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QUÍMICA

I
PROF.A ELISA RAFAELA
BONADIO BELLUCCI
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

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Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
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sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
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SUMÁRIO
AULA 01 INTRODUÇÃO À QUÍMICA 05

AULA 02 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E TABELA PERIÓDICA 17

AULA 03 PROPRIEDADES PERIÓDICAS E LIGAÇÃO QUÍMICA I 28

AULA 04 LIGAÇÃO QUÍMICA II - FORÇA INTERMOLECULAR 39

AULA 05 INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA 50

AULA 06 FUNÇÕES INORGÂNICAS 62

AULA 07 TEORIA ATÔMICO-MOLECULAR E REAÇÕES QUÍMICAS 73

AULA 08 REAÇÕES QUÍMICAS EM SOLUÇÃO AQUOSA 85

AULA 09 SOLUÇÕES E SOLUBILIDADE 96

AULA 10 CINETICA E EQUILIBRIO QUÍMICO 106

AULA 11 EQUILÍBRIO QUÍMICO II 118

AULA INTRODUÇÃO À QUÍMICA EXPERIMENTAL 129


PRÁTICA 1

AULA PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURA 135


PRÁTICA 2

AULA MOLÉCULAS POLARES E APOLARES 139


PRÁTICA 3

AULA PREPARAÇÃO E DILUIÇÃO DE SOLUÇÃO 141


PRÁTICA 4

AULA ÁCIDOS, BASES E SAIS 145


PRÁTICA 5
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INTRODUÇÃO

A disciplina de Química Geral é composta por aulas teóricas e práticas a fim de


apresentar ao aluno os fundamentos relacionados à química. Os conhecimentos
adquiridos servirão de base para as demais disciplinas do curso de Engenharia Civil,
pois será apresentada a linguagem empregada na Química e ensinado como respeitar
as regras, convenções e notações, além disso, os conhecimentos adquiridos servirão
para melhorar o raciocínio químico e a atuação profissional do aluno egresso.
Por que devemos estudar química? Simplesmente pelo fato de que há Química
em tudo que nos cerca. O estudo da Química torna possível melhorar a qualidade
de vida das pessoas, pois através dela podem ser desenvolvidos novos materiais
para indústria, novos equipamentos, remédios eficientes e tratamentos para certas
doenças, aumentando a expectativa de vida. A Química é empregada na conservação de
alimentos, na agricultura, na construção civil, na indústria farmacêutica e de cosméticos,
entre outras centenas de processos. Saber sobre química é mais do que apenas
memorizar conceitos e fórmulas, mas saber aplicar os conhecimentos aprendidos no
seu cotidiano de forma a preservar o meio ambiente e contribuir para a construção
de um mundo melhor.
Durante este curso, serão apresentadas as teorias atômicas, a tabela periódica e suas
propriedades, estudo da matéria com suas transformações e propriedades. Portanto,
ao final deste curso, você, aluno, será capaz de utilizar a tabela periódica, identificar
ligações químicas entre átomos e intermoleculares, correlacionar as ligações químicas
com as propriedades das substâncias, representar fórmulas químicas, identificar os
tipos de substâncias orgânicas e inorgânicas, as reações químicas. Também será
possível entender os conceitos de mol, massa atômica, massa molecular. Durante as
aulas práticas, experimentos serão conduzidos para melhorar a fixação dos conceitos
aprendidos em aulas teóricas.

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AULA 1
INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Fonte: https://pixabay.com/photos/periodic-system-chemistry-medical-3014163/

1.1. A importância da química e do estudo científico

As substâncias químicas formam tudo que está à nossa volta, entre elas, nossas
roupas e nosso corpo. O conhecimento sobre as substâncias químicas do corpo humano
nos ajuda a entender suas doenças e procurar suas curas, devido a este conhecimento,
vivemos mais, visto que as doenças passaram a ser geradas a partir do momento
que todo o processo que as envolvia foi compreendido. A química, conhecida como
“ciência central” é importante em todas as frentes do estudo científico e é útil na
compreensão de outras disciplinas como Biologia, Geologia, Ciência dos Materiais, a
própria Medicina, Física e, em especial, para este curso, as Engenharias.
Mas, do que se trata a Química? Química é a ciência que estuda os conceitos da
matéria, entre eles, suas propriedades, estruturas e transformações. Já a matéria é
conhecida como tudo aquilo que ocupa espaço e tem massa. Estamos constantemente
em contato com a matéria. No entanto, há coisas que podemos observar (enxergar)

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e que não é matéria, a luz é um exemplo, pois podemos enxergá-la, mas não possui
massa, portanto não é considerada matéria.
A química é estudada através da observação de experimentos de medida de
propriedades de substâncias químicas e suas reações. Através desse experimento é
elaborado um modelo que tenta explicar o que foi observado pela organização dos
dados obtidos, mais conhecido como método científico. Nestes modelos, inicialmente, é
criada uma hipótese sobre um fato baseado em experiência direta que pode ser rejeitada
ou sustentada através da análise dos dados. Quando a hipótese é confirmada, nasce
uma teoria. Entretanto, essa teoria não é uma verdade absoluta, visto que os cientistas
entendem que suas observações podem ser derrubadas por novas explicações. Se
novos fatos são descobertos e se opõem à teoria existente ou a teoria não passa em
novos testes, ela pode ser eliminada ou atualizada. As teorias são constantemente
testadas, algumas foram tão estudadas que se tornaram refinadas ao ponto de serem
denominadas leis.

1.2. A Matéria

A matéria é estudada através de suas mudanças, e essas variações podem ser físicas
ou químicas. As propriedades físicas são aquelas que podemos medir sem alterar
a natureza do material, como por exemplo, massa e densidade. Já as propriedades
químicas referem-se aos tipos de variações químicas que a substância pode sofrer,
como por exemplo, corrosão e combustão.

ANOTE ISSO

Massa é medida através do uso de balança por meio de comparação do objeto


com algum padrão. Densidade é a razão entre a massa do objeto e o volume que
ele ocupa.

Densidade ()g
__
L
=
massa (g)
__________
volume (L)

A matéria pode ser encontrada na natureza em três diferentes estados ou fases:


sólida, líquida ou gasosa (Figura 1.1).
Os sólidos são rígidos e preservam sua forma mesmo quando colocados em
recipiente, apresentando forma e volume fixos. Apresentam estrutura extremamente

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organizada e suas partículas não possuem velocidade, apenas vibram em posições


fixas;
Os líquidos também possuem volume fixo, no entanto, são fluídos, ou seja, suas
partículas apresentam velocidade e se adaptam ao recipiente no qual foi colocado
assumindo sua forma. A estrutura de líquidos são mais ou menos organizadas;
Os gases, embora fluídos como os líquidos, possuem a capacidade de expandir-se,
ocupando todo volume do recipiente, pois as partículas se movimentam em todas as
direções com alta velocidade e sua estrutura é completamente desorganizada.
A teoria cinético-molecular da matéria diz que toda matéria consiste em partículas
extremamente pequenas (átomos, moléculas ou íons) que estão em constante
movimento. Muitas vezes a matéria é uma mistura de substâncias químicas e contém
um número limitado de elementos.

Figura 1.1 – Representação das partículas da matéria nos estados sólido, líquido e gasoso.
Fonte: Feitosa, Barbosa, Forte (2016).

Os átomos são partículas pequenas ao ponto de não poderem se tornar menores.


Moléculas são grupos de átomos unidos através das ligações químicas (que serão
estudadas ainda neste curso) formando uma unidade com propriedades distintas do
átomo. Em um sistema particulado é possível observar a matéria a nível microscópico
e atingir o nível das partículas que a compõem como átomos e moléculas.

1.2.1. Substâncias puras e Misturas

As substâncias puras são um tipo de matéria formada por unidades químicas


iguais, sejam átomos ou moléculas e, por isso, possuem um conjunto de propriedades
únicas e características que possibilitam ser identificadas e reconhecidas. Exemplos de
substâncias puras: água, etanol, prata. As substâncias puras podem ser identificadas

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pelo aspecto, odor, sabor, entre outras propriedades, como ponto de fusão e de ebulição
(temperaturas que na pressão atmosférica, materiais sólidos se tornam líquidos e
líquidos se tornam gases, respectivamente). Uma outra característica da substância
pura é que esta não pode ser separada em duas ou mais espécies diferentes a
temperaturas ordinárias.
As misturas possuem duas ou mais substâncias puras que mantêm suas
propriedades características e que podem ser separadas por técnicas físicas.
Exemplos de misturas: ar, leite, cimento, etc. As misturas podem ser classificadas
como homogênea e heterogênea. Quando duas ou mais substâncias se encontram
na mesma fase, tem-se uma mistura homogênea, também conhecida como solução.
Quando dissolvemos uma colher de açúcar em água e a composição da mistura é
a mesma em toda extensão da solução, então temos uma mistura homogênea. O
mesmo não ocorre quando misturamos limalha de ferro com grãos de areia, pois eles
se mantêm separados, portanto, trata-se de uma mistura heterogênea. As misturas
heterogêneas são aquelas em que a mistura não é uniforme em sua composição. Outro
exemplo de mistura heterogênea, mas que nesse caso parece uniforme aos olhos, é o
leite, pois mesmo parecendo ter uma textura lisa, uma aproximação revelaria glóbulos
de gordura e de proteínas no líquido em composição diferente por sua extensão.
As misturas, como dito anteriormente, podem ser purificadas, ou seja, podemos
separar seus componentes por meio de técnicas físicas como filtragem, no caso de
uma mistura heterogênea de água com areia ou com o uso de ímã, quando se tem uma
mistura de areia com limalhas de ferro. Tratando-se de misturas homogêneas, como
é o caso da solução de água com açúcar, pode-se utilizar técnicas de aquecimento,
evaporação até a secura e condensação do vapor.

ISTO ESTÁ NA REDE

Assista a este vídeo e entenda melhor como ocorre a separação de misturas


homogêneas por destilação simples e fracionada. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=qBZ2tngUQGk. Acesso em: 10/08/2021.
Assista a este vídeo e conheça diferentes técnicas para separação de misturas
heterogêneas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fDK2N-FvwI0.
Acesso em: 10/08/2021.

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1.2.2. Elementos e compostos

Elementos e compostos podem constituir uma substância. Elemento é o termo


utilizado para designar uma substância que não pode ser reduzida ou separada a uma
substância mais simples e são representados por símbolos do alfabeto pelos cientistas
(sempre com a primeira letra em maiúsculo e a segunda em minúsculo, por exemplo,
Ag) e podem ter origem do latim (aurum, Au – ouro) ou, em sua grande maioria, do
inglês. Os elementos são compostos por átomos de apenas um tipo, portanto, o átomo
é a menor partícula de um elemento.
Quando há uma substância pura composta por átomos de dois ou mais elementos
a chamamos de composto químico e suas novas propriedades (cor, dureza, ponto
de fusão, etc.) substituem as propriedades originais dos elementos. A composição
do composto pode ser representada pelas fórmulas químicas, como por exemplo a
água, representada pela fórmula H2O (hidrogênio, H, é seguido do subscrito 2 que se
refere ao número de átomos de hidrogênio na molécula e o símbolo de oxigênio, O,
aparece sem subscrito indicando que há apenas um átomo de oxigênio na molécula).

1.3. Estrutura atômica

1.3.1. Modelos atômicos

Modelo Atômico de Dalton (Bola de bilhar)


Fonte: https://pixabay.com/photos/eight-ball-8-ball-8-ball-eight-3721944/

No final do século V a.c., um filósofo grego de nome Demócrito, acreditava que


toda matéria era formada por partículas muito pequenas e indivisíveis e as chamou
de átomo, que no grego significa indivisível. No entanto, essa teoria era baseada em

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crenças. Foi em 1808, que o químico inglês, John Dalton, apresentou a teoria baseada
em evidências de que:
1. a matéria é formada por pequenas partículas indivisíveis (átomos);
2. os átomos de um mesmo elemento são idênticos e possuem as mesmas
propriedades químicas, massa e tamanho;
3. os compostos químicos são formados por átomos de dois ou mais elementos
químicos e em qualquer composto a razão entre os números de átomos de
quaisquer elementos são constantes e quase sempre números inteiros;
4. reações químicas resultam apenas em rearranjo, separação ou combinação de
átomos, estes não aparecem e desaparecem, nem mesmo se transformam em
outro elemento e, por fim,
5. as moléculas são uma combinação de átomos que agem como uma unidade.

Para Dalton, os átomos eram esferas maciças e indivisíveis como bolas de bilhar.

Modelo de Thomson

No início do século XIX, cientistas verificaram que a eletricidade causava


transformações químicas. Dos experimentos realizados pôde-se concluir que a matéria
possuía algum caráter elétrico. Com a descoberta de elementos que emitem raios
também se descobriu a radioatividade e estes raios foram chamados de radioativos.
Um estudo realizado em tubos de descarga de gás, conhecido como Tubo de raios
catódicos, trouxe evidências de que o átomo era constituído de partículas menores
através dos efeitos da corrente elétrica. Nestes tubos, o ar era removido quase totalmente
e em cada uma de suas extremidades havia um pedaço de metal que funcionava
como eletrodos. Quando os tais eletrodos eram submetidos a uma voltagem elevada,
uma descarga elétrica que fluía do cátodo (eletrodo negativo) para o ânodo (eletrodo
positivo) era observada. Essas descargas foram denominadas raios catódicos.
Sir Joseph John Thomson foi quem concluiu que o átomo não era uma partícula
indivisível por meio desses experimentos utilizando os raios catódicos. Para Thomson,
o átomo era composto por partículas ainda menores que possuíam carga e foi a
partir daí que surgiu o primeiro modelo atômico baseado na existência de uma massa
carregada positivamente incrustada com cargas negativas, chamadas de elétrons.
Thomson comparou este modelo a um pudim de passas.

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Figura 1.2 – Representação do modelo atômico de Thomson.


Fonte: Modificado de https://br.pinterest.com/pin/340303315594463073/.

Modelo de Rutherford

De 1907 a 1911, o físico Ernest Rutherford testou o modelo de Thomson através de


experiências que ajudaram a entender melhor a estrutura do átomo. Sendo o átomo
eletricamente neutro, partículas carregadas positivamente existiam para que a carga
líquida do átomo fosse zero, visto que os elétrons possuem carga negativa. Através
de experimentos no tubo de descarga, observou-se que a massa dessas partículas
positivas era muito maior que as do elétron. Rutherford as chamou de prótons e as
considerou partículas fundamentais da estrutura atômica.
No modelo atômico de Rutherford, o átomo possui um núcleo central que concentra
praticamente toda massa do átomo, este núcleo contém cargas eletricamente positivas
(prótons) e é envolvido por uma nuvem de partículas negativas (elétrons). O modelo
de Rutherford podia ser comparado ao nosso sistema solar onde o núcleo seria
representado pelo sol, enquanto os elétrons seriam os planetas. Foi em 1932, que
um aluno de Rutherford descobriu a existência de uma partícula pesada, com massa
pouco maior ao próton, e sem carga a qual chamaram de nêutron, estas partículas
estariam localizadas no núcleo junto aos prótons.

Teoria de Bohr

Até aqui vimos que os prótons e nêutrons se encontram no núcleo do átomo e


os elétrons em um espaço ao redor do núcleo. Mas, como os elétrons se distribuem
nesse espaço extra nuclear? Niels Bohr, em 1913, descobriu que a energia que os
elétrons possuíam para se movimentar ao redor do núcleo tinham valores específicos

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e que a menor energia possível é o estado fundamental. Ele sugeriu que o elétron
se movesse ao redor do núcleo em órbita circular. No entanto, o elétron só poderia
ocupar determinadas órbitas ou níveis de energia, nos quais ele é estável. Cada nível
de energia passou a ser representado pela letra n e um número inteiro foi utilizado
para enumerá-las (1,2,3...) de dentro para fora. Nas próximas aulas este assunto será
melhor estudado, mas, por hora, tem-se que ter claro que os elétrons estão distribuídos
em diferentes camadas ao redor do núcleo do átomo.

ANOTE ISSO

Resumo das Teorias:


Dalton: o átomo é a menor partícula da matéria, maciço e indivisível;
Thomson: átomo divisível, com uma massa carregada positivamente incrustada de
partículas negativas (elétrons);
Rutherford: o átomo possui núcleo - com prótons (com carga positiva) e nêutrons
(partículas neutras) - e uma parte extra nuclear onde se encontram os elétrons (com
carga negativa.

1.3.2. Estrutura do átomo

De que são feitos os átomos? Como vimos no modelo atual sobre os átomos, existem
as partículas subatômicas, portanto, o átomo é constituído de prótons, elétrons e
nêutrons. O átomo é formado por um centro pequeno e compacto denominado núcleo
composto por prótons e nêutrons e por uma nuvem dispersa de elétrons conhecida
como eletrosfera.

Figura 1.3 – Representação do átomo.


Fonte: https://pixabay.com/illustrations/carbon-hydrogen-atom-molecule-2222968/

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Em um átomo eletricamente neutro, o número de prótons é igual ao número de


elétrons. Visto que, no próton a carga é positiva e no nêutron, nula, o núcleo possui
carga positiva e representa quase toda massa do átomo (mais que 99,9%). Importante
saber que um elétron tem massa 2 mil vezes menor que um próton ou nêutron e estes
possuem massa semelhante.

Unidade de massa atômica

O átomo é tão leve que representar seu peso em gramas ou quilogramas não é
conveniente, portanto, muitas vezes ela é expressada em unidade de massa atômica.

ANOTE ISSO

1 unidade de massa atômica (u) = 1,6605 10-24 g

Partícula Carga Peso (gramas) Peso (u)


Elétron 1- 9,109383 10-28 0,0005485799
Próton 1+ 1,672622 10-24 1,007276
Neutro 0 1,67492710-24 1,008665
Tabela 1.1 – Propriedades das partículas subatômicas.
Fonte: Kotz et al. (2016, p. 57)

Número atômico (Z)

Todos os átomos podem ser identificados pelo número de prótons e nêutrons que
neles contém. O número de prótons em um átomo é chamado de número atômico,
geralmente representado pelo símbolo Z, e identifica o elemento. Atualmente, são
conhecidos 116 elementos com número atômico entre 1 e 116.

ANOTE ISSO

Na natureza, cada elemento tem um número de prótons específico para ele, ou seja,
não existem diferentes elementos com o mesmo número de prótons.

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Número de massa (A)

O próton e nêutron possuem massa equivalentes a 1 u enquanto a massa do


elétron é muito pequena em comparação às demais partículas subatômicas (Tabela
1.1), portanto, para determinar a massa de um átomo se faz a contagem apenas
dos prótons e nêutrons, e, desta forma, obtém-se o número de massa (A). Em geral,
o número de massa é a soma do número de prótons com o número de nêutrons
existente no núcleo do átomo.

Sabendo o número de massa e o número de prótons podemos identificar o elemento.


As informações sobre a estrutura do átomo abordadas podem ser representadas
utilizando abreviaturas científicas por meio de símbolos, como o mostrado abaixo:

O elemento carbono é representado pela letra C e possui 6 prótons, 6 elétrons


e 6 nêutrons, consequentemente, número de massa igual a 12 e o chamamos de
carbono-12. Representado esse elemento utilizando símbolos, temos:

1.4. Íons

Como já mencionado anteriormente, os átomos são eletricamente neutros, já que


o número de prótons e elétrons são iguais. Quando este número não está igualado,
ou seja, quando há mais ou menos elétrons do que prótons, cria-se uma diferença
de carga e a esta nova espécie deram o nome de íon. Previsivelmente, como o íon já
não é um átomo, estes possuem comportamentos diferentes.

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Ânion é como chamam os íons carregados negativamente, aquele em que o número


de prótons é menor que o número de elétrons. Para a espécie oposta, onde o íon
possui o número de prótons maior que o número de elétrons e consequentemente
carga positiva foi dado o nome de cátion.
A representação desses íons é similar ao átomo, no entanto, deve ser adicionada
a carga como índice no lado superior direito do símbolo atômico. A tabela 1.2 traz
alguns exemplos de cátions ânions e sua nomenclatura. Os cátions têm a palavra “íon”
adicionada anteriormente ao nome do elemento que o origina, enquanto aos ânions
também é adicionado o sufixo –eto ao final.

ANOTE ISSO

O número de prótons no núcleo de um átomo mantém-se sempre o mesmo, não


existe perda ou ganho de prótons. Para formar o íon, o átomo tem que ganhar ou
perder elétrons (carga negativa).

Nome do cátion Símbolo Nome do ânion Símbolo


Íon sódio Na+ Íon fluoreto F-
Íon lítio Li+ Íon cloreto Cl-
Íon potássio K+ Íon brometo Br-
Íon magnésio Mg2+ Íon sulfeto S2-
Íon alumínio Al3+ Íon nitreto N3-
Tabela 1.2 – Exemplos de íons e suas nomenclaturas
Fonte: BROWN, HOLME, 2017.

Um átomo pode perder ou ganhar mais de um elétron, como observado na Tabela


1.2 nos íons magnésio, alumínio, sulfeto e nitreto. Os íons são chamados de íons
monoatômicos quando contêm apenas um átomo. Íons poliatômicos são formados
quando dois ou mais átomos se unem para formar um íon como o íon hidróxido (OH-)
e o íon amônio (NH4+) que contêm dois átomos.

1.5. Moléculas

A molécula é uma combinação de dois ou mais átomos unidos através de forças


químicas ou ligações químicas. Podendo conter átomos de um mesmo elemento ou

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átomos de mais de um elemento unidos em razão definida e de carga neutra, tal qual
os átomos.

Fonte:https://pixabay.com/illustrations/bistriflimide-anion-molecule-model-910304/

ANOTE ISSO

Moléculas não são necessariamente compostos químicos, pois em definição


compostos químicos são formados por dois ou mais elementos. Neste caso, a
molécula de hidrogênio (H2) não é um composto químico pois é formada pelo
mesmo elemento. Diferentemente da água que, como dito no item 1.2.2, possui dois
elementos.

As moléculas podem ser diatômicas ou poliatômicas, na qual as moléculas diatômicas


são formadas por apenas dois átomos iguais (O2, N2, I2) ou diferentes (CO, HCl) e as
moléculas poliatômicas são formadas por mais de dois átomos que também podem
ser do mesmo elemento como o ozônio (O3) ou de elementos diferentes como amônia
(NH3) e a água (H2O).

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AULA 2
DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA
E TABELA PERIÓDICA

2.1. Como os elétrons se posicionam no átomo

O físico Niels Bohr concluiu que os elétrons da eletrosfera não se moviam livremente
ao redor do núcleo, e que ao invés disso, ficavam distribuídos em níveis de energia
ou camadas eletrônicas. Essas divisões da eletrosfera foram representadas por letras
maiúsculas K, L, M, N, O, P, Q e são associadas aos números quânticos principais 1,
2, 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente. Em cada nível de energia (n) há um número máximo
de elétrons que pode ser calculado através da fórmula:
2n2
onde n é o número quântico principal que representa a camada, por exemplo, n=3
representa a camada M. A tabela 2.1 mostra a distribuição dos elétrons na camada.

Camada Número Número de elétrons


e número de elétrons máximo com dos
quântico máximo* elementos conhecidos*
K=1 2 2
L=2 8 8
M=3 18 18
N=4 32 32
O=5 50 32
P=6 72 18
Q=7 98 8
*considerando que até o momento foram descobertos elementos com até 118 elétrons.

Tabela 2.1 – Distribuição dos elétrons nas camadas.

Seguindo um fundamento sobre cargas elétricas, devemos lembrar que as cargas


opostas se atraem e as cargas semelhantes se repelem. Dito isso, os elétrons (-)
localizados nas camadas mais próximas do núcleo (+) possuem baixa energia, pois

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o núcleo os atrai fortemente (exemplo a camada k). Os elétrons mais distantes do


núcleo, em camadas de numeração mais alta, possuem maior energia e são mais
fáceis de serem removidos (exemplo a camada Q).
As camadas são divididas em subcamadas (s, p, d, f, g, h, etc.) em ordem crescente
de energia e, dentro delas, os átomos estão agrupados em orbitais. As orbitais são
regiões do espaço que podem alocar até 2 elétrons. Essas subcamadas também
são associadas a números quânticos secundários ou azimutal (l), no caso, 0, 1, 2 e
3. A Tabela 2.1 mostra a distribuição dos elétrons nas subcamadas. Até o momento,
os subníveis ou subcamadas ocupadas são o s, p, d e f, os demais ainda não estão
ocupados.

Camada e número quântico secundário Número de elétrons máximo*


s=0 2
p=1 6
d=2 10
f=3 14
Tabela 2.1 – Distribuição dos elétrons nas subcamadas.
Fonte: Adaptado de Feltre (2004).

Outra definição importante para conhecermos melhor sobre a distribuição eletrônica


é a do número quântico magnético, representado por m, o qual indica o número de
orbitais em cada subcamada. O número quântico magnético faz relação com o tipo
de orientação do orbital no espaço. Seus valores são números inteiros que variam de
–3 a +3, incluindo o zero.

Tabela 2.3 – Representação gráfica dos orbitais s, p, d e f.


Fonte: Própria autoria.

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Já o spin, representa a direção da rotação do elétron no orbital e, para isso, são


utilizadas flechas para simboliza-los. Lembrando que, nos orbitais pode haver até
dois elétrons e que os elétrons possuem carga negativa, logo, tendem a se repelir.
Para evitar esse fenômeno, elétrons de um mesmo orbital apresentam orientações
opostas de rotação. Quando o elétron está sob a ação de um campo magnético, e sua
rotação é no sentido horário, convencionou-se que o spin possui valor de +½. Caso
a rotação seja no sentido anti-horário, o valor é de –½. Assim, mesmo possuindo
cargas negativas, os elétrons podem estar juntos no mesmo orbital, devido à atração
magnética formada.
Analisando o número de orbitais que cada subcamada pode ter (Figura 2.2), podemos
concluir que:
• s² tem 1 orbital e, por isso, 2 elétrons com spins contrários;
• p6, 3 orbitais e 6 elétrons com spins contrários;
• d10, 5 orbitais e 10 elétrons com spins contrários;
• f14, 7 orbitais e 14 elétrons com spins contrários.

Os números quânticos (número quântico principal, número quântico secundário,


magnético e spin) são uma maneira de mostrar a posição do elétron ao redor do
núcleo, em sentido figurado, seriam as informações do “endereço” do elétron. Já que
os elétrons possuem uma posição específica no átomo.

2.1.1. Configuração ou distribuição eletrônica

A configuração eletrônica ou distribuição eletrônica se trata da descrição dos orbitais


que os elétrons ocupam. Para orbitais que não possuem os dois elétrons, dizemos que
estão incompletos e que são elétrons isolados ou desemparelhados. Para distribuir
os elétrons, devemos seguir algumas orientações:
1. Os orbitais são preenchidos pelos elétrons na ordem crescente de energia;
2. Cada orbital deve acomodar até 2 elétrons;
3. Em cada subcamada, primeiro completamos os orbitais com elétrons com spin
+½, até completar todo os orbitais, e depois voltamos preenchendo os orbitais
com os elétrons de spin -½, como ilustrado na Figura 2.1.

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Figura 2.1 – Configuração eletrônica no estado fundamental (mais baixa energia) para um átomo com 7 elétrons (Nitrogênio).
Fonte: Adaptado de Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Regra_de_Hund).

