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CEFAS

PSICOPATOLOGIA
Disciplina:
PSICANALÍTICA
Profa. Rachele Ferrari
racheleferrari@gmail.com
2. Sem/2020
Aula 4 05/09/2020
Esquema gráfico do texto Renato Mezan
HISTÓRIA DA PSICANÁLISE : questão de método
In: Jornal de Psicanálise, vol 33, n. 60/61, dez.200, pp. 147-177

Desbravamento inicial
Do terreno por
Freud

Época fertil de
Discussões localizadas Raízes
• Geográfica Psicanálise
1895 - 1918 culturais
Dispersão
Período de sedimentação de rupturas
1918 – 1939 • Doutrinária
Debates internos: clínicos,
teóricos e institucionais
• Institucional Cada organização julga ser
A verdadeira psicanálise
Mitos de origem
Redutores – não há história da
psicanálise 1939-1970/75
Há rutura, transformação, irrupção do novo
Era das ESCOLAS: Uma certa continuidade se preserva
Lineares – visão simplista da história
da psicanálise •Kleiniana As obras tematizam de uma forma original e
•Lacaniana coerente as 4 dimensões abaixo
Interpretativos – usa categorias •Psicologia do Ego 1 – T. geral da psique
produzidas pela psicanálise para dar •Teoria das relações de objeto 2 – T. da Gênese e do desenvolvimento da Psique
conta do seu passado 3 – T. do funcionamento normal e patológico
4 – Conceção do processo psicanalítico
Sobredeterminados – reconhecem
a existência de várias coordenadas
Período 1970/75 – até hoje
que interagem, além da herança
conceitual de Freud
Os conteúdo provem:
•Os ortodoxos – seguem as escolas sem •De uma matriz clínica: organização psicopatológica
Origem
contribuições originais e sua estrutura conflitos organizadores e defesas
conceitual •De um determinado clima cultural : ideologia
•Os autores que tem em comum uma
postura e não uma ligação doutrinal,
presente, lugares por onde à psicanálise ira se
- transitam em diversos campos implantar, quem se interessará em ser psicanalista,
Origem Outras procedimentos de seleção e habilitação
clínica disciplinas
escolásticos
- ou trilham trajetória própria •De uma leitura específica da obra de Freud: para
compatibilizar os novos conceitos com a estrutura
doutrinal herdade
Traduções da obra freudiana
Termos controversos entre os tradutores
• Ich / Es = literalmente I / It no inglês e EU / ISSO no português.
Es = pronome neutro, no alemão
A substantivação “Das Es” é para um falante do alemão, de entendimento imediato, mas é uma
criação filosófico-psicanalítica. No contexto psicanalítico, evoca a imagem de algo contido no
sijeito que nele brota e o atravessa, mas que simultaneamente lhe é estranho.

Chegou-se a EGO e ID por uma latinização dos termos. Ernest Jones considerou que os termos
latinos seriam mais nobres. Freud usava termos comuns à língua de todos.

• Besetzung / cathexis / investissement (catexia/investimento)

• Verdragung / repression / refoulement (repressão/recalque)

• Angst / anxiety / angoisse (angústia, ansiedade)

• Trieb / instinct / pulsion (instinto, pulsão)


.

TRADUÇÕES DE TRIEB: Instinct, Pulsion


• Este é o mais central dos termos psicanalíticos
• Opção inglesa (Strachey) Instinct – é criticado porque implicaria uma
“biologização” da psicanálise. Eles acreditavam que DRIVE seria uma
escolha mais acertada
• Trieb – vocábulo corrente na língua alemã com notória polissemia:
impulso, ímpeto, inclinação, propensão, propulsão, pressão, movimento,
vontade. Freud soube tirar partido dessa riqueza de sentidos, assim como
da natural capacidade de formar compostos, notória no alemão (de maneira
a tornar a tradução consistente do termo algo muito improvável, em torno
do qual dificilmente chegará a haver um consenso).
• Os teóricos franceses da psicanálise a partir de Lacan, optaram por
Pulsion, que aos poucos foi sendo adotada em outras línguas neolatinas.

Fonte: Souza, Paulo César de. As palavras de Freud: o vocabulário freudiano e suas versões. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010
Uma visão geral da psicanálise
A partir do texto de Freud de 1923 “Dois verbetes de enciclopédia”. Vol. 18

Psicanálise:
- Um procedimento para investigação dos
processos mentais
- Um método para tratamento
- Uma coleção de informações psicológicas
obtidas ao longo das pesquisas clínicas de Freud
e que gradualmente se acumula numa nova
disciplina científica.
HISTÓRIA
1880 a 1881 –
Breuer, conhecido médico de Viena empenhava-se no tratamento de uma
jovem histérica.
Usou hipnose com bons resultados o que ofereceu uma inesperada
compreensão da natureza da neurose.
Só publicou algo sobre o caso dez anos depois, quando conheceu Freud, que
regressara de seus estudos na escola de Charcot na França e o persuadiu a
retomar o assunto e produzir um estudo em conjunto.
1893 –
Publicam “Sobre os mecanismos psíquicos dos fenômenos histéricos”
1895 –
Publicam “Estudos sobre histeria”, no qual descreviam seu procedimento
como CATÁRTICO.
CATARSE
As investigações existentes na raiz dos estudos de Breuer e Freud
conduziram a dois resultados principais, que não foram abalados
pela experiência subsequente:

1. Os sintomas histéricos têm sentido e significado, sendo


substitutos de atos mentais normais.

