a população em matéria de saúde;
 Com a revolução industrial, a saúde e o bem-estar dos trabalhadores se deterioraram.

A crise na saúde está presente no nosso dia a dia, sendo divulgado pela mídia
filas para atendimento, falta de leitos, escassez de recursos, atraso nos repasses para
conveniados, valores baixos pagos pelo SUS, aumento da incidência e ressurgimento de
doenças.
A história da evolução da saúde no Brasil se relaciona com evolução político-
social, obedeceu a ótica do avanço do capitalismo, nunca ocupou o lugar central na
política do país, alvo da política na presença de epidemias, prioridades para grupos
sociais mais importantes e conquistas do direito através de lutas. Períodos Marcantes
para construção da saúde coletiva no Brasil:
 República Velha (1889 – 1930)
 “Era Vargas” (1930 – 1964)
 Autoritarismo (1964 – 1984)
 Nova República (1985 – 1988)
 Pós-constituinte (1989...)

No Descobrimento ao Império (1500-1889) o nosso perfil epidemiológico era de


doenças pestilentas, e o nosso cenário político e econômico era visto como um país
agrário e extrativista. A organização da saúde no Brasil não dispunha de nenhum
modelo de atenção à saúde, os cuidados ficaram voltados para os Boticários,
Curandeiros e as práticas de medicina liberal, no Rio de Janeiro, em 1789, só se existia
4 médicos, e os outros estados não haviam médicos, assim para suprir as necessidades
da população houve, então a proliferação dos Boticários (farmacêuticos).
Chegada da Família Real Portuguesa no Brasil – 1808criou a necessidade da
organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte à estrutura de
poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro, trazendo mais gente e mais
responsabilidades para a localidade. Ainda que de forma incipiente, as intervenções
estatais na área da saúde se descolam paulatinamente da ação direta sobre o doente e
passam a focar mais a saúde, ou a preocupação em garantir a saúde dos sãos e prevenir
doenças.
Tanto foi assim que, em 1846, foi fundado o Instituto Vacínico do
Império Unas das características marcantes da chegada da Família Real
Portuguesa no Brasil é saneamento da capital, controle de navios, saúde de
portos (Controle sanitário mínimo), novas estradas;e Dom João VI cria as
primeiras escolas médicas da Bahia e Rio de Janeiro.
 REPÚBLICA VELHA (1889 – 1930)
Período marcado pelo cenário Político e Econômico excedente, marca uma
instalação do capitalismo no Brasil. Focado nas questões Agroexportador e surgimento
de primeiras indústrias investimento estrangeiro. Mesmo com o crescimento econômico
esse período marca pelas precárias condições de trabalho e de vida das populações
urbanas,ocorrendo o surgimento de movimentos operários que resultaram em embriões
de legislação trabalhista e previdenciária. 14 Durante o período coberto por este
capítulo, 1889 a 1930, o desempenho da economia brasileira não poderia deixar de
decepcionar os que esperavam que as tendências liberalizantes desses anos pudessem
acelerar o crescimento do país.
Proclamação da República, entre 1889 e 1930, também conhecido como período
da República Velha; e este originalíssimo estudo dedica-se a descobrir como surge a
tematização da saúde como objeto da medicina, em lugar da doença e, ao mesmo tempo,
como ocorreu o processo de medicalização da sociedade brasileira. Traça um extenso
panorama que abrange o período colonial até as primeiras décadas do século XIX.
O Perfil Epidemiológico no Brasil tinha o predomínio das doenças
transmissíveis como: Febre amarela, Varíola, Tuberculose, Sífilis, Peste, Malária e entre
outras. Com isso ocorreram grandes problemas para a saúde e comércio, os navios
estrangeiros não queriam atracar no Rio de Janeiro.
 OSVALDO CRUZ;
Oswaldo Cruz, médico e sanitarista brasileiro, fundador da medicina
experimental no Brasil, nasceu em São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872.
Seu nome completo era Oswaldo Gonçalves Cruz, aos 14 anos ingressou na Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro. Durante os seis anos em que frequentou o curso, não
demonstrou grande interesse pela clínica, mas sentiu-se completamente fascinado pelo
mundo microscópico, que começava a ser revelado pelas descobertas de Louis Pasteur,
Robert Koch e outros investigadores. A chamada revolução pausteuriana estava
promovendo uma transformação radical na medicina. Doutorou-se em 1892,
defendendo a tese A Veiculação Microbiana pelas Águas.
