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PROCESSO SAÚDE DOENÇA E


HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
Modelos Explicativos Processo Saúde - Modelo Processual - História Natural da
Doença Doença (Leavell e Clarck)
• Modelo mágico-religioso ou xamanístico; • Curso da doença sem intervenção humana;
• Modelo grego ou hipocrático - Teoria dos • Dois períodos : pré-patogênese e patogênese;
humores; • Pré-patogênese: período de saúde no ambiente
• Teorias dos Miasmas; gerador da doença;
• Teoria dos Germes / bacteriológica (unicausal); • Patogênese: fase pré-clínica ou patogênese
• Modelo Ecológico : tríade ecológica - agente, precoce; fase clínica (cruza o horizonte clínico:
hospedeiro e ambiente. doença precoce discernível, doença avançada,
decorrência final).

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• Saúde e Doença têm difícil conceituação. Há os 04 humores e destes com os 04 elementos
uma diversidade de definições e concepções de constituintes do mundo: ar, fogo, terra e água;
Saúde-Doença; • Importância atribuída ao ambiente na causalidade
• Identificar e entender acerca dos motivos pelos da doença;
quais indivíduos e populações adoecem são temas • Vertente dinâmica/fisiológica de causalidade:
centrais da Epidemiologia; doença resulta de desequilíbrio que pode ser
• Vamos revisar os principais modelos explicativos provocado por alguma alteração do ambiente
para a Saúde e a Doença ao longo da História físico externo;
da Humanidade e também as concepções de • Teoria reforçada pela idéia de autorregulação -
causalidade e modelos para representar os homeostase do século XIX (Claude Bernard).
agentes/fatores etiológicos.
1.3 Teoria dos Miasmas;
1.1 Modelo mágico-religioso ou
• Traz a ideia de “mau ar”;
xamanístico • Miasmas: emanações no ar proveniente de
• Saúde é dádiva e Doença como castigo dos regiões insalubres - gases decorrentes da
Deuses: pecado-doença e redenção-cura; decomposição da matéria orgânica - inalação
• Predominante na antiguidade (Mesopotâmia, desses gases causavam as doenças;
Egito); • Tentativa de explicar a ocorrência das diversas
• Causas das doenças eram derivadas tanto de epidemias que ocorreram na Europa / Período
elementos naturais como espíritos sobrenaturais do Renascimento.
(introdução de maus espíritos no corpo por
deuses, demônios - vertente ontológica da 1.4 Teoria dos Germes/dos Micróbios/
causalidade); Bacteriológica
• Idade Média europeia: influência da religião cristã
manteve a concepção da doença como resultado
• Advento da bacteriologia (trabalhos de Pasteur
e Koch) no século XIX enfraquece a teoria dos
do pecado e a cura como questão de fé.
miasmas;

1.2 Modelo Hipocrático (Teoria dos Hu-


• Teoria hegemônica a partir do final do século XIX;
• Relaciona-se com concepção unicausal e
mores) ontológica: Há relação causal, linear, entre o agente
• Modelo empírico-racional; etiológico simples ou micróbio proveniente do
• Saúde como estado de equilíbrio vital, doença meio externo e a doença;
como descompensação e cura como sinônimo de • Indivíduo Infectado - Micróbio - Indivíduo
estabilização; suscetível;
• Teoria dos Humores: Hipócrates postulou a • A teoria bacteriológica ao reforçar a concepção
existência de quatro fluidos (humores) principais unicausal contribui para fortalecer o Modelo
no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Biomédico, modelo predominantemente
A saúde era baseada no equilíbrio perfeito entre curativista, hospitalocêntrico, cuidado centrado na

