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HIGIENE E PROFILAXIA

PROF. FRANCISCO LIRA DE ARAÚJO


ENFERMEIRO PÓS-GRADUADO EM OBSTETRÍCIA E NEONATOLOGIA.
PÓS-GRADUANDO EM GESTÃO EM SAÚDE PELA UFMA.
PÓS-GRADUANDO EM ATENÇÃO À SAUDE DAS PESSOAS COM SOBREPESO E OBESIDADE PELA UFSC.
CELULAR: (99) 98458-3660
E-MAIL: FRANCISCOLIRA10@HOTMAIL.COM
HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS

 É o nome dado ao conjunto de processos interativos


compreendendo “as inter-relações do agente, do
suscetível e do meio ambiente que afetam o
processo global e seu desenvolvimento, desde as
primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio
ambiente, ou qualquer outro lugar, passando pela
resposta do homem ao estímulo, até as alterações
que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou
morte” (Leavell & Clark, 1976).
 2 períodos seqüenciados: Período pré-patogênico e
Período patogênico
AGENTE

MEIO
AMBIENTE INDIVIDUO
SAÚDE X DOENÇA

“Saúde é o estado de ausência da doença”

“Doença é a falta ou perturbação da saúde”

“Saúde é o estado do indivíduo cujas funções


orgânicas, físicas e mentais permaneçam
normais”
“Saúde é um completo bem-estar físico mental e
social e, não meramente a ausência de doença”
(OMS, 1948)
PROCESSO SAÚDE DOENÇA

...é
o conjunto de relações e variáveis que
produzem e condicionam o estado de saúde e
doença de uma população, que varia nos
diferentes momentos históricos e do
desenvolvimento científico da humanidade”.
Pré-História - Concepção mágico-
religiosa

Doença
Desrespeito a um
“tabu”
Cena de parto pintada pelo
homem pré-histórico na serra da Feitiço Castigo dos
Capivara no Piauí nocivo deuses
www.biblio.ufpe.br/libvirt/
serido/expo.htm Ataque de um Impureza
espírito do mal humana
ANTIGUIDADE
Demônios A doença dentro de uma visão
mágica do mundo. Os demônios
Espíritos do e espíritos malignos, talvez
mal mobilizados por um inimigo ou
por castigo, vitimavam o doente,
podendo levá-lo até à morte.

A cura do doente
caberia ao feiticeiro ou
xamã, tendo o poder
de convocar espíritos
capazes de erradicar o
mal.
ANTIGUIDADE

Assírios
Caldeus
Hebreus
• Observações empíricas relacionadas
ao surgimento de doenças
mesmo caráter religioso
• Função curativa de plantas e
recursos naturais

O homem não participa


ativamente do processo
Antiguidade

Hindus

Insetos

Doença
astros

desequilíbrio entre os elementos do


organismo humano, ocasionado pelas
influências do ambiente físico -
astros, clima, insetos etc

clima
Antiguidade
Chineses - Medicina Tradicional Chinesa
Este conceito perde o
causas externas caráter mágico e
religioso predominante
na idéia anterior e
desequilíbrio entre os princípios yin e
naturaliza a causação,
yang, o que levaria a um desequilíbrio onde o homem atua
dos elementos, com o conseqüente ativamente no processo
aparecimento da doença. de doença e cura.

restabelecimento da saúde
acupuntura

reequilíbrio da energia interna

do-in
ANTIGUIDADE GRÉCIA
Davam à saúde o significado de harmonia entre os quatro
elementos que compõem o corpo humano - água, terra , ar e fogo

Os quatro
elementos

A saúde seria o estado de isonomia entre os mesmos e a doença seria a dismonia


Antiguidade
Hipócrates enriqueceu estas concepções de saúde e doença através da
prática clínica e de cuidadosas observações da natureza, ressaltando a
importância do ambiente físico na causalidade das doenças.

Revelou uma visão epidemiológica do


problema saúde-doença através dos
registros de diversos casos clínicos.

observações não
se limitavam ao
paciente em si, "Dos ares, das águas e
mas ao seu dos lugares"
ambiente

Hipócrates de Cós – “Pai discute fatores ambientais ligados à


da medicina” doença, defendendo um conceito
ecológico e multicausal de saúde-
doença que envolve as reações do
homem às agressões provenientes do
seu ambiente natural.
Antiguidade

"Quem quiser prosseguir no estudo da ciência da


medicina deve proceder assim. Primeiro, deve
considerar que efeitos cada estação do ano pode
produzir .... Tem que considerar em outro ponto os
ventos quentes e os frios.... Deve também considerar as
propriedades da água, pois estas diferem em gosto e
peso.... Porque, se um médico conhece essas coisas bem,
de preferência todas elas...,ele, ao chegar a uma cidade
que não lhe é familiar, não ignorará as doenças locais ou
a natureza daquelas que comumente dominam"
(Hipócrates, 460-370 a.C.)
Antiguidade

Malária = “maus ares”

Malária (descrita por Hipócrates)

os maus ares que


proviam dos pântanos

Miasmas
As idéias e intervenções hipocráticas fundam o chamado

PARADIGMA
AMBIENTALISTA
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500
d.C.)
Era das Trevas - Uma época de pestilências

influência do Cristianismo

prática religiosa

princípios hipocráticos são relegados enquanto concepção


teórica e a prática clínica é abandonada
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500
d.C.)
A doença era vista como
purificação

Uma forma de atingir a


graça divina, que incluía,
desde que merecida, a
cura.

As epidemias eram o castigo divino para os


pecados do mundo ou resultavam da ação
de inimigos
IDADE MÉDIA (500 d.C. - 1500
d.C.)
Ações de Saúde na Idade Média

Prática da quarentena

Prática do isolamento

Separação dos doentes de seus


contatos habituais visando
defender as pessoas sadias.