Nomeado diretor do Departamento Federal de Saúde Pública fez a “Criação dos
guardas-sanitários” para propôs erradicar a Febre Amarela no Rio de Janeiro, realizou a
queima dos colchões e roupas dos doentes, causando revolta na população, realizando o
Movimento Campanhista: Visão militar, usando força e autoridade para a organização
sanitária. 15 Oswaldo Cruz, cria a Lei Federal em 1904, que instituiu a vacina anti-
varíola obrigatória para toda população, ocasionando a Revolta da Vacina.
Em meados de 1904, chegava a 1.800 o número de internações devido à varíola
no Hospital São Sebastião. Mesmo assim, as camadas populares rejeitavam a vacina,
que consistia no líquido de pústulas de vacas doentes. Afinal, era esquisita a ideia de ser
inoculado com esse líquido. E ainda corria o boato de que, quem se vacinava ficava com
feições bovinas.
No Brasil, o uso de vacina contra a varíola foi declarado obrigatório para
crianças em 1837 e para adultos em 1846. Mas essa resolução não era cumprida, até
porque a produção da vacina em escala industrial no Rio só começou em 1884. Então,
em junho de 1904, Oswaldo Cruz motivou o governo a enviar ao Congresso um projeto
para reinstaurar a obrigatoriedade da vacinação em todo o território nacional. Apenas os
indivíduos que comprovassem ser vacinados conseguiriam contratos de trabalho,
matrículas em escolas, certidões de casamento, autorização para viagens etc. Os
resultados de toda essa repercussão, deu o controle de doenças epidêmicas e a
erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro, graças a Oswaldo Cruz.
Na reforma promovida por Oswaldo Cruz, foram incorporados como elementos
das ações de saúde: o registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os
fatos vitais de importância da população, a introdução do laboratório como auxiliar do
diagnóstico etiológico e a fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em
massa.
 CARLOS CHAGAS
Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, nasceu em Oliveira, Minas Gerais, em 9 de
julho de 1878. Iniciou seus estudos em São João del Rei, concluindo o colegial em Ouro
Preto. Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1903). Ainda
acadêmico, ingressou no Instituto Bacteriológico Oswaldo Cruz (1903), de que viria a
ser diretor (1917-1934). 16
Desde cedo revelou dotes de pesquisador e sanitarista. À frente de campanha
profilática, erradicou a malária na cidade de Santos (SP), em 1905. Graças à sua teoria
domiciliar da transmissão da malária, formulada por ocasião dessa campanha, projetou
seu nome nos meios científicos do país. Seus trabalhos foram mais tarde universalmente
aceitos.
Carlos Chagas oferece grandes contribuições para nossa saúde pública, foi
sucessor de Oswaldo Cruz em 1920, assume Departamento Nacional de Saúde
(Ministério da Justiça), introduz a propaganda e educação sanitária; realizou as
atividades de saneamento nos espaços de circulação das mercadorias, fez a criação da
Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) – Combate as endemias
rurais.
 NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Inicio do processo de industrialização (eixo Rio - São Paulo) ocorrendo a
imigração de Europeus (italianos e portugueses como mão de obra) . Os trabalhadores
não tinham férias, jornada de trabalho definida, pensão ou aposentadoria. Busca de
garantias trabalhistas pelas experiências dos estrangeiros com o movimento operário na
Europa, a população se organizou para o movimento operário realizando as duas greves
gerais 1917 e 1919.
A Lei Eloy Chaves (1923) foi um marco para o desenvolvimento da Previdência
Social brasileira. Ocasionando a organização das CAP’s (Caixas de Aposentadorias e
Pensões) 1923 para ferroviários pela capacidade de mobilização da categoria, e 1926
para portuários e marítimos. Composição da comissão administrativa da CAP deveria
conter um representante da empresa e dois dos empregados. Características das CAP’s:
era por instituição ou empresa, Financiamento e gestão era por trabalhador e
empregador e consumidores dos serviços das empresas (o governo não participava) só
dava direitos como aposentadoria, pensão e assistência médica.
