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Curso de Extensão - SAÚDE E ESPIRITUALIDADE

Promoção: Depto. Cirurgia – Fac. Medicina UFMG


Apoio: NASCE – UFMG

SAÚDE MENTAL E
ESPIRITUALIDADE
Fabricio H. A. de Oliveira e Oliveira
Médico (UFMG)
Especialização em Dependência Química (UNIFESP)
Residente em Psiquiatria (I. Raul Soares – Rede
-FHEMIG)
Especialista em Medicina do Tráfego (Fac. Ciências
Médicas – MG)
Objetivos
PARTE 1 PARTE 2 PARTE 3

Aspectos Históricos Aspectos Clínicos Aspectos Psicológicos e


e Conceituais Educacionais

Revisão de Literatura Estudos de Casos Introdução ao tema da


Clínicos Filosofia da Ciência e
Espiritualidade
Uma Breve
Introdução
Introdução
• Desde tempos
imemoriais, crenças,
práticas e experiências • Profissionais de saúde,
espirituais têm sido um pesquisadores e a
dos componentes mais população em geral têm
prevalentes e influentes cada vez mais
da maioria das reconhecido a
sociedades importância da
dimensão religiosa/
espiritual para a saúde
Introdução

• No começo dos anos 1960 os estudos eram


dispersos e nesse período surgiram os primeiros
periódicos especializados, entre os quais o
Journal of Religion and Health.
• A partir de então, estudos realizados sobre
espiritualidade e religiosidade em amostras
específicas (por exemplo, enfermidades graves,
depressão, transtornos ansiosos) mostraram
pertinência quanto à investigação do impacto
dessas práticas na saúde mental e na qualidade
de vida.
Aspectos
Históricos e
Conceituais
DAS VARIAS FORMAS DE
ESTUDAR A HISTORIA DA
PSIQUIATRIA
1. ORIGENS DA ESPECIALIDADE – FINAL SEC. XVIII
2. ESTUDOS DE PARES DE CONCEITOS OPOSTOS EM PERMEIO ÀS
QUESTÕES RELATIVAS AO PROBLEMA “MENTE-CÉREBRO”
3. - ENDOGENO X EXOGENO
4. - PSICOSE X NEUROSE
5. - FORMA X CONTEUDO
6. ETIMOLOGIA HISTORICA E COMPARATIVA (ESTUDO DE TERMOS
EQUIVALENTES EM DIFERENTES CULTURAS)
7. PALEONTOLOGIA COMPORTAMENTAL (ESTUDO DOS
COMPORTAMENTOS E ALTERAÇÕES CEREBRAIS ENVOLVIDAS EM
DIFERENTES CULTURAS), ETC.
8. HISTORIA DAS DISCIPLINAS (POR EX. PSICOFARMACOLOGIA,
PSICOTERAPIAS, PSICOPATOLOGIA, ETC.)
9. EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES (SEM ANTOLOGIA OU BIOGRAFIA
ESPECÍFICA) E SUA RELAÇÃO COM OS HOMENS, ETC.

FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)


DA ANTIGUIDADE

ASPECTOS HIPOCRATICOS
A) DEMONIZAÇÃO DA DOENÇA: SENHOR PUNE NABUCODONOSOR
REDUZINDO-O A UM LOBO, POR EX.)
X
INICIO DE UMA TENTATIVA DE “BIOLOGIZAÇÃO” DA DOENÇA, E DA CRENÇA
EM SEUS MECANISMOS PSICOFISIOLOGICOS, COM A PERGUNTA SIMBÓLICA:
“QUE DEUS OFENDI, E QUE ENTIDADE ME PUNE, E PELO QUÊ?”) com
HIPOCRATES
B) ARISTÓTELES (CARDIOCENTRICO – CORAÇÃO COMO CENTRO DAS
FUNÇÕES EMOCIONAIS) X HIPOCRATICOS (CEREBROCENTRICO – CEREBRO
COMO CENTRO DAS FUNÇÕES MENTAIS)
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DA ANTIGUIDADE

