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Não tenho contato com o trabalho de Kurt Lewin. Quem citou isso foi meu professor de
imunologia (UFF, 1982), Nelson Vaz, ao qual antes eu atribui-a a autoria.

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Falamos de paradigmas, modelos implícitos nos modelos explícitos.

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(a) Medicina primitiva e religiosa:
i. entende que a doença é causada por “‘um poder mais forte que dominava a pessoa enferma’” (p.91,
apud SIGERIST, 1987) entendido como uma possessão por seres sobrenaturais, feitiço ou castigo divino;
ii. a intervenção concentra-se em rituais mágicos e religiosos visando intervir no plano sobrenatural;

OLHAR MÁGICO
ASPECTOS SOBRENATURAIS
INDIOS: MAGIA = espírito malígno ou espírito animal comestível. O Xamã convoca espíritos
para erradicar o mal
SUMÉRIOS (Mesopotâmia 4.000ac) = receitas empíricas e médicas, relatos de histórias
clínicas.
ASPECTOS SOBRENATURAIS
ASSÍRIOS E BABILÔNICOS (2.000ac):RELIGIOSIDADE = demônios = médico/sacerdote
invoca divindades através dos astros.
HEBREUS: RELIGIOSIDADE = sinal de cólera divina sobre os pecados humanos.
HINDUS E CHINESES: NATURALISMO - Causa externa. Desequilíbrio dos 5 elementos (água,
madeira, fogo, terra e metal)

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JURAMENTO DE HIPÓCRATES (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3crates - destaques
meus)
“Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos
os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se
segue:
 estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte;
o fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
o ter seus filhos por meus próprios irmãos;
o ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e
nem compromisso escrito;
o fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu
mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca
para causar dano ou mal a alguém.
“A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda.
Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
“Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
“Não praticarei a talha [cirurgia], mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa
operação aos práticos que disso cuidam.
“Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano
voluntário [já assim] e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as
mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
“Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver
visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto!
“Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da

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minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário
aconteça!”

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(b) medicina hipocrática (da Grécia clássica até o século XVIII):
i. busca estabelecer “sistemas de medicina mais racionais, cujas
explicações também se baseavam nas observações e reflexões dos
homens acerca da vida e da natureza.” (p.93) abstendo-se de
explicações mágicas e mitológicas (p.92)
ii. entende que a doença é causada por desequilíbrio dos
“componentes essenciais do corpo humano que mantinham o equilíbrio
durante o estado de saúde” (p.93) referidos como “humores” (p.93)
iii. a intervenção concentra-se em medicamentos e procedimentos
visando intervir na composição humoral do organismo;

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GRÉCIA
SER IDEAL: equilíbrio Corpo e Mente e de proporções harmoniosas = influência arte
CONCEPÇÃO RELIGIOSA: culto a divindades
HYGIEIA (ATHENAS) = Saúde
PANACEA = Cura
CURA: Rituais, uso de plantas e métodos naturais
HIPÓCRATES: visão racional por observação empírica. Registro de casos clínicos. Relação com aspectos
ambientais.
CONCEITO: Desequilíbrio dos HUMORES (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra) e dos 4 ELEMENTOS (ar,
terra, água, fogo)
ROMA
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE: Drenagem dos Pântanos, Construção de Esgotos
Aqueduto, Leis sobre inspeção de alimentos e de locais públicos
NOÇÃO RELAÇÃO SAÚDE E TRABALHO: “A vida de muitos é condicionada pelo trabalho e é inevitável que sejam
vítimas do mesmo.”(GALENO)
DETECTADO INTOXICAÇÃO MERCÚRIO E CHUMBO
DIMINUIÇÃO ESPECTATIVA DE VIDA DOS MINEIROS
IDADE MÉDIA: ERA DAS TREVAS
QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, ASCENSÃO DO REGIME FEUDAL
ÉPOCA DE PESTILÊNCIAS:
Mov. e concentração Populacional, Miséria, Promiscuidade, Falta de higiene nos Burgos, Conflitos Militares
CRISTIANISMO:
Doença = Purificação
Desconfiança/Hostilidade do ato médico
PRIMEIROS HOSPITAIS (Hospícios e Asilos)

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Veêm rudimentos da clínica atual e da epidemiologia
Descrição da evolução da doença
Estações do ano, clima, modo de alimentação, regime de vida e
hereditariedade
(lembrar hereditariedade de Aristóteles)
Epidemia de malária

IDADE MÉDIA: FINAL


RETORNO AO DESENVOLV.MEDICINA LEIGA
PRIMEIRA ESCOLA MÉDICA: Salermo (1240)
PRÁTICA DA ANATOMIA
TEORIA DO CONTÁGIO (Girolamo Fracastoro)
Transmissão das doenças por partículas imperceptíveis
= SEMINARIAS
Tipos de Contágio: Direto, Através de Fômites, À
Distância
Período de Incubação

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Sífilis = contato direto= ato sexual

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(c) medicina moderna (a partir do século XVI):
i. referenda-se na metodologia científica para a construção de
explicações, particularmente a anatomia e a anatomia patológica;
ii. entende que a doença é causada por defeitos localizados nos
órgãos (metáfora do relógio);
iii. apesar da mudança do modelo explicativo a intervenção se mantém
de acordo com a “escola hipocrática”, devido a não se identificar uma
causa das lesões nas partes do corpo.
(d) era bacteriológica (sub-período da “medicina moderna” a partir do
século XVIII):
i. a descoberta dos micro-organismos e sua associação às lesões
anatômicas e alterações fisiológicas, atribuindo-lhes a causa das
doenças, o reforçou o entendimento naturalista do adoecimento;
ii. entende que a doença é causada por micro-organismos
patogênicos, reduzindo a importância de outros fatores associados;
iii. no século XIX e XX desenvolvem-se terapêuticas direcionadas para
o combate dos micro-organismos patogênicos [cito, independente do
texto, desinfetantes, quimioterápicos, antibióticos e vacinas];
(e) medicina social (a partir do século XVIII):