 ERA VAGAS (1930 – 1964)
Getúlio Vargas, foio construtor do moderno Estado Brasileiro. Além de ser o
líder da transformação de uma economia agrárioexportadora voltada para fora em outra
industrializada e voltada para dentro, ele criou instituições que contribuíram para o
desenvolvimento econômico e social do país.
A Consolidação das Leis do Trabalho ainda é o arcabouço geral de regulação das
relações de trabalho; sem mencionar o salário mínimo; a ampliação do crédito agrícola
via programas do governo federal e de carteiras do Banco do Brasil; a criação do
BNDES, que ainda financia boa parte dos investimentos na indústria e na infraestrutura;
a criação das companhias Vale do Rio Doce e Siderúrgica Nacional (ambas em 1942) e
da Petrobrás (em 1954).
Em 1943, realiza a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) na forte
industrialização em São Paulo, Rio de janeiro e Belo Horizonte, causando o
desequilíbrio regional, principalmente no Nordeste (êxodo rural e proliferação das
favelas nos centros urbanos).
Vagas fez a criação dos IAP’s (Institutos de Aposentadorias e Pensões) - 1933
CAP´s foram substituídos pelos IAPs, por categorias (não mais por empresas),
marítimos (IAPM), comerciários (IAPC), bancários (IAPB), transportes e cargas
(IAPETEC), servidores do estado (IPASE); esse financiamento era pelas trêis entes
(estado, empregado e empregadores); sob a gerência indicado pelo estado,
aposentadoria, pensão e assistência médica.
 AUTORITARISMO (1964 – 1984)
No período do regime militar brasileiro (1964-1984), tal engajamento custou, em
muitos casos, perdas significativas para suas carreiras profissionais e trouxe obstáculos
para o desenvolvimento da própria ciência. Esse período, contudo, apresentou também
outras formas de atuação política, por meio das quais muitos cientistas buscaram
avançar uma agenda de desenvolvimento da física nas condições políticas adversas do
regime autoritário.
A possibilidade de avanço dessa agenda decorreu essencialmente da política de
apoio à ciência e tecnologia implementada pelos governos militares a partir do final da
década de 1960, a qual levou à reforma universitária e à institucionalização da pós-
graduação. O vigor financeiro dessa política foi permitido pelos índices de crescimento
econômico do período que se convencionou denominar de ‘milagre brasileiro’.
Esse preriodo promoveu a unificação dos IAP’s em 1967 com a implantação do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O INPS viabilizou os convênios e
contratos com médicos e hospitais privados, pagamentos a iniciativa privada pela
assistência médica, quase inexistia controle ou regulação, o setor médico dentro do
INPS se torna complexo, necessitando a criação do INAMPS (Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social) – 1977. A
Crise 1975 reaforma que medicina curativa não solucionou os principais
problemas como as endemias, as epidemias, e os indicadores de saúde (mortalidade
infantil, por exemplo), aumentos dos custos da medicina curativa, centrada na atenção
médica hospitalar de complexidade crescente, diminuição do crescimento econômico do
país reduzindo a receita da previdência. Incapacidade do sistema em atender a uma
população cada vez maior de marginalizados, que sem carteira assinada e contribuição
previdenciária, se viam excluídos do sistema, desvios de verba do sistema
previdenciário para cobrir despesas de outros setores e para 19 realização de obras por
parte do governo federal, o não repasse pela união de recursos do tesouro nacional para
o sistema previdenciário.
O Surgimento da atenção médico-supletiva nos anos 80 mostra que a iniciativa
privada busca alternativa a crise partir do momento em que o setor público entrou em
crise, o setor liberal começou a perceber que não mais poderia se manter e se nutrir
daquele, passou a formular novas alternativas para sua estruturação, direcionando o seu
modelo de atenção médica para parcelas da população (ex. classe média).
 NOVA REPÚBLICA (1985 – 1988) E REFORMA SANITARIA
No contexto de retorno ao estado democrático, a nova carta constitucional,
promulgada em 1988, transformou a saúde em direito individual e deu origem ao
processo de criação de um sistema público, universal e descentralizado de saúde,
alterando profundamente a organização da saúde pública no país.