ASPECTOS HIPOCRATICOS
NA OBRA DE HIPOCRATES
DADOS SOBRE
1.HISTERIA
2.EPILEPSIA – “SOBRE A DOENÇA SAGRADA”
3.INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
4.DESCRIÇÃO DOS QUADROS DE DELIRIUM (ANTIGA FRENITE)
5.DESCRIÇÃO DAS FOBIAS, PSICOSES PUERPERAIS, DENTRE OUTROS
ESTADOS, ETC.
6.DESENVOLVIMENTO DE METODOS PSICOTERÁPICOS E RUDIMENTOS DA
PSICOEDUCAÇÃO.
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DA ANTIGUIDADE

1) SEC. XX a.C. MARCA ACENSÃO DE ROMA SOBRE A GRECIA


2) FRASE DO XENOFOBO CATÃO: “ MEDICINA, COMO A TRAGÉDIA, É UMA ARTE GREGA”.
3) DESTAQUE DE MUITOS MÉDICOS GREGOS NO IMPÉRIO ROMANO
1) Dentre outros, Areteus da Capadócia (segundo autor, 1º a falar da diferença entre;
Melancolia – doença – e reação depressiva psicologicamente compreensivel), até GALENO.

• Galeno (121 d.C.-201 d.C.)


– Nasce em Pergamo,falece em Roma.
– Dissecou macacos “freneticamente”
• Descrições dos pares cranianos (chegou aos 7, dos 12), e chegou a estudar os
ventrículos cerebrais.
• Ênfase no estudo do sistema cardiovascular
• Descreveu os delírios dos alcoolistas e a “patomímia” (atual simulação de
doenças)
• Propôs a existência de 3 tipos de melancolia e diferentes tipos de psicoses.
• Reafirma, com Hipócrates, a existência da Doença “melancolia”
– Sintomas cardinais: medo e falta de ânimo, embora as variações individuais.

FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)


Tipos Psicológicos :
De Hipócrates a Galeno
“segundo a teoria HUMOR QUALIDADES ELEMENTO PERSONALIDADE
hipocrática da doença, o
diagnóstico´- olhar e ver
através de ´- é feito pela
observação dos 4 OTIMISTA,
humores. (bile, fleugma,
sangue e bile negra), FALANTE,
SANGUINEO QUENTE, UMIDO AR
correspondentes, IRREPONSÁVEL,
respectivamente aos GORDO
elementos naturais, fogo,
água, ar e terra.
EXPLOSIVO,
Saúde, equilíbrio dos COLÉRICO QUENTE, SECO FOGO AMBICIOSO,
fluidos MAGRO
X
Doença, o desequilíbrio.
LENTO,
Os 4 elementos FLEUGMATICO FRIO, ÚMIDO ÁGUA CORPULENTO,
regulariam as emoções e PREGUIÇOSO
“todo o caráter” do
indivíduo, cuja
predominância definiria
seu tipo.
INSTROSPECTIVO,
MELANCÓLICO FRIO, SECO TERRA PESSIMISTA,
MAGRO
Tab. 1 – Teoria dos Humores
de Galeno FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DAS PRÉDICAS MEDIEVAIS AO DESENCADEAMENTO
DA LOUCURA
IDADE MÉDIA

ALTA IDADE MÉDIA


QUEDA DO IMP. ROMANO EM 476 AO ANO 1000

BAIXA IDADE MÉDIA


1300 ATÉ 1453 - QUEDA DE CONSTANTINOPLA

“CREIO PORQUE É ABSURDO” (TERTÚLIO)

MODELO DE “SANIDADE MENTAL” – Fruto das vitória das forças benignas (de Deus,
anjos, arcanjos) contra as forças malévolos da “Satanás” e seus “demônios”.

