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Evolução histórica
da medicina
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A história da medicina teve início há milhares de anos, com origem em
rituais e magias desenvolvidos principalmente por sacerdotes e magos,
que tinham como objetivo afastar as doenças. A arte de diagnosticar
e curar é, portanto, uma prática médica de longa data, expressa de di-
ferentes formas, mas que ainda se encontra em constante evolução.
Ao longo do tempo, o misticismo perdeu espaço para a ciência, que for-
neceu evidências científicas para a construção do conhecimento médico.
Porém, as influências do passado estão presentes até hoje. Conhecer a
história da medicina, que é a reconstituição do passado da ciência médica,
permite percorrer os caminhos trilhados até a era moderna.
Neste capítulo, você reconhecerá os principais nomes associados
à história da medicina e seus simbolismos, além de relacionar dados
históricos no Brasil com os desafios e sucessos da “arte de curar”.
2 Evolução histórica da medicina
Código Hammurabi
Na era babilônica, Hammurabi (entre o século XVII e XXI a.C.) adaptou as prerrogativas
sobre os cuidados de saúde em códigos e documentou um conjunto de normas, que
visavam regulamentar esses cuidados, conhecido como Código Hammurabi. Foram
estabelecidos preceitos quanto ao pagamento dos cuidados de saúde (de acordo com
as possibilidades econômicas de cada um), à qualidade desses serviços, à observação
e ao registro dos dados para futura avaliação, bem como as normas relativas ao mau
exercício da medicina (WAGNER, 1981).
saúde para o caminho científico. Para ele, doenças eram fenômenos naturais
resultantes da condição biológica do ser humano e de sua interação com o meio
ambiente. Hipócrates ressaltou também a importância da observação clínica
para o diagnóstico e o prognóstico, estabelecendo normas para a anamnese e
exame físico do paciente (REZENDE, 2009).
Cláudio Galeno ou Élio Galeno, mais conhecido como Galeno de Pérgamo,
foi um importante médico e filósofo romano, que viveu no período 129-217
a.C. Suas teorias dominaram e influenciaram a medicina ocidental por mais
de um milênio. Seus relatos sobre a anatomia médica eram baseados em
dissecações de macacos, pois naquela época a humana não era permitida.
Dessa forma, tornou-se um precursor da prática da vivissecção e experimen-
tação com animais. Além da anatomia, Galeno também investigou fisiologia,
patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi o médico mais destacado de seu
tempo e o primeiro a conduzir pesquisas fisiológicas, apresentando impor-
tantes descobertas, como: controle cerebral do corpo, distinção entre veias
e artérias, sangue venoso e arterial, nervos sensoriais e motores, ossos com
e sem cavidade medular. Além disso, descobriu que os rins processam a
urina e demonstrou que a laringe é responsável pela voz. O conhecimento da
anatomia permitiu à Galeno ser um reconhecido cirurgião. Muitos dos seus
procedimentos e técnicas, considerados ousados para seu tempo, só seriam
usados alguns séculos depois (p. ex., intervenção cirúrgica para correção da
catarata). Contudo, em razão das limitações técnicas (em especial, ópticas)
cometeu erros, pois não era possível visualizar o que acontecia no interior
dos órgãos, mas, apesar disso, o respeito pelas suas teorias era tão grande
que demorou mais de quinze séculos para que sua teoria das forças fosse
contestada. Devido à difusão da medicina árabe e ao médico inglês William
Harvey, os erros de Galeno nesse assunto foram corrigidos (FRAMPTON,
2008; FURLEY; WILKIE, 1984); e a sua descrição sobre as atividades do
coração, artérias e veias durou até William Harvey estabelecer que o sangue
circula com o coração agindo como uma bomba.
Caio Plínio Segundo (23 a 79 d.C.) foi um naturalista romano, e sua grande
obra foi a Natural history, na qual descreveu remédios obtidos de fontes
vegetais, minerais e animais.
Sorano de Éfeso (98-178 d.C.) foi o primeiro obstetra da história, autor da
obra On the diseases of women (sobre as doenças das mulheres), é considerado
o pai da obstetrícia.