Os principais aspectos institucionais, políticos e sociais que conformaram a
reforma sanitária, suas rupturas, continuidades e principais 20 iniciativas são discutidos
neste artigo, tendo por base a literatura produzida pelos autores mais lidos nesse campo
de estudos. Sem a pretensão de elaborar uma análise exaustiva, discutimos como a
historiografia criada por autores que também foram atores desse mesmo processo avalia
as principais características, o processo de surgimento e o legado da reforma sanitária
brasileira.
Tais determinações tiveram forte impacto recessivo sobre a economia,
contribuindo para o crescimento da insatisfação social com o regime militar e para o
surgimento do Movimento das Diretas Já, entre 1983 e 1984. Esse contexto impediu o
governo Figueiredo de fazer seu sucessor e acelerou a transição para a democracia.
Reforma Sanitária brasileira, a rigor, envolve, portanto, posições e perspectivas
bastante distintas a respeito da organização setorial da saúde, como também das
relações desse setor com a sociedade e da própria sociedade como um empreendimento
e um dado objetivo.
Difusão da proposta da Reforma Sanitária podemos citar: conceito ampliado de
saúde, reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do estado, criação do
Sistema única de Saúde (SUS), participação popular (controle social), constituição e
ampliação do orçamento social.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
Em 1986, foi realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde, representando um
marco na formulação das propostas de mudança no setor saúde, resultando em um
documento que serviu de base para das discussões na Assembleia Nacional Constituinte,
em 1987. A aprovação da Constituição Federal, em 1988, criou o Sistema Único de
Saúde (SUS), reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado.
O SUS surge como resultado da grande luta pela democratização da saúde no
Brasil, buscando a ampliação da organização popular, a universalização do acesso e o
reconhecimento da saúde como direito universal do ser humano. Assim, a criação do
SUS abre perspectivas para apoiar ações que possam remeter à questão social, prevendo
a participação popular na gestão pública, seja ou não por via institucional, prevalecendo,
a vontade da população sobre aquela de qualquer indivíduo ou grupo. Entretanto, para
que isto aconteça, é necessária a existência de espaços que possibilitem o
empoderamento/libertação dos cidadãos, no sentido de ampliar a inclusão social.
O SUS é formado pelo conjunto de todas ações e serviços de saúde prestados
por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração
direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público. A iniciativa privada
participa de forma complementar, com preferência as entidades filantrópicas e as sem
fim lucrativos.
Uma das principais caracteristicas do SUS é migração de um modelo
assistencial e por demanda para um modelo integral à saúde. Incorporação progressiva
de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas propriamente ditas de
recuperação. De acordo com essa nova concepção de saúde, compreende-se que "os
níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país". Ou
seja, há o acertado reconhecimento de que os indicadores de saúde da população devem
ser 22 tomados para medir o nível de desenvolvimento do país e o de bem estar social
da população.
A existência e o funcionamento de conselhos de saúde nos três níveis de governo
passam a ser obrigatórios visando garantir a participação social nas políticas de saúde,
tanto em sua formulação como em sua execução. Nesse sentido, o controle e a
participação social na área da saúde pública paulatinamente vêm aumentando suas
dimensões e aperfeiçoando seus métodos.
O SUS prevê um sistema com princípios doutrinários e organizativos e é
constantemente atualizado por meio de leis, normas e regulamentações que vão sendo
promulgadas em função de adequações a novas necessidades da população. Os
princípios doutrinários do SUS são aqueles que traduzem a ideologia do novo modelo
de saúde proposto para o País, reiterando o seu alcance e a forma de garantir o direito à
saúde de todos os cidadãos.
Universalidade: que encara a saúde como um direito ampliado de cidadania
para todos – representa o fim do modelo excludente anterior, em que somente
contribuintes da previdência social tinham direito a uma assistência à saúde mais
qualificada. De uma maneira geral, portanto, considerando a política assistencial
proposta pelo SUS, garantir acesso universal e equitativo é apenas uma das estratégias
redistributivas contempladas em uma política de proteção e inclusão social. ‘’É a
garantia de atenção à saúde a todo e qualquer cidadão pelo Sistema Único de Saúde.