Embora no renascimento, obra Medieval - 1486 – publicação do “Malleus Maleficarum”


(Martelo das Bruxas) por Henrich Kramer e Iacobus Sprenger (teólogos dominicanos)
Inspirado na bula Summis desiderantes (Inocêncio VIII de 1448)
Manual de critérios diagnósticos para reconhecimentos de Bruxas e Bruxarias em Três Partes

1ª: Reafirma a existência do demônio; e ação principalmente em casos de sexualidade exacerbada


(destaque para as mulheres “nelas estava aberta a possibilidade de transformação em bruxas e de
conjunção carnal com o demônio”); esta sessão ainda ensinava os juízes a reconhecerem as bruxas
em seus múltiplos disfarces.

2ª: Descrição das formas de maleficio resultantes da ação do demônio

3ª: Ensinos sobre as forma de interrogatório e condenação. (“técnicas de anamnese ”)

AÇÕES DA INQUISIÇÃO POR 150 ANOS, MILHARES DE MULHERES MORTAS ( À PECHA DE BRUXAS,
DO QUE HOJE SERIAM AS PSICÓTICAS OU HISTÉRICAS DE FREUD)
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
Algo em comum com o Manual de
Critérios diagnósticos da CID-10 para
identificação dos “Anômalos”?
PARACELSUS

-PROPOS QUE O SER HUMANO


TEM UMA ALMA DIVINA QUE
HABITAVA UM CORPO ANIMAL

-1493-1541
-ORIGENS DOS TRANSTORNOS
PSIQUIÁTRICOS: “QUANDO OS
-MÉDICO SUIÇO
INSTINTOS SUPLANTAVAM O
-REJEITOU A TEORIA HUMORAL
ESPÍRITO”.
Aspectos Históricos :
Mitos e Verdades
• A ideia de que religião e psiquiatria sempre
estiveram em conflito é senso comum.
• A alegada oposição entre a iluminada
medicina e a teologia obscurantista, assim
como entre o médico humanista e o religioso
cruel, tem sido profundamente questionada.
(Kroll, 1973; Vandermeersch, 1991)

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Aspectos Históricos:
Mitos e verdades
• No Ocidente, organizações religiosas proveram alguns
dos primeiros cuidados aos portadores de sofrimento
mental
– 1º Hospital - construído em Valência, na Espanha, em
1409, dirigido por religiosos.
• Grupos religiosos fundaram e mantiveram hospitais
psiquiátricos nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, na
Alemanha e nos Países Baixos, entre outros.
• No Brasil, várias das primeiras instituições de
tratamento psiquiátrico também foram construídas e
mantidas por grupos religiosos católicos e espíritas.
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Aspectos Históricos: Mitos e verdades
• A partir do séc. XIX
• Intelectuais anti-religiosos
– Religiosidade como um “estado social e
intelectual primitivo”
• Médicos como Charcot e Maudsley
– Desenvolveram críticas e tomaram como
patológicas várias experiências religiosas

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Aspectos Históricos:
Mitos e verdades

• Freud: postura de desvalorização da R/E


– Grande influencia sobre comunidade médica e
psicológica
– Enfatizou a influência irracional e neurótica sobre da
religiosidade sobre a psique humana
– Sobre a religião, em 1930, em O mal estar da
civilização: “desvalorização da vida e distorção da visão
do mundo real de uma maneira delirante – o que
pressupõe uma intimidação da inteligência”.
– Embora outros , como Jung, valorizassem este lado, a
postura negativa era predominante.
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Aspectos Históricos: Mitos e verdades
• Final dos anos 1980, o psicólogo Albert Ellis,
– fundador da terapia racional emotiva,
– grande influência sobre a terapia cognitivo-comportamental
afirmou:
religiosidade “é, em muitos aspectos, equivalente a pensamento
irracional e distúrbios emocionais”, então,

“a solução terapêutica elegante para problemas emocionais é ser não


religioso [...] quanto menos religiosa elas [as pessoas] são, mais
saudáveis emocionalmente elas tendem a ser”.