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figura do médico e de abordagens mais no âmbito • “Saúde é o estado de completo estado de bem-
individual, resultando em um cuidado fragmentado. estar físico, mental e social e não mera ausência
de doença ou enfermidade.” (OMS, 1948);
1.5 Modelo Ecológico - A Tríade Ecológica • É uma definição abrangente, de difícil
operacionalização, refletindo uma situação
• Popular em meados do século XX;
• A saúde é o resultado do equilíbrio dinâmico entre o ideal a ser alcançada;
indivíduo - ou populações humanas - e o ambiente • A partir disso, inicia-se o processo para
no qual ele se insere; entender a doença como resultado de várias
causas (abordagem multicausal), visualizada
como um processo.
• Processo Saúde-Doença: a saúde e a doença
partes integrantes de um processo contínuo;
• Dentro do modelo processual há dois
modelos hoje muito lembrados: o Modelo da
História Natural da Doença e o Modelo da
Determinação Social do Processo Saúde-
Doença (modelo sistêmico, dinâmico, complexo
e multidimensional que será abordado em
outro momento).
• A doença seria fruto do desequilíbrio no
processo de interação entre os seres humanos
1.7 História Natural da Doença (Lea-
e o ambiente.
• É limitado para explicar a ocorrência de doenças vell & Clark, 1976):
não-infecciosas e por dar a mesma importância • “A HND é o conjunto de processos interativos
para os seus três componentes na explicação da que criam o estímulo patológico no meio
ocorrência das doenças. ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando
pela resposta do homem ao estímulo, até as
1.6 Modelo Processual: Processo Saúde- alterações que levam a um defeito, invalidez,
-Doença recuperação ou morte.”:
• Diante disso, a história natural é a evolução do
• Em 1948, a Organização Mundial de Saúde, processo, sem intervenção para alterar o curso;
implementa uma concepção mais abrangente da
• Ainda, é passível de ser aplicada nos níveis
saúde, incluindo as dimensões mental e social:
individual e coletivo/populacional.

Fonte: Adaptado de Almeida Filho, Rouquayrol, 2006.

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• Demonstra 2 períodos/fases: pré-patogênico e • Patogênese:


patogênico: • As interações entre o estímulo patogênico
• Pré-patogênico e Patogênico: O marco que e o indivíduo decorrem nas alterações
divide as etapas mencionadas acima é o início fisiopatológicas que levam aos sinais e
da interação entre os agentes etiológicos, o sintomas;
ambiente e o hospedeiro; • É subdividido em período pré-clínico e clínico. O
• Previamente ao início da interação, há o estado “horizonte clínico” determina o surgimento dos
de saúde – Pré-patogênese; sinais e sintomas;
• Posteriormente ao início da interação, há o • Período pré-clínico: Patogênese precoce e Fase
estado de doença – Patogênico. assintomática;
• Período de Pré-patogênese: • Período clínico: Atravessa o horizonte clínico, ou
• Indivíduo com saúde; seja, os processos mórbidos são reconhecíveis
• Dá-se anteriormente à instalação do processo e determinam o foco das ações terapêuticas.
fisiopatológico; • Ainda, no período clínico, podem ocorrer diversas
• Contudo, as condições para o surgimento da fases evolutivas:
doença estão no ambiente e no patrimônio • Doença precoce discernível;
biológico do indivíduo. É o “ambiente gerador da • Doença avançada;
doença”; • Decorrência final – cronicidade, sequelas/
• Condições intrínsecas do sujeito X deficiências/incapacidades/invalidez, cura ou
condicionantes ecológicos e socioeconômicos- óbito;
culturais; Instalam uma configuração favorável à • Na HND, o espectro pode ser todo perpassado,
instalação da doença. ou não - depende da doença.1

2. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E AS


INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS
• As investigações epidemiológicas e os estudos são 2.2 Período de patogênese:
determinados pelo momento clínico da doença;
• Pesquisas clínicas envolvendo testes
diagnósticos e o tratamento;
2.1 Período de pré-patogênese:
• Ensaios Clínicos Randomizados (ECR).
• Estudos epidemiológicos para a investigação
das causas das doenças e dos agravos -
Estudos transversais e analíticos – Caso-
controle/coorte.

3.HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA


E OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO
• O conhecimento da história natural da doença • Prevenção terciária: reabilitação e ajuste ao
permite a determinação da intervenção!; ambiente social.
• As etapas da HND podem ser assim, • Assim, é possível sistematizar os conceitos
interrompidas, seja naturalmente ou por uma de promoção, prevenção, cura e reabilitação,
intervenção. componentes da integralidade horizontal.

3.1 Medidas que atuam na fase de pré-


-patogênese:
• Prevenção primária;
• Promoção da saúde;
• Proteção específica.
3.2 Medidas que atuam na fase de pato-
gênese:
• Prevenção secundária: diagnóstico precoce,
tratamento imediato e limitação da
incapacidade;

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