Saúde é direito de cidadania. Para se ter acesso, basta apenas precisar”.
Integralidade: é um dos princípios doutrinários do SUS e deve ser entendida
como um princípio relativo à prática de saúde, aplicada tanto ao ato médico individual
quanto à abordagem dos coletivos humanos, observando que cada pessoa é um todo
indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde formam, também, um todo indivisível e não podem ser
compartimentalizadas; 23 e as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus
de complexidade, formam, também, um todo indivisível, configurando um sistema
capaz de prestar assistência integral. ‘’Cada pessoa é um todo indivisível, ações de
promoção, proteção e recuperação não podem ser compartimentalizadas, o homem é um
ser integral, biopsicossocial e será atendido em uma visão holística* por um sistema’’.
Equidade: é assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira, considerando que todo cidadão é igual perante o
SUS e será atendido conforme suas necessidades. A equidade, definida como uma forma
superior de justiça, vai considerar que toda a iniquidade se caracteriza por uma
diferença sistemática que afeta a vida dos indivíduos de forma injusta, desnecessária e
totalmente evitável, pois estabelece diferenças que são moralmente inaceitáveis. ‘’É o
princípio de que o acesso aos serviços em seus variados níveis de complexidade seja
adequado à necessidade específica de cada cidadão, sem barreiras e sem privilégios.
Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades.
Igualdade com justiça’’.
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados e
considerando-se a idéia de seguridade social e relevância pública, existem algumas
diretrizes que orientam o processo. Na verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS
na prática.
Os Princípios Organizativos do SUS são a Descentralização, Regionalização e
Participação Social.
Descentralização: é redistribuir poder e responsabilidades entre os três níveis de
governo. Na saúde, a descentralização tem como objetivo prestar serviços com maior
qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos cidadãos. Quanto mais perto
estiver a decisão, maior a chance de acerto. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve
ser descentralizada até o município. Isto significa dotar o município de condições
gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. ‘’É a
redistribuição das 24 responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde nos vários
níveis de governo (municipal, estadual e federal). Gestão mais próxima do cidadão
usuário, com reforço do poder municipal sobre a saúde (municipalização)’’.
Regionalização: e a hierarquização de serviços significam que os serviços
devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a
determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com
definição e conhecimento da clientela a ser atendida. Como se trata aqui de
“princípios”, de indicativos, este conhecimento é muito mais uma perspectiva de
atuação do que uma delimitação rígida de regiões, clientelas e serviços. ‘’Serviços
organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente. Disposto numa área
geográfica delimitada e com uma população definida.’’
Participação Popular: o SUS foi fruto de um amplo debate democrático. Mas a
participação da sociedade não se esgotou nas discussões que deram origem ao SUS.
Esta democratização também deve estar presente no dia-a-dia do sistema. Para isto,
devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que têm como função
formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.
Não podemos esquecer tambem que a municipalização é um passo importante de
descentralização. Gestão se desloca do nível federal e estadual para o nível municipal.
Pois o municipio hoje tem maior responsabilização na promoção das ações diretamente
voltadas para seus cidadãos.
A população, o poder legislativo e cada gestor na sua esfera de governo devem
controlar, se o SUS está funcionando bem. A Participação Social: é direito da sociedade
de participar e dever do Poder Público de garantir as condições para essa participação.
Lei 8142/90 afirma que os Conselhos de Saúde (3 esferas): 50% usuários e 50%
governo, profissionais de saúde e prestadores privados; reúnem-se 1 vez por mês. As
Conferências: Três esferas, define prioridades e linhas de ação; realizadas de 4 em 4
anos. 25
Em 13 de janeiro de 2012, a Emenda Constitucional Nº 29 foi sancionada pela
Presente através da Lei Complementar 141, mantendo os valores mínimos a serem
aplicados em saúde da seguinte forma: Municípios: 15% das suas receitas, Estado: 12%
das suas receitas e a União: de acordo com o produto interno bruto (PIB).
Os gestores do SUS no âmbito dos municípios: secretarias municipais de saúde,
nos estados: secretarias estaduais de saúde e no nível federal: Ministério da Saúde. Com
a responsabilidade de programar, executar e avaliar as ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde.

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