No entanto, essas enfáticas declarações acerca da espiritualidade e


da religiosidade em saúde mental não eram baseadas em estudos
bem controlados, mas principalmente na experiência clínica e na
opinião pessoal.

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A sofisticação intelectual faz do ateísmo algo elegante no final do Séc. XIX e começo
do Séc. XX
Aspectos Históricos: Mitos e verdades
• Segundo Lukoff et al. (1992), um fator que
pode ter contribuído para essa atitude
negativa em relação à religiosidade seria a
existência de um “abismo religioso” entre
profissionais de saúde mental e seus pacientes.

• Psiquiatras e psicólogos tendem a ser menos religiosos que a população


em geral e não recebem treinamento adequado para lidar com questões
religiosas na prática clínica.
• Por esse motivo, têm frequentemente grandes dificuldades de entender
pacientes com comportamentos e crenças religiosas.

“A personalidade do terapeuta é o grande fator curativo da psicoterapia”


Jung

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Diminuindo o
“Religious GAP”
• Falta de Treinamento
• Lacuna entre prática e os
conhecimentos sobre a • O número de estudos que
importância da R/E para a vida investigam a relação entre R/E
dos pacientes e de sua e saúde tem crescido
abordagem no contexto clínico exponencialmente.
• Hoje existem, literalmente,
milhares de estudos na área.
• Grande carência de textos de
boa qualidade sobre o tema
em língua portuguesa se
constitui num marcante fator
limitador na educação
continuada nesse tópico pelos
profissionais de saúde em
nosso país. (Moreira-Almeida)

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E o que é Espiritualidade? E Saúde?
• Conceito de Saúde da OMS
“bem estar bio-psico-social” e não somente a
ausência de enfermidades.
• E o tema, é relevante?
• Espiritualidade e Religiosidade são a mesma
coisa?

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Crenças espirituais pelo mundo
País Temos uma alma (%) Há vida após a morte (%)

Índia 81 66
Estados Unidos 96 81
Indonésia 99 99
Brasil 82 71
Paquistão 100 100
Bangladesh 99 56
Nigéria 97 88
Rússia 67 37
Japão 71 51
México 93 76
Filipinas 96 86
Alemanha 88 45
Egito 100 100
Fonte: www.worldvaluessurvey.org
Envolvimento Religioso do Brasileiro
Dimensões da religiosidade %

Filiação
68
Católico 24
Protestante 2
Espírita 1
Outras 5
Sem religião
Frequenta mais de uma religião 11
Frequência a serviços religiosos
≥ 1 vez por semana 37
1 a 2 vezes por mês 18
Algumas vezes por ano 14
Raramente 18
Nunca 12
O quanto a religião é importante em sua vida?
Muito importante 83
Um pouco importante 11
Indiferente 4
Fonte: Moreira-Almeida
Espiritualidade e Religiosidade
Religiosidade Espiritualidade
Sistema organizado de crenças, “Relação com o sagrado ou o
práticas e símbolos desenvolvidos transcendente (Deus, poder
para facilitar a proximidade com o superior, realidade última)”
sagrado ou transcendente”

(Koenig et al., 2001) (Koenig et al., 2001)

“É o aspecto institucional da “Referente ao domínio do espírito


espiritualidade. Religiões são (Deus ou deuses, almas, anjos,
instituições demônios) [...] algo invisível e
organizadas em torno da ideia de intangível que é a essência da
espírito” pessoa”

(Hufford, 2005) (Hufford, 2005)


Religiosidade Intrínseca e Extrínseca
Religiosidade Intrinseca Religiosidade Extrínseca

1) A religião tem um lugar central na 1) a religião é um meio utilizado para


vida do indivíduo, é seu bem maior. obter outros fins, como consolo,
sociabilidade,
2) Outras necessidades são vistas como distração e status.
secundárias, de menor importância e,
na medida do possível, são colocadas 2) Sua religião é aceita de modo
em harmonia com sua crença e sua superficial ou é adaptada para atender
orientação religiosa. suas necessidades e seus objetivos
pessoais.
3) Tendo aceitado uma religião, o
indivíduo procura internalizá-la e
segui-la integralmente.