Para melhor ilustrar essa representação, mais exemplos são mostrados a seguir:

A partir desses exemplos, chegamos à configuração eletrônica condensada:

2.1.2. Distribuição eletrônica de Linus Pauling

De acordo com o químico norte-americano Linus Pauling, os elétrons estão distribuídos


ao longo da eletrosfera respeitando uma ordem energética, que leva em consideração
o nível e o subnível de energia. Linus Pauling esquematizou um diagrama para mostrar
como os elétrons se distribuem, de acordo com a ordem energética, este diagrama
está ilustrado na Figura 2.2.

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Figura 2.2. Diagrama de Linus Pauling e Distribuição eletrônica em ordem crescente de energia.
Fonte: Própria autoria.

Assim, seguindo o diagrama de Pauling, podemos montar a distribuição eletrônica


de qualquer elemento químico, por exemplo os da Tabela 2.4.

Elemento Z Distribuição eletrônica

1s2 2s2 2p6 3s2 3p5


Cl (cloro) 17
K =2; L=8; M=7

1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s2 3d10 4p6 5s2 4d2


Zr (Zircônio) 40
K =2; L=8; M=18; N=10; O=2

1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d8
Pt (Platina) 78
K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 16, P = 2
Tabela 2.4. Distribuição eletrônica de diferentes elementos químicos.
Fonte: Própria autoria.

ANOTE ISSO
É importante lembrar que a soma da distribuição dos elétrons, tanto nos subníveis
como nas camadas, deve resultar no número atômico do átomo ou elemento, como
mostrado no exemplo acima.

ISTO ESTÁ NA REDE


Para saber mais sobre o químico americano Linus Pauling e seus prêmios Nobel
faça a leitura da reportagem indicada. Disponível em: https://revistagalileu.globo.
com/Sociedade/Historia/noticia/2021/02/quem-foi-linus-pauling-e-por-que-o-
quimico-ganhou-dois-premios-nobel.html. Acesso em 13/08/2021.

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2.1.3. Camada de valência

Camada de valência é o nome dado ao nível de energia dos elétrons localizados na


camada mais externa na distribuição eletrônica. Para identificar a camada de valência,
primeiro os elétrons devem ser distribuídos em ordem energética através do uso do
Diagrama ilustrado na Figura 2.2, em seguida, eles devem ser organizados por camadas.
Desta forma, fica mais fácil observar o número de elétrons da camada de valência.
Os elétrons localizados na camada de valência são os responsáveis pelas ligações
químicas e são denominados elétrons de valência, além disso, esses elétrons são
utilizados na estrutura de Lewis.
A Estrutura de Lewis, como o nome já diz, foi a representação elaborada pelo químico
Gilbert Lewis. Esta notação mostra o símbolo do elemento químico rodeado por pontos
iguais representando os elétrons na camada de valência do átomo deste elemento (o
número de pontos é exatamente igual à quantidade de elétrons de valência). O núcleo
e as camadas preenchidas de elétrons do átomo são representados pelo símbolo do
elemento (Figura 2.3). A Estrutura de Lewis será muito importante quando no estudo
das ligações químicas.

Figura 2.3 – Estrutura de Lewis para os átomos dos elementos Bromo, Nitrogênio, Selênio e Cálcio.
Fonte: Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrutura_de_Lewis).

ANOTE ISSO

Não se pode encontrar a camada de valência sem que antes seja feita a distribuição
dos elétrons em ordem crescente de energia

Por volta do ano de 1916, Lewis, em conjunto com o cientista Walter Kossel,
perceberem a existência de um grupo de átomos que se encontravam isolados, e
que não participavam de ligações químicas. A esse grupo foi dado o nome de gases
nobres. Mas, o que isso tem a ver com camada de valência? Pois bem, foi descoberto
que na camada de valência desses átomos havia oito elétrons que a preenchiam,

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com exceção do Hélio (He), que possui 2 elétrons na última camada. A esse fato foi
relacionada a estabilidade desses átomos e essa teoria ficou conhecida como regra
do octeto.

2.1.4. Distribuição eletrônica para íons

Íons são os átomos que ganharam ou perderam elétrons na camada de valência,


pois esses elétrons apresentam maior energia e estão mais distantes do núcleo, assim,
a distribuição eletrônica dos íons se mantém semelhante à dos átomos. No entanto,
para realizar a distribuição eletrônica de um cátion, fazemos primeiro a distribuição
eletrônica do átomo neutro e em seguida tiramos o elétron mais externo, já que o cátion
é resultado da perda de elétrons. Por exemplo: o cálcio tem a seguinte configuração
eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2 4s2 (20 elétrons). O íon cálcio é resultado da perda de
2 elétrons (Ca2+), tendo assim a seguinte configuração eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
(18 elétrons).
Fazemos o mesmo para realizar a distribuição eletrônica de um ânion, porém
adicionamos o elétron. O ânion formado pelo cloro possui distribuição eletrônica igual
a 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5. Quando o cloro recebe um elétron, tornando-se o ânion Cl-, sua
configuração passa a ser: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6. Resumindo, a distribuição eletrônica
consiste em colocar ou retirar elétrons da camada de valência, após feita a distribuição.

2.2. Tabela Periódica

2.2.1. Origem

Por volta dos anos 1930, teve-se a primeira observação de que haviam elementos
com propriedades iguais e números atômicos semelhantes. Os cientistas procuraram
encontrar um padrão sobre esses comportamentos. Em 1864, um cientista inglês
fez uma nova tentativa de organizar os elementos, onde os elementos químicos
com propriedades similares foram distribuídos em linhas horizontais contendo sete
elementos cada um em ordem crescente de massas, no entanto, essas ideias foram
rejeitadas, mas foram consideradas as precursoras das ideias de Mendeleev, anos
mais tarde.

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Mendeleev foi quem, em 1869, desenvolveu a tabela periódica que é utilizada até
hoje (Figura 2.4). Nesta tabela, os elementos foram distribuídos em ordem crescente
de massa atômica, iniciando com o hidrogênio. Observou-se uma periodicidade e uma
regularidade quando os elementos foram organizados, dando o nome de lei periódica.
O mais interessante da tabela de Mendeleev foi sua ideia em deixar espaços vazios na
tabela, como se previsse que novos elementos existentes fossem descobertos, o que
realmente aconteceu. A tabela periódica ajudou e ajuda até hoje o estudo da química.

Tabela periódica
1 18
1 2
H He
hidrogênio hélio
1,008 2 13 14 15 16 17 4,0026

3 4 5 6 7 8 9 10
número atômico
Li Be 3
B C N O F Ne
lítio berílio Li símbolo químico boro carbono nitrogênio oxigênio flúor neônio
6,94 9,0122 lítio nome 10,81 12,011 14,007 15,999 18,998 20,180
6,94 peso atômico (massa atômica relativa)
11 12 13 14 15 16 17 18
Na Mg Al Si P S Cl Ar
sódio magnésio alumínio silício fósforo enxofre cloro argônio
22,990 24,305 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 26,982 28,085 30,974 32,06 35,45 39,95

19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
potássio cálcio escândio titânio vanádio crômio manganês ferro cobalto níquel cobre zinco gálio germânio arsênio selênio bromo criptônio
39,098 40,078(4) 44,956 47,867 50,942 51,996 54,938 55,845(2) 58,933 58,693 63,546(3) 65,38(2) 69,723 72,630(8) 74,922 78,971(8) 79,904 83,798(2)

37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
rubídio estrôncio ítrio zircônio nióbio molibdênio tecnécio rutênio ródio paládio prata cádmio índio estanho antimônio telúrio iodo xenônio
85,468 87,62 88,906 91,224(2) 92,906 95,95 101,07(2) 102,91 106,42 107,87 112,41 114,82 118,71 121,76 127,60(3) 126,90 131,29

55 56 57 a 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86
Cs Ba Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
césio bário háfnio tântalo tungstênio rênio ósmio irídio platina ouro mercúrio tálio chumbo bismuto polônio astato radônio
132,91 137,33 178,486(6) 180,95 183,84 186,21 190,23(3) 192,22 195,08 196,97 200,59 204,38 207,2 208,98

87 88 89 a 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118
Fr Ra Rf Db Sg Bh Hs Mt Ds Rg Cn Nh Fl Mc Lv Ts Og
frâncio rádio rutherfórdio dúbnio seabórgio bóhrio hássio meitnério darmstádtio roentgênio copernício nihônio fleróvio moscóvio livermório tennesso oganessônio

57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
lantânio cério praseodímio neodímio promécio samário európio gadolínio térbio disprósio hôlmio érbio túlio itérbio lutécio
138,91 140,12 140,91 144,24 150,36(2) 151,96 157,25(3) 158,93 162,50 164,93 167,26 168,93 173,05 174,97

89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103


Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr
actínio tório protactínio urânio neptúnio plutônio amerício cúrio berquélio califórnio einstênio férmio mendelévio nobélio laurêncio
232,04 231,04 238,03

www.tabelaperiodica.org
Licença de uso Creative Commons BY-NC-SA 4.0 - Use somente para fins educacionais
Caso encontre algum erro favor avisar pelo mail luisbrudna@gmail.com
Figura 2.4 – Tabela Periódica atual. Versão IUPAC/SBQ (pt-br) com 5 algarismos significativos, baseada em DOI:10.1515/pac-2015-0305 - atualizada em 28 de janeiro de 2021

Fonte: https://www.tabelaperiodica.org.

A Tabela periódica também nos fornece informações importantes e úteis sobre


os elementos químicos, como número atômico (Z) e massa atômica. Observando
a Figura 2.4 vemos a existência de uma legenda, que aproximada torna mais fácil a
visualização de como estão apresentadas estas informações, veja abaixo:

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A massa atômica representa a massa de todos os isótopos de um elemento, portanto,


é calculada através da média das massas dos isótopos de um elemento químico
multiplicado por sua abundância na natureza (média ponderada). Como exemplo,
podemos utilizar o Cloro (Cl) pois existem o cloro-35 e o cloro 37, cuja massa do átomo
corresponde a 34,97 u e 36,97 u e a abundância é de 75,77% e 24,33%, respectivamente.
A massa atômica do cloro é calculada da seguinte forma:

Massa Atômica= (
75,77
_____
100
)(
× 34,97 u +
24,23
_____
100
)
× 36,97 u =35,4527 u

A massa atômica será bastante importante nas próximas aulas, pois é utilizada
para calcular a massa molecular de um composto.

2.2.2. Períodos e grupos – Distribuição dos elementos na Tabela Periódica

Mendeleev organizou os elementos em períodos (linhas horizontais) e simultaneamente


em grupos ou famílias organizadas em colunas (vertical). Os elementos que possuem
propriedades físicas e químicas semelhantes estão alocados em um mesmo grupo
(coluna). No mesmo período, as propriedades variam grandemente entre os elementos,
mas eles possuem o mesmo número de camadas eletrônicas.
A tabela periódica possui 18 colunas que podem ser numeradas de duas maneiras,
a primeira é a numeração contínua de 1 a 18 e a segunda é a identificação com
números de 1 a 8 seguidos das letras A ou B (observa-se a existência de 3 colunas
identificadas como 8B). Os elementos do grupo A são conhecidos como elementos do
grupo principal, enquanto os do grupo B são os elementos de transição. Os períodos
foram numerados de 1 a 7.

2.2.3. Classificação dos Elementos

Os elementos químicos podem ser classificados em metais, ametais ou metalóides


(Figura 2.5).
Metais: elementos químicos que se apresentam no estado sólido em temperatura
ambiente e sob pressão atmosférica, com exceção do mercúrio (que é líquido nessas
condições). Conduzem eletricidade e são bons condutores de calor. O cobre (Cu),
por exemplo, é usado em fios devido a sua condutividade elétrica ser melhor que a
de outros metais. Os metais possuem a capacidade de formar fio (dúcteis), lâmina

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(maleável) e liga com outros metais. Outra similaridade entre os metais é que eles
tendem a doar elétrons formando cátions.
Não metais ou ametais: são menos numerosos que os metais, mas apresentam
significativa importância devido às suas funções na química dos seres vivos, por
exemplo, por formarem as moléculas que constituem o corpo humano. Diferente dos
metais, os ametais não são bons condutores de energia (principal diferença), nem
maleáveis, lustrosos ou dúcteis e, principalmente, formam ânions (tendem a ganhar
elétrons). Alguns amentais são sólidos (como carbono fósforo ou iodo), outros líquidos
(bromo) e dez deles são gases (H, O, N, F, Cl, hélio, neônio, argônio, criptônio e xenônio).
Metalóides ou semimetais: são aqueles elementos difíceis de classificar no grupo
dos metais ou ametais citados acima devido às suas características. Kortz et al.
(2012), em seu livro, definiram os metalóides como elementos que possuíam algumas
características físicas de metal, como o antimônio, que conduz eletricidade como um
metal, no entanto, sua química é similar à de um ametal como o fósforo.

Figura 2.5. Classificação dos elementos da Tabela Periódica.


Fonte: Modificado de https://o.quizlet.com/Cc8l8s3YxrxnNEftip40RQ.png.

2.2.4. Periodicidade

Os grupos, por apresentarem similaridades químicas entre seus elementos, foram


classificados em:
• Metais alcalinos (Grupo 1ª ou coluna 1– exceto hidrogênio): sólidos à temperatura
ambiente e reativos com água formando H2 e soluções alcalinas (hidróxido do
metal);
• Metais alcalinos terrosos (Grupo 2A ou coluna 2): ao reagirem com a água
também formam soluções alcalinas e seus óxidos também formam soluções
alcalinas, por isso alcalino terrosos;

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• Halogênios (Grupo 7A ou coluna 17): grupo de não metais cujos elementos se


apresentam na forma de gases, líquidos ou sólidos. Elementos desse grupo
são os mais reativos e reagem fortemente com metais alcalinos formando sais,
como o cloreto de sódio (sal de cozinha ou de mesa);
• Gases nobres (Grupo 8A ou coluna 18): são gases não tão abundantes na
natureza e pouco reativos.

As propriedades dos elementos se alteram gradualmente conforme sua posição


na coluna, e isso é chamado de periodicidade. Por exemplo, os metais alcalinos são
metais moles e podem ser cortados com uma faca, no entanto conforme “desce” na
coluna, mais mole fica o metal. Ainda, sobre os metais do Grupo A, o ponto de fusão
e ebulição, que já são considerados relativamente baixos, diminuem de cima para
baixo na coluna. A mesma tendência é observada em relação à força em que ocorre
a reação do metal com água, quanto mais abaixo na coluna, mais violenta será a
reação. O ponto de fusão e ebulição dos gases nobres vai diminuindo ao passo que
se desce na coluna. O mesmo comportamento é observado nos halogênios.

ANOTE ISSO

Todos os elementos do grupo 1A são metais, exceto o hidrogênio, que é um não


metal.

2.3. Configuração eletrônica e posição na Tabela Periódica

Quando a Tabela periódica foi construída, não se sabia o porquê das similaridades
entre os elementos da mesma coluna, não havia como explicar. Mas, quando foi
descoberta a configuração eletrônica é que se descobriu que elementos da mesma
coluna possuem a mesma configuração eletrônica na camada de valência, ou a camada
mais externa. Por exemplo, analisemos o grupo 1A, todos têm um elétron na camada
de valência.

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AULA 3
PROPRIEDADES PERIÓDICAS
E LIGAÇÃO QUÍMICA I

3.1. Relações atômicas

Isótopos

Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico que apresentam o mesmo


número atômico (Z), mas o número de massa entre eles é diferente. Os átomos de um
mesmo elemento possuem número igual de prótons e, para que o número de massa seja
diferente, os isótopos também possuem diferente número de nêutrons. Por exemplo, o
elemento carbono tem 6 prótons (como visto anteriormente), no entanto, na natureza
existem carbonos com 6, 7 e 8 nêutrons, resultando em número de massa igual a
12 (mais abundante), 13 e 14 respectivamente. Outro exemplo são os isótopos do
hidrogênio ilustrados na Figura 3.1. Em muitos casos, um ou mais isótopos de um
elemento podem ser radioativos.

3
Figura 3.1 – Ilustração dos isótopos de hidrogênio, conhecidos como A) hidrogênio; B) deutério e C) trítio.
Fonte: Chang (2010).

Isóbaros

Os isóbaros são átomos de diferentes elementos que possuem o mesmo número


de massa (A) e diferentes números de prótons. Como exemplos, temos os elementos
cálcio (Z=18) e argônio (Z=20), e ambos possuem número de massa igual a 40.

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Isótonos

Os isótonos são diferentes elementos que possuem o mesmo número de nêutrons.


Consequentemente, possuem diferentes números de prótons e números de massa.
Como exemplo, podemos citar o boro (A=11; Z=5) e o carbono (A=12; Z=6), pois ambos
possuem 6 nêutrons.

3.2. Propriedades Periódicas

As propriedades periódicas são a periodicidade (tendência) de algumas das


características dos elementos químicos de acordo com sua localização na
Tabela Periódica. Foi observado que semelhanças nas propriedades químicas
de elementos dependem diretamente da configuração eletrônica das camadas
de valência do átomo. Tais propriedades são influenciadas por níveis eletrônicos
mais internos de acordo com o número atômico desses elementos. Resumidamente, as
propriedades periódicas tendem a aumentar ou diminuir razoavelmente com o aumento
do número atômico ao longo dos períodos e dos grupos. Raio atômico ou tamanho
do átomo, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, energia de
ionização, ponto de fusão e de ebulição são as principais propriedades periódicas.

Raio atômico ou tamanho do átomo

O raio atômico se refere ao tamanho do átomo. Quanto maior o número de níveis


de energia ou camadas, maior será o tamanho do átomo. Quanto maior o número de
prótons (número atômico), maior será a força de atração entre o núcleo e os elétrons
do átomo, o que resulta em um raio atômico menor.
Raio atômico pode ser calculado através da distância entre os centros dos núcleos
de dois átomos do mesmo elemento dividido por dois, ou seja, é a metade da distância
entre o núcleo de dois átomos ligados em estado sólido, como mostrado na Figura
3.2A. O cálculo é feito desta maneira porque os orbitais dos átomos não são rígidos,
ou seja, não possuem limites bem estabelecidos para ser feito utilizando apenas um
átomo.

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A) B)
Figura 3.2 - Representação do A) do raio atômico através da metade da distância entre dois átomos do mesmo elemento; B) do tamanho do átomo de
acordo com a posição do seu elemento na Tabela Periódica.
Fonte: https://www.tabelaperiodicacompleta.com/propriedades-periodicas/.

Periodicamente, como mostrado na Figura 3.2B, o tamanho do átomo tende a ser


maior ao longo dos períodos da direita para a esquerda devido à diminuição da força
de atração entre núcleo e elétrons da camada de valência ou mais externos. Nos
grupos observa-se um aumento do raio atômico à medida que estão mais abaixo na
tabela, pois aumenta o número atômico, consequentemente, o tamanho dos orbitais
dos elétrons mais externos aumenta e estes passam mais tempo afastados do núcleo.

Energia de ionização

Energia de ionização é a energia necessária para remover o elétron mais externo de


um átomo no estado gasoso, formando um íon com carga de uma unidade a mais do
que a do estado inicial (exemplo: M (g) 🡪 M+(g) + e-). Quanto maior o tamanho do átomo,
menor será a energia para que isso aconteça. Assim, a energia de ionização aumenta
da esquerda para a direita e debaixo para cima na tabela periódica (Figura 3.3).

Figura 3.3 – Representação da energia de ionização segundo o local que o elemento se encontra na Tabela Periódica.
Fonte: https://www.tabelaperiodicacompleta.com/propriedades-periodicas/.

O aumento da energia de ionização ao longo da fileira se deve ao fato de que os


elétrons mais externos dos elementos dessa fileira estão localizados na mesma camada,
no entanto, o número de prótons no núcleo aumenta ao longo desta mesma fileira,

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resultando em uma força de atração muito maior sofrida pelo elétron na camada de
valência por ação do núcleo, tornado mais difícil sua remoção.

Afinidade eletrônica

A afinidade eletrônica é a variação energética ou energia liberada por um átomo


no estado gasoso ao receber um elétron, formando um íon gasoso. Muitos átomos
da tabela tendem a ganhar elétrons para aumentar sua estabilidade e formar ânions,
liberando energia (reação exotérmica, ΔE<0). Contudo, há átomos que possuem
afinidade energética positiva (reação endotérmica, ΔE>0), ou seja, não formam ânions
estáveis, como é o caso dos gases nobres.
Na tabela periódica, a afinidade eletrônica tende a aumentar com o aumento da força
atrativa entre o átomo e o elétron adicionado a ele, aumentando assim a liberação de
energia. Em resumo, a afinidade eletrônica aumenta ao longo dos períodos, enquanto
nos grupos, aumenta de baixo para cima, como mostrado na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Tendência da afinidade eletrônica de acordo com a posição do elemento na Tabela Periódica.
Fonte: https://www.tabelaperiodicacompleta.com/propriedades-periodicas/.

Eletronegatividade

A eletronegatividade é bastante usada, pois medir a afinidade eletrônica dos átomos


não é simples. Eletronegatividade pode ser definida como a capacidade dos átomos
de atrair elétrons que participam de ligações químicas ou como a tendência dos
átomos de ganhar elétrons na camada valência e se ligar com outros átomos. Na
tabela periódica, a eletronegatividade aumenta de baixo para cima e da esquerda para
a direita (Figura 3.5).

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Figura 3.5 – Tendência eletronegatividade de acordo com a posição do elemento na Tabela Periódica.
Fonte: https://www.tabelaperiodicacompleta.com/propriedades-periodicas/.

ANOTE ISSO

O flúor é o elemento mais eletronegativo, enquanto os gases nobres não participam


de ligações químicas em condições normais por não terem eletronegatividade. O
aumento da eletronegatividade pode ser representado pela escala abaixo:
F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > ... > H ... Metais
A eletronegatividade é uma propriedade importante para o estudo das ligações
químicas.

3.3. Ligação Química

Como aprendido na Aula 1, os compostos químicos são formados por grupos de


átomos ligados. Como ocorre essa ligação? Veremos que essas ligações ocorrem
devido às poderosas forças de atração entre os átomos, conhecidas como ligações
químicas. Por que estudar as ligações químicas? Porque o tipo de ligação que mantém
os átomos de uma substância unidos e a disposição desses átomos em sua estrutura
influenciam nas propriedades destas substâncias químicas.

3.3.1. Fórmula Química

Uma fórmula química descreve o composto de acordo com os elementos que


é constituído. As fórmulas moleculares descrevem a composição atômica de uma
molécula de forma eficiente, como no caso do etileno, representado pela fórmula
molecular C2H4, o que significa que cada molécula dessa substância possui dois átomos

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de carbono e quatro de hidrogênio. A fórmula empírica nos mostra a proporção relativa


entre os elementos presentes, que de acordo com o exemplo do etileno, teria proporção
de 1:2, portanto, a fórmula empírica é CH2. A fórmula empírica nos fornece somente
a relação entre os elementos, por isso, utiliza-se o índice n no inferior da fórmula, da
seguinte forma: (CH2)n.

3.3.2. Regra do Octeto

Em 1916, Gilbert N. Lewis observou que os gases nobres possuíam a camada


de valência preenchida com oito elétrons (com exceção do Hélio que tem camada
de valência preenchida com 2, 1s2). Esta observação explicaria o elevado grau de
estabilidade nas configurações eletrônicas desses gases e, consequentemente, a sua
baixa reatividade.
Participar de reações químicas foi a maneira encontrada pelos elementos químicos
de adquirirem a estabilidade igual à dos gases nobres. É através das reações que
ocorrem o rearranjo de elétrons de valência que são formadas as ligações entre átomos,
e ao final, cada átomo termina com oito elétrons de valência como os gases nobres.
Os elementos químicos podem fazer dois tipos básicos de ligações: as ligações iônicas
e as ligações covalentes.
A regra do octeto é o nome do fenômeno observado no qual os elementos dos
grupos 1A -7A tendem a reagir a ponto de completar a camada de valência com oito
elétrons através do ganho, perda ou compartilhamento de elétrons de outros átomos.

3.3.3. Ligação iônica

Há duas maneiras de o átomo conseguir completar sua camada de valência. Neste


item, estudaremos a forma em que um átomo se liga a outro através da perda ou
ganho de elétrons, tornando-se um íon. Neste caso, a força de atração eletrostática
entre os íons positivos e negativos os mantêm ligados formando um composto iônico.
A esta ligação é dado o nome de ligação iônica, que pode ser definida como a força
de atração que mantém íons negativos e positivos unidos
Para que ocorra essa transferência de elétrons de um íon para outro, o átomo que
doa elétrons deve apresentar menor eletronegatividade que o átomo que o recebe e
a diferença de eletronegatividade entre os átomos tem que ter valor maior ou igual

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a 1,9. No geral, metais doam elétrons facilmente, enquanto os ametais apresentam


alta afinidade eletrônica. A ligação iônica se dá entre metal e ametal e entre metal e
hidrogênio.

ANOTE ISSO

Para facilitar, metais do grupo principal formam cátions com carga numericamente
igual ao número do grupo, por exemplo, o sódio (grupo 1A) forma cátion de carga
+1, enquanto o cálcio (grupo 2A) forma carga +2. Os átomos do grupo 7A e 6A
formam ânions com carga igual à do grupo subtraindo 8.

Lembrando da regra do octeto, podemos afirmar que um átomo com quase oito
elétrons de valência (Grupo 6A e 7A) tende a ganhar elétrons para chegar a oito e assim
atingir certa estabilidade como os gases nobres, formando um ânion. Quando o átomo
possui um ou dois elétrons na camada de valência (Grupo 1A e 2A), ele tende a perder
esses elétrons, também para ficar com configuração eletrônica próxima a de um gás
nobre, formando um cátion.
A exemplo, o cloreto de sódio é formado pelo metal sódio (baixa eletronegatividade)
e o ametal cloro (alta eletronegatividade). Neste composto iônico o único elétron na
camada de valência do sódio (1s2 2s2 2p6 3s1) é transferido para a última camada do
cloro (1s2 2s2 2p6 3s2 3p5). Utilizando a estrutura de Lewis, temos:

Figura 3.6 – Representação do composto cloreto de sódio através da estrutura de Lewis.


Fonte: Própria autoria.

Sobre os compostos iônicos, como o cloreto de sódio, podemos afirmar que:


• Formam redes de cargas alternadas na forma sólida, ou seja, um arranjo
tridimensional de íons, como mostrado na Figura 3.7;
• Os compostos iônicos são sólidos, com elevado ponto de fusão e ebulição;
• Conduzem corrente elétrica quando em solução como, por exemplo, dissolvidos
em água,

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• Quanto mais diferença eletronegativa entre os elementos, ou seja, quanto mais


distantes na tabela periódica, maior a tendência da ligação iônica entre eles.

Figura 3.7 – Estrutura de um cristal de cloreto de sódio.


Fonte: https://pixabay.com/vectors/crystal-structure-nacl-chemical-148812/.