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i. descreve como a prática interventiva do Estado na saúde a partir das
transformações urbanas e sociais da industrialização (p.98 §2º);
ii. “surgem correntes de pensamento médico direcionadas a buscar a
determinação ou causalidade das doenças nas condições de vida (sociais,
políticas e econômicas) de grupos particulares de indivíduos” (p.98 §3º);
iii. “e buscar soluções coletivas para as situações de doença” (p.98 §3º)
desdobrando-se e correntes que buscavam transformações sociais profundas,
revolucionárias, e outros centrados no saneamento e hábitos higiênicos,
higienistas;

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TERCEIRA CRISE, (séc XVIII e primeiras décadas do XIX): “Os
médicos passam a ser, nesse contexto, não mais aliados da vida, mas
os combatentes da morte. Conhecer o inimigo, seus porta vozes
(doenças) e tropas (sintomas, síndromes), suas táticas e estratégias
(“evolução” das doenças) tornam-se a prioridade básica da ciência
médica.” (p.18) “(...) o fundamental (...) não é restabelecer a saúde dos
doentes individuais, mas combater as doenças e controlar as mortes,
em plano coletivo.” (p.18)
cisma da homeopatia (p.19) defensores de uma ‘arte de curar doentes’
(p.18) , atávica;
QUARTA CRISE, [séc XIX e XX]: “Cisão (...) na prática clínica” (p.21) pela
“interposição maciça do instrumental médico [levando] à alienação do doente
face ao seu próprio corpo e à feitichização do equipamento médico (e do
fármaco (...))” (p.21) [e especialidades]

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ANIMA NÃO TEM ALMA
“E não se devem confundir as palavras com os movimentos naturais, que
testemunham as paixões e podem ser imitados pelas máquinas e também pelos
animais; nem pensar, como alguns antigos, que os animais falam, embora não
entendamos sua linguagem: pois, se fosse verdade, visto que possuem muitos
órgãos correlatos aos nossos, poderiam fazer-se compreender tanto por nós
como por seus semelhantes. E também coisa digna de nota que, apesar de
haver muitos animais que demonstram mais habilidade do que nós em algumas
de suas ações, percebe-se, contudo, que não a demonstram nem um pouco
em muitas outras: de forma que aquilo que fazem melhor do que nós não
prova que possuam alma; pois, por esse critério, tê-la-iam mais do que
qualquer um de nós e agiriam melhor em tudo; mas, ao contrário, que não a
possuem, e que é a natureza que atua neles conforme a disposição de seus
órgãos: assim como um relógio, que é feito apenas de rodas e molas, pode
contar as horas e medir o tempo com maior precisão do que nós, com toda
a nossa sensatez.”
Descartes, Discurso do Método, parte V
(acessado em http://www.intratext.com/IXT/POR0305/_P5.HTM#3OW)

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Fracastorius, 1546
Leeuwenhoek,1675
Koch, 1876
Pasteur, 1878
Prática: Higiene,
Esterilização, Saneamento,
Imunização

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O ‘paternalismo’ é parte da própria construção de uma profissão, expropriando
o conhecimento & praxis alheio

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CRÍTICA: redução do campo social – não é visto aqui como um “sobredeterminante” dos outros campos

TEORIA ECOLÓGICA: A DOENÇA RESULTA DA INTERAÇÃO DO AGENTE, HOSPEDEIRO e


AMBIENTE (Físico, Social e Psíquico)
“A higidez depende do equilíbrio entre a resistência do hospedeiro sua micobiota (especificamente
ambiente físico-biológico)”
BUSCA DO EQUILÍBRIO (lembrar que se pode equilibrar uma balança tirando peso de um lado)

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•OLHAR SOCIAL
–EDWIN CHADWICK
•Relatório Sobre Condição De Saúde Pop. Trabalhadora Da Grã-Bretanha
(1842)
•Lei De Saúde Pública Inglaterra (1848)
–LEMUEL SHATTUCK
•Relato Condição Sanitária Massachusetts (1850)
•Diretoria da Saúde
–OTTO von BISMARCK (Alemanha)
•Legislação social: controle insatisfação operária
•Habitação gratuita
•Seguro velhice
•Assistência médica
–ESTADO DO BEM ESTAR SOCIAL
•Crise de 1929
•Guerra Mundial
–RELATÓRIO DE LALLONDE

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Inserção social  gancho com ‘história da medicina
social’ do Foucault
Medicina é mais do que o ‘modelo teórico’!  um só
Conselho Profissional (CFM\ CRM) independente da
técnica

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Um só Conselho de Medicina

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São os citados procedimentos:
I) megadoses de vitaminas;
II) antioxidantes para melhorar o prognóstico de pacientes com doenças agudas ou
em estado crítico;
III) quaisquer terapias ditas antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou
voltadas para patologias crônicas degenerativas;
IV) EDTA para remoção de metais pesados fora do contexto das intoxicações agudas;
V) EDTA como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas
para patologias crônicas degenerativas;
VI) análise de fios de cabelo para caracterizar desequilíbrios bioquímicos;
VII) vitaminas antioxidantes ou EDTA para genericamente "modular o estresse
oxidativo".

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São privilegiados os experimentos longitudinais e intervencionistas,
principalmente individuados (se forem bem desenhados) e preteridos os
transversais.

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