Fonte: Allport e Ross


“Coping”
• não tem uma tradução exata para a língua
portuguesa, mas pode significar lidar,
manejar, adaptar- se ou enfrentar.
• trata-se de um processo de interação entre o
indivíduo e o ambiente, com a função de
reduzir ou suportar uma situação adversa
que exceda os recursos do indivíduo.

Fonte: Moreira-Almeida et al. (2009)


Definições de coping religioso e
espiritual (CRE)
Estratégias de coping religioso- Estratégias de coping religioso-
-espiritual positivo -espiritual negativo
O CRE positivo abrange estratégias que O CRE negativo envolve estratégias que
proporcionam efeito benéfico ou positivo geram consequências prejudiciais ou
ao praticante como: negativas ao indivíduo, como:
• procurar o amor e a proteção de Deus • a crença em um Deus punitivo;
ou maior conexão com forças • questionar a existência, o amor ou os
transcendentais; atos de Deus;
• buscar ajuda e conforto na literatura • delegar a Deus a resolução dos
religiosa; problemas;
• buscar perdoar e ser perdoado; • sentir insatisfação ou escontentamento
• orar pelo bem-estar de outros; em relação a Deus ou sua instituição
• resolver seus problemas em religiosa
colaboração comDeus etc.

Fonte: Koenig (2001)


Uma Revisão
de Literatura
Pubmed - 23/09/2011
RELIGIOSIDADE,
ESPIRITUALIDADE TRANSTORNOS
BIPOLAR E ESQUIZOFRENIA
• Investigações sistemáticas a respeito da
relação entre RE e transtorno bipolar
Maior frequência de uso de
coping
são recentes e em pequeno número.
Outros estudos investigaram o • Esses estudos apontam, em sua
papel de crenças e práticas maioria, que pacientes bipolares
religiosas sobre a doença tendem a apresentar maior
mental. Apontaram:
envolvimento de RE e um uso mais
1) uma especial importância de
frequente de CRE Comparados a
aspectos religiosos e místicos na
vida de pacientes bipolares e pessoas portadoras de outros
esquizofrênicos, transtornos mentais.
2) bem como a maior frequência • relação frequente e significativa entre
com que utilizam suas crenças sintomas maníacos e experiências
religiosas para lidar com
situações de estresse e com sua místicas e modificações na intensidade
doença (CRE) da fé após o início do transtorno.
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RELIGIOSIDADE,
ESPIRITUALIDADE E
TRANSTORNOS ANSIOSOS
• 17 estudos
Conclusão
Mais pesquisas serão necessárias para
– Alguns com melhora
esclarecer estas e outras questões,
mas os poucos estudos parecem – Outros com piora
promissores
– Outros indiferente
Estudos mais voltados para Tecnicas
de meditação
• Fator mais importante: o
Questões ainda sem resposta: As
abordagens religiosas para tratar tipo de religiosidade:
ansiedade são efetivas somente em
pessoas religiosas? Ou pessoas não INTRÍNSECA mais
religiosas podem se beneficiar? Quais
as formas eficazes de encorajamento e
envolvimento espirituais capazes de
correlacionada a menores
tratar problemas de ansiedade?
níveis de estresse
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RELIGIOSIDADE,
ESPIRITUALIDADE E SUICÍDIO
• Diversos estudos apontam a
Envolvimento religioso com menor religião como importante fator
frequência de suicídio
Koenig protetor contra pensamentos e
(resumo de 1 século de pesquisas)
Não encontraram associações seguras
comportamentos suicidas.
entre determinada filiação religiosa e
risco de suicídio. • Entretanto, a relação entre
religião professada e taxas de
suicídio é controversa.