ANOTE ISSO

Para saber a fórmula do composto iônico formado por íons, coloque o cátion com
sua específica carga antes do ânion, também com sua carga, e então cruze as
cargas. Como mostrado abaixo:

As cargas passam a ser os índices na substância formada. Quando for carga e


índice iguais a 1, podemos deixar subentendido o valor:

Mg2+Cl1- = Mg2+Cl- 🡪 Mg1Cl2 = MgCl2

3.3.4. Ligação Covalente

Diferente da ligação iônica, átomos que possuem baixa diferença eletronegativa


(menor o valor de 1,9) se ligam através do compartilhamento de elétrons. Pois, muitos
compostos químicos possuem elementos pertencentes ao grupo dos não-metais, por
isso, para adquirir a configuração de um gás nobre, estes elementos compartilham seus
elétrons com outro elemento não metálico, de forma a obter um octeto de elétrons.
A ligação covalente se dá quando há o compartilhamento de um a três pares de
elétrons entre átomos formando o chamado composto molecular. Como ocorre esse
compartilhamento de elétrons? Em teoria, cada átomo contribui juntamente com um

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elétron na formação de um par eletrônico que estabilizará esses dois átomos ao mesmo
tempo. Os elétrons compartilhados ficam dispostos entre dois núcleos, levando a uma
atração entre eles. O compartilhamento de um par de elétrons é conhecido como
ligação simples, representada por uma única linha entre os átomos dos elementos.

H • + • H 🡪 H __ H

Observe que, no exemplo acima, o átomo de hidrogênio compartilha seu elétron da


camada de valência com o outro hidrogênio, e assim, vice-versa. Desta forma, ambos
ficam com dois elétrons na camada de valência, tornando-se mais estáveis com a
configuração eletrônica igual à do Hélio (gás nobre).

2 átomos de Hidrogênio Molécula de Hidrogênio


Figura 3.7 – Representação da ligação covalente entre átomos de hidrogênio.
Fonte: Própria autoria.

A ligação covalente ocorre entre ametal e ametal, ametal e hidrogênio e entre hidrogênio
e hidrogênio devido à diferença de eletronegatividade entre esses elementos. De
acordo com o grau de compartilhamento desses pares de elétrons, a ligação formada
pode ser polar ou apolar, e estas estão relacionadas com a diferença eletronegativa
entre os átomos (Tabela 3.1). No geral, na ligação covalente apolar os elétrons são
compartilhados de modo igual, enquanto na polar, este compartilhamento é desigual.

Diferença de eletronegatividade
Tipo de Ligação Mais provável que ocorra entre
entre os átomos ligados

Menos de 0,5 Covalente apolar Dois não metais ou um não


De 0,5 a 1,9 Covalente polar metal e um metalóide

Mais que 1,9 Iônica Metal e não metal


Tabela 3.1 Classificação das ligações químicas de acordo com a diferença de eletronegatividade entre os átomos.
Fonte: BETTELHEIM et al., 2019.

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Ligação covalente apolar

A ligação covalente apolar é uma ligação com pouca diferença de eletronegatividade


entre os átomos ligados, portanto, como mencionado anteriormente, os pares de
elétrons são compartilhados igualmente. No compartilhamento de elétrons entre dois
átomos de hidrogênio (Figura 3.7), ambos se tornaram estáveis, pois os dois elétrons
pertencem a dois átomos ao mesmo tempo.
Neste tipo de ligação, o par de elétrons está localizado exatamente no meio, entre
os núcleos de hidrogênio. O par de elétrons não se move para um lado ou para o outro,
pois a atração do núcleo pelo elétron tem a mesma força. A densidade eletrônica é
igual entre os átomos como mostrado na Figura 3.9.

Ligação covalente polar

A ligação covalente polar é resultado de um compartilhamento desigual de elétrons,


em que o átomo com maior eletronegatividade fica com uma fração maior do elétron
compartilhado (maior densidade eletrônica), adquirindo uma carga parcial negativa
(δ-). Consequentemente, ao átomo de menor eletronegatividade lhe resta uma fração
menor do elétron (menor densidade eletrônica), criando uma carga parcial positiva
(δ+). Esta diferença de cargas cria na molécula um dipolo (dois pólos).
Por exemplo, o flúor é mais eletronegativo que o hidrogênio de acordo com a escala
da eletronegatividade gerada a partir da posição do elemento na tabela periódica.
Portanto, na molécula HF (ácido fluorídrico), o par de elétrons compartilhado fica mais
próximo do flúor (ele atrai mais o par de elétrons que o hidrogênio) e a representação
desse fenômeno pode ser ilustrada como o da Figura 3.9B.

A) B)
Figura 3.9 – Representação da densidade eletrônica de A) ligação covalente apolar entre átomos de flúor (F2) e B) ligação covalente polar entre átomos de
flúor e hidrogênio (HF).
Fonte: https://docplayer.com.br/110624349-Polaridade-das-moleculas.html

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ANOTE ISSO

As ligações iônicas são todas ligações polares. Moléculas formadas por dois
átomos iguais são sempre apolares (F2, H2, O2).

3.3.5. Ligação Metálica

Os átomos de metais possuem grande facilidade em perder os elétrons da camada


de valência e se transformarem em íons de carga positiva, pois metais apresentam
baixa eletronegatividade. Quando sólidos, os átomos dos metais estão agrupados
e ordenados de forma geométrica por unidades repetidas formando uma rede. Os
elétrons cedidos pelos metais se mantêm livres formando uma nuvem eletrônica
dentro do retículo e interagem com os cátions (íons metálicos), resultando no que
chamamos de ligação metálica.

Figura 3.10 – Exemplo de ligação metálica, onde sinais positivos (+) representam cátions e sinais negativos (-) representam elétrons livres flutuando na
nuvem eletrônica.
Fonte: https://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Ligação_metálica.

Os elétrons livres conferem algumas propriedades dos metais, entre elas, boa
condutibilidade elétrica e térmica, maleabilidade, ductilidade, ou seja, podem ser
deformados até que se rompam, pontos de fusão e ebulição elevados, além de
resistência e brilho.

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AULA 4
LIGAÇÃO QUÍMICA II -
FORÇA INTERMOLECULAR

Na aula anterior vimos que existem forças de interação entre os átomos que levam
à ligação entre eles e mantêm a molécula unida.
As forças entre as moléculas também são bastante importantes, pois, ainda que mais
fracas que as ligações químicas em uma molécula, são responsáveis pela organização
da estrutura e das propriedades de matérias no estado condensado (sólido ou líquido).
A estrutura de qualquer sólido cristalino ou amorfo é determinado por essas forças
intermoleculares. Antes de estudar sobre as forças intermoleculares, devemos ter
conhecimento dos conceitos de repulsão entre os elétrons da camada de valência,
geometria molecular e também sobre as polaridades da molécula, originada pelos
dipolos das ligações químicas.

4.1. Força de repulsão e geometria molecular

As propriedades químicas e físicas dos compostos químicos estão intimamente


ligadas à geometria de suas moléculas constituintes. O modelo conhecido como A
Teoria da Repulsão entre os Pares de Elétrons da Camada de Valência (RPECV) é que
permite prever tal geometria baseado na estrutura eletrônica do composto. Esse modelo
se baseia na ideia de que os pares de elétrons da camada de valência, os livres (não
ligantes) e os que estão ligados (ligantes) ficam distribuídos aos pares e se mantêm
afastados parar reduzir a repulsão entre si. A geometria molecular estável tem como
base a geometria eletrônica que minimiza a repulsão entre estes pares de elétrons.
Utiliza-se a estrutura de Lewis para saber quantos pares de elétrons estão associados
ao átomo central (átomo que se une a outros) para, assim, prever a geometria molecular.
As diferentes disposições espaciais possíveis darão origem a diferentes geometrias,
como geometria linear, angular, triangular ou trigonal plana, pirâmide trigonal ou
piramidal e tetraédrica.
Três diferentes situações podem ser encontradas:

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1. Quando todos os elétrons do átomo central se ligam apenas por ligações simples
(compartilha apenas um par de elétrons com cada átomo que o cerca) e não
há nenhum elétron livre (não ligante), temos:
• Geometria linear, quando o átomo central está ligado a dois átomos, por
exemplo quando o berílio (Grupo 2A) forma ligações com o flúor formando
o BeF2 (Figura 4.1A);
• Geometria triangular planar, quando o átomo central possui três elétrons
e estes formam pares compartilhados com outros três átomos que se
posicionam a 120° uns dos outros, como quando o boro forma o BF3 (Figura
4.1B);
• Geometria tetraédrica ocorre quando o átomo central está ligado a quatro
átomos, com quatro pares de elétrons compartilhados, formando ângulo de
109,5°. As moléculas formadas pelo átomo de carbono, por exemplo o CH4,
formam geometria tetraédrica (Figura 4.1C).

A) B) C)

Figura 4.1 – Representação da geometria A) linear; B) triangular e C) tetraédrica.


Fonte: https://descomplica.com.br/blog/materiais-de-estudo/quimica/o-que-e-a-geometria-molecular/. FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

ANOTE ISSO

• A geometria da molécula é determinada pelo número de pares de elétrons


(ligantes e não ligantes) em torno do átomo central;
• Toda molécula formada por dois átomos sempre possui geometria linear.

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2. Quando o átomo central possui pares de elétrons livres que ocupam um lugar
no espaço e influenciam na geometria molécula. Desta forma, temos:
• Geometria piramidal ou pirâmide trigonal, que ocorre na molécula de amônia
(NH3), por exemplo. O nitrogênio possui um par de elétrons livres e três
elétrons estão ligados a três átomos de nitrogênio, neste caso, o ângulo
formado entre ligações entre N e H é 107,5°, pois o par de elétrons livres
ocupa espaço maior que os elétrons compartilhados (Figura 4.2A).
• Geometria angular ocorre quando o átomo central possui dois pares de
elétrons livres enquanto dois pares estão compartilhados. A molécula de
água é um exemplo, pois o oxigênio possui seis elétrons na camada de
valência e, quando formada a molécula de água, dois pares de elétrons não
se ligam (Figura 4.2B).

A) B)
Figura 4.2 – Geometria A) piramidal da molécula de amônia e B) angular da molécula de água.
Fonte: FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

3. Quando há múltiplas ligações, no caso ligações duplas e triplas, a geometria


molecular não é afetada, pois os pares de elétrons das ligações múltiplas ocupam
o mesmo espaço da ligação simples. Um exemplo, mostrado na Figura 4.3A,
seria a molécula de gás carbônico (CO2), pois as duas ligações duplas contam
como ligações simples e, portanto, apresentam geometria linear. No entanto, a
molécula de dióxido de enxofre (SO2) apresenta geometria angular (Figura 4.3B),
pois o enxofre apresenta um par de elétrons livres.

A) B)
Figura 4.3 – Representação da geometria molecular do A) gás carbônico e do B) dióxido de enxofre, ambos com múltiplas ligações.
Fonte: FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

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Por fim, deve-se enfatizar que a geometria molecular é determinada pela distribuição
espacial dos pares de elétrons das ligações existentes e dos pares não ligados ao
redor do átomo central, pois eles exercerão uma força de repulsão nas ligações e
mudarão seus ângulos. A geometria dependerá do número de pares de elétrons do
átomo central.

4.2. Polaridade da molécula

A geometria molecular influencia a polaridade das moléculas e, consequentemente,


as interações intermoleculares. Geralmente, moléculas que são formadas por um átomo
central ligado a grupos iguais localizados à mesma distância de forma simétrica são
apolares. A molécula de CO2 (Figura 4.4), por exemplo, possui ligações CO polares devido
à diferença de eletronegatividade entre carbono e oxigênio, no entanto, a molécula é
apolar pois os átomos de oxigênio estão à mesma distância do átomo central, anulando
a eletronegatividade entre carbono e oxigênio.
A molécula de água, no entanto, é polar, pois sua geometria angular faz com que a
molécula não seja simétrica, gerando um momento dipolar (μ) líquido ou resultante
(Figura 4.4).

Figura 4.4 – Representação das polaridades das moléculas de gás carbônico e água.
Fonte: FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

O momento dipolar (μ) é utilizado como medida para representar a polaridade de


uma ligação e pode ser calculado através da multiplicação entre a carga elétrica (δ)
de cada átomo e a distância (d) entre eles, de acordo com a fórmula abaixo:

μ = d . |δ|

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Trata-se de uma grandeza vetorial que apresenta módulo, direção e sentido e é


indicado por uma seta orientada do polo positivo para o negativo (do menos para o
mais eletronegativo), como mostrado na estrutura abaixo:

Fonte: Adaptado de: https://br.pinterest.com/pin/811140582858497613/.

O momento dipolar resultante (μR), soma de todos os vetores da molécula, é o que


determina se a molécula é polar (μR ≠ 0) ou apolar (μR = 0), como mostrado na Figura
4.5.

Figura 4.5 – Moléculas polar (água) e apolar (tetracloreto de carbono).


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/632966922612019753/.

Molecular apolares
Na ligação covalente diatômica, os elétrons compartilhados são atraídos
simultaneamente pelos dois núcleos atômicos. Quando estas moléculas são formadas
por átomos iguais, a força de atração sofrida será a mesma para ambos e, desta
forma, não haverá formação de dipolo, resultando em uma molécula apolar.
A partir de três átomos, cada ligação com cada átomo deverá ser avaliada e a
soma dos vetores de cada ligação pode gerar um momento dipolar nulo ou não,
mesmo se as ligações entre os átomos forem todas polares. Neste sentido, temos
a molécula BF3, formada por três ligações polares com vetores direcionados para
o flúor, o elemento mais eletronegativo. Como ilustrado na Figura 4.6, a geometria
dessa molécula é triangular e a distribuição dos elétrons ao redor do boro se
mostra de forma simétrica. Desta forma, o momento dipolar resultante é zero,
pois os vetores se cancelam.

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Figura 4.6 – Estrutura da molécula apolar BF3 e momentos dipolar e momento dipolar resultante.
Fonte: Própria autoria.

Moléculas polares
Para que uma molécula seja polar, a soma vetorial dos momentos dipolares das
ligações químicas deve ser diferente de zero. Em moléculas diatômicas, se os átomos
que se ligam são de elementos diferentes, o átomo com maior eletronegatividade
ficará carregado negativamente por atrair uma parcela maior de carga do par de
elétrons compartilhado, enquanto o átomo menos eletronegativo fica com carga
positiva, resultando em uma molécula polar. Para saber se moléculas com mais de
dois átomos são polares, o momento dipolar resultante deve ser calculado.

ANOTE ISSO

No geral, moléculas diatômicas formadas por átomos diferentes são moléculas


polares, uma vez que o momento dipolar não é nulo. Moléculas diatômicas
formadas por átomos iguais são apolares, pois o momento dipolar resultante é igual
a zero.

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4.3. Força intermolecular

Agora que vimos que a molécula pode ser polar ou apolar, ou seja, possui ou não
carga, podemos entender melhor como as moléculas interagem entre si, pois a estrutura
da matéria no estado condensado (sólidos ou líquidos) é determinada pelas forças
de atração ou repulsão de átomos e moléculas.
Estudamos, então, as forças intermoleculares, que nada mais são do que as ligações
entre moléculas de substâncias. Essas forças são consideradas mais fracas que
as ligações químicas entre átomos da mesma molécula, no entanto, são de grande
importância para a estabilidade e equilíbrio da estrutura dessas substâncias.
Lembrando que os compostos iônicos e a maioria dos metais em condições ambientes
estão sempre no estado sólido devido à forte força de atração que existe entre suas
moléculas. E as substâncias covalentes podem ser encontradas nos estados sólido, líquido
ou gasoso nas mesmas condições, pois o estado físico dessas substâncias depende
das forças de atração entre suas moléculas.
Em síntese, as forças intermoleculares variam de intensidade dependendo do tipo
da molécula envolvida (polar ou apolar). As ligações intermoleculares ocorrem entre
apenas moléculas polares, entre moléculas polares e apolares e entre apenas moléculas
apolares. Assim, os tipos de ligação intermolecular são:
Interação dipolo-dipolo ou dipolo permanente, que ocorre entre moléculas polares.
Como visto antes, em ligações covalentes, as moléculas polares se formam através
do deslocamento da densidade eletrônica.
A densidade eletrônica fica maior no átomo mais eletronegativo, polarizando a
molécula e criando dipolos positivos e negativos. Como um imã, o dipolo positivo de
uma molécula atrai o negativo da outra molécula, gerando interação dipolo-dipolo
(Figura 4.7).

Figura 4.7 – Interação dipolo-dipolo entre moléculas polares e iguais e diferentes.


Fonte: FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

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Interação dipolo-dipolo induzido ocorre entre a interação de uma molécula com


dipolo intenso (molécula polar), que seja capaz de induzir a formação de um dipolo
temporário em outra molécula, e uma molécula apolar próxima no espaço. A força
desta interação dependerá do momento de dipolo da molécula polar e da facilidade
que a apolar em deslocar sua densidade eletrônica, que incialmente é igualmente
distribuída, para formação de carga ou dipolo (polarização da molécula). Para que
isso ocorra, os elétrons da camada de valência da molécula apolar não devem estar
fortemente ligados ao núcleo, assim, quanto maior o átomo, mais fácil a indução de
carga. A interação dipolo-dipolo induzido fica melhor explicada através da Figura 4.8.

Figura 4.8 - Interação dipolo-dipolo induzido entre moléculas de água e oxigênio.


Fonte: FEITOSA, BARBOSA, FORTE, 2016.

Interação dipolo induzido-dipolo induzido mantêm unidas moléculas apolares.


Embora a densidade ou nuvem de elétrons seja igualmente distribuída na molécula,
em dado momento essa distribuição se torna desuniforme e gera um dipolo, pois os
elétrons estão constantemente em movimento. Quando este dipolo induz a também
formação de dipolo em outra molécula que esteja próxima a ele, então eles se unem
pela força de atração entre as moléculas formadas. Por fim, estas moléculas se ligam
através da interação de dois dipolos induzidos.
Ligação de hidrogênio ocorre em moléculas fortemente polarizadas, ou seja,
quando há grande diferença eletronegativa. É a mais forte de todas as interações
intermoleculares e os compostos que apresentam este tipo de ligações possuem
elevados pontos de fusão e ebulição. Esse tipo de ligação ocorre quando o hidrogênio
(polo positivo de uma molécula) se liga aos átomos de flúor, oxigênio e nitrogênio de
outra molécula (polo negativo).
A água é um excelente exemplo de substância com moléculas fortemente ligadas
através da interação entre átomos de hidrogênio e oxigênio (Figura 4.9), conferindo a
ela algumas propriedades muito particulares como elevada capacidade calorífica e de
vaporização. Essas propriedades permitem que a água absorva grandes quantidades de
calor, sem sofrer significativo aumento de temperatura, pois a energia fica armazenada
na ligação de hidrogênio.

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ISTO ESTÁ NA REDE

Leia sobre uma pesquisa baseada nas forças moleculares (ligação de


hidrogênio) para desenvolver plástico utilizando proteína isolada de soja, ou
seja, de origem vegetal. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/
tecnologia/2021/06/4930983-pesquisadores-da-inglaterra-desenvolvem-plastico-
feito-com-seda-vegana.html. Acesso em: 18/08/2021.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ligação_de_hidrogênio

Força íon-dipolo é formada na ligação entre um íon e uma molécula com dipolo.
Esta força intermolecular ocorre quando dipolos da molécula são atraídos por cátions
ou ânions. Quanto maior a carga do íon, a intensidade do dipolo e proximidade entres
eles, mais intensa será a força de atração. Por isso, a força íon-dipolo é considerada
a mais forte entre todas as forças intermoleculares.

4.4. Propriedades físicas do líquido devido às forças intermoleculares

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pingo-d-agua-40784/

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As responsáveis pelas propriedades físicas da matéria são as forças intermoleculares.


Quanto maior a força intermolecular, maior a dificuldade que uma molécula terá para
se afastar da outra. O ponto de fusão, por exemplo, é influenciado por essas forças,
sendo maior em substâncias que apresentem interação molecular mais forte. As
forças intermoleculares aumentam em força da seguinte forma:

Para a matéria ser transformada de sólido para líquido e de líquido para gás é
necessário fornecer uma quantidade de energia suficiente para romper as ligações
intermoleculares. Para isso, deve-se saber que a intensidade de energia necessária
está diretamente relacionada com a força de atração entre as moléculas nas fases
condensadas (líquida e sólida).

Pressão de vapor

A pressão de vapor é a pressão que o gás de uma determinada substância exerce


para estar em equilíbrio com o líquido puro em um recipiente fechado. Explicando esse
fenômeno, podemos dizer que as forças intermoleculares mantêm as moléculas de
uma substância unidas mesmo estando em constante movimento e que, entre essas
moléculas, pode haver uma elevada energia cinética capaz de levá-las a superar as
forças atrativas e sair para a fase gasosa.
O aumento de temperatura aumenta a energia cinética das moléculas, tornando-as
mais agitadas. No entanto, é a força de interação entre as moléculas que vai determinar
o quanto de energia será necessário para as moléculas evaporarem. Maior interação
resulta em menos moléculas capazes de escapar, portanto, menor pressão de vapor.
Líquidos com facilidade de evaporação possuem alta pressão de vapor (voláteis).

Ponto de ebulição

O ponto de ebulição de um líquido também depende das forças intermoleculares


e está relacionada com a pressão de vapor, visto que a pressão de vapor aumenta
quando a temperatura aumenta. Bolhas de vapor se formam no interior do líquido

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quando a pressão de vapor e a pressão externa se igualam e o sistema entra em


ebulição. Sendo assim, o ponto de ebulição é a temperatura em que a pressão de vapor
se iguala à pressão atmosférica. Para água, as pressões se igualam ao atingir 100 °C.
Se a pressão externa for menor, a temperatura de ebulição também será menor.
Líquidos com baixa pressão de vapor tem pontos de ebulição altos, ou seja, precisam
atingir temperaturas mais altas para entrarem em ebulição. Em termos de interação
molecular, quanto maior o ponto de ebulição, maior as forças de interação entre as
moléculas.

Tensão superficial

Tensão superficial é o nome dado a um fenômeno que ocorre na superfície de


líquidos, pois as moléculas estão em elevado grau de energia por interagirem menos
que moléculas fora da superfície (sofrem menos forças atrativas por estarem rodeadas
por menos moléculas), desta forma, o próprio sistema reduz o número de moléculas
na superfície devido à alta energia ali presente. É a tensão superficial que explica a
formação de gotas esféricas por líquidos, porque a forma geométrica que possibilita
o maior volume com quantidade menor de superfície é a esfera.
A tensão superficial é diretamente proporcional às forças intermoleculares, quanto
mais fortes as interações, maior será a tensão superficial. A água, possui elevada tensão
superficial quando comparada com outros líquidos, devido à natureza da interação
de suas moléculas.

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AULA 5
INTRODUÇÃO À
QUÍMICA ORGÂNICA

Em 1777, a Química orgânica foi definida como a química dos compostos existentes
nos organismos vivos, tanto animais quanto vegetais, enquanto a Química Inorgânica
foi o nome dado à química dos compostos do reino mineral. Antoine Laurent de
Lavoisier, nesse mesmo período, observou que o elemento carbono estava presente
em todos os compostos orgânicos analisados por ele.
Jöns Jakob Berzelius, em 1807, afirmou que os compostos orgânicos eram produzidos
pelos seres vivos a partir de uma “força vital” que somente eles possuíam. Assim,
compostos orgânicos não poderiam ser sintetizados, ou seja, produzidos artificialmente.
No entanto, anos mais tarde, foi descoberto que compostos orgânicos não eram
sintetizados apenas pelos reinos vegetal e animal. Mas, Friedrich Wöhler sintetizou
um composto orgânico, no caso a amônia, a partir de um composto mineral (cianeto
de amônio), derrubando assim, a teoria da força vital.
Em 1858, Friedrich August Kekulé passou a definir a Química Orgânica como a
parte da Química que estuda os compostos de carbono. Esta definição é utilizada
até os dias de hoje. Consequentemente, a Química inorgânica estuda compostos
que não contenham carbono. Atualmente, são conhecidos da ciência os compostos
orgânicos naturais originados de fontes primárias como petróleo, carvão mineral,
gás natural, produtos agrícolas e os compostos orgânicos sintéticos que são obtidos
artificialmente por processos industriais como plásticos, fibras têxteis, medicamentos,
corantes, inseticidas etc. Outras ciências nasceram a partir da Química orgânica como
a Bioquímica, ciência que estuda mais especificamente substâncias de origem vegetal
e animal, como alimentos, vitaminas, hormônios, etc.

5.1. O átomo de carbono – características

O átomo de carbono é considerado tetravalente, pois embora possua seis elétrons,


quatro estão na camada de valência (Figura 5.1).

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Figura 5.1 – Distribuição eletrônica do átomo de carbono.


Fonte: Adaptado de https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/camada-valencia.htm

Para completar oito elétrons na camada de valência (Regra do octeto) e estabilizar


sua configuração eletrônica, o carbono pode compartilhar esses elétrons com quatro
elétrons de outros átomos, formando ligações covalentes. Para representação dos
átomos de carbono e de suas ligações com outros átomos, podemos utilizar a fórmula
eletrônica de Lewis ou, mais comumente usada, a fórmula estrutural de Kekulé. Veja
os exemplos abaixo das estruturas do metano (CH4).

Fórmula eletrônica (Lewis) Fórmula estrutural (Kekulé)


Fonte: Própria autoria

Salienta-se, ainda, que o átomo de carbono pode realizar ligações simples como
no caso do metano, mas também ligações duplas ou triplas com outro átomo, como
mostrado na Figura 5.2.

Figura 5.2 – Tipos de múltiplas ligações que o átomo de carbono pode realizar.
Fonte: Própria autoria.

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Outra característica do carbono é ser um átomo nem eletronegativo nem eletropositivo,


ligando-se a compostos desses dois tipos, como o hidrogênio (eletropositivo) e o oxigênio
(eletronegativo). Em geral, os compostos orgânicos são formados através de ligações
com o hidrogênio, salvo algumas exceções. Depois do hidrogênio, os elementos mais
presentes nos compostos orgânicos são o oxigênio e o nitrogênio. Outros elementos
também podem estar presentes, como enxofre, fósforo e os halogênios do Grupo 7A.
A facilidade de se ligar a outros átomos faz com que o carbono seja capaz de
formar cadeias curtas ou longas (como nenhum outro elemento é capaz de formar)
e das mais variadas conformações. Todas as características mencionadas sobre o
carbono explicam o porquê de existir uma imensidão de compostos orgânicos.

5.2. Classificação dos átomos de carbono em cadeia

Os átomos de carbono podem ser classificados conforme sua localização na cadeia


e de acordo com quantos outros átomos de carbono estão ligados, como mostrado
abaixo:

• Carbono primário: ligado a apenas • Carbono secundário: ligado a dois


outro átomo de carbono; outros átomos de carbono;

• Carbono terciário: ligado a outros • Carbono quaternário: ligado a outros


três átomos de carbono; quatro átomos de carbono.

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5.3. Tipos de cadeia orgânica

As cadeias carbônicas de compostos orgânicos podem ser classificadas:


1. Conforme sua estrutura:
• Cadeia aberta ou acíclica: quando não há fechamento da cadeia através
das ligações químicas;

• Cadeia fechada ou cíclica: quando há fechamento da cadeia formando um


anel.

2. De acordo com a organização dos átomos de carbono:


• Cadeia normal: quando há na cadeia apenas a presença de carbono primário
e secundário;

• Cadeia ramificada: quando há a presença de todos os tipos de carbono na


cadeia (primário, secundário, terciário e/ou quaternário).

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3. Conforme as ligações químicas presentes:


• Cadeia saturada: somente existem ligações simples entre os átomos de
carbonos;

• Cadeia insaturada: Há ligações múltiplas entre os carbonos.

4. De acordo com a presença de outros átomos, além do carbono:


• Cadeia homogênea: apenas ligações entre carbonos na cadeia;
• Cadeia heterogênea: existência de um átomo diferente do carbono
(heteroátomo) entre átomos de carbono.