Evolução histórica da medicina 9
coisa ocorria com o do antraz, quando aquecido a 42ºC. Percebeu, então, que a
inoculação do micróbio com virulência atenuada protegia o animal da doença,
dando ao método o nome de “vacinação”. Além de sua natureza científica,
as descobertas de Pasteur tiveram imediata aplicação prática, apresentando
grande benefício para a humanidade. Foi glorificado em vida e apesar de não
ser médico a Academia de Medicina da França o admitiu. Uma subscrição
internacional, que teve a participação de D. Pedro II, Imperador do Brasil,
arrecadou dinheiro para construção do Instituto Pasteur de Paris (inaugurado
em 1888). Doente e hemiplégico, Pasteur pouco utilizou os laboratórios do
Instituto, falecendo em 1895 (REZENDE, 2009).
Robert Koch (1847-1910), natural da Alemanha, foi um dos fundadores
da bacteriologia. Graduou-se em medicina (1866), sendo discípulo de Henle.
Interessava-se pela microscopia e desenvolveu novos métodos de cultura e
de coloração das bactérias. Após a obtenção de culturas puras do bacilo do
antraz (1876), descobriu o fenômeno da formação de esporos (que poderiam
ser revertido à forma infectante de bacilo) e descreveu espécies diferentes
de bactérias. Em 1882, em Berlim, descobriu o bacilo da tuberculose, rece-
bendo o respeito e a admiração de toda a comunidade científica internacional.
Os clássicos postulados para identificação do agente etiológico das doenças
infecciosas, estabelecidos por Koch são:
3 Simbolismos na medicina
O bastão de Esculápio (ou Asclépio) com uma serpente enrolada é a repre-
sentação tradicional da medicina. A cobra (simbologia complexa) representa
o renascimento e a fertilidade, devido à capacidade desse animal de trocar
de pele, bem como a morte e destruição, em oposição à vida e à ressurreição
(ou a cicatrização em oposição ao veneno). Já bastão é um símbolo de auto-
ridade, representa o poder divino, a quem, apesar dos esforços e habilidades
médicas, cabe decidir sobre a vida ou a morte de alguém (SILVA, 2004).
Entre as explicações apresentadas sobre o simbolismo associado à medi-
cina, tornou-se popular a história de um homem que Zeus teria matado com
a pancada de um trovão na cabeça. A história começa com a entrada furtiva
de uma serpente no local em que Asclépio observava um morto. Surpreen-
dido, matou-a com o bastão, porém, quando uma segunda serpente surgiu e,
ao colocar algumas ervas na boca da primeira, já morta, a fez renascer.
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Figura 1. (a) Uma das representações mais divulgadas de Asclépio. (b) Símbolo da Medicina
(com origem atribuída a Asclépio). (c) Caduceus.
Fonte: (a e b) Silva (2004, p. 17); (c) Caduceus ([2020?], documento on-line).
FURLEY, D.; WILKIE, J. Galen: on respiration and the arteries. Princeton: Princeton Uni-
versity Press, 1984.
MAIA, R. J. F.; FERNANDES, C. R. O alvorecer da anestesia inalatória: uma perspectiva
histórica. Revista Brasileira de Anestesiologia, Campinas, v. 52, n. 6, p. 774-782, 2002.
MARGOTTA, R. História ilustrada da medicina. São Paulo: Manole, 1998.
OSWALDO Cruz. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro,
v. 38, n. 2, abr. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jbpml/v38n2/a01v38n2.
pdf. Acesso em: 23 set. 2020.
REZENDE, J. M. O ato médico através da história. In: REZENDE, J. M. À sombra do plátano:
crônicas de história da medicina. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. p. 111-119.
SILVA, J. M. Asclepius e o “culto da serpente”. Boletim da SPHM, Lisboa, v. 19, n. 4,
p. 15-18, out./dez., 2004.
WAGNER, H. Historical development of medical malpractice. Zeitschrift für Rechtsmedizin,
[s. l.], v. 86, n. 4, p. 303-306, 1981.
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