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RELIGIOSIDADE,
ESPIRITUALIDADE E SUICÍDIO
• Entretanto, dados consistentes
encontrados:
Algumas considerações – Relacionava maior envolvimento religioso
-Hoje se sabe a importância que a com menor frequência de suicídio.
religião tem para a vida do individuo – Muitos estudos indicam que o nível de
-Diferença desta importância para envolvimento religioso em uma dada área é
indivíduos diferentes da mesma inversamente proporcional ao número de
religião mortes por suicídio.
-Grupos religiosos podem sofrer forte
influencia das crenças religiosas de
gerações anteriores
• Possíveis mecanismos:
– uma rede social de apoio, outros mecanismo
– crenças na vida após a morte,
– Autoestima e objetivos para a vida,
– modelos de enfrentamento de crises,
– significado para as dificuldades da vida,
– Uma hierarquia social que difere da
hierarquia socioeconômica da sociedade,
– além de desaprovação enfática ao suicídio

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RELIGIOSIDADE, ESPIRITUALIDADE E
USO/DEPENDENCIA DE SUBSTANCIAS

• Relação inversa entre religiosidade e uso/abuso de substâncias


• Existe uma correlação forte, consistente e inversa entre
religiosidade e uso/abuso de álcool e outras drogas, tanto entre
adolescentes quanto entre adultos
• Três estudos brasileiros envolvendo milhares de adolescentes
constataram que fatores religiosos estão fortemente associados
– com menor frequência de uso de drogas,
– Bem como indivíduos assíduos em serviços religiosos são menos suscetíveis a
• Iniciar ou continuar fumando,
• fazer uso excessivo de álcool e outras drogas.

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OS "10 MELHORES ESTUDOS" EM
ESPIRITUALIDADE E "SAÚDE MENTAL"
• Eles foram escolhidos baseados em estudos, análises estatísticas e
debates entre os autores das descobertas e integração com outras
pesquisas na área. Um rápido sumário descreve cada citação.

• Idler, E. L. e Kasl, S. V. (1997). A religião entre idosos deficientes e


não-deficientes: estudo cruzado nas práticas de saúde, atividades
sociais e bem-estar. Journal of Gerontology. 52B: 300-3005.
Sumário: Estudo cruzado feito entre 2812 idosos participantes em
um estudo epidemiológico em Yale. A freqüência religiosa foi
positivamente relacionada a menor ingestão de álcool e não-
fumantes. A freqüência religiosa significantemente relacionada a
menor depressão e maior otimismo, mas apenas em pessoas
fisicamente incapacitadas.

Fonte: Koenig. Espiritualidade no cuidado com o paciente


OS "10 MELHORES ESTUDOS" EM
ESPIRITUALIDADE E "SAÚDE MENTAL"
• Willits, F.K., Crider D.M. (1998). Religião e bem-estar:
Homens e mulheres de meia idade. Review of Religious
Research, 29: 281-294.
Sumário: Estudo de trinta e sete anos sobre religião e bem-
estar; entrevistadas 2806 pessoas em 1947 e 1650 re-
entrevistados em 1984. A freqüência a igrejas e crenças
religiosas tiveram significante relação à satisfação de vida
e satisfação com a comunidade. Das 1984 pessoas que no
ano de 1947 tinham participação e crença religiosa
enquanto adolescentes tiveram melhor satisfações em sua
carreira (1984). Concluído que as tradicionais crenças
religiosas eram mais consistentes relacionadas a bem-
estar.