5.4. Hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados apenas por átomos de


carbono e hidrogênio e obedecem a fórmula geral CxHy.

5.4.1. Alcanos

Por definição os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia acíclica e saturados (não


possuem múltiplas ligações). A fórmula geral dos alcanos é dada por CnH2n+2, onde n
é sempre dado por um número inteiro. Veja os exemplos:

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O petróleo e o gás natural são exemplos de fontes de alcanos. São combustíveis


muito importantes, pois os utilizamos como gás de cozinha, gasolina, óleo diesel etc.
Na indústria petroquímica, os alcanos são de grande importância pois são matéria-
prima na produção de milhares de outros produtos derivados como plásticos, tintas,
fibras têxteis, borrachas sintéticas, entre outras.

5.4.1.1. Nomenclatura dos alcanos

1. Alcanos de cadeia normal

A nomenclatura dos alcanos termina com o sufixo ano. O prefixo corresponde a


quantidade de carbonos existentes na cadeia. Compostos com até quatro carbonos
possuem prefixos iguais aos mostrados abaixo.

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Compostos com cinco ou mais carbonos possuem prefixos (de origem grega ou
latina) que indicam o número de átomos de carbono na molécula, como mostrado
abaixo:

Número de carbonos Fórmula molecular Prefixo Nome do composto


Cinco C5H12 Penta Pentano

Seis C6H14 Hexa Hexano

Sete C7H16 Hepta Heptano

Oito C8H18 Octa Octano

Nove C9H20 Non Nonano

Dez C10H22 Deca Decano

2. Alcanos de cadeia ramificada

Inicialmente, deve-se nomear a ramificação, pois em composto de cadeia ramificada


devemos nomear a cadeia e a ramificação. Basicamente, o nome da ramificação é o
nome do alcano substituindo o sufixo ano por il. Exemplos: o metano se torna metil,
pentano, pentil, etc. Existem os radicais mais específicos que foram nomeados segundo
regras da IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada).

Fonte: Feltre (2004).

Desse modo, a nomenclatura de alcanos ramificados fica da seguinte forma:

O nome do composto é Metil-propano.

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A cadeia principal sempre será aquela em que houver o maior número de carbono, ou
seja, a cadeia mais longa. Em moléculas de cadeia longa e ramificada, deve-se indicar
o número do carbono em que a ramificação se encontra. A contagem de carbonos na
cadeia principal deve ser feita de tal modo que as ramificações recebam os menores
números possíveis (regra dos menores números). Observe o exemplo abaixo:

A cadeia principal tem sete átomos de carbono, portanto, é um heptano, com uma
ramificação metil no carbono 2, portanto, o nome do composto é dado por:
2-metil-heptano

Se a contagem fosse feita na outra direção, ficaria 6-metil-pentano, o que não atende
à regra do menor número, portanto, é considerada errada. Em geral, para nomear uma
cadeia ramificada, deve-se seguir a sequência abaixo:
• Reconhecer a cadeia principal (maior número de átomos de carbono);
• Numerar a cadeia principal (dar os menores números);
• Dar a localização das ramificações (substituintes).

5.4.2. Alcenos

Os alcenos são hidrocarbonetos acíclicos que possuem uma única ligação dupla
em sua cadeia carbônica. A fórmula geral dos alcenos é dada por CnH2n, onde n é
sempre dado por um número inteiro.

5.4.2.1. Nomenclatura dos alcenos

A nomenclatura dos alcenos é semelhante à dos alcanos, deve-se apenas utilizar


o sufixo eno ao invés do ano.
1. Alcenos de cadeia normal
A localização da dupla ligação deve ser sempre mostrada em compostos de cadeias
maiores. Desta forma, numera-se os carbonos da cadeia a partir da extremidade mais
próxima à dupla ligação e utiliza-se o menor número entre os dois carbonos que
envolvem a dupla ligação.

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1-buteno 2-buteno

Tratando-se de uma molécula


simétrica, a extremidade que inicia a
numeração não importa neste caso.

2. Alcenos de cadeia ramificada


A nomenclatura dos alcenos de cadeia ramificada é semelhante à dos alcanos,
mas existem algumas particularidades:
• A cadeia principal é a que contém maior número de carbonos e a ligação dupla;
• A cadeia principal continua sendo numerada a partir da extremidade mais próxima
à ligação dupla, independentemente das ramificações.

2-metil-5-hexeno 3-propil-1-hepteno

5.4.3. Alcinos

Os alcinos são os hidrocarbonetos que possuem uma única ligação tripla. A fórmula
geral dos alcinos é dada por CnH2n-2, onde n é sempre dado por um número inteiro. A
nomenclatura de alcinos é terminada com o sufixo ino, e as regras são semelhantes
às dos alcenos em relação à cadeia principal (a mais longa é a que contém a tripla
ligação) e a sua numeração (inicia na extremidade mais próxima a tripla ligação).
HC ≡ C − CH2 − CH3 🡪 1-butino

H3C − C ≡ C − CH3 🡪 2-butino (molécula simétrica)

5.4.4. Ciclanos e ciclenos

Ciclanos são hidrocarbonetos cíclicos contendo somente ligações simples. As


regras de nomenclatura atribuem aos ciclanos o prefixo ciclo e a terminação ano. Na
presença de uma ramificação, iniciar a numeração por ela. Na existência de mais de

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uma ramificação, deve-se iniciar a numeração a partir da ramificação mais simples


(menos carbonos) e percorrer os carbonos em sentido horário.

Ciclobutano

Os ciclenos são hidrocarbonetos cíclicos que contém apenas uma ligação dupla
que obedecem à fórmula CnH2n-2.

5.4.5. Hidrocarbonetos aromáticos

No geral, os hidrocarbonetos aromáticos são cíclicos e insaturados. Mais


especificamente são os que possuem um ou mais anéis benzênicos (ou aromáticos) em
sua molécula. O benzeno é utilizado amplamente na indústria de polímeros, solventes,
defensivos agrícolas e indústria química em geral. Não há uma fórmula geral que
represente os hidrocarbonetos aromáticos, pois são numerosos tipos distintos.
A representação do benzeno pode ser feita das seguintes formas:

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Benzeno

5.5. Compostos Orgânicos Oxigenados

Compostos orgânicos oxigenados são os compostos que possuem em sua cadeia


átomos de oxigênio, carbono e hidrogênio.

5.5.1. Álcoois

Os álcoois são compostos orgânicos com um ou mais grupos hidroxila (−OH) ligados
a carbonos saturados. A nomenclatura é o nome do hidrocarboneto correspondente
terminado em ol. A cadeia principal corresponde à cadeia mais longa com a presença
da hidroxila e deve ser numerada a partir da extremidade que contém o OH.

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Etanol

5.5.2. Éteres

Os éteres, conhecidos também como óxidos orgânicos, são compostos orgânicos


que têm um átomo de oxigênio diretamente ligado a duas cadeias carbônicas. Por
regra, sua nomenclatura é dada pela palavra óxi intercalada aos nomes dos dois
grupos (primeiro o menor e depois o maior). Uma maneira mais comum de nomeá-
los é utilizar a palavra éter antes dos nomes dos dois grupos, em ordem alfabética,
e o último grupo leva o sufixo ílico.

5.5.3. Aldeídos e cetonas

Aldeídos são compostos orgânicos que possuem o grupo carbonila (C=O) ao final
da cadeia carbônica, portanto, o carbono da carbonila se liga também a um carbono
e um hidrogênio, como mostrado abaixo:

Cetonas, no entanto, possuem o grupo carbonila entre dois átomos de carbono,


como mostrado abaixo e R1 e R2 são radicais formados por hidrocarbonetos que
podem ser iguais ou diferentes entre si.

Aldeídos possuem nomenclatura com terminação al e cetonas, terminam em ona.

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Pentanal Butanona

5.5.4. Ácidos carboxílicos

Ácidos carboxílicos possuem na extremidade da molécula um grupo funcional


conhecido por carboxila (−COOH).

Na nomenclatura utiliza-se ácido antes do nome e a terminação empregada é oico.

Ácido propanóico

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AULA 6
FUNÇÕES INORGÂNICAS

Como visto, as substâncias orgânicas são classificadas como aquelas que contêm o
elemento carbono em sua estrutura ou derivam do carbono. As substâncias formadas
pelos demais elementos químicos são conhecidas por substâncias inorgânicas. As
substâncias inorgânicas são classificadas em quatro grupos distintos: ácidos, bases,
sais e óxidos. Essa classificação foi feita baseada nas propriedades químicas comuns
entre seus membros. Esses grupos são chamados de funções inorgânicas.

6.1. Ácido e Base

Para falar em ácido e base, temos que entender as teorias que os definem. A Teoria de
Arrhenius foi proposta ao final de 1800, pelo químico Svante Arrhenius, e definiu ácidos
e bases como compostos que se dissolvem em água e formam íons. Como essa teoria
foi proposta antes do conhecimento da estrutura e composição dos átomos, ela não
foi bem aceita. Mas, com os conhecimentos adquiridos posteriormente, ela se tornou
aceita pelos cientistas. Para Arrhenius, os ácidos são substâncias que, dissolvidas
em água, geram íons H+ e as bases quando dissolvidas, liberam OH-, aumentando a
concentração desses íons na solução. Outra observação era a de que a reação entre
ácidos e bases produziam sal e água.
Em 1923, Johannes Brønsted (Dinamarca) e Thomas Lowry (Inglaterra), de maneira
independente, apresentaram um novo conceito para ácidos e bases. A teoria de Brønsted-
Lowry, como a de Arrhenius, define o ácido como um doador de prótons (H+) e a base,
como um receptor de prótons (H+). Além disso, a reações entre essas espécies envolve
a transferência de prótons de um ácido para uma base, formando novos ácidos e bases.

6.1.1. Ácidos

Ácidos são substâncias que, em solução aquosa, se ionizam e liberam o H+ na


solução. O cátion hidrogênio, liberado na solução, interage com a molécula de água
e forma o cátion hidrônio (H3O+). No dia a dia, você já deve ter percebido o quanto
algumas frutas são ácidas, como é o caso do limão e da laranja. Outras substâncias

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do nosso cotidiano também apresentam essa propriedade ácida, tais como vinagre,
sucos de frutas; no geral, os ácidos possuem sabor azedo.
Outra característica dos ácidos é a condutibilidade elétrica. Quando ácidos reagem
com metais, há a formação de gás hidrogênio (H2) e, ao reagirem com carbonatos, há
formação de gás carbônico (CO2). Outra importante característica dos ácidos é que
todos eles são solúveis em água e, portanto, se ionizam em algum grau. Os ácidos
possuem fórmula geral igual a:

H nA
O ácido é sempre formado por hidrogênio como primeiro elemento. Na fórmula,
A representa o ânion que forma o ácido através de ligações covalentes. O valor de n
(maior ou igual a 1) corresponde ao índice do hidrogênio na molécula. O ácido clorídrico
(HCl), quando em água, reage da seguinte forma:

Observa-se através da reação do ácido clorídrico que os ácidos sofrem ionização e a


ruptura ocorre na ligação covalente envolvendo o hidrogênio. A ionização é um processo
de formação dos íons que ocorre por meio das quebras das ligações covalentes polares,
quando substâncias são colocadas em água.
A reação de ionização do ácido ocorre separando o cátion H+ da molécula, de modo que
todo o restante é considerado o ânion. A quantidade de hidrogênios que se transformam em
cátions varia de acordo com o ânion presente nesse ácido. Por exemplo, um ácido formado
por um ânion monovalente terá apenas um hidrogênio ionizável, como a reação do HCl
(mostrada acima). No caso do ácido sulfúrico (H2SO4), serão formados dois hidrogênios
ionizáveis, pois trata-se de um ácido formado por ânion bivalente (SO42-).
Podemos classificar os ácidos a partir do número de íons hidrônios liberados nas
reações de ionização como:
Monoácidos: liberam um íon H+ (HCl);
Diácidos: liberam dois íons H+ (H2SO4);
Triácidos: liberam três íons H+(H3PO4).
No entanto, a liberação de cada cátion de hidrogênio ocorre em etapas de ionização.
Desta forma, a ionização total de um ácido bivalente como o sulfuroso (H2SO3) ocorrerá
em duas etapas:

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Primeira ionização:

Segunda ionização:

Equação global:

6.1.1.1. Hidrácidos e Oxiácidos

Existe uma extensa quantidade de substâncias classificadas no grupo dos ácidos,


por isso, foram criados dois subgrupos que permitem dividir os ácidos mediante a
presença ou não de oxigênio na estrutura do ânion:
• Hidrácidos são ácidos que não possuem oxigênio na estrutura da molécula:
HCl, HBr, H2S, HCN
• Oxiácidos são ácidos que possuem oxigênio na estrutura molecular:
HNO3, HClO, H2SO4

6.1.1.2. Grau de ionização

O grau de ionização de um ácido é a relação percentual entre o número de moléculas


ionizadas e o total de moléculas intactas presentes no meio. Calcula-se o grau de
ionização para conhecer a força iônica de um ácido e sua influência na acidez do
meio. Utiliza-se a fórmula:

número de moléculas ionizadas


α= ________________________________ ×100
número total de moléculas

Os ácidos são classificados de acordo com seu grau de ionização em:


• Ácidos fortes: α ≥ 50%
• Ácidos moderados: 5% ≤ α ≤ 50%
• Ácidos fracos: α < 5%

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Quanto maior for o grau de ionização do ácido, maior será sua condutibilidade
elétrica, pois apresentará maior quantidade de íons livres em solução, o que terá
influência direta sobre o pH da solução, visto que o pH reflete a concentração de
cátions H+, resultando no aumento da chamada acidez do meio.

6.1.1.3. Nomenclatura de ácidos

A nomenclatura dos ácidos segue diferentes regras para hidrácidos e oxiácidos. A


regra geral para os hidrácidos é escrever a palavra ácido seguida do nome do ânion
e a terminação ídrico:
Ácido (nome do ânion) ídrico
Exemplos:

HCl - Ácido clorídrico HCN - Ácido cianídrico


H2S - Ácido sulfídrico HBr - Ácido bromídrico
HF - Ácido fluorídrico HI - Ácido iodídrico

Os oxiácidos seguem diferentes regras para serem nomeados. Nos atentarmos a


duas. A primeira parte do nome do ânion presente no ácido, fazendo a substituição
na terminação do nome do ânion:
Ânion com terminação ito → Ácido (nome do ânion)oso
Ânion com terminação ato → Ácido (nome do ânion)ico
Exemplos:

Ânion Ácido
NO - nitrato
3-
HNO3 - ácido nítrico
PO43- - fosfato H3PO4 - ácido fosfórico
NO2- - nitrito HNO2 - ácido nitroso
ClO- - hipoclorito HClO - ácido hipocloroso
Outras formas de nomenclatura de ácidos:
• Se o ácido tiver um oxigênio a mais, em relação àquele com terminação ico
(padrão):
Ácido _____ ico 🡪 Ácido per_____ ico
• Se o ácido tiver um oxigênio a menos, em relação àquele com terminação ico:
Ácido _____ ico 🡪 Ácido _____ oso
• Se o ácido tiver dois oxigênios a menos, em relação àquele com terminação ico
Ácido _____ ico 🡪 Ácido hipo _____ oso

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Exemplo:
Oxigênio em relação ao padrão
Nomenclatura Fórmula
(ico)
Ácido perclórico HClO4 +1
Ácido clórico HClO3 Padrão
Ácido cloroso HClO2 -1
Ácido hipocloroso HClO -2

6.1.1.4. Principais ânions

Para conhecer a nomenclatura das funções inorgânicas apresentamos a Tabela


6.1, na qual estão listados os principais ânions e seus respectivos nomes, pois é
necessário saber associar o nome do íon a sua respectiva fórmula e vice-versa, visto
que sem isto não é possível escrever as fórmulas dos compostos.

Ânion Nome Ânion Nome

F- fluoreto SO32- sulfito


bissulfito ou
Cl- cloreto HSO3-
hidrogenossulfito
Br- brometo S2O32- tiossulfato
I- iodeto ClO- hipoclorito
O2- óxido ClO2- clorito
O22- peróxido ClO3- clorato
O2- superóxido ClO4- perclorato
SiO44- silicato BrO- hipobromito
NO2- nitrito BrO3- bromato
NO3- nitrato BrO4- perbromato
PO43- fosfato IO3 - iodato
SO42- sulfato CrO42- cromato
bissulfato ou
HSO4- Cr2O72- dicromato
hidrogenossulfato
MnO4- permanganato SCN- tiocianato
MnO42- manganato OCN- cianato
Tabela 6.1 – Principais íons.

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6.1.2. Base ou Hidróxidos

Segundo a definição de Arrhenius, base é a substância que se dissocia em solução


aquosa, liberando o grupo hidroxila (OH-) como único ânion, como mostrado nas
equações químicas a seguir:

As bases também estão presentes em nosso dia a dia, como o hidróxido de magnésio
(Mg(OH)2), mais conhecido como leite de magnésia é utilizado para reduzir a azia, ou
o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) utilizado para pintar e preparar argamassas e a soda
cáustica, nome popular do hidróxido de sódio (NaOH), usada para desentupir ralos e
pias.
Características comuns às bases são o sabor cáustico ou adstringente (“que amarra
a boca”) e a condutibilidade elétrica quando em solução aquosa. As bases possuem
fórmula geral igual a:

C(OH)n
Onde: C é um cátion e n o número de oxidação do cátion ou índice da hidroxila
(igual ou maior que 1). O último elemento da sua estrutura sempre será a hidroxila.
O hidróxido de amônia, NH4OH, é uma exceção entre as bases, pois se trata de
uma base fraca produto da reação entre amônia anidra gasosa (NH3) e água (H2O).
Essa reação é feita sob pressão e temperatura controlada.

Como mostrado na reação, não existe a substância NH4OH, mas sim, uma solução
de NH3 solubilizada em água, então quando falamos de NH4OH, estamos nos referindo
ao gás amônia dissolvido em água. O NH4OH aquoso é estável em temperatura inferior
a 50 °C. Em temperaturas superiores a 50 °C, o gás NH3 é liberado. O NH3 dissolvido
em água é o componente ativo de muitos produtos de limpeza de uso domésticos e
industriais.

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6.1.2.1. Nomenclatura de bases

Para a nomenclatura das bases, utiliza-se a seguinte regra:


Hidróxido de nome do cátion
Exemplos:

NaOH - Hidróxido de sódio KOH - Hidróxido de potássio

Mg(OH)2 - Hidróxido de magnésio AgOH - Hidróxido de prata

Ca(OH)2 - Hidróxido de cálcio Al(OH)3 - Hidróxido de alumínio

Quando um elemento forma mais de um cátion, existem duas formas de nomenclatura


para diferenciar os compostos:
1. Acrescentar, logo após o nome do cátion, o seu número de oxidação em
algarismos romanos.
Exemplos: o ferro forma os cátions Fe2+ e Fe3+, portanto, temos as bases formadas:
Fe(OH)2 → Hidróxido de ferro II
Fe(OH)3 → Hidróxido de ferro III

2. Utilizar as terminações oso (para cátion de menor carga) e ico (para cátion de
maior carga).
Fe(OH)2 → Hidróxido ferroso
Fe(OH)3 → Hidróxido férrico

Atenção, no caso de nomenclatura com a terminação ico e oso, deve-se atentar


que para alguns cátions utiliza-se o nome em latim, como hidróxido cuproso - CuOH
derivado do cátion Cu1+ e hidróxido cúprico - Cu(OH)2, derivado do Cu2+. Outros cátions
que em base utilizam o nome no latim: chumbo (plumb...) e ouro (aur...)

6.1.2.2. Solubilidade das bases

Diferentemente dos ácidos, não são todas as bases que sofrem dissociação em
água ou que se solubilizam. Por definição, as bases formadas por cátions alcalinos
e a maioria dos alcalinos terrosos são totalmente solúveis em água. O hidróxido de
magnésio e o hidróxido de berílio são as exceções entre os alcalinos terrosos devido

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às baixas solubilidades. As bases formadas pelos demais elementos são consideradas


como insolúveis em água. Desta forma, temos:
Metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs, Fr) → bases solúveis.
Metais alcalinos terrosos (Ca, Sr, Ba, Ra) → bases pouco solúveis.
Metais alcalinos terrosos (Be, Mg) → praticamente insolúveis.
Demais elementos da tabela → bases insolúveis.

6.1.2.3. Grau de dissociação ou força iônica das bases

O grau de dissociação das bases se refere a sua capacidade de dissociação em


água e calcula-se a partir da equação abaixo:
número de bases dissociadas
α= ______________________________ ×100
número total de bases

De acordo com essa classificação, teremos:


Base forte: apresenta elevado grau de dissociação em água. Corresponde às bases
formadas pelos cátions. Serão as bases formadas por cátions alcalinos e alcalino
terrosos, com exceção do Mg(OH)2 e Be(OH)2 .
Base Fraca: apresenta baixo grau de dissociação em água. Corresponde às bases
formadas pelos cátions dos demais elementos.
Uma base forte liberará uma grande quantidade de OH- no meio aquoso e, com
isso, reduzirá a acidez desse meio, elevando o pH.

ANOTE ISSO

A faixa de pH define se o meio aquoso apresenta característica ácida, básica ou neutra.


Meio ácido: pH < 7,0, significa que a concentração de H+ no meio é maior que a de OH-.
Meio Neutro: pH = 7,0, significa que a concentração de H+ no meio é igual a de OH-.
Meio básico ou alcalino: pH > 7,0, significa que a concentração de H+ no meio é menor
que a de OH-.

6.2. Sais

São compostos iônicos que possuem, no mínimo, um cátion diferente do hidrogênio


(H+) e um ânion diferente da hidroxila (OH-). Sais são produtos formados na reação de

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neutralização entre ácidos e bases. São substâncias bastante utilizadas no cotidiano


como: NaCl: cloreto de sódio ou sal de cozinha; NaHCO3: bicarbonato de sódio, utilizado
como fermentos químicos em panificação, e em extintores de incêndio; NaF: fluoreto
de sódio, usado por dentistas na limpeza dos dentes; NaClO: hipoclorito de sódio
usado como alvejante e antisséptico.
Os sais possuem fórmula geral igual a:

CyAx
Onde: Cx+ é o cátion (ao menos um) e Ay- é o ânion.
Os sais, por serem compostos iônicos, sofrem dissociação em água e liberam ao
menos um cátion e um ânion em solução.

6.2.1. Nomenclatura de sais

6.2.1.1. Sais neutros

Os sais neutros terão sua nomenclatura definida pela seguinte regra geral:
(nome do ânion) de (nome do cátion)

Exemplos:
NaCl → Cloreto de sódio
KNO3 → Nitrato de potássio
(NH4)2CO3 → Carbonato de amônio

Os nomes dos ânions são obtidos a partir das trocas dos sufixos dos nomes dos
ácidos que os originam.

Sufixo do ácido Sufixo do ânion


ídrico eto
oso ito
ico ato

6.2.2. Classificação de sais

• Sais normais ou neutros: não há nem H+ e nem OH- em sua estrutura;


Exemplos: NaCl, K3PO4 , NH4NO3, CaCl2 , K2SO4

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• Sais ácidos ou hidrogeno sais: o sal apresenta H+ em sua estrutura;


Exemplos:
NaHCO3 → carbonato ácido de sódio ou hidrogenocarbonato de sódio bicarbonato
de sódio
NaH2PO4 → fosfato diácido de sódio ou dihidrogenofosfato de sódio

• Sais básicos ou hidroxisais: apresentam OH- na estrutura


Exemplos:
CaOHCl → cloreto básico de cálcio ou hidroxicloreto de cálcio
Al(OH)2Br → brometo dibásico de alumínio ou diidroxibrometo de alumínio

Os sais ácidos ou básicos são produtos de reações parciais de neutralização entre


base e ácido.

6.3. Óxidos

Os óxidos são compostos binários formados por um elemento qualquer e o


oxigênio (elemento mais eletronegativo). Todos os elementos químicos encontrados
na natureza produzem óxidos. A principal exceção é o flúor, que, por apresentar maior
eletronegatividade que o oxigênio, não forma óxidos.
Os sais possuem fórmula geral igual a:

EyOx
Onde: E é o símbolo do elemento; y é o número de oxidação de E; O é o oxigênio e
x corresponde ao número de oxidação de O;
Os óxidos são classificados em: óxidos básicos, óxidos ácidos, óxidos neutros,
óxidos anfóteros, óxidos salinos ou mistos e os peróxidos.
• Óxidos básicos: de metais alcalinos, alcalinos-terrosos (exceto berílio) e alguns
outros metais com baixo número de oxidação. Reagem com água produzindo
bases e reagem com ácidos formando sal e água.
• Óxidos ácidos: formados por não-metais ou, ainda, por metais de nox alto (+5,
+6, +7). Estes óxidos reagem com água produzindo ácido.

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• Óxidos neutros ou indiferentes: são óxidos moleculares de não metais que não
possuem caráter nem alcalino e nem ácido.
Exemplo: CO monóxido de carbono; NO monóxido de nitrogênio (óxido nítrico)
• Óxidos anfóteros: são óxidos que podem ser óxidos básicos ou óxidos ácidos,
dependendo do meio em que estão.
Exemplos de óxidos anfóteros: ZnO, Al2O3 , Cr2O3 , MnO2 , BeO, PbO, PbO2 , SnO e SnO2.
• Óxidos salinos ou mistos: formados a partir de dois outros óxidos do metal.
Apresentam fórmula geral: E3O4
Exemplo: Fe3O4 - óxido salino de ferro ou óxido misto de ferro ou tetraóxido de
triferro ou óxido de ferro (II) e (III).
• Peróxidos são óxidos em que o número de oxidação do oxigênio é –1.
Nomenclatura é dada por: peróxido de nome do elemento.
Exemplo: Na2O2 peróxido de sódio; H2O2 peróxido de hidrogênio; BaO2 peróxido de
bário.

6.3.1. Nomenclatura de óxidos

1. Primeira regra:

Óxido de nome do metal

Se o metal tiver mais de um número de oxidação, este número deve ser indicado
por algarismos romanos, indicar ico/oso, ou (mono, di, tri, tetra) óxido de....ou (mono,
di, tri)...nome do elemento.

Na2O CaO FeO Fe2O3

óxido ferroso/ óxido férrico/

óxido de sódio óxido de cálcio óxido de ferro (II)/ óxido de ferro (III)/

monóxido de Ferro trióxido de ferro

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AULA 7
TEORIA ATÔMICO-MOLECULAR
E REAÇÕES QUÍMICAS

7.1. Teoria Atômico-Molecular

7.1.1. Definições

Massa Atômica (MA)

Já foi visto, em aulas anteriores, sobre massa atômica. No entanto, ela é de


grande importância para o cálculo da massa molecular de um composto e, por isso,
aprofundaremos mais este conceito. A massa atômica é a média ponderada das
massas dos isótopos de um elemento que se encontram na natureza expressas em
unidades de massa atômica.
A unidade de massa atômica (u) é utilizada para expressar a massa de átomos no
estado fundamental. Em definição, uma unidade de massa atômica (1 u) equivale a
da massa de um átomo de carbono-12 (6 prótons e 6 elétrons) de massa igual a
12 u. Uma unidade de massa atômica equivale a 1,661 x 10-24 g. Em síntese, a massa
atômica representa quantas vezes a massa de um átomo de um determinado elemento
é mais pesada que do átomo de carbono-12.