Surgem os primeiros hospitais, os hospícios ou asilos,


nos quais os pacientes recebiam mais conforto espiritual
que tratamento adequado. A ineficácia dos
procedimentos mágicos ou religiosos era compensada
com a caridade.
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
O crescente número de epidemias na Europa,
faz retornar preocupações com a causalidade
das doenças infecciosas, tornando-se mais
evidente a noção de contágio entre os homens

medicina volta a ser praticada por leigos

retomados
experimentos e
observações Aula de Anatomia do Dr. Tulpe.
anatômicas. A Rembrandt
prática médica
ainda era
rudimentar.

A LIÇÃO DE ANATOMIA DO DR. RUYSCH -


Jan van Neck em 1863
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)

período de transição

Práticas esotéricas X Avanço do pensamento científico

predomina a
idéia do fator
externo que TEORIA DO CONTÁGIO
penetra no
organismo e Girolamo Fracastoro
este é visto
(1478-1553)
como
receptáculo
de doenças.
SÉCULO XVIII

Consolidou-se a prática clínica

Estudos voltados para seus sinais e sintomas, propiciando a abordagem


do particular e do individual.

No final deste século, após a Revolução Francesa

aumenta a urbanização dos países europeus e ascende o sistema fabril

aparece

explicação social na causalidade das


doenças

relacionada com as condições de vida e trabalho das populações


METADE DO SÉCULO XIX
conseqüências danosas do trabalho
na fábrica e dos cortiços industriais

forçaram a atenção

médicos, escritores, economistas


e funcionários públicos

França era o país mais avançado


em teoria política e social,
permeando a medicina francesa
com o espírito de mudança social.

Deste cenário emerge a idéia de


“Medicina Social” (Guérin em 1848,
Inglaterra)
FINAL DO SÉCULO XIX
Descobertas bacteriológicas na
metade do século XIX

idéia das partículas externas que


podem provocar o aparecimento
de doenças

concepções sociais dão lugar


ao agente etiológico

terreno fértil para o desenvolvimento


industrial, com a produção de
fármacos e imunizantes.

Pasteur (1822-
1895)
FINAL DO SÉCULO XIX

PARADIGMA
BIOLOGICISTA

cada doença tem o seu


conceito de unicausalidade
agente etiológico
ÍNICIO DO SÉCULO XX

Teoria ecológica de doenças infeciosas

demonstrando

interação do agente com o hospedeiro

As redes multicausais suplantam a


unicausalidade

modelo ecológico multicausal


Evolução histórica das concepções e teorias
explicativas do processo saúde-doença
Pré- Antigüidade Idade Média Séculos XVI e Século Século XIX -
História XVII XVIII XX
Renascimento
Concep- Paradigma Explicação Teoria Explicação Paradigma
ção Ambientalista Religiosa do Miasmática social do Biologiscista
Mágico- PSD PSD
religiosa
Princípios Partículas Unicausa-
hipocráticos Abandono invisíveis lidade
(Grécia, 400 dos princípios produzem
hipocráticos doença
a.C.) Multicausa-
Explicações lidade
racionais do Influência do Negação do
PSD Cristianismo Paradigma
Ambientalista Negação da
Importância explicação
do Negação do social do PSD
ambiente na paradigma
ambientalista
causalidade
das doenças
Bases
empíricas
Fatores determinantes da doença

Endógenos: são inerentes ao organismo e


estabelecem a receptividade do organismo.
 Herança genética;
 Anatomia e fisiologia do individuo;
 Estilo de vida.
Exógenos: fatores que dizem respeito ao ambiente.
 Determinantes:
 biológicos;
 Físico;
 Social.
Determinantes ambientais

Fatores Físicos e químicos: Manifestam-se com igual


intensidade tanto com relação ao agente como ao hospedeiro e
respectivos vetores, favorecendo ou desfavorecendo a atuação desses no
processo da doença.
Fatores Climáticos: os mais importantes determinantes físicos
dos padrões de ocorrência de doenças. Afetam os hospedeiros, as
populações de vetores e de agentes biológicos de doenças, parasitas,
quando estão em vida livre. Podem acarretar agravos a saúde de
animais jovens e recém-nascidos, por serem sensíveis ao frio, ao calor e
à desidratação.
Fatores Biológicos: Incluem diferentes espécies de
vertebrados e invertebrados – favorecendo ou prejudicando o processo
de doença. Algumas espécies de vertebrados podem desempenhar o
papel de reservatórios assintomáticos, favorecendo a transmissão da
doença para população de maior suscetibilidade. Ex.: Os morcegos,
para a raiva e os roedores, para a leptospirose. Algumas situações o
agente necessita da interação de diferentes espécies de hospedeiros
vertebrados para completar seus ciclos vitais EX: Taenia solium (suíno
e homem)
Fatores Sócio-econômico- culturais

 O homem como fator interferente nas interações do ecossistema –


Determinante da doença.
 Alterando o ambiente pode promover o aparecimento de condições para
o desenvolvimento de doenças.
 O homem pode prevenir ou controlar situações potencialmente
perigosas introduzindo no momento oportuno, utilização de drogas,
vacinas, controle de movimentação de animais e produtos, sacrifício,
quarentena, etc.
 O homem também pode influenciar a frequência da ocorrência das
doenças dos animais, zoonoses, introduzindo ou disseminando seus
agentes nas propriedades onde transita, como visitante, como
comerciante, empregado, veterinário e outros.
 O homem também é responsável pela degradação do ecossistema se
tornando a fonte principal poluidora.

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