Fonte: Koenig. Espiritualidade no cuidado com o paciente


OS "10 MELHORES ESTUDOS" EM
ESPIRITUALIDADE E "SAÚDE MENTAL"
• Koenig, H.G., George L.K. e Peterson, B.L. (1998).
Religiosidade e remissão da depressão em pacientes
idosos doentes. American Journal of Psychiatry,
155:536-542. Sumário: Estudo de 47 semanas
seguidas em 87 pacientes com desordens
depressivas. Para cada 10 pontos aumentados na
religiosidade intrínseca (IR), houve significante 70%
de aumento na velocidade da remissão da depressão.
Entre um subgrupo de pacientes cujas doenças físicas
não melhorava ou piorava (n=48), a cada 10 pontos
aumentados na escala IR eram associados com mais
de 100% de aumento na velocidade da remissão.

Fonte: Koenig. Espiritualidade no cuidado com o paciente


Aspectos
Clínicos
A Espiritualidade do Paciente e as
Decisões Médicas
• dieta • Fé em Deus ficou em segundo lugar de sete
fatores que mais comumente influenciaram
• cooperação com o tratamento a decisão de aceitar quimioterapia.
médico,
• Crenças religiosas podem conflitar com
• Receber quimio ou radioterapia, tratamentos médicos e psiquiátricos,
• aceitar transfusão de sangue, • afetar tomadas de decisões no fim da vida,
• como doação de órgãos ou retirada
vacinar crianças, cuidado pré-natal,
• de alimentação ou suporte ventilatório.
tomar antibióticos e medicamentos,
• Certos grupos fundamentalistas não
• mudar o estilo de vida, acreditam em medicações antidepressivas
• aceitar o encaminhamento a um ou psicoterapia.
psicólogo ou psiquiatra, • Muitos religiosos podem buscar apenas
• bem como retornar à consulta tratamentos religiosos e recusar um
tratamento médico concomitante
médica.

(Koenig, 2007; Pargament, 1997).

http://www.hoje.org.br/site/bves.php
Quando “não se indica” a coleta da
Historia Espiritual
• para realizar procedimentos de curta duração,
– Papanicolau
– tratar um resfriado
– uma dor de cabeça
– outro problema menor
• Na sala de emergência e
• Admissão em uma UTI.
E os “melhores” momentos?..

http://www.hoje.org.br/site/bves.php
Quando seria mais “indicado” colher
a historia espiritual?
•  Durante a entrevista clínica de um paciente novo.
• Em pacientes com doenças crônicas e graves, bem como
quando tenha havido morte e o luto estiver presente.
• Quando o paciente recorre ao hospital por um problema
novo ou exacerbação de uma condição antiga.
• Quando da admissão em uma casa de repouso ou instituição
de longa permanência, bem como em hospice.
• Durante a realização de um check-up para manutenção
da saúde.
• Especialmente quando decisões médicas precisam ser
feitas e que poderiam afetar as crenças religiosas/espirituais do
paciente.