Representação do átomo de carbono-12. A parte destacada (em verde) representa 1/12 do átomo de carbono-12, ou seja, 1 u.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_de_massa_atômica.

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Como exemplo, novamente trazemos o Cloro (Cl). Seus isótopos, cloro-35 e cloro 37,
possuem massa de 34,97 e 36,97 u e abundância de 75,77 % e 24,33 %, respectivamente.
Portanto, a massa atômica do cloro é calculada da seguinte forma:

Massa Atômica = ( 75,77


_____
100
)(
× 34,97 u +
24,23
_____
100
)
× 36,97 u = 35,4527 u

Massa Molecular (MM)

A massa do composto ou molécula é dada pela massa molecular, calculada pela


soma das massas atômicas de cada átomo presente na molécula. Em síntese, a massa
molecular representa quantas vezes a massa de uma molécula é mais pesada que
do átomo de carbono-12. O termo massa molecular é utilizado tanto para compostos
moleculares quanto para compostos iônicos. O cálculo da MM deve ser feito como
mostrado nos exemplos abaixo:

1. Molécula de glicose: C6H12O6

De acordo com a Tabela periódica, a massa atômica do Carbono = 12 u;


Hidrogênio = 1 u; Oxigênio = 16 u.
MM = (MAC X N° de C) + (MAH X N° de H) + (MAO X N° de O)

Molécula de Glicose.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Glicose.

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2. Molécula de ureia: (NH2)2CO

De acordo com a Tabela periódica, a massa atômica do Nitrogênio = 14 u;


Hidrogênio = 1 u; Carbono = 12 u; Oxigênio = 16 u.
MM = (MAN X N° de N) + (MAH X N° de H) + (MAC X N° de C) + (MAO X N° de O)

No exemplo 2, o número dois fora dos parênteses indica que há dois NH2, portanto,
deve-se multiplicar o 1 do nitrogênio e o 2 do hidrogênio por 2, resultando no total de
2 átomos de nitrogênio e 4 de hidrogênio na molécula.

Mol

Quando pensamos em quantidades macroscópicas das substâncias, o número de


moléculas envolvidas é muito grande. Para facilitar os cálculos, os cientistas resolveram
adotar uma grandeza específica para representar essa enorme quantidade de moléculas
e, para isso, os químicos escolheram o chamado mol para contar as moléculas.
Um mol representa o número de átomos contidos em exatos 12 gramas de átomos
de carbono-12. Como grandeza de medida, um mol é a quantidade de uma substância
que possui unidades de átomos, moléculas ou íons igual ao número de átomos que
há em exatamente 12 g de carbono-12. Neste sentido, um mol de átomos de cálcio,
de moléculas de água ou de íons de sódio terão o mesmo número de unidades.
Esse número de unidades é conhecido como número de Avogadro.
Número de Avogadro = 6,02214199 x 1023 unidades por mol
• Um mol de átomos de hidrogênio contém 6,02 x 1023 átomos de hidrogênio;
• Um mol de moléculas de glicose são 6,02 x 1023 moléculas de glicose;
• Um mol de parafusos são 6,02 x 1023 parafusos.

Massa molar (M)

A massa molar de um elemento é a massa, em gramas, de um mol desse elemento.


Numericamente, a massa molar do elemento é igual a sua massa atômica. Por exemplo,
o enxofre tem massa atômica igual a 32,1 u, e um mol de átomos de enxofre tem
massa igual 32,1 g.

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A massa molar de qualquer substância equivale a massa em gramas de um mol


de moléculas. Neste caso, a massa molar é numericamente igual a massa molecular,
mas expressa em gramas. Por exemplo, a glicose tem massa molecular igual a 180
u e um mol de glicose equivale a 180 gramas. Em resumo, para conhecer a massa
molar de qualquer composto, inicialmente, precisamos saber sua fórmula química
para calcular sua massa molecular.
A unidade de medida de massa molar (M) é expressa em g/mol. Conhecer os conceitos
de mol, massa molar e a relação entre eles nos permite fazer conversões de grama para
mol e vice-versa.

Exemplos de conversão para elementos:


1. Qual seria a massa, em gramas, de 0,35 mol de alumínio? Sendo que a massa molar
do alumínio é igual a 27 g/mol.
Podemos resolver por regra de três:

1 mol de Al ------------ 27 gramas

0,35 mol de Al -------- x gramas

1 mol Al ×x gramas =0,35 mol Al ×27 gramas


0,35 mol Al ×27 gramas
________________________
x gramas =
1 mol Al

x=9,5 gramas

Podemos resolver pela equação abaixo:


Mol para massa:
gramas
mol × _______ =gramas x
1 mol

0,35 mol Al × 27 gramas


___________ =9,5 gramas
1 mol Al

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2. 16,5 gramas de carbono equivale a quantos moles, sabendo que a massa molar do
carbono é igual a 12,01 g/mol?
Podemos resolver por regra de três:

1 mol de C ------------ 12,01 gramas

x mol de C ------------ 16,5 gramas

1 mol C ×16,5 gramas = x mol C×12,01 gramas


1 mol C ×16,5 gramas
x mol C = ______________________
12,01 gramas

x mol C=1,37 mol de C

Podemos resolver direto pela equação:


Massa para mol:
1 mol
gramas × ________ = mol
gramas

1 mol de C
16,5 gramas de C × ___________________ =1,37 mol de C
12,01 gramas de C

Exemplos de conversão para compostos:


1. Temos a massa de 0,325 gramas de aspirina (C9H8O4), qual a quantidade da
matéria em mol que isso representa? Sabendo que a massa atômica do carbono,
hidrogênio e oxigênio são 12,01 u, 1,008 u e 16 u, respectivamente.
Iniciamos calculando a Massa molecular:
MM (aspirina) = (12,01 x 9) + (1,008 x 8) + (16 x 4) = 180,15 u
Massa molecular* = 180,15 gramas
Em seguida, calculamos o que o exemplo nos pede:

1 mol de Aspirina
0,325 g de Aspirina × ___________________ =0,0018 mol de Aspirina
180,15 g de Aspirina

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Pode ser questionado também, quantas moléculas há em 0,325 gramas de Aspirina.


Desta forma, deve-se calcular da seguinte maneira:
1 mol de Aspirina ------ 6,02 x 1023 moléculas

0,0018 mol de aspirinas ------- x moléculas


6,02 x 1023 moléculas × 0,0018 mol de Aspirina
__________________________________________________
x= =1,08 × 1021 moléculas
1 mol de Aspirina

ANOTE ISSO
O valor da massa atômica de um elemento é encontrado na Tabela Periódica.
A massa molecular é calculada através da soma das massas atômicas de todos os
elementos presentes na fórmula molecular.
Mol é a grandeza referente à quantidade de unidades iguais à quantidade de
átomos presentes em exatos 12 gramas de carbono-12.
1 mol = 6,02 x 1023 unidades.
A massa molar de um elemento é numericamente igual a sua massa atômica. A
massa molar de um composto é numericamente igual a sua massa molecular.

7.2. Reações Químicas

A química estuda as reações químicas e como são produzidas ou consumidas as


substâncias químicas. A composição química das substâncias é alterada quando
participam de reações químicas por meio de transformações bem específicas. As
reações químicas estão presentes no nosso cotidiano, por exemplo, estão presentes em
tecnologias, mesmo que você não as perceba. As reações químicas são responsáveis
pela geração de energia em baterias de eletroeletrônicos como celulares e computadores
e pela queima do combustível, fazendo com que o carro se movimente.

7.2.1. Escrevendo equações químicas

As equações químicas têm por objetivo representar a reação de transformação de


uma substância em outra de maneira resumida. Cada equação química é composta por
dois lados e a reação, por padrão, ocorre do lado esquerdo para o direito. Reagentes são
os materiais originais e ficam do lado esquerdo da equação e os produtos representam

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as novas substâncias formadas e ficam do lado direito. Uma seta é utilizada entre
reagentes e produtos para mostrar o sentido da reação.

Para representar os reagentes e produtos, fórmulas químicas são usadas. Em uma


equação química é importante mostrar o estado físico em que se encontram esses
reagentes e produtos e, para isso, são utilizados símbolos: (g) para o estado gasoso,
(s) para sólido, (l) líquido e (aq) quando dissolvidos em água. Veja o exemplo:

O símbolo Δ é usado para indicar que a reação ocorre em altas temperaturas, pois
é preciso indicar, na equação química, as reais condições em que se dá a reação. Para
indicar essas condições, usa-se símbolos sobre a seta.

7.2.2. Balanceamento de equações químicas

Uma equação química é a representação escrita de uma reação química real. Para
escrevê-la, devemos lembrar da lei de conservação das massas que diz que os átomos
não são criados nem destruídos. Ou seja, os átomos dos elementos são rearranjados
formando novos compostos durante as reações químicas. Portanto, em uma equação
química balanceada, ambos os lados da reação deverão conter o mesmo número de
átomos de cada elemento.
Podemos fazer uso de tentativas para balancear uma equação utilizando alguns
passos. Vejamos o exemplo a seguir:

A equação acima está incompleta, pois o número de átomos dos reagentes não é
o mesmo nos produtos, portanto, não está balanceada. Para balanceá-la, devem ser
adicionados coeficientes em frente às fórmulas. Os coeficientes multiplicam o número
de átomos de cada elemento presente no composto e são usados para igualar o
número de átomos dos reagentes e dos produtos.

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Primeiro, comece com elementos que apareçam em apenas um composto, como


hidrogênio e carbono. Existem três átomos de carbono à esquerda e um à direita,
adicionamos, então, o coeficiente 3 ao gás carbônico.

Oito hidrogênios estão à esquerda e dois, à direita. Balanceando o hidrogênio temos:

Agora, há dez átomos de oxigênio do lado direito. Portanto, o coeficiente cinco


deve ser adicionado à molécula de oxigênio (lado esquerdo). Por fim, verificamos se
a equação está balanceada com o mesmo número de cada elemento de cada lado
da equação.

7.3. Estequiometria

Estequiometria é o termo utilizado para as relações de massa entre reagentes e


produtos de uma reação química. Através da estequiometria é possível calcular a
massa necessária de cada reagente para formar uma determinada massa de produto
e vice-versa, pois a equação química balanceada também nos mostra as proporções
molares em que reagem.
A equação anterior, usada como exemplo de balanceamento, nos mostra que 1
mol de propano e 5 mols de oxigênio reagem formando 3 mols de gás carbônico e
4 mols de água.
Portanto, a partir da equação química balanceada é possível calcular:
1. quantos mols de produto serão formados a partir de determinada massa de
reagentes;
2. quantos gramas (ou mols) de um reagente são necessários para reagir
completamente com determinada quantidade de gramas (ou mols) de outro
reagente;
3. quantos gramas (ou mols) de um reagente são necessários para formar uma
determinada quantidade de gramas (ou mols) de um produto específico;

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4. em reações com dois produtos, quantos gramas (ou mols) de um produto


secundário é obtido quando uma determinada quantidade de produto principal
foi produzida.

Essas quatro diferentes questões podem ser resolvidas utilizando a estequiometria


e alguns exemplos serão apresentados para melhor explicar como solucioná-las.
Exemplo 1. A partir da equação química abaixo, quantas gramas de N2 são necessárias
para produzir 9 gramas de NH3?

Resolução:
Neste exemplo consideramos apenas o N2 e NH3. Pela equação sabemos que 1 mol de N2
produz 2 mols de NH3. Desta forma, utilizando a massa molar, saberemos essa proporção
em gramas (MA nitrogênio = 14 u; MA hidrogênio = 1 u).
Portanto,
1 mol de N2 ------------ 2 mols NH3;

Convertendo mol para massa (gramas), multiplicamos os coeficientes pela massa molar
de cada molécula. Temos, assim:
1 mol x 28 g/mol N2------ 2 mols x 17 g/mol NH3
28 gramas N2 ------ 34 gramas de NH3
X g ---------------- 9 gramas de NH3

9_____
×28
Serão necessários =7,41 gramas de N2 para produzir 9 gramas de amônia.
34
Outra forma de resolver seria criando a tabela abaixo. Veja que também podemos encontrar
Y, que corresponde à gramas de hidrogênio necessário para produzir 9 gramas de amônia.

1 N2 3 H2 2 NH3

1 mol 3 mols 2 mols

28 gramas 6 gramas 34 gramas

X Y 9 gramas

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Exemplo 2: A partir da equação química abaixo, calcular quantos mols de silício (Si)
serão produzidos pela reação de 225 g de SiCl4 com Mg em excesso (mais que o necessário
para a reação).

Resolução:

Primeiro, vamos calcular quantos mols de SiCl4 corresponde a 225 g, sabendo que a massa
molar desse composto é 170 g/mol, temos:

1 mol de SiCl4
__________________ × 225 gramas SiCl4 = 1,32 mol SiCl4
170 gramas SiCl 4

Da equação química podemos ver que 1 mol SiCl4 produz 1 mol de Si, portanto, 1,32 mol
SiCl4 produzirá 1,32 mol de Silício.

7.3.1. Reagentes limitantes

Os reagentes limitantes são aqueles totalmente consumidos antes dos outros em


uma reação com proporções molares de reagentes diferentes da determinada em
uma equação balanceada. Assim que esse reagente acaba, a reação é interrompida,
limitando a produção dos produtos.
Em certas situações, o ideal é que um dos reagentes esteja em excesso em relação
ao outro, por exemplo, quando a conversão completa do outro reagente é desejada
ou quando o objetivo é minimizar a formação de subprodutos indesejáveis. Um caso
prático são os cálculos relacionados à queima de combustível de um carro, em que
a gasolina sempre será considerada como o reagente limitante, visto que o oxigênio
está presente no ar e, por isso, está sempre disponível para a reação.
Em problemas estequiométricos que envolvam reagentes limitantes, necessita-se
saber quanto de produto será formado a partir de uma mistura de reagentes. Para isso,
devemos identificar se um dos reagentes é realmente limitante e qual é este reagente.
Em seguida, fazemos o cálculo estequiométrico, como mostrado anteriormente.
Exemplo: Doze gramas de carbono (C) foram misturados com 60 gramas de oxigênio
molecular (O2) ocorrendo a reação abaixo. Nesta situação, qual é o reagente limitante e
quantos gramas de CO2 serão formados?

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Resolução: Inicialmente, determinamos quantos mols dos reagentes está presente.


Vemos na equação que as proporções entre C e O2 são de 1:1.
Através da massa molar, calculamos o número de mols de cada composto:

1 mol 1 mol O
12 g C × ______ = 1 mol C e 64 g O2× ________2 =2 mols O2
12 g C 32 g O2

De acordo com a reação, 1 mol de C reage com 1 mol de O2, no entanto o O2 está em
excesso (2 mols) e o reagente limitante é o C.
Para calcular a quantidade de CO2 formada em gramas, temos:
Massa molar do CO2 = 44 g/mol

1 mol C 1 mol CO 44 g CO
12 g C × _______ × __________2 × __________2 = 44 g CO2
12 g C 1 mol C 1 mol CO2

Uma forma de resumir as etapas da reação é montar a tabela a seguir:

C + O2 🡪 CO2

Antes da reação 12 g 64g 0

Antes da reação 1 mol 2 mols 0

Após a reação 0 1 mol 1 mol

Após a reação 0 32 g 44 g

7.3.2. Rendimento Teórico e Percentual

Existe uma busca por reações mais eficientes, principalmente na indústria de


processamento de produtos comerciais, para que seja produzido o máximo possível
do produto desejado e reduza a produção de outros produtos, principalmente visando
a redução de custo e aumento de produtividade (lucro).
Em uma reação, uma parte do reagente, ao invés de formar o produto desejado, pode
reagir de outra forma através de reações indesejáveis. Ou então, perdas podem ocorrer
nas práticas laboratoriais ou industriais na transferência de recipientes, reduzindo o
produto desejado obtido. Três termos estão envolvidos na eficiência de uma reação
química:

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1. Rendimento real: quantidade do produto realmente formado pela reação química;


2. Rendimento teórico: quantidade ideal de produto ou a massa que deveria ser
formada de acordo com a reação química balanceada;
3. Rendimento percentual: razão entre os dados de rendimento real e rendimento
teórico obtidos através da equação abaixo:

Rendimento real
Rendimento percentual (%) = ____________________ ×100
Rendimento teórico

Exemplo: 32 g (1 mol) de metanol (CH3OH) reagem com CO para formar ácido acético. O
rendimento obtido foi de 57,8 g de ácido acético. Qual é o rendimento teórico e o rendimento
percentual?

Resolução: A partir da equação balanceada, observamos que 1 mol de metanol produz


1 mol de ácido acético (proporção 1:1). O ácido acético tem massa molecular igual a 60
u, portanto a massa molar é igual a 60 g/mol.
Desta forma, o rendimento teórico seria igual a 60 gramas.
Para calcular o rendimento percentual, temos:

57,8 gramas
Rendimento percentual (%) = ____________ ×100=96,3%
60 gramas

Por fim, o custo é o fator de maior importância para se saber o rendimento percentual
de uma reação química. A indústria, sabendo calcular o rendimento percentual, pode fazer
alterações no processo variando algumas condições a fim de melhorar o rendimento
de produção do produto comercial desejado, reduzindo custos e aumentando o lucro.

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AULA 8
REAÇÕES QUÍMICAS
EM SOLUÇÃO AQUOSA

Para ocorrerem as reações químicas, os reagentes precisam necessariamente estar


em contato. No caso de gases e líquidos, o contato entre os reagentes acontece mais
facilmente, pois as partículas estão em maior movimento. Diluir os reagentes sólidos
e obter uma solução é a melhor maneira dos reagentes estarem em contato.
A solução é uma mistura homogênea, de duas ou mais substâncias, formada por um
solvente que está presente em maior quantidade e é capaz de dissolver a substância
em menor quantidade, o soluto. A água é o solvente mais comum para obter soluções,
porém, não é o único.
Estudar as reações químicas que ocorrem em soluções aquosas é bastante importante
porque a maioria das reações que ocorrem nos seres vivos é entre substâncias que
estão dissolvidas em água. O comportamento dessas substâncias dissolvidas em
água também deve ser estudado.

8.1. Íons e moléculas em solução aquosa

Íons ficam em solução aquosa quando há a dissolução de um composto iônico em água.


Este processo conhecido como reação de dissociação ocorre quando há uma separação
(quebra) dos íons de cargas opostas que constituíam o composto iônico. A água é um bom
solvente para compostos iônicos pelo fato da sua molécula ser polar, assim as moléculas
de água rodeiam cátions apontando o lado positivo para eles (Figura 8.1), enquanto outras
rodeiam os ânions apontando o lado positivo da molécula para eles.

Figura 8.1 - Dissociação iônica do cloreto de sódio em água.


Fonte: Por Taxman, http://bio.winona.edu/berg/ILLUST/Na+H2O.gif, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1382756

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Todos os compostos iônicos que se diluem em água conduzem eletricidade e


são chamados de eletrólitos. Compostos iônicos que se dissociam completamente
em água, resultam em uma concentração considerável de íons e são conhecidos
como eletrólitos fortes. Neste caso, as soluções passam a ser boas condutoras de
eletricidade.
Como dito anteriormente, o fenômeno de quebra de um composto iônico em cátions e
ânions (cargas opostas) em uma solução aquosa é conhecido por reação de dissolução.
A reação de dissolução do cloreto de sódio é um exemplo de como reagem os eletrólitos
fortes em água, pois 1 mol de cloreto se dissolve formando 1 mol de Na+ e 1 mol de
Cl-, conforme mostrado abaixo:

A maioria dos compostos moleculares, unidos por ligações covalentes, não conduzem
eletricidade em solução aquosa e, por isso, são chamadas de não eletrólitos por não
se dissociarem em íons e, sim, permanecerem dissolvidas como moléculas intactas.
Um exemplo é a glicose, como mostrado na equação abaixo:

As exceções são os ácidos fortes, ácidos fracos e bases fracas que, apesar de serem
compostos moleculares, reagem com a água formando íons em solução. Quando o
ácido clorídrico (HCl) reage com água, cada molécula de HCl se quebra em íons, dessa
forma o HCl é um composto molecular caracterizado como um eletrólito forte. Este
fenômeno em que um composto molecular sofre ruptura de uma ou mais ligações
covalentes dando origem a íons (cátion e ânion) é dado o nome de ionização.
Existem também compostos moleculares considerados eletrólitos fracos, por
se dissociarem parcialmente em solução. Quando dissociados parcialmente, ficam
presentes na solução tanto moléculas intactas como íons individuais. Por exemplo,
quando o ácido acético (CH3CO2H) é colocado em água, apenas 0,5% das moléculas
ioniza formando acetato (CH3CO2-) e íons hidrônio (H3O+), as demais moléculas ficam
diluídas na água, porém inteiras. Um resumo do que foi descrito está apresentado
na Figura 8.2.

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Figura 8.2 – Fluxograma que prevê as espécies presentes em solução aquosa.


Fonte: Adaptado de Kortz et al. (2016).

ANOTE ISSO

Dissociação iônica: é a separação dos íons já existentes no composto iônico e que


ocorre quando o composto se dissolve em água.
Ionização: é a formação dos íons por meio da quebra de ligações covalentes
polares quando algumas substâncias moleculares são colocadas em água.

8.1.1. Solubilidade de compostos iônicos

Os compostos iônicos podem ser divididos em os que são totalmente solúveis, os


que se dissolvem parcialmente, ou seja, apenas uma pequena quantidade se dissolve
e os que são insolúveis em água. As tabelas 8.1 e 8.2 trazem algumas regras para
prever se determinado composto iônico é solúvel ou insolúvel em água.

Compostos solúveis
Geral

Quase todos os sais


de Na+, K+ e NH4+
Quase todos os sais Sais que contém
Sais de nitrato (NO3- ), clorato Sais de sulfato, SO42-
de Cl-, Br -, I- F-
(ClO3- ), perclorato (ClO4- )
e acetato (CH3CO2- )

Exceções
Fluoretos de Mg2+,
Haletos de Ag+,
Ca2+, Sr2+, Ba2+,
Hg22+, Pb2+ como, CaSO4, SrSO4, BaSO4,
- Pb2+
por exemplo, AgCl PbSO4 e Ag2SO4
(Exemplo: CaF2,
ou HgCl2 MgF2)
Tabela 8.1 – Regra para compostos iônicos solúveis
Fonte: Adaptado de Kortz et al. (2016).

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Compostos insolúveis
Geral
Maioria dos sais de carbonato (CO ), 2-
3

fosfato (PO43 -), oxalato (C2 O42-), A maioria dos óxidos e hidróxidos metálicos
cromato (CrO42-), Sulfeto (S2-)

Exceções
Hidróxidos de metais alcalinos,
Sais de NH4+ e dos cátions de metais alcalinos
Ba(OH)2 e Sr(OH)2
Tabela 8.2 – Regra para compostos iônicos insolúveis
Fonte: Adaptado de Kortz et al. (2016).

Exemplo: Dos compostos listados abaixo, qual é solúvel e quais os íons formados por
ele em solução?
1. KCl;
2. Fe2O3

Resolução: 1) o KCl é um sal formado pelos íons K+ e Cl-, de acordo com a tabela 7.1,
podemos observar que os sais formados por qualquer desses íons são solúveis em água.
Portando KCl é solúvel em água e os íons formados são K+ e Cl-; 2) o Fe2O3 (óxido de ferro
III) é um óxido metálico formado pelo Fe3+ (íon metálico de transição) e o íon O2- que é
solúvel apenas quando combinado com metais alcalinos. Portanto, o sal Fe2O3 é insolúvel.

Após saber se os compostos são solúveis ou insolúveis em água, formando ou


não formando íons, podemos discorrer sobre as reações químicas que ocorrem em
solução aquosa. Existem quatro tipos principais de reações: reações de precipitação,
reação ácido-base, as formadoras de gás e a oxirredução.

8.2. Reações de Precipitação

As reações de precipitação, assim como as ácido-base e de formação de gás,


partem do princípio da reação de dupla troca, onde os íons dos reagentes trocam de
posições entre si formando dois novos compostos, conforme mostrado no modelo
de reação abaixo:

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Veja o exemplo de dupla troca:

Quando dois compostos iônicos dissolvidos em meio aquoso reagem entre si


formando um novo composto iônico sólido e insolúvel em água, ocorreu uma reação
de precipitação. O composto insolúvel formado é chamado de precipitado.
Como mostrado no exemplo de reação de dupla troca, o cloreto de bário e o sulfeto
de sódio, ambos em solução aquosa, reagem formando o composto sulfato de bário
insolúvel em água. Outro exemplo é a reação de nitrato de prata com cloreto de
potássio formando cloreto de prata e nitrato de potássio, nesta reação o cloreto de
prata formado precipita (Figura 8.3), pois, é um composto insolúvel. A equação química
abaixo mostra a reação citada anteriormente:

Figura 8.3 – Formação do cloreto de prata (insolúvel e branco) a partir da reação entre nitrato de prata e cloreto de potássio.
Fonte: http://flexquest.ufrpe.br/projeto/7048/caso/7049.

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ISTO ESTÁ NA REDE

Para visualizar como ocorre uma reação de precipitação e a formação do


precipitado, veja o vídeo indicado. Neste vídeo ocorreu a reação entre Nitrato de
Chumbo e Iodeto de Potássio dissolvidos em água originando o Iodeto de Chumbo
(precipitado amarelo) e o Nitrato de Potássio que se mantém dissolvido na solução.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fIn97lBgfgM. Acesso em:
01/09/2021.

8.3. Reações Ácidos e Bases

Ácidos e bases são importantes classes de compostos em solução aquosa. Como


visto anteriormente, reações entre ácidos e base geralmente formam sal e água.
Lembrando que ácidos são definidos por substâncias que em água se dissolvem
formando íons H+ ou H3O+ e base são as substâncias que se dissolvem em água
formando íons OH-. Da mesma forma que solutos, os ácidos e bases também podem
ser classificados como eletrólitos fortes e fracos.
Na Tabela 8.3 estão listados os ácidos e bases fortes mais comuns e alguns
exemplos de ácidos e bases fracas.

Ácidos fortes Bases Fortes


Fórmula Nome Fórmula Nome
HCl Ácido clorídrico LiOH Hidróxido de lítio
HNO3 Ácido nítrico NaOH Hidróxido de sódio
H2SO4 Ácido sulfúrico KOH Hidróxido de potássio
HClO3 Ácido perclórico Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio
HBr Ácido bromídrico Ba(OH)2 Hidróxido de bário
HI Ácido iodídrico Sr(OH)2 Hidróxido de estrôncio
Ácidos Fracos Bases Fracas
H3PO4 Ácido fosfórico NH3 Amônia
HF Ácido fluorídrico CH3NH2 Metilamina
CH3COOH Ácido acético
HCN Ácido cianídrico
Tabela 8.3 – Ácidos e bases fortes existentes e alguns exemplos de ácidos e bases fracos.
Fonte: Brown, Holme (2017).

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Quando classificados como fortes, dissociam-se completamente em solução aquosa,


não restando moléculas intactas. A dissociação de ácido forte e base forte podem
ser escritas por reação química das seguintes formas:
1. Ácido forte:

2. Base forte:

Ácidos e bases fracas se dissociam parcialmente e apresentam moléculas intactas e


íons dissociadas na solução. Utiliza-se a seta dupla (⇌) para representar que a reação
ocorre nos dois sentidos, desta forma, enfatiza-se que a equação química de eletrólitos
fracos não é completa, ou seja, de que o reagente não se dissocia completamente.
A reação química de um ácido fraco pode ser exemplificada através da reação de
ácido acético, visto que, muitos ácidos fracos contêm o grupo funcional −COOH. A
reação de ácido acético fica escrita da seguinte forma:

Como a maioria das bases fracas não contém o grupo −OH como as bases fortes, a
reação não fica tão óbvia quanto nas demais situações, mas a dissolução delas em água
produzirá hidróxido. Veja a reação da amônia (base fraca bastante comum) com a água:

Qualquer ácido listado na tabela 8.3, e qualquer base também citada, que tenha a
presença da hidroxila em sua fórmula quando reagem formam sal e água.

Reação de Neutralização

Uma solução nunca poderá ser ácida e básica ao mesmo tempo. A mistura entre
uma solução ácida e uma básica sofre uma reação conhecida como neutralização.
Também conhecidas como reações de salificação, as reações de neutralização terão
sais como produtos ao término da reação.

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A reação de neutralização ocorre entre ácidos fortes e bases fortes, e ao fim da


reação, a solução não será nem ácida e nem básica caso a quantidade de ácido e base
misturadas sejam iguais em número de mols. Este tipo de reação parte do princípio
que o H3O+, responsável pelo caráter ácido da solução, será neutralizado pelo OH-,
formando água.

Reação de Neutralização Total: todos os cátions H+ reagirão com todos os ânions


OH-, neste caso, a quantidade de mols da base e do ácido formam quantidades de
mols de íons OH- e H+ iguais, geram sais neutros ou normais. Exemplos:

1) Hidróxido de sódio e ácido clorídrico formando cloreto de sódio e água.

2) Hidróxido de potássio e ácido sulfúrico formando sulfato de potássio e água.

Para visualizar melhor a reação dissociamos os íons:

Reação de Neutralização Parcial


• Reação de Neutralização Parcial do Ácido: ocorre quando nem todos os H+
provenientes dos ácidos são neutralizados, devido à quantidade de mols entre
H+ e OH- serem diferentes. O sal gerado conterá hidrogênio como um dos cátions
e é denominado sal ácido ou hidrácidos.

• Reação de Neutralização Parcial da Base: ocorre quando há mais OH- do que H+


em solução, desta forma, nem todos os ânions presentes serão neutralizados. O
sal gerado conterá hidroxila como um dos ânions e será chamado de sal básico.

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A neutralização parcial ocorre, pois, as quantidades de ácido e base adicionadas


na reação não estão balanceadas, ou seja, não estão proporcionais.

8.4. Reação de formação de gás

As reações que produzem gás representam outro tipo de reação química. Neste tipo
de reação, um dos produtos mais comuns é o gás carbônico (CO2) formado quando
os carbonatos metálicos ou os hidrocarbonatos reagem com ácidos.
Para acontecer a formação de gás, a reação acontece em duas etapas. Inicialmente
ocorre uma reação de troca, onde íons de hidrogênio presente no ácido substituem
os cátions metálicos no carbonato, conforme mostrado no exemplo abaixo, no qual
o carbonato de cálcio reage com ácido clorídrico, formando cloreto de cálcio e ácido
carbônico:

O ácido formado na primeira etapa, no exemplo é o ácido carbônico (H2CO3), é


instável e se decompõe em água e gás carbônico. Como o CO2 é pouco solúvel em
água, bolhas desse gás se desprendem da solução.

A equação global pode ser escrita da seguinte forma:

8.5. Reação de oxirredução

A oxirredução é uma das mais importantes reações químicas e a mais comum. Uma
reação de oxirredução é caracterizada pela transferência de elétrons. Para entender
melhor, usa-se o termo oxidação quando há perda de elétrons e o termo redução quando
há ganho de elétrons. Portanto, essa reação, que pode também ser chamada de redox
ou oxirredução, trata-se da transferência de elétrons de uma substância para outra.
Em outras palavras, a substância que ganha elétrons diminui seu número de oxidação
e sofre o processo de redução, já a substância que perde elétrons, aumenta o seu
número de oxidação e sofre o processo de oxidação.

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Vejamos o exemplo:

Neste caso, o zinco sofre processo de oxidação pelos íons do cobre que estão em
solução e algumas mudanças ocorrem, como parte do zinco se dissolve e fica na
solução (Zn2+) enquanto o cobre se deposita na superfície do zinco. A solução com
íon cobre dissolvido apresenta a coloração azul e esta vai desaparecendo à medida
que o cobre se deposita na superfície do zinco.
Em síntese, o átomo de zinco é oxidado e o íon cobre é reduzido, como mostrado
abaixo:

O processo de oxidação e de redução não acontecem de modo independente. Para


ocorrer a redução de uma substância tem que haver necessariamente outra sofrendo
a oxidação. A substância que promove a oxidação da outra é chamada de agente
oxidante (do exemplo é o Cu2+) e, do inverso, a substância que provoca a redução de
outra é chamada de agente redutor (do exemplo é o Zn).
Em algumas reações, o conceito de ganhar e perder elétrons não é tão fácil de
visualizar. Por exemplo, na reação de queima mostrada abaixo, o metano (combustão)
é oxidado a CO2, enquanto o O2 é reduzido a CO2 e H2O.

Para facilitar a identificação das substâncias que reduzem ou oxidam, químicos


desenvolveram uma outra definição para os envolvidos na oxirredução:
Oxidação: sofre ganho de átomos de oxigênio e/ou perda de átomos de hidrogênio.
Redução: sofre perda de átomos de oxigênio e/ou ganho de átomos de hidrogênio.

8.5.1. Número de oxidação

O número de oxidação corresponde à carga que um átomo tem ou aparenta ter, isto
é, corresponde a um valor arbitrário atribuído a cada elemento químico, que indica o

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número de elétrons que podem ser ganhos, perdidos ou compartilhados, dependendo


se a ligação é iônica ou covalente. O número de oxidação (Nox) é determinado seguindo
algumas regras:
• Regra 1: átomo de elemento puro apresenta Nox igual a zero;
Cu 🡪 Nox. = 0
I2 ou S8 🡪 cada átomo tem Nox = 0

• Regra 2: íons monoatômicos tem Nox igual a carga do íon;


Mg2+ 🡪 Nox = 2

• Regra 3: quando combinado com outro elemento, o Nox do flúor (F) é sempre -1;

• Regra 4: Nox do oxigênio é sempre -2;


Exceção: quando combinado com F, Nox se torna positivo; com peróxidos
como Na2O2 (Nox = -1) e superóxidos como KO2 (Nox = -1/2)

• Regra 5: em compostos Cl, Br e I tem Nox = -1, exceto quando combinado com
O e F (ClO-, o Nox do Cl é +1 e do O é -2);

• Regra 6: Hidrogênio tem Nox = +1 na maioria dos compostos, exceto no caso


dos hidretos, que é -1 (exemplo: CaH2);

• Regra 7: em moléculas neutras, a soma dos números de oxidação de cada um


dos átomos constituintes é zero;
Cu2O 🡪 Nox.(Cobre) = +1; mas existem dois átomos de cobre: 2 x (+ 1)= +2.
Nox(Oxigênio) = - 2.
Então, (+ 2) + (– 2) = 0

• Regra 8: em íons poliatômicos, a soma dos números de oxidação deve ser igual
a carga do íon.
PO 43- (Íon fosfato) 🡪 Nox(fósforo) = +5
Nox(Oxigênio) = -2, existem 4 átomos = 4 x (-2) = - 8.
Carga da molécula = soma dos Nox fósforo e do oxigênio (+5 + -8) = -3.

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AULA 9
SOLUÇÕES E SOLUBILIDADE

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/chemistry%20solution/

Soluções são misturas homogêneas de substâncias que, a nível molecular,


apresentam-se totalmente uniformes. Entre os tipos de solução, temos os listados
na Tabela 9.1.

Soluto Solvente Aparência da solução Exemplo

Gás Líquido Líquido Água carbonatada


Líquido Líquido Líquido Vinho
Sólido Líquido Líquido Soro
Gás Gás Gás Ar
Sólido Sólido Sólido Ouro 14 quilates
Tabela 9.1 – Tipos de soluções.
Fonte: Adaptado de Bettelheim et al. (2012).

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As soluções líquidas são as que vêm ao pensamento primeiro, porém, existem


também as soluções gasosas e soluções sólidas. Uma mistura de gases sempre
será uma solução, no entanto, para mistura de sólidos, quase sempre é uma mistura
heterogênea, as ligas são misturas homogêneas de sólidos e são obtidas a partir
da fusão de sólidos, da mistura dos componentes fundidos seguido da solidificação
devido ao resfriamento da mistura.
Sólidos e gases dissolvidos em líquido são chamados de soluto, enquanto o líquido é
o solvente. Um solvente é capaz de dissolver vários solutos diferentes. A água mineral
é uma mistura de gases (CO2 e O2) e sólidos (sais) dissolvidos em água.

ANOTE ISSO

Substância pura: são compostos químicos formados por átomos de um mesmo


elemento químico (simples, N2) ou são compostos químicos formados por átomos
de elementos químicos diferentes (compostos, CO2)
Mistura é a união de duas ou mais substâncias diferentes:
• Mistura heterogênea: apresenta mais de uma fase (dois ou mais aspectos
visuais). É formada quando um material não dissolve outro;
• Mistura homogênea: apresenta apenas uma fase (um único aspecto visual). É
formada quando um material tem a capacidade de dissolver outro.

9.1. Propriedades das soluções

• A distribuição das partículas em solução é uniforme;


• Os componentes não se separam mesmo que a solução esteja em repouso;
• Filtragem não é capaz de separar os componentes da solução;
• As soluções podem ser obtidas a partir de diferentes composições;
• As soluções são quase sempre transparentes;
• A separação de componentes de uma solução resulta em substâncias puras.

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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

CHUVA ÁCIDA
As gotas de chuva contém os gases CO2, O2 e N2 dissolvidos e o CO2 dissolvido
reage com a água formando ácido carbônico (H2CO3), considerado não nocivo.
No entanto, gases presentes no ar oriundos, por exemplo, da queima de carvão e
combustíveis, podem gerar o que chamamos de chuva ácida. Um dos componentes
desses gases poluentes é o dióxido de enxofre (SO2), um gás altamente solúvel
que reage com moléculas de água formando ácido sulfuroso. O SO2 também sofre
reação de oxidação formando o trióxido de enxofre (SO3) que, em reação com a
água, produz o ácido sulfúrico (Bettelheim et al., 2012).

9.2. Solubilidade

Solubilidade ou coeficiente de solubilidade é uma propriedade física da matéria


e se refere à quantidade máxima de um sólido, líquido ou gás que se dissolverá
completamente em uma determinada quantidade de um dado solvente. O soluto pode
ser dissolvido até uma quantidade limite, que quando ultrapassado, não consegue
mais ser dissolvido. A solubilidade de um soluto é influenciada por fatores como
temperatura, natureza dos solutos e solvente, pressão, etc.
Se adicionarmos alguns gramas de sal de cozinha em pouca água e agitarmos,
certamente o sal se dissolve na água e não será mais possível observar as partículas
de sal. Caso continuemos adicionando sal à solução, as partículas ficam suspensas
na solução e precipitam quando em repouso, pois o limite de soluto foi ultrapassado.
A solubilidade do sal é de 36,2 g em 100 g de água (30 °C), ou seja, se adicionarmos
qualquer quantidade acima desse valor, o excesso ficará suspenso durante a agitação
e irá ao fundo quando atingido o repouso.
Alguns líquidos são solúveis em outros até certo limite. Apenas 6 g de éter dietílico
é capaz de se dissolver em 100 g de água. Se adicionados mais de 6 g, duas camadas
dos diferentes líquidos serão formadas. No entanto, existem líquidos que são solúveis
em outros independentemente da quantidade adicionada, como é o caso do etanol
e da água.
Os solutos podem ser classificados, de acordo com a solubilidade, da seguinte forma:
• Solúveis: aqueles que se dissolvem no solvente. O cloreto de sódio (soluto), por
exemplo, é solúvel na água (solvente);

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• Pouco solúveis: aqueles que apresentam dificuldade de se dissolver no solvente.


É o caso do hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] (soluto) em água;
• Insolúveis: aqueles que não se dissolvem no solvente. A areia (soluto), por
exemplo, é insolúvel na água.

Em relação às soluções, apresentamos abaixo os três diferentes tipos de soluções


quanto à sua saturação (Figura 9.1):
• Solução saturada: refere-se à solução que contém a quantidade máxima de
soluto em determinada pressão e temperatura, não podendo ser possível dissolver
qualquer quantidade a mais de soluto.
• Solução insaturada: refere-se à solução que contém a quantidade de soluto
menor que a máxima possível de ser dissolvida.

Figura 9.1. Representação da solução insaturada, saturada e solução supersaturada de sal de cozinha.
Fonte: Própria autoria.

• Solução supersaturada: trata-se da solução que contém quantidade de


soluto dissolvido maior do que a da solução saturada devido a uma alteração
de temperatura ou pressão, ou ambas situações. Essa solução é instável e
qualquer perturbação do sistema, como agitação ou vibração, pode favorecer
a cristalização do soluto em excesso e a formação de precipitado.
• Solução saturada com corpo de fundo: ocorre no momento que o soluto
ultrapassa a quantidade limite que o solvente é capaz de dissolver, formando
precipitado ou corpo de fundo. Pode ser formada também após agitação ou
vibração de uma solução supersaturada (Figura 9.2).

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Figura 9.2. Representação da solução saturada com corpo de fundo a partir da solução supersaturada.
Fonte: Própria autoria.

9.3. Cálculos envolvendo o coeficiente de solubilidade

Podemos determinar o tipo de solução pela análise do coeficiente de solubilidade:


O coeficiente de solubilidade do KNO3 em água é de 202 g/100 g de H2O a 90 oC.
Qual será o tipo de solução preparada com 707 g de KNO3 em 350 g de água?
Sabemos que 100 gramas de H2O dissolvem 202 gramas de KNO3. Partindo desta
informação, podemos determinar quantos gramas poderão ser dissolvidos em 350 g de
água utilizando uma regra de três:
100 g de H2O ------------ 202 g de KNO3
350 g de H2O ------------ y g de KNO3
Multiplicando cruzado, temos:
100 ×y =350 ×202
100 ×y =70700
y = 707 gramas

Portanto, 350 gramas de água dissolvem 707 g de KNO3, ou seja, a solução é saturada.
Podemos, também, determinar a quantidade de soluto que poderá ser dissolvida
ou a quantidade de solvente necessária para dissolver certa quantidade de soluto,
sabendo o coeficiente de solubilidade do composto.
O coeficiente de solubilidade do KCl em água é de 34 g de KCl / 100 g de H2O
a 20 oC. Quantos gramas de KCl será possível dissolver em 400 g de H2O a 20 oC?

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Também por regra de três e utilizando o coeficiente de solubilidade do KCl, temos:


100 g de H2O ------------ 34 g de KCl
400 g de H2O ------------ x gramas de KCl
100 × =400 ×34
100 × =13600
x = 136 gramas de KCl podem ser dissolvidos em 400 g de H2O.

O inverso também pode ser calculado, ou seja, quando se deseja determinar a


quantidade de água ou solvente que seriam necessários para solubilizar uma quantidade
conhecida de soluto.

9.4. Fatores que influenciam a solubilidade

9.4.1. Natureza do solvente e do soluto

A natureza do soluto e do solvente é bastante relevante quando analisamos a


solubilidade. Costuma-se dizer que “semelhante dissolve semelhante”, mas em teoria
esta frase está relacionada com a similaridade entre as polaridades das moléculas de
cada um dos compostos. Em síntese, compostos polares se dissolvem em solventes
polares e compostos apolares, em solventes apolares.
Por exemplo, compostos iônicos como cloreto de sódio e moléculas polares como
a sacarose não se dissolvem em solventes apolares como benzeno e gasolina. No
entanto, dissolvem-se em água, que possuem moléculas polares. Ressaltando que a
água é o solvente polar mais importante. Em uma mistura entre benzeno e gasolina,
elas se dissolvem porque ambas são apolares.

9.4.2. Temperatura

Em regra geral, a elevação da temperatura da solução resulta em um aumento


da solubilidade, no entanto, algumas soluções têm sua solubilidade reduzida com a
elevação da temperatura. A Figura 9.3A apresenta a solubilidade de vários compostos
iônicos em função da temperatura.
Em relação aos gases, a solubilidade em água diminui com o aumento da temperatura.
A solubilidade de vários gases em função da temperatura está demonstrada na Figura 9.3B.

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A) B)

Figura 9.3 – A) Solubilidade de alguns compostos iônicos em água.


Fonte: http://kabuy-vi.blogspot.com/2010_01_01_archive.html; B) Solubilidade de gases em água. Fonte: Brown (2005).

A redução da solubilidade de gases pode, por exemplo, ter consequências sobre a


vida de peixes, pois o aumento de temperatura na água pode causar a diminuição da
concentração de oxigênio dissolvido até uma quantidade que seja insuficiente para
a vida desses peixes.

9.4.3. Pressão

A solubilidade de sólidos e líquidos é pouco afetada pela pressão, enquanto para a


solubilidade de um gás se aplica a Lei de Henry, que diz que quanto maior a pressão,
maior será a solubilidade de um gás em um líquido, ou seja, a solubilidade de um gás
aumenta com o aumento da pressão sobre o solvente, conforme ilustrado na Figura 9.4.

Figura 9.4 – Ilustração sobre o efeito da pressão sobre um solvente na solubilidade de um gás. Fonte: Brown (2005).

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9.5. Concentração da solução

Quando expressamos a quantidade de um soluto dissolvido em um solvente


totalizando uma massa ou volume final de solução, podemos dizer que se trata da
concentração da solução. De maneira qualitativa, podemos dizer se a solução está
diluída ou concentrada, mas não temos informação precisa sobre a solução.
Apenas sabemos que:
Soluções concentradas → [C] > 0,1 mol / L.
Soluções diluídas → [C] < 0,1 mol / L.
Em termos quantitativos, podemos expressar a concentração utilizando concentração
percentual ou molaridade.

9.5.1. Concentração percentual

• Massa do soluto/volume da solução (w*/v):


*w = weight (inglês) = peso

massa
________
volume
( )% =
w
__
v
massa do soluto
____________________
volume da solução
×100%

Exemplo: se dissolvermos 10 gramas de sacarose em uma quantidade de água


capaz de totalizar 100 ml de solução, teremos uma concentração igual a 10% (w/v).

• Massa do soluto/massa da solução (w/w):

massa
________
massa
( )
m
__
m
massa do soluto
% = ____________________ ×100%
massa da solução

• Volume do soluto/volume da solução (v/v), usada para solução de líquidos em


líquidos:

volume
________
volume
( )% =
v
__
v
volume do soluto
____________________
volume da solução
×100%

Exemplo: uma solução de etanol com concentração igual a 40 % v/v corresponde


a 40 ml de etanol diluído em uma quantidade de água suficiente para completar 100
ml de solução.

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9.5.2. Molaridade

Quando tratamos da quantidade de moléculas presentes na solução, utilizamos


outra unidade de concentração. Para isso, utiliza-se a molaridade, que nada mais é
que o número de mols do soluto dissolvidos em 1 litro de solução.
mols de soluto (n)
Molaridade (M)% = ______________________
volume de solução (L)

Exemplo de exercício: se dissolvermos 18 gramas de Li2O (massa molar = 29,9 g/mol)


em água para formar 500 ml de solução, qual a molaridade da solução?
1°) quantos mols tem 18 gramas?
29 gramas ---- 1 mol
18 gramas ---- x
18 gramas ×1 mol
x= ____________________ = 0,62 mol
29 gramas

2°) 0,62 mol em 500 ml, quanto seria em 1 L (1000 ml)?


0,62 mol ---- 500 ml
X ----- 1000 ml
X = 1,24 mol em 1 L 🡪 molaridade é 1,24 M

Resolvendo através de outro raciocínio:


18 1 mol Li2O 1000
g Li2O ____________ ml
________ × × ________
500 ml 29,9 g Li2 O 1L
= 1,24 M

9.5.3. Diluição

Fonte: Própria autoria.

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Para preparar soluções em laboratório, por exemplo, em determinados momentos


será necessário fazer diluições de soluções já prontas ou existentes. Em diluições, o
número de mols permanece o mesmo, ou seja:
Antes da diluição:
M1V1 = mols
Depois da diluição, mudaram a molaridade e o volume da solução, mas não o
número de mols (pois não houve adição de soluto ou remoção):
M2V2 = mols
Portanto,
M1V1 = M2V2
Exemplo de exercício de diluição: Quanto da solução de ácido acético de concentração
igual a 6 M precisamos diluir para obter 200 ml de solução de ácido acético 3,5 M?
M1V1 = M2V2

mol mol
6 ____ x V1 = 3,5 ____ × 0,200 L
L L
mol
3,5 ____ ×0,200 L
L
_________________
V1 = = 0,12 L
mol
6 ____
L

Portanto, 120 ml da solução inicial devem ser diluídos até completar 200 ml para obter
uma solução de ácido acético 3,5 M.

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AULA 10
CINETICA E
EQUILIBRIO QUÍMICO

10.1. Cinética química

As reações químicas precisam de certo tempo para se completarem. Algumas


reações podem ser extremamente rápidas e outras extremamente lentas. A
palavra cinética tem origem da palavra grega kinetiké que significa movimento. A
cinética química estuda a rapidez com que as reações ocorrem e os fatores que
as influenciam.
O conhecimento sobre a cinética das reações químicas permite aumentar
o rendimento de certas reações ou reduzir aquelas consideradas indesejadas,
possibilitando o melhor emprego da química em situações do cotidiano, por exemplo,
na conservação de alimentos.

10.1.1. Velocidade da reação

Da física, velocidade é uma grandeza calculada pela razão entre a distância


percorrida e o tempo necessário para realizar tal percurso. Em reações químicas, não
consideramos distância, mas as variações da quantidade de reagentes e produtos
medidos através da concentração. A velocidade média da reação, portanto, refere-
se à variação na concentração de reagente consumido ou de produto formado por
unidade de tempo:
variação da concentração
V= ___________________________
tempo decorrido

Das unidades, temos:


Concentração mede quantidade de matéria e, portanto, leva como unidade mol/L.
unidade de tempo é geralmente em segundos. Expressamos, desse modo, a unidade
de velocidade da reação em mol.L-1.s-1, que seria o mesmo que mol/L.s. A concentração

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pode ser representada usando colchetes, [ ], e a variação usando a letra grega delta,
Δ, resumindo a equação em:

Vm= |∆[substância]|
______________

Considere a seguinte reação:

A velocidade da reação pode ser dada pela velocidade em que o ozônio se decompõe.
A concentração de oxigênio, nesta reação, aumenta mais rapidamente que a diminuição
de ozônio, pois três moléculas de oxigênio se formam a cada duas de ozônio que se
decompõem. Então, também podemos calcular a velocidade da reação através da
produção de oxigênio. O cálculo da velocidade pode ser feito pela concentração de
formação do produto ou de consumo do reagente, mas temos que levar em consideração
a estequiometria da reação.
Se medirmos o aumento da concentração, a velocidade será naturalmente positiva,
mas a diminuição da concentração do reagente gera uma variação de concentração
negativa, e para que a velocidade fique positiva é incluído um sinal negativo à fórmula.
Desse modo, a velocidade pode ser determinada por:

∆[produto]
Vm= ___________

Ou
∆[reagente]
Vm= ___________

Exemplo: Consideremos que em um recipiente fechado tenha sido colocado amônia


gasosa (NH3) com concentração inicial de 8,0 mol/L. Com o passar do tempo ocorre a
reação abaixo:
2 NH3(g) → N2(g) + 3 H2(g)

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E o consumo de NH3 ocorreu da seguinte forma:

[NH3] (mol/L) 8,0 4,0 2,0 1,0


Tempo (horas) 0 1 2 3

Resolução: Calcularemos a Vm entre cada intervalo de tempo. Lembrando que o NH3


é reagente, então ou fazemos a conta em módulo ou incluímos um sinal negativo na
fórmula.
∆[NH3] (4-8) mol
• Entre 0 e 1 h: Vm= _______ = - ____ = -(-4)=4,0 ____
∆ 1-0 L.h
∆[NH3] (2-4) mol
• Entre 1 e 2 h: Vm= _______ = - ____ = -(-2)=2,0 ____
∆ 2-1 L.h
∆[NH3] (1-2) mol
• Entre 2 e 3 h: Vm= _______ = - ____ = -(-1)=1,0 ____
∆ 3-2 L.h

Voltando ao exemplo da decomposição do ozônio, não foi considerado que em


determinado momento a formação de O2 é mais rápida que a diminuição de O3, como
mencionado anteriormente. Para considerar esse momento, adicionamos o coeficiente
estequiométrico ao denominador da equação e temos:

∆[produto] ∆[reagente]
Vm= __________ = - ___________
νprod ∆ νreag ∆

Onde: νprod refere-se ao coeficiente estequiométrico do produto medido e νreag refere-


se ao coeficiente estequiométrico do reagente medido.
Em um caso geral, por exemplo:

A velocidade média pode ser calculada pelas equações:

∆[A] ∆[B] ∆[C] ∆[D]


Vm= - ______ = - ______ = ______ = ______
α×∆ b×∆ c×∆ d×∆

Diferentemente da velocidade média, que representa a velocidade em um espaço de


tempo, a velocidade instantânea refere-se à velocidade da reação em um determinado
instante (único) e pode ser calculada por meio de gráfico através do grau de inclinação

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de uma tangente em relação à curva de variação da concentração pela variação do


tempo, como mostrado na Figura 10.1.

Figura 10.1 – Gráfico da concentração de produto formado em uma reação e ilustração da reta tangente onde sua inclinação fornece a velocidade
instantânea.

10.1.2. Teoria da colisão

A Teoria da colisão prevê que para que reações ocorram existam algumas condições:
• Colisão efetiva
Para que ocorra a reação é necessário que ocorra uma colisão entre íons ou
moléculas através do movimento constante que esses compostos devem exercer.
Em reações afetivas, que ocorrem mais lentamente, as colisões não resultam em
reação, pois as moléculas se ricocheteiam ao se chocarem. Uma vez ou outra, uma
colisão pode resultar em reação e quando isso ocorre é chamado de colisão efetiva.

• Velocidade das moléculas e frequência de colisão


A velocidade das moléculas ou a energia cinética das moléculas influenciam a
efetividade da colisão, pois quanto maior a velocidade das moléculas maior a frequência
de colisão e sabe-se que quanto mais colisões ocorrem, maior a chance de também
acontecer a reação.

• Complexo ativado
O complexo ativado é o nome dado a uma espécie intermediária e instável formada no
momento da colisão efetiva (aquela que vai resultar em reação), pois, nesse momento,
há um rearranjo das ligações, tanto das que estão sendo quebradas quanto das que
estão sendo formadas.

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• Ângulo de colisão
O ângulo de colisão também é bastante importante, pois moléculas que se colidem
de frente possuem mais energia do que quando colidem em ângulo, ou seja, deve
existir um ângulo favorável para a formação de um complexo ativado.

Fonte: Própria autoria.