http://www.hoje.org.br/site/bves.php
4 Casos
Clínicos
Caso 1 – Do Budismo Motivacional
• Paciente 35 anos • Veio para Belo Horizonte para
• “A minha tolerância é zero” “ganhar a vida”
• Iniciada ao Budismo do Norte • Empregou-se como auxiliar de
de Minas na infância “serviços Gerais”, enfadada da
• Interrompeu suas atividades atividade, começou a orar
para mudar e profissão
aos 13 anos “para namorar”, e
“acabou tendo filhos cedo” • O Ritual dela:
– 01 hora de manha e um a hora
a tarde
– Membro da linha da “Ação e
Reação”
• A retomada da Religião
– “Tava tudo muito difícil”
– A distorção cognitiva-
conceitual (A explicação da
Patroa)
Caso 2 – Universitária de Medicina
com Pais Evangélicos Ortodoxos
• 18 anos • E aí, como abordar a
• Recém egressa na Espiritualidade desta
universidade paciente?
• Vem do Interior para
Estudar
• Perfil de Pais muito
ortodoxos
• Chega ao Pronto Socorro
em Coma alcóolico
• Se nega a conversar
sobre religião
Caso 3 – Um “Espírita-Equizofrênico”
• 47 anos • E aí, como abordar a
• Aposentado pelo INSS devido ao Espiritualidade desta paciente?
quadro de Esquizofrenia
• Relato de inadaptação ao
trabalho
• Espírita de berço
• Alega ter “abandonado” o
Espiritismo, pois percebeu
melhora com o remédio, “passei
a ver e ouvir só coisas boas”
• Apresenta inúmeros relatos
“paradigmáticos” de sua
mediunidade, embora ainda não Ver Revista de Psiquiatria Clínica,
confirmada pelos envolvidos Moreira Almeida (2011) para proposta
• A Supervisão do caso e o viés em de diagnóstico diferencial para o Cid-11
Psiquiatria pela Psicanálise / 33 (suppl.1): s21-s28
Caso 4 –” “A via crucis – De remédio
em remédio, de “religião em religião, e
de namoro em namoro”
• Solteira, atriz, renda de 10 a 15 salários mínimos
• Católica “não praticante”
• Iniciou com psicanalise, aos 25 anos
• Queixas de labilidade de humor associada ao término de seus relacionamentos. Inapetência,
aumento de peso, ansiedade e medo de ser deixada sozinha.
• Ficou grávida, abortou.
• Mais um ano de psicanálise
• Sugestão de um amigo: Psicoterapia de grupo e praticar a doutrina do Santo Daime
• Rompeu relacionamento, após viagem aos EUA, novo rompimento
• Internada. Uso de Diazepam, amitriptilina, sem melhora. Troca pra ISRS, depois Venlafaxina, sem
melhora.
• Tentou o Espiritismo, terapia e vidas passadas, sem resultado.
• Iniciou medicação para emagrecer, com piora do quadro. (após morte de um companheiro idoso,
muito rico). Inúmeros outros parceiros. (Dançarina em boate)
• Usou antipsicótico, submetida a sessões de ECT. (Inúmeros outros relacionamentos frustrados)
• Melhorou com IMAO.
Fonte: (Mari, & Pita) Psiquiatria por meio de Casos Clínicos. Adaptado. (Ed. Manole)
Caso 4 –” “A via crucis – De remédio
em remédio, de “religião em religião,
e de namoro em namoro”
Situação de “estabilidade”
•Usando Sertralina em situações de Estresse
•Encontrou emprego estável, relacionamento estável com um músico,
mudou-se para o interior.
•Parou de cantar e passou a ser modelo.
•Uso constante de maconha associada a praticas de Ioga e Vegetarianismo
•Aos 34 anos, torna-se especialista em música indígena sul-americana
•“A paciente acredita que a medicação tenha sido fundamental e a
psicoterapia lhe tenha proporcionado o entendimento de sua vida.”

Fonte: (Mari, & Pita) Psiquiatria por meio de Casos Clínicos. Adaptado. (Ed. Manole)
A história espiritual – CSI-MEMO
• Suas crenças religiosas/espirituais oferecem conforto
ou são fontes de estresse?
• Você tem crenças espirituais que podem influenciar
suas decisões médicas?
• Você é membro de alguma comunidade espiritual ou
religiosa, e ela oferece apoio? Qual?
• Você tem outras necessidades espirituais que gostaria
que alguém as atendesse?

(Koenig, 2007)
Como abordar significado existencial em um paciente
não religioso?

(Koenig, 2007)
• Como o paciente está lidando com a doença?
• O que dá significado ou propósito na atual situação da doença?
• O que ou quais crenças culturais são usadas e que podem
influenciar o tratamento?
• Quais são os recursos sociais disponíveis para apoiá-lo
em casa ou no hospital?

• Obs.:
• e se o paciente não tem uma religião? Se ele é agnóstico ou mesmo
ateu, de que maneira se pode acessar informações relevantes
concernentes a crenças culturais que possam influenciar minha prática
clínica?
• É importante termos em mente que não só crenças religiosas/espirituais
influenciam e impactam condutas médicas, etc.
• a proposta de antes aplicar o questionário a si mesmo

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