• Energia de Ativação
Para ocorrer a reação entre dois compostos, ligações químicas devem ser quebradas e,
para isso, é necessário gerar energia através da colisão. Se a energia for suficientemente
alta, ocorrerá a reação, pois as ligações podem ser rompidas. A energia mínima para
que ocorra a reação é chamada de energia de ativação.
Energia de ativação, por analogia, é como se houvesse uma montanha que deve
ser escalada para completar um percurso e chegar ao destino final. Quanto menor a
energia de ativação for necessária, mais rápido ocorrerá a reação. Para romper uma
ligação é preciso energia e para formar, libera-se energia. Quando a energia liberada na
formação de produtos é maior que aquela necessária para romper as ligações iniciais,
tem-se uma reação exotérmica (ΔH < 0), que libera calor. O inverso, provoca uma
reação endotérmica (ΔH > 0), quando a energia liberada é menor do que a necessária
para romper as ligações iniciais.
Na Figura 10.2 está ilustrada a energia de ativação de uma reação e como se
comportam as reações exotérmicas e endotérmicas com relação à energia da reação.

Reação exotérmica Reação endotérmica

Figura 10.2 – Gráficos referentes à direção da reação em função da energia para reações exotérmicas e endotérmicas.
Fonte: Própria autoria.

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10.1.3. Fatores que influenciam a velocidade da reação

Alguns fatores podem afetar as energias de ativação e as velocidades de reação como


a natureza e a concentração dos reagentes, temperatura e a presença de catalisadores.

10.1.3.1. Natureza dos reagentes

Reações que ocorrem entre íons em solução aquosa são muito rápidas e apresentam
baixa energia de ativação pois não há a necessidade de romper ligações covalentes,
chegando a ser instantâneas. Sendo assim, reações que envolvem moléculas covalentes,
em solução ou não, tendem a ser mais lentas e demoram de 15 min a 24 horas para
converter a maioria dos reagentes em produtos.

10.1.3.2. Concentração

Quanto maior a concentração de um dos reagentes ou de todos, maior será a


velocidade da reação. Em algumas reações, se a concentração do reagente é dobrada,
a velocidade também dobra, em razão do aumento de colisões entre as moléculas.

10.1.3.3. Temperatura

Uma reação ocorre mais rapidamente com a elevação da temperatura, portanto, a


velocidade aumenta. Em teoria, a velocidade da reação dobra a cada 10 °C que são
elevados, mas essa teoria está longe de ser uma regra exata.
Controlar a temperatura é de bastante importância para poder administrar o
andamento da reação. Por exemplo, reações em que há o risco de explosão podem
ser conduzidas em temperaturas mais baixas, tornando a reação mais lenta e menos
perigosa. Reduzir a temperatura e, consequentemente, a velocidade da reação é uma
opção quando não convém reações rápidas e vice-versa.
Mas, por que a temperatura influencia na velocidade da reação?
• Em primeiro lugar, a temperatura interfere na energia cinética das moléculas.
Um aumento de temperatura faz com que as moléculas se movimentem mais
rapidamente e, consequentemente, colidam com mais frequência e reajam mais
rapidamente.

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• O mais importante, com o aumento da temperatura e aumento da velocidade


das moléculas, o número de colisões efetivas também aumenta. Ou seja, há um
aumento em colisões com energia maior que a energia de ativação.

10.1.3.4. Catalisador

Catalisadores são substâncias que aceleram, ou seja, aumentam a velocidade da


reação, mas não consumidas, nem têm sua massa e propriedades alteradas após a
reação. Os catalisadores fazem com que a reação tome um caminho alternativo com
menor energia de ativação (Figura 10.3) e, desta forma, tornam maior a velocidade
de reação.

Figura 10.3 – Gráfico do progresso de uma reação sem uso de catalisador e com o uso de catalisador em função da energia.
Fonte: Própria autoria.

Usa-se catalisadores, principalmente, quando o aumento de temperatura é


inapropriado para aquela reação, pois pode favorecer também o aumento de velocidade
de outras reações indesejadas. Se o estado físico do catalisador for o mesmo dos
reagentes, trata-se de uma catálise homogênea, se o estado físico entre eles for
diferente, tem-se então, uma catálise heterogênea.

Exemplo de catálise homogênea:

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Exemplos de reações com catálise heterogênea, observe que os catalisadores, Fe


e Pt, estão no estado sólido enquanto reagentes e produtos são gases.

10.2. Equilíbrio Químico

Embora existam as reações irreversíveis, como, por exemplo, a queima de um papel,


aqui focaremos nas reações reversíveis. O que diferencia esses dois tipos de reações?
Por exemplo, a queima do papel produz CO2 e água, mas não há como esses produtos
reagirem entre si para produzirem papel e oxigênio, desta forma, a reação acontece
apenas em um sentido. Já a reação reversível é orientada em ambos os sentidos,
como no caso do monóxido de carbono e água, que quando reagem produzem dióxido
de carbono e H2, a reação desses produtos produzirá o CO e H2O, novamente, como
mostrado a seguir:

Em um sistema fechado, em determinado momento, é estabelecido o equilíbrio, onde


a velocidade em que se forma CO e H2O é a mesma na formação de CO2 e H2 e, neste
momento, não haverá mais variação das quantidades das substâncias presentes no
meio. Ao atingir esse momento, dizemos que a reação está em equilíbrio dinâmico,
pois, apesar das reações continuarem a ocorrer, as concentrações das substâncias
permanecem iguais.
Na reação direta, reagentes formam produtos. Na inversa, os “produtos” da reação
direta reagem entre si, formando os “reagentes”. A representação dessas reações
é feita com uma flecha nos dois sentidos (⇌) da equação química. Em equilíbrio, a
velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação inversa.

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10.2.1. Constante de equilíbrio

10.2.1.1. Constante de equilíbrio a partir da concentração

O equilíbrio químico pode ser tratado como uma expressão matemática desenvolvida
a partir do conceito de que em um equilíbrio, a velocidade da reação direta é igual
à velocidade da reação inversa. Dada a equação química geral hipoteticamente em
equilíbrio:

Podemos definir uma proporção das concentrações no equilíbrio, em uma expressão


de equilíbrio dada por:

[C] c
× [D]d
__________
K=
[A]a × [B]b

Onde K é constante de equilíbrio em termos de concentração e trata-se de uma


grandeza com valor específico para uma dada reação e temperatura, independentemente
das concentrações iniciais, volume do recipiente ou pressão.
Como visto, a expressão de equilíbrio é dada pela razão entre a multiplicação
das concentrações dos produtos elevadas aos seus respectivos coeficientes
estequiométricos e o produto das concentrações dos reagentes também elevados a
potências iguais ao seu respectivo coeficiente estequiométrico.
Da equação, como K é diretamente proporcional à concentração dos produtos,
quanto maior a constante, maior o rendimento da reação pois ela tenderá a formar
mais produtos. Assim, quanto menor o valor do K, menor o rendimento da reação e
maior será a concentração de reagentes em relação aos produtos.

Exemplo: Gás hidrogênio é adicionado a I2 a uma temperatura de 427 °C, ocorrendo


uma reação até atingir o equilíbrio. No equilíbrio, as concentrações de I2, H2 e HI são 0,42
mol/L, 0,025 mol/L e 0,76 mol/L, respectivamente. Qual a constante de equilíbrio para dada
temperatura?
H2(g) + I2(g) ⇌ 2 HI(g)

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Resolução: A expressão de equilíbrio para esta equação química fica da seguinte


forma:
[HI] 2
________
K=
[H2]×[I2]
Substituindo pelas concentrações:

[0,76 M] 2
____________________
K= = 55
[0,025 M]×[0,42 M]

ANOTE ISSO

Interpretando o valor da constante K:


K > 1,0 🡪 as concentrações de reagentes e produtos favorecem os produtos e o
equilíbrio se desloca para a direita;
K < 1,0 🡪 as concentrações de reagentes e produtos favorecem os reagentes e o
equilíbrio se desloca para a esquerda;
O valor de K não se altera se mantida a temperatura, mas é alterada se houver
variação da temperatura.

Em equilíbrio que ocorrem em soluções diluídas, geralmente omite-se o solvente


da expressão de equilíbrio, exemplo:
NH3(aq) + H2O(l) ⇌ NH4+(aq) + OH-(aq)
[NH +
]×[OH-]
____________
Portanto, K=
4

[NH3]
10.2.2. Classificação de equilíbrio

O equilíbrio químico pode ser classificado de acordo com as fases ou estado físico
das substâncias que participam da reação.

Equilíbrio homogêneo

Trata-se da reação em que todas as substâncias estão na mesma fase (estado


físico). Geralmente, ocorrem em sistemas gasosos e aquosos.
Exemplos: H2(g) + I2(g) ⇌ 2 HI(g)

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Equilíbrio Heterogêneo

Trata-se da reação em que as substâncias estão em fases diferentes. Essas reações


normalmente envolvem substâncias sólidas e líquidas.
Exemplos: Mg(OH)2(s) ⇌ Mg+2(aq) + 2 OH-(aq)

10.2.3. Princípio de Le Chatelier

Como visto anteriormente, em um sistema em equilíbrio químico a velocidade


da reação direta é igual a velocidade da reação inversa e as concentrações dos
reagentes e produtos permanecem inalteradas. Caso ocorra qualquer alteração
no sistema, altera-se também o equilíbrio, pois o equilíbrio químico é vulnerável a
alguns fatores que são capazes de alterar uma das velocidades, modificando as
concentrações das substâncias envolvidas na reação (reagentes e produtos) e,
consequentemente, provocando o deslocamento do equilíbrio.
Quais seriam esses fatores capazes de alterar o equilíbrio químico? Os fatores
que iremos abordar são mudanças nas concentrações de reagentes e produtos,
na pressão, na temperatura e a presença de catalisador.
Chamamos estas mudanças ou perturbações de deslocamento do equilíbrio, pois
podem favorecer a reação em um dos dois sentidos. Os deslocamentos de equilíbrio
foram estudados pelo químico francês Le Chatelier, que formulou o princípio de
Le Chatelier, no qual prevê as formas às quais um sistema em equilíbrio reage a
estas perturbações ou variações externas.
Princípio de Le Chatelier: quando um sistema em equilíbrio sofre uma perturbação
externa, ele reage restabelecendo o equilíbrio para aliviar essa perturbação, ou seja,
ele se desloca, procurando minimizar a ação do fator (ex. mudança de concentração,
temperatura ou pressão) aplicado.
Deslocamento do Equilíbrio é qualquer mudança na velocidade da reação direta
ou inversa, provocando uma mudança na concentração da substância e fazendo
com que o sistema atinja um novo estado de equilíbrio químico. À medida que a
velocidade da reação direta aumenta, o equilíbrio desloca-se para a direita e vice-
versa. Com base nas alterações feitas, você pode prever o que acontecerá com
a reação.

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10.2.3.1. Fatores capazes de alterar o equilíbrio químico

1) Concentração
Um aumento na concentração de qualquer uma das substâncias, desloca o equilíbrio
para o outro lado. A retirada ou redução de alguma substância desloca o equilíbrio
para o seu lado. Durante as modificações, os valores das concentrações são alterados,
mas a constante K mantém-se a mesma.

2) Pressão
Mudança na pressão altera somente a reação em que uma ou mais substâncias
são gases. O aumento da pressão desloca a reação no sentido com menor número
de mols de gás. A diminuição da pressão beneficia a reação com maior número de
mols de gás.

3) Temperatura
É a única alteração que pode modificar o valor da K. O aumento da temperatura
beneficia a reação endotérmica e a diminuição da temperatura beneficia a reação
exotérmica.
Reação endotérmica (ΔH>0): ↑T = ↑K e ↓T = ↓ K, ou seja, um aumento de temperatura
desloca a reação no sentido dos produtos e uma diminuição, desloca no sentido dos
reagentes.
Reação exotérmica (ΔH<0): ↑T =↓ K e ↓T = ↑K, ou seja, um aumento de temperatura
desloca a reação no sentido dos reagentes e uma diminuição, desloca no sentido dos
produtos.

4) Catalisador
A presença do catalisador aumenta a velocidade da reação direta e inversa na
mesma extensão em uma reação reversível, não tendo efeito sobre no sentido do
equilíbrio. No entanto, em reações que ainda não atingiram o equilíbrio, o catalisador
faz com que o equilíbrio seja atingido mais rapidamente.

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AULA 11
EQUILÍBRIO QUÍMICO II

Fonte: https://pixabay.com/illustrations/balance-swing-equality-measurement-2108024/

11.1. Equilíbrio iônico: Reação ácido-base

O equilíbrio iônico é um tipo de equilíbrio químico, mas consideramos os íons


formados ao invés das moléculas. Para relembrar, a substância que, quando adicionada
à água, produz íons livres é chamada eletrólito.
Os ácidos, as bases e os sais quando em presença da água são as substâncias
mais comuns a atingirem os equilíbrios iônicos, pois são compostos que sofrem o
fenômeno da ionização ou dissociação iônica. Porém, só acontece o equilíbrio iônico
na reação quando há um eletrólito fraco entres as substâncias, pois se considerarmos
que todas das moléculas dos ácidos ou da base se ionizam, como ocorre nos eletrólitos
fortes (ionização total), o equilíbrio não será estabelecido e a reação terá apenas um
sentido – o da formação de íons.
Por exemplo, na reação:

HCl + H2O → Cl- + H3O+


O HCl (ácido clorídrico) é um ácido forte e a reação está quase completamente
deslocada para direita (a cada 100000 moléculas de HCl dissolvidas em água, apenas
uma não reage formando Cl- e H3O+), por isso, a seta é única e para a direita.

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Mas, na reação entre ácido acético e água, veja:

CH3COOH + H2O ⇌ CH3COO- + H3O+


O ácido acético, sendo ácido fraco (ionização parcial), reage pouco com a água
formando os íons mostrados, e no equilíbrio exigem mais moléculas de ácido e de
água do que de íons. Portanto, o equilíbrio tem maior deslocamento para a esquerda.
Nestas duas reações ácido-base mostradas, a água é a base.
Como a ionização de ácidos fracos entram em equilíbrio, podemos calcular a
constante de equilíbrio para expressar numericamente a força de cada ácido fraco.
Por exemplo, considere a equação hipotética a seguir de um ácido fraco em água:

HA + H2O ⇌ A- +H3O+,
A equação de equilíbrio é calculada da seguinte forma:

[A ]×[H3O ]
-
____________
+

K=
[HA]×[H2O]

Agora, podemos explicar o que foi dito na aula anterior: em reações de ionização,
não precisamos considerar a concentração do solvente para realizar os cálculos da
constante de equilíbrio, pois, neste caso, há pouca variação na concentração da água,
sendo então considerada uma constante. Se [H2O] é constante, podemos combiná-la à
constante K e teremos uma nova constante conhecida como constante de ionização
ácida Ka, dada por:
[A ]×[H3O ]
-
____________
+
Kα= K × [H2O] =
[HA]

A constante de acidez indica a força do ácido. Quanto menor o valor do Ka, mais
fraco é o ácido. Menos ionizado é este ácido. Utiliza-se esta constante para os ácidos
fracos. Ácido forte não tem Ka, já que dissocia completamente e não apresenta equilíbrio
(reação direta e inversa).
Como Ka para ácidos fracos é sempre igual a um número muito pequenos com
expoentes negativos, por exemplo, a Ka do ácido acético é igual a 1,8 x 10-5, utilizamos
o logaritmo para torná-lo um número mais fácil de usar.

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Portanto, a força do ácido pode ser expressa em – logKa, também chamado de


pKa, onde p corresponde apenas ao logaritmo negativo. Demonstrando como fica o
uso de logaritmo, temos:
Ka=1,8×10-5

-log log Ka= -log log 1,8×10-5

-log log Ka= -(log log 1,8 + log10-5)

-log log Ka= -(log log 1,8 -5×log log 10 )

-log log Ka= -(-4,74)

-log log Ka= 4,74 ou pK_a=4,74

Em termos de força de ácido, a relação entre Ka e pKa, ou seja, quanto menor o


valor do Ka, mais fraco é o ácido, porém maior será seu pKa. A importância dessas
constantes é que elas nos informam imediatamente a força de um ácido. Na Tabela
11.1 estão listados alguns ácidos e suas respectivas constantes Ka e pKa e podemos
observar que o ácido fosfórico é o ácido mais forte entre os ácidos fracos.

Tabela 11.1 – Constantes Ka e pKa para alguns ácidos fracos.


Fonte: Bettelheim et al. (2012)

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Exemplo: Para a reação a seguir,

HF(aq) + H2O(l) ⇌ H3O+(aq) + F-(aq)


O valor de Ka é 7,2 x 10-4. Escreva a expressão da constante de equilíbrio e calcule
o pKa de cada ácido. O ácido HF é mais forte ou mais fraco que o ácido acético
(utilizando a Tabela 11.1)?
Resolução: A expressão é dada por:
[F ]×[H3O ]
-
____________
+
Ka= =7,2×10-4
[HF]
Para calcular o pKa, temos,
pKa=-10-4
Utilizando a calculadora: pKa=3,14
O HF é mais forte que o ácido acético pois possui o maior Ka e, portanto, o menor
pKa (3,14 vs. 4,74).

Para bases fracas, a constante de basicidade ou constante de ionização básica (Kb)


indica a força da base e o seu grau de dissociação. A expressão para calcular a constante
é semelhante ao Ka, mas refere-se às bases e também não inclui a concentração da
água. Por exemplo, considere a equação hipotética a seguir de uma base fraca em água:
B(aq) + H2O(l) ⇌ BH+(aq) +OH-(aq)
A constante de ionização básica é calculada da seguinte forma:
[BH +
]×[OH-]
____________
Kb=
[B]
A constante de basicidade indica a força da base. Quanto maior o valor do Kb,
mais forte pode ser considerada a base e o equilíbrio se deslocará no sentido direto,
favorecendo sua dissociação.

11.2. Equilíbrio iônico da água pura

A água possui caráter anfótero, ou seja, comportando-se como bases quando em


reação com ácidos, aceitando prótons e formando o composto H3O+ e comportando-se
como como ácidos quando em reação com bases, doando prótons e formando OH-.

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Porém, mesmo quando pura, as moléculas de água se chocam, devido ao seu


constante movimento gerando uma autoionização e formando pequenas quantidades
de íons H3O+ e OH-, como representado a seguir:

H2O(l) + H2O(l) ⇌ H3O+(aq) + OH−(aq)


Para a reação apresentada, temos a seguinte expressão da constante de equilíbrio:
[H O+]×[OH-]
____________
K= 3

[B]
A autoionização da água é muito pequena e a reação é bastante deslocada para
a esquerda, portanto, há pouca variação na concentração da água que passa a ser
considerada uma constante. Em 1 L de água, sua massa é próxima de 1 kg e a
concentração é igual a 55,5 mol/L. Visto que a concentração da água não sofre variação.
Se [H2O] é constante, podemos combiná-la à constante K e teremos uma nova constante
conhecida como produto iônico da água. Essa nova constante é representada por Kw
e sua expressão é dada por:

Kw=K×[H2O]2=[H3O+]×[OH-]
Experimentalmente, em temperatura ambiente, o valor de Kw da água pura é igual
a 1,0 x 10-14 e esse valor se altera apenas quando há mudança de temperatura.
Também em água pura, H 3O + e OH - se formam em quantidades iguais e,
consequentemente, suas concentrações são iguais, logo:

[H3O+]=[OH-], calcula-se:
Kw=[H3O+]×[H3O+]=1,0×10-14

[H3O+]×[H3O+]= [H3O+]2=1,0×10-14

[H3O+]= 1,0×10-14= 1,0×10-7

Se, [H3O+]=[OH-], então a [OH-] também é 1,0 x 10-7 em água pura.


Esses baixos valores de concentração de íons H3O+ e OH- justificam o fato de a água
não ser um condutor de energia e, portanto, não pode ser considerada um eletrólito.
A equação de ionização da água não se aplica somente a água pura, mas em
qualquer reação que ocorra em solução aquosa. O produto entre [H3O+] e [OH-] será 1,0

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x 10-14 em qualquer solução aquosa. Dito isto, quando uma substância é adicionada à
água pura, o equilíbrio pode ser afetado devido a alteração das concentrações, mas
o produto entre [H3O+] e [OH-] será o mesmo.
Por exemplo, se forem adicionados 0,01 mol de ácido clorídrico (HCl) a 1 L de água,
sendo um ácido forte, ele ionizará completamente e íons H3O+ e Cl- serão produzidos.
Nesta situação, a concentração de H3O+ será 0,01 mol/L ou 1, 0 x 10-2 mol/L e se o
produto entre [H3O+] e [OH-] será 1,0 x 10-14, então:

[H3O+]×[H3O+]=1,0×10-14
1,0 x 10-14
____________
[OH ]=
-
=1,0×10-12 mol/L
1,0 x 10 -2

Em síntese, um aumento na concentração de H3O+, formando uma solução ácida,


e, diminui a [OH−]. A condição para considerar uma solução ácida são as seguintes:
[H3O+] > 10−7 mol/L
[OH−] < 10−7 mol/L
[H3O+] x [OH−] = 10−14 mol/L
Se acontecer um aumento na concentração de OH- devido à adição de uma substância
que libera OH- ao sofrer ionização, forma-se uma solução básica e, consequentemente,
diminui [H3O+], devido ao deslocamento do equilíbrio.
Em uma solução básica temos as seguintes condições:
[H3O+] < 10−7 mol/L
[OH−] > 10−7 mol/L
[H3O+] x [OH−] = 10−14 mol/L

ANOTE ISSO

Mesmo se a adição de uma substância resultar na formação de uma solução ácida


ou básica, o produto das concentrações de H3O+ e OH− mantém-se constante, igual
a Kw.
Solução ácida: [H3O+] > 10−7 mol/L e [OH−] < 10−7 mol/L
Solução básica: [H3O+] < 10−7 mol/L e [OH−] > 10−7 mol/L

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11.3. O que são pH e pOH?

As concentrações dos íons e H3O+ e OH− para a maioria das soluções são números
com potências de dez e expoentes negativos. Por isso, o químico dinamarquês Peter
Lauritz Sörensen propôs indicar a acidez ou basicidade de uma solução com o uso
de pH (potencial hidrogeniônico) e pOH (potencial hidroxiliônico) através do uso de
logaritmos nas concentrações.
O Potencial hidrogeniônico é calculado através do logaritmo negativo da
concentração molar de H3O+, logo:

pH=-log log [H3O+]


O Potencial hidroxiliônico é calculado através do logaritmo negativo da concentração
molar de OH-, logo:
pOH=-log log [OH-]
Como mencionado no item 11.2, o produto iônico da água (Kw) em solução aquosa
é igual a 1,0 x 10-14, que também é igual ao produto das concentrações de H3O+ e OH−,
desta forma:

Kw=[H3O+]×[OH-]=1,0×10-14

-log[H3O+]×[OH-]=-log1,0×10-14

-(log[H3O+]+log[OH-])=-(log log 1,0+log10-14)

(-log[H3O+])+(-log[OH-])=-(0-14)

Substituindo, –log[H3O+] por pH e –log[OH-] por pOH, temos:

pH+pOH=14
Vimos que, uma solução ácida tem concentração de H3O+ maior que 1,0 x10-7 mol/L
e, caso a concentração seja menor que esse valor, a solução é caracterizada como
uma básica. Assim, podemos utilizar o pH para classificar as soluções em:
• Solução ácida é aquela em que o valor de pH é menor que 7,0;
• Solução neutra é aquela em que o valor de pH é igual a 7,0;
• Solução básica é aquela em que o valor de pH é maior que 7,0.

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Fonte: Adaptado de https://www.freepik.com/free-vector/ph-scale-infographic_5840388.htm.

Calculando o pH: Uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) de 0,0012 M a 25°C


apresenta qual valor de pH?
Resolução: O hidróxido de sódio é uma base forte que se dissocia completamente.
Portanto, a concentração de OH- formada é igual a 0,0012 M. Desta forma,
pOH=-log log [OH-]
pOH=-log log [0,0012]
pOH=2,92
Sabendo que, pH + pOH = 14, então:
pH+2,92=14
pH=14-2,92=11,08
A o pH da solução de hidróxido de sódio é 11,08 e trata-se de uma solução alcalina
ou básica.

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11.4. Efeito do íon comum

O efeito do íon comum corresponde a uma aplicação do princípio de Le Chatelier


aos equilíbrios iônicos. Trata-se do efeito gerado quando adicionado à solução um
íon já existente (comum), deslocando o equilíbrio da reação para o lado esquerdo. Por
exemplo, se adicionarmos solução de ácido clorídrico (HCl) a uma solução saturada
de cloreto de prata haverá a formação de precipitado de cloreto de prata. Isto ocorre
porque a solução estava saturada, portanto, havia a quantidade máxima de AgCl
dissolvida (em determinado volume de água e em temperatura). As reações químicas
mencionadas são:
Dissociação do AgCl em água:

AgCl(s) ⇌ Ag+(aq) + Cl-(aq)


Dissociação do HCl água:

HCl(aq) ⇌ H+(aq) + Cl-(aq)


O íon cloreto (em destaque) é o íon comum ao equilíbrio. Adicionar o HCl faz com
que aumente a concentração de Cl-(aq), ficando em excesso no sistema o que, por
fim, causa um deslocamento do equilíbrio no sentido da reação inversa (esquerda),
consumindo o íon cloreto e formando o precipitado AgCl(s).
O efeito do íon comum desloca a reação em equilíbrio, mas não altera a constante
de equilíbrio (K), desde que mantida constante a temperatura. No entanto, pode ser
alterado o pH da solução, pois o equilíbrio é deslocado para a esquerda, diminuindo
o grau de ionização do ácido ou da base.
Por exemplo, se adicionarmos acetato de sódio (NaCH3COO) em solução aquosa
de ácido acético diluído (CH3COOH), o íon comum será o íon acetato (CH3COO-) e
este será consumido para a formação de ácido acético, fazendo com que o grau de
ionização do ácido acético diminua. As reações de dissociação são:

NaCH3COO(s) ⇌ Na+(aq) + CH3COO-(aq)


CH3COOH(aq) ⇌ H+(aq) + CH3COO-(aq)
Neste caso, o efeito do íon comum diminui a concentração de íons H+ na solução
devido à diminuição do grau de ionização do ácido, aumentando o valor do pH.

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11.5. Solução Tampão

Uma solução tampão ou solução tamponada é resistente a variações bruscas na


concentração de íon hidrogênio, ou de pH, quando são adicionados ácido ou base forte.
A água pura não resiste à modificação do pH quando adicionado um ácido forte
ou uma base forte. Caso seja adicionado 0,01 mol de HCl em 1 litro de água, o pH cai
de 7 para 2. O pH se eleva a 12 se for adicionado NaOH no lugar de HCl na mesma
concentração.
Uma solução de acetato de sódio, porém, não tem o pH alterado apreciavelmente
pela adição de um ácido forte. Assim como o sangue, que apresenta pH 7,4 e varia
apenas em 0,1 caso 0,01 mol de uma base ou ácido forte seja adicionado a ele.
Portanto, dizemos que são soluções tampão ou tamponadas.
A capacidade da solução de resistir às mudanças no pH pode ser vista no
comportamento da mistura de ácido acético, CH₃COOH, e acetato de sódio, CH3COONa
(isso aumenta a concentração de íons acetato). A solução contém uma alta concentração
de ácido acético não ionizado, conferindo uma acidez reserva. Possui alta concentração
de íons acetato do sal, conferindo-lhe uma reserva de alcalinidade.
Quando um ácido forte é adicionado:
• Os íons hidrogênio adicionados a solução são consumidos pelos íons acetato,
logo a acidez não aumenta.
Quando uma base forte é adicionada, ocorre:
• Consumo de íons hidróxidos, pelas moléculas íntegras do ácido acético, logo a
alcalinidade não aumenta.
Quando o ácido e o sal são misturados na mesma proporção molar, eles têm o maior
efeito tampão. O valor de pH de uma solução tampão, formada por um ácido fraco de
concentração conhecida adicionado de uma certa quantidade de uma solução de sal
de base forte de concentração conhecida, é calculado pela equação de Henderson-
Hasselbalch a seguir:
[sal] [ácido]
_______
pH=pKa+log _______ ou pH=pKa-log
[ácido] [sal]
Essa equação mostra que o pH de uma solução-tampão é controlado pela força
do ácido (expressa pelo Ka ou p Ka) e pelas quantidades relativas de ácido e do seu
ânion correspondente.

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Exemplo: Qual o pH de uma solução-tampão formada por ácido acético na concentração


de 0,7 M e acetato de sódio na concentração 0,6 M?
Resolução: Inicialmente calculamos o pKa a partir do Ka do ácido acético (1,8x10-5):

pKa=-log 1,8×10-5=4,74
Em seguida, calculamos o pH da solução-tampão:

[ácido]
_______
pH=pKa-log
[sal]
[0,7]
_____
pH=4,74-log =4,68
[0,6]

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

“UM TAMPÃO VITAL — NOSSO SANGUE

O sangue é vital para o funcionamento do organismo. Para que as trocas gasosas


ocorram normalmente, o sangue deve estar tamponado com pH em torno de 7,4.
Um dos sistemas que contribuem para o tamponamento do sangue é formado
por H2CO3 e NaHCO3. Se, por problemas respiratórios, a respiração se tornar lenta,
haverá eliminação deficiente de CO2, que provocará o deslocamento do equilíbrio:

CO2 + H2O ⇌ H2CO3 ⇌ H+ + HCO3-


para a direita, aumentando a concentração de íons H+ e tornando o sangue mais
ácido. Com pH < 7,35, dizemos que há acidose sanguínea, cujo sintoma inicial é a
desorientação, seguida de coma e morte.
Ao contrário, se a respiração se tornar acelerada, devido a exercícios físicos intensos
ou escalada em grandes altitudes, ocasiões em que o organismo absorve mais
oxigênio, haverá maior eliminação de CO2, o que tornará o sangue mais básico. Com
pH > 7,45, dizemos que há alcalose sanguínea, cujo sintoma inicial são convulsões,
que podem levar à morte” (Feltre, 2004).

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AULA PRÁTICA 1
INTRODUÇÃO À QUÍMICA
EXPERIMENTAL

1. Introdução

Laboratórios de química são lugares onde se deve seguir algumas regras e condutas
para que o trabalho não se torne perigoso. Certas precauções são tomadas a fim de
evitar acidentes, como em qualquer ambiente de trabalho. Acidentes em laboratórios
ocorrem principalmente devido à realização de análises de maneira inadequada na
pressa de obtenção de resultados.
Todo analista, tanto técnico de laboratório quanto professores e alunos, deve realizar
os experimentos em laboratório com responsabilidade para que possíveis danos sejam
evitados. Portanto, o analista em questão deve ser atento em suas atitudes, cuidadoso
e metódico, uma vez que a análise deve ser, além de segura, precisa e exata. Ou seja,
a análise tem que ser feita de maneira que forneça informações as mais próximas
possíveis do que seria o resultado verdadeiro (exatidão) e que apresentem repetibilidade
de seus resultados (precisão), indicando que houve qualidade na medição, minimizando
os erros analíticos.

Figura 1 – Conceito de exatidão e precisão.


Fonte: Bottega et al. (2010). Disponível em: 10.30612/agrarian.v3i9.307.

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O analista também deve ter vasto conhecimento dos equipamentos, vidrarias e


reagentes com que trabalha, garantindo assim, maior eficiência na execução das
análises e evitando possíveis erros e acidentes.

2. Objetivo

O objetivo desta aula experimental é apresentar as normas gerais de conduta para


que se possa atuar em um laboratório de química com segurança e apresentar as
principais vidrarias e equipamentos que são utilizados em análises químicas.

3. Instruções para o trabalho em laboratório

1. O laboratório é lugar de trabalho sério, trabalhe com atenção, metodologia e


calma;
2. Leia os conceitos referentes ao experimento e o roteiro da experiência antes de
iniciar qualquer atividade dentro do laboratório;
3. Respeite as recomendações rigorosamente;
4. Consulte o responsável pelo laboratório, técnico ou professor, ao notar algo
anormal ou imprevisto e em caso de dúvidas;
5. Esteja sempre vestido com avental, bata ou jaleco de mangas compridas;
6. Não fume no laboratório;
7. Faça apenas o que estiver sendo orientado pelo professor ou escrito no roteiro
de aula prática. Experiências não autorizadas são proibidas;
8. Se, durante a análise, algum ácido ou qualquer outro produto químico for
derramado, lave imediatamente o local com bastante água.
9. Não tocar os produtos químicos com as mãos, a menos que o seu professor
lhe diga que pode fazê-lo;
10. Nunca leve nada à boca como solução, vidrarias, reagentes, etc.;
11. Não coloque o seu rosto diretamente sobre o recipiente, caso precise sentir o
odor de alguma substância, traga um pouco de vapor até o nariz com as mãos;
12. Não deixe vidro quente onde possam pegá-lo equivocadamente. Vidros quentes
devem ser deixados para esfriar durante algum tempo.
13. O bico de Bunsen somente deve ficar aceso quando estiver sendo utilizado;

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14. Reagentes inflamáveis não podem ser manipulados em presença de fogo ou


próximos a eles;
15. Quando trabalhar com bico de Bunsen, por exemplo, ao final, feche com cuidado
as válvulas de gás para evitar vazamentos;
16. Não trabalhe com material imperfeito;
17. Cuidado ao aquecer certos líquidos, tenha conhecimento sobre como fazer o
aquecimento.
18. Utilize, sempre que necessário, luvas, óculos de proteção, pinças, etc.
19. Descarte os sólidos e pedaços de papel usados corretamente em locais próprios
para esse fim. Nunca jogue nas pias: fósforos, papel de filtro, ou qualquer sólido,
ainda que ligeiramente solúvel;
20. Comunique ao seu professor qualquer acidente, por menor que seja;
21. Leia com atenção o rótulo de qualquer frasco de reagente antes de usá-lo.
Segure o frasco pelo lado que contém o rótulo para evitar que o reagente escorra
sobre este;
22. Não coloque objeto algum nos frascos de reagentes, exceto o conta-gotas próprio;
23. NUNCA pipete soluções ou líquidos puros com a boca;
24. Em diluições, NUNCA adicione água a uma solução de ácido ou base concentrada
e, sim, adicione essas soluções concentradas à água.
25. Conserve equipamentos e bancadas limpas. Evite derramar líquidos, mas se o
fizer, lave imediatamente o local;
26. Ao terminar o período de laboratório, lave o material utilizado e deixe na ordem
que encontrou no início da aula.

4. Vidrarias e equipamentos

Principais vidrarias e porcelanas utilizadas em laboratório para realização de análises


químicas:

Tubo de ensaio e
tubo de ensaio com Erlenmeyer
rosca e tampa

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Béquer de vidro Funil de vidro

Balão volumétrico Funil de separação

Bureta graduada Pipeta graduada

Proveta graduada Pipeta volumétrica

Cadinho de Almofariz (gral) e


porcelana pistilo

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Principais equipamentos utilizados para análises químicas:

Agitador magnético
Banho Maria
com aquecimento

Balança
Balança analítica
semianalítica

Medidor de pH ou
Balança digital
phmetro

Centrífuga Bico de bunsen

5. Prática experimental – Manuseio de utensílios

5.1. Uso do balão volumétrico, pipeta e proveta.


a. Com auxílio de pipeta volumétrica transferir 50 ml de H20 destilada para
um balão volumétrico de 50 ml e para uma proveta de 50 ml;
b. Atente-se aos meniscos;
c. Comparar a precisão das vidrarias.

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5.2. Pesagem

A pesagem é uma das operações básicas mais importantes de um laboratório


de química e pode interferir na precisão e na exatidão das análises se não for feita
corretamente.
O procedimento a ser adotado ao se efetuar uma pesagem depende do tipo de
balança disponível.

Pesagens Propostas:
• Inicialmente, pese o béquer de 50 ml que será utilizado em uma balança menos
precisa, por exemplo, uma balança digital e verifique se a balança semianalítica
ou analítica suporta o peso do béquer (sempre conferir os pesos máximos de
cada balança);
• Em balança semianalítica, pesar 2,5 g de CuSO4.5H20 em um béquer de 50 ml
(tarando o peso do béquer);
• Em balança analítica, pesar 0,0345 g de CuSO4.5H20 em vidro de relógio.

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AULA PRÁTICA 2
PROCESSOS DE
SEPARAÇÃO DE MISTURA

1 Introdução

Em laboratórios e nas indústrias químicas, separar misturas e obter as substâncias


puras que as compunham de forma que fiquem totalmente isoladas das demais é
uma prática bastante importante. Essa separação se chama fracionamento ou análise
imediata da mistura. É interessante mencionar que no nosso cotidiano, usamos vários
métodos de separação de misturas. Os principais processos de separação de misturas
são:
Filtração: trata-se de um processo mecânico e físico utilizado para fracionar ou
separar misturas heterogêneas, que possuem mais de uma fase, de sólidos dispersos
em líquidos ou em gases. No laboratório, utiliza-se um funil de vidro e papel filtro
adequadamente dobrado.
Filtros nas chaminés de fábricas são um exemplo prático da separação de sólidos
dispersos em um gás a fim de evitar a poluição do ar. Outro exemplo do dia-a-dia é a
filtração da água em filtros de areia, para a sua purificação.
Decantação: o processo de fracionamento por decantação também é mecânico e
tem por objetivo separar sólidos dispersos em líquidos ou separação de dois líquidos
imiscíveis (que não se misturam).
A areia suspensa na água se deposita ao fundo do recipiente com o passar do
tempo e, com uma cuidadosa inclinação do recipiente, a água pode ser separada
da areia ou, então, por aspiração da água com auxílio de um sifão. Este processo de
decantação pode ser acelerado com o uso de uma centrífuga, que por rotação em alta
velocidade, faz com que a substância que está em suspensão decante rapidamente.
O Funil de separação é utilizado na separação de líquidos imiscíveis de densidades
diferentes, de modo que o líquido mais denso é removido através da abertura da
torneira localizada na parte inferior do funil.

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Destilação: trata-se de um processo físico baseado no aquecimento da mistura e


serve para separar misturas homogêneas entre sólidos e líquidos ou de dois ou mais
líquidos. A separação de líquidos miscíveis ocorre devido à diferença no ponto de
ebulição entre eles, desta maneira, a substância mais volátil (menor ponto de ebulição)
evapora primeiro e é separada por condensação do vapor.

Figura 1 – Aparelhagem utilizada para o fracionamento de misturas homogêneas.


Fonte: Feltre, 2004.

2 Objetivo

O objetivo desta aula prática é familiarizar os alunos com os conceitos de substância


pura e os tipos de misturas e, além disso, apresentar os métodos de separação de
misturas.

3 Materiais e Métodos

Prática 1

Materiais: Chá preto, panela com tampa, água e um copo.

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Procedimento
a. Prepare um pouco de chá preto bem concentrado, em uma panela com tampa;
b. Durante o preparo do chá, retire a tampa várias vezes e transfira o conteúdo
líquido da tampa para o copo.
c. Anote no caderno as observações.

Perguntas
• Qual o aspecto da mistura que está na panela? Essa mistura é homogênea ou
heterogênea?
• Onde ocorre a ebulição? Qual o aspecto do líquido recolhido e transferido para
o copo? Onde ocorre a condensação e por que ela ocorre?
• Qual é o nome do processo que você utilizou para separar os componentes da
mistura inicial?
• Por que temos de tapar a panela para executar esse processo?

Prática 2

Materiais: Água, areia, funil de vidro, papal filtro, bastão de vidro, béquer de 250 ml
e Erlenmeyer de 250 ml.

Procedimento
a. No béquer, misture 20 g de areia e 150 ml de água e agite com o auxílio de um
bastão de vidro;
b. Monte a estrutura de funil de vidro e papel filtro sobre o Erlenmeyer de 250 ml;
c. Transfira a mistura de areia e água para o funil;
d. Verifique o volume obtido no Erlenmeyer e a aparência do líquido obtido.

Perguntas
• Qual o método de fracionamento de mistura utilizado nesta prática?
• A mistura é homogênea ou heterogênea?
• Qual substância foi recolhida no Erlenmeyer e qual ficou retida no filtro?
• Qual outro método de separação poderia ser utilizado para esta mistura?

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Prática 3

Materiais: óleo, água, 1 béquer de 400 ml, 1 béquer de 250 ml e funil de decantação
devidamente preso a seu suporte.

Procedimento
a. Em um béquer, adicione proximadamente 150 ml de água e 150 ml de água
no béquer de 400 ml;
b. Transfira a mistura no funil de separação;
c. Com cuidado, abra a torneira do funil de decantação e feche imediatamente a
torneira assim que toda a substância mais densa for transferida ao béquer de
250 ml;
d. Se possível, verifique o volume obtido no béquer de 250 ml.

Perguntas
• Qual método de separação de misturas foi utilizado?
• Esta mistura é homogênea ou heterogênea?
• Qual das substâncias se manteve no funil de separação e qual foi transferida
para o béquer de 250 ml? Por quê?

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AULA PRÁTICA 3
MOLÉCULAS POLARES
E APOLARES

1 Introdução

Os cientistas criaram a Regra de Solubilidade que diz que um solvente polar tende
a dissolver uma substância polar e uma substância apolar tende a se dissolver num
solvente apolar. Assim sendo, entende-se porque muitas substâncias inorgânicas
(ácidos, sais, etc., que são polares) dissolvem-se na água, que é um solvente polar.
Substâncias orgânicas, que normalmente são apolares, dissolvem-se em solventes
orgânicos (também apolares). Dizemos que semelhantes dissolvem semelhantes.
A água dissolve muitas substâncias e é chamada de solvente universal. O álcool
possui parte de sua molécula apolar e parte polar, podendo se dissolver tanto na água,
como na gasolina.

2 Objetivo

Determinar o valor em porcentagem, volume por volume, de uma amostra de gasolina


comercial através do uso da miscibilidade.

3 Materiais e Métodos

Materiais: Béquer de vidro com capacidade de 100 ml; Proveta de vidro com
capacidade de 50,00 ml; Pisseta de plástico; Bastão de vidro.
• Água destilada – H2O
• Gasolina comercial

Procedimento
Teste de Miscibilidade da gasolina:

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a. Medir 20 ml de gasolina em uma proveta de 50,00 ml, ajustando-se o menisco,


e em seguida, adicionar mais 20,00 ml de água destilada e também ajustar o
menisco.
b. Agitar a mistura resultante por cerca de 2 minutos para a devida homogeneização.
c. Esperar a interação (tempo de 2 minutos). Observar a formação de uma mistura
bifásica.
d. Anotar o resultado (volume final de água + álcool) e efetuar os cálculos.

Perguntas
• A gasolina é considerada uma molécula polar, apolar ou bipolar? Justifique.
• Conceituar sistemas homogêneos e heterogêneos.
• Calcular a % v/v de álcool na gasolina analisada.
• Verificar se o valor da porcentagem de álcool na gasolina está dentro dos limites
especificados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo).

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AULA PRÁTICA 4
PREPARAÇÃO E
DILUIÇÃO DE SOLUÇÃO

1 Introdução

O termo concentração é utilizado para mensurar a quantidade do soluto dissolvido


em uma determinada quantidade de solução. Lembrando que essas quantidades podem
ser dadas em massa (g, kg, etc.), em volume (m3, litro, ml, etc.) ou em mols, portanto
são várias as maneiras de expressar concentrações.
Foi adotada para concentração uma definição mais simples, na qual a concentração é a
quantidade, em gramas, de soluto existente em 1 litro de solução, mas também, pode ser
definida como a razão entre a massa do soluto e o volume da solução. Já a concentração
molar ou molaridade é a quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução.

massa do soluto m
___
Concentração: C= _________________________ ou C =
volume da solução v

quantidade de soluto (mol)


Molaridade: M= ____________________________________
volume da solução (litros)
A partir de uma solução com concentração conhecida, podemos fazer diluições.
A preparação de diluições é bastante comum em laboratórios e indústrias químicas
e até mesmo no dia-a-dia, pois sempre que adicionamos solvente a alguma solução,
estamos preparando uma diluição, como quando adicionamos água ao suco de fruta
concentrado para obter uma bebida de sabor mais agradável ou diluímos a tinta para
aplicação em paredes.
Em definição, diluir uma solução significa adicionar a ela uma porção do próprio
solvente puro. Neste caso, a concentração se altera porque o volume foi alterado, no
entanto, a quantidade de soluto permanece a mesma. Dado que a massa do soluto
(m) permanece constante, temos:
Ci×Vi=Cf×Vf
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Em que, Ci e Vi referem-se à concentração e ao volume inicial, respectivamente. E


Cf e Vf à concentração e ao volume final.

2 Objetivo

Esta aula prática tem por objetivo preparar soluções a partir de reagentes sólidos
e líquidos e realizar diluição de soluções e cálculo de concentração.

3 Materiais e Métodos

Materiais:

Balança analítica ou semianalítica


2 béqueres de 100 ml
Bastão de vidro,
Vidro de relógio,
Espátula,
Balões volumétricos de 50 e 100 ml
Proveta de 10 ml
Espátula de porcelana
Pipeta volumétrica e pipeta volumétrica de 10 ml
Hidróxido de sódio
Ácido clorídrico concentrado
2 frascos de plástico
Pipetador de borracha ou “pêra de borracha”

Procedimento:

1- Preparação de 100 ml de solução de NaOH a 0,1 mol/L ou M:


a. Calcule a massa de NaOH necessária para a preparação da solução.
b. pese o NaOH vidro de relógio.
c. Coloque-o em um béquer de 100 ml, contendo cerca de 20 ml de água destilada
e dissolva-o com o auxílio de um bastão de vidro.
d. Transfira esta solução para um balão volumétrico de 100 ml “quantitativamente”.

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e. mantenha a temperatura igual a ambiente, por resfriamento e agitação


constantes, complete o volume do balão com água destilada até o traço de
aferição.
f. agite o balão para homogeneizar a solução.
g. guarde a solução preparada no frasco de plástico devidamente rotulado,
contendo o nome do grupo, data e tipo de solução preparada, para uso na
próxima aula.

2- Preparação de 50 ml de solução de HCl a 0,1 mol/L ou M:


a. calcule o volume de HCl necessário para preparação da solução.
b. com o auxílio de uma pipeta graduada de volume apropriado e uma pêra de
borracha, meça o volume calculado e transfira-o para um balão volumétrico de
50 ml já contendo cerca de 1/5 do volume final da solução, de água destilada.
c. A seguir, complete o volume do balão até a marca de aferição, com água destilada.
d. agite o balão para homogeneizar a solução.
e. guarde a solução preparada no frasco de plástico devidamente rotulado, contendo
o nome do grupo, data e tipo de solução preparada, para uso posterior.

Observação: Nunca ponha água sobre o ácido. Verta o ácido sobre a água lentamente
e sob agitação constante.

3- Diluição de solução de HCl


a. meça, com o auxílio de uma pipeta volumétrica,10 ml de uma solução de
HCl 0,1 M (preparadas anteriormente);
b. transfira este volume para um balão volumétrico de 50 ml
c. complete com água até o traço de aferição.
d. agite o balão para homogeneizar a solução.
e. calcule a concentração da solução preparada

Perguntas
• O que se entende por “concentração de uma solução”?
• Quando diluímos o NaOH em água, a solução aumenta a temperatura. Por quê?
Por que não se deve completar o volume de solução, em um balão volumétrico,
antes da solução ser resfriada?

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• Quais devem ser as massas de hidróxido de potássio, a serem pesadas, para


preparar as seguintes soluções: a) 250 ml de solução 0,1 M e b) 2 litros de
solução 0,25 M.
• Quais os cuidados que devem ser tomados ao pipetar HCl concentrado?
• Por que saem vapores do frasco de ácido clorídrico concentrado quando este
é aberto? Por que não é conveniente pesar o HCl concentrado?

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AULA PRÁTICA 5
ÁCIDOS, BASES E SAIS

1 Introdução

Os compostos inorgânicos são subdivididos em grupos de acordo com suas funções


químicas, de modo que em cada grupo estejam substâncias com propriedades químicas
semelhantes, denominadas propriedades funcionais. A estes grupos foi dado o nome
de funções inorgânicas. As principais funções inorgânicas são os ácidos, as bases,
os sais e os óxidos.
Sabe-se que algumas soluções aquosas conduzem corrente elétrica. Este
fenômeno foi explicado por Arrhenius, que dizia alguns compostos moleculares não
são considerados eletrólitos e que em solução aquosa suas moléculas se mantêm
inteiras e eletricamente neutras, portanto, insensíveis ao campo elétrico, como é o
caso do açúcar.
Em contrapartida, o sal (e demais eletrólitos) subdivide-se em partículas carregadas
eletricamente quando em solução aquosa, partículas estas conhecidas como íons.
Os íons positivos caminham em direção ao polo negativo, enquanto os negativos
caminham em direção ao pólo positivo. Desse modo, a corrente elétrica flui na solução
e o circuito elétrico não fica interrompido.

2 Objetivo

O objetivo desta aula é a visualização dos conceitos sobre íons em solução e suas
propriedades de condutibilidade elétrica.

3 Materiais e Métodos

Materiais: 3 pedaços de fio elétrico comum; 4 pilhas comuns; 1 lâmpada de lanterna;


1 copo de vidro com boca larga; água; 1 colher (de sopa) de sal de cozinha; 1 colher

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(de sopa) de açúcar; vinagre; 1 colher (de sopa) de antiácido não-efervescente (tipo
“leite de magnésia”).

Procedimento:

a. Monte o sistema segundo o esquema a seguir:

Fonte: Feltre, 2004.

b. Coloque água até a metade do copo e mergulhe as extremidades desencapadas


dos fios, sem encostar uma na outra, na água. Anote as observações no caderno.
c. Retire os fios, adicione o sal na água do copo e agite até a dissolução. Mergulhe
as extremidades desencapadas dos fios na solução e anote as observações no
caderno;
d. Retire os fios da solução, desconecte-os das pilhas e limpe-os muito bem. Lave
muito bem o copo.
e. Coloque água até a metade do copo e adicione o açúcar. Agite até a dissolução
e mergulhe as extremidades desencapadas dos fios na solução. Anote as
observações no caderno.
f. Retire os fios da solução, desconecte-os das pilhas, limpe-os muito bem e lave
muito bem o copo.

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g. Agora, coloque o vinagre até a metade do copo e mergulhe as extremidades


desencapadas dos fios na solução. Anote as observações no caderno.
h. Retire os fios do vinagre, desconecte-os das pilhas, limpe-os muito bem e lave
muito bem o copo;
i. Por fim, coloque água até a metade do copo e adicione o antiácido. Agite para
dissolver o máximo possível e mergulhe as extremidades desencapadas dos
fios na mistura. Anote as observações no caderno.
j. Retire os fios da mistura, esconecte-os das pilhas, limpe-os muito bem e lave
muito bem o copo.

Perguntas

• A lâmpada acendeu em qual(is) situação(ões)? Por quê?


• Em qual(is) situação(ões) ela permaneceu apagada? Por quê?
• Se fossem utilizadas soluções de ácido clorídrico e de hidróxido de sódio, a
lâmpada acenderia? Justifique sua resposta.

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CONCLUSÃO

Neste curso abordamos os conceitos básicos de química como a matéria, e sua


principal unidade formadora: o átomo e suas estruturas. Em relação à tabela periódica,
inicialmente, vimos os conceitos de distribuição e configuração eletrônica e como essas
características influenciam nas propriedades periódicas dos elementos químicos. Tais
conceitos serviram de introdução para temas como os tipos de ligações químicas entre
átomos e as ligações intermoleculares que dependem da geometria e da polaridade
das moléculas envolvidas.
O conceito de química orgânica foi apresentado, pois servirá de base para as demais
disciplinas do curso. A química inorgânica é representada por todo composto que
não possui o carbono em sua molécula, dito isto, foram apresentadas as funções
inorgânicas e as reações químicas que ocorrem entre esses compostos.
A maioria das reações químicas ocorrem em solução e o principal solvente existente é a
água. As reações químicas que ocorrem em soluções aquosas são bastante importantes,
pois a maioria das reações que ocorrem nos seres vivos são entre substâncias que
estão dissolvidas em água. Desta forma, a solubilidade das substâncias depende de
suas propriedades e de alguns fatores como pressão, temperatura e concentração.
Outros conceitos importantes foram apresentados, como o equilíbrio químicos e os
fatores que o influenciam, bem como, em soluções ácido-base, o potencial hidrogeniônico
(pH). Portanto, durante este curso, o aluno foi apresentado aos principais conceitos
da Química, e espera-se que tenham sido aprendidos para que sejam colocados em
prática.

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ELEMENTOS COMPLEMENTARES

LIVRO
Título: A Origem dos Elementos Químicos: uma
Abordagem Inicial
Autor: Antonio Manuel Alves Morais
Editora: LF Editorial
Sinopse: O propósito desta obra não é contar a
História do Átomo, mas a origem dos elementos
químicos. Todos os átomos do nosso corpo foram
forjados nas fornalhas estelares ou no início remoto
do Universo. O livro se inicia num contexto histórico,
mostrando a história da ideia de átomo, o quadro atual
de conhecimento, e passa pela definição de conceitos
importantes e métodos de medição que permitem
corroborar com o que se sabe atualmente sobre o
tema.

FILME
Título: Copenhagen
Ano: 2002
Sinopse: Filme que conta a história do encontro dos
físicos Niels Bohr e Werner Heisenberg em Copenhagen,
logo após a II Guerra Mundial.

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ARTIGO EM PERIÓDICO

TERCI, D. B. L. & ROSSI, A. V. Indicadores naturais de pH: usar papel ou solução?


Química Nova, vol. 25, n.4, 2002, p.684-688.
Resumo: Neste trabalho é apresentado um estudo de avaliação da viabilidade do uso
de alguns extratos de frutas comuns no Brasil como indicadores de pH em ambas as
formas: solução e de papel.

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REFERÊNCIAS

BETTELHEIM, F. A. et al. Introdução à química geral. São Paulo: Cengage Learning,


2012.

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.

CHANG, R. Química geral. Porto Alegre: ArtMed, 2010. [Minha Biblioteca].

FEITOSA, Edinilza Maria Anastácio; BARBOSA, Francisco Geraldo; FORTE, Cristiane


Maria Sampaio. Química Geral I. 3. ed. Fortaleza: EdUECE, 2016

FELTRE, Ricardo. Química. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

JESPERSEN, N. D.; HYSLOP, A. Química - a natureza molecular da matéria - vol. 1. Rio


de Janeiro: LTC, 2017. [Minha Biblioteca].

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P.M.; WEAVER, G. C. Química geral e reações químicas, vol.
2. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

LEWIS, R.; EVANS, W. Química. Rio de Janeiro: LTC, 2014. [Minha Biblioteca].

OLIVEIRA, Ótom Anselmo de; FERNANDES, Joana D’Arc Gomes. Aula 7: Propriedades
periódicas dos elementos. Disciplina: Arquitetura Atômica e Molecular. Natal (RN):
EDUFRN – Editora da UFRN, 2006.

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