2.A descoberta desse significado desconhecido é


acompanhada pela remoção dos sintomas
(aqui fica evidente que pesquisa científica e esforço terapêutico coincidem)
Sintomas histéricos:

Desde o início, ofator do afeto foi trazido para o primiero


plano.

Quando um processo mental com pesada carga emocional era


de alguma maneira impedido de nivelar-se ao longo do
caminho normal que conduz à consciência e ao movimento
(impedido de ser ab-reagido). Em resultado disso, o afeto, em
certo sentido “estrangulado”, era desviado ao longo de
caminhos errados e transbordava para a inervação somática
(conversão).
Ab-reação
ABREAGIEREN – neologismo forjado por Breuer e Freud a partir do vervbo REAGIEREN + o prefixo AB,
que pode significar distância no tempo, separação, diminuição, supressão, etc.

Descarga emocional pela qual o sujeito se liberta do afeto ligado à recordação de um


acontecimento traumático, permitindo assim que ele não se torne ou não continue sendo
patogênico.

A persistência do afeto que se liga a uma recordação depende de diversos fatores, o mais
importante é o modo como o sujeito reagiu a um determinado acontecimento.

É preciso que essa reação seja “adequada” para que possa ter um efeito catártico.
Ab-reação espontânea ou secundária (esta provocada pela psicoterapia catártica, que permite
o paciente rememorar e objetivar pela palavra o acontecimento traumático, e libertar-se assim
do quantum de afeto que o tornava patogênico.

“É na linguagem que o homem acha um substituto para o ato, substituto graças ao qual o afeto
pode ser ab-reagido quase da mesma maneira”.
A ab-reação não é a única maneira pela qual o sujeito pode se desembaraçar da recordação de um
acontecimento traumático, a recordação pode ser integrada numa série associativa que permita
a correção do acontecimento, que o faça voltar ao seu lugar.
Enfatizar exclusivamente a ab-reação é uma característica do
período do Método Catártico

A ab-reação continua presente na teoria do tratamento, porém, os


conceitos de transferência, perlaboração, atuação
conduzem a concepções do tratamento mais complexas do
que a da pura e simples liquidação do afeto traumatizante.
As ocasiões que surgem as “idéias patogênicas” foram descritas por
Breuer e Freud como TRAUMAS PSÍQUICOS.

Concluiram que os histéricos sofriam principalmente de


reminiscências, que não haviam sido tratadas.

Aqui já há a pressuposição de
processos mentais inconscientes.
A TRANSIÇÃO PARA A PSICANÁLISE
Breuer, Freud e Janet – divergências teóricas

Freud

uma idéia se tornava patogênica se seu conteúdo estava


em oposição com a tendência predominante da vida
mental do sujeito, de maneira a incitá-lo a entrar em
“defesa”
O ABANDONO DA HIPNOSE
1. Freud observou que o sucesso do tratamento se revelava inteiramente
dependente da relação do paciente com o médico e, assim, assemelhava-se
ao efeito da sugestão. Se essa relação era perturbada, todos os sintomas
reapareceriam como se nunca houvessem sido dissipados.

2. Além disso, o pequeno número de pessoas que podia ser colocado em


profundo estado de hipnose envolvia uma limitação considerável da
aplicabilidade do procedimento catártico.

Freud decidiu então abandonar a hipnose, mas as impressões que dela


derivara forneceram-lhe os meios de substituí-la.
ASSOCIAÇÃO LIVRE
Condição hipnótica – aumentava a capacidade de fazer associações, portanto, o
abandono da hipnose parecia trazer problemas.

Freud recordou-se de uma observação de Bernheim “as coisas experimentadas em


estado de sonambulismo eram apenas aparentemente esquecidas e podiam ser
trazidas à lembrança se o médico insistisse energicamente”

Assim, Freud insistiu com seus pacientes não hipnotizados que lhe fornecessem
associações.

Observou depois que a insistência era desnecessária, que as associações ocorriam,


mas eram retidas de serem comunicadas e até mesmo de se tornarem conscientes.

Daí surgiu a técnica de ensinar aos pacientes a abandonar toda a sua atitude
crítica e fazer uso do material que era então trazido à luz para o fim de revelar
as conexões que estavam sendo buscadas.
REGRA TÉCNICA FUNDAMENTAL:
a associação livre

O paciente deve se colocar na posição de auto-observador atento e


desapaixonado, simplesmente comunicando o tempo inteiro a
superfície de sua consciência.

Deve ser absolutamente honesto e não reter da comunicação


nenhuma idéia, mesmo que sinta ser ela muito desagradável,
julgue-a absurda ou sem importância ou irrelevante.
PSICANÁLISE COMO ARTE INTERPRETATIVA
Esse novo método de tratamento, Freud chamou de psicanálise, uma arte de
interpretação.
O material produzido pelas associações do paciente insinuaria um significado
oculto.

Para realizar esse trabalho,


o analista deveria entregar-se à sua própria atividade mental inconsciente,
num estado de ATENÇÃO FLUTUANTE, a fim de evitar, tanto quanto
possível, a reflexão e a construção de expectativas conscientes, não tentar fixar
particularmente coisa alguma que ouvisse na memória e, por esses meios,
apreender o curso do inconsciente do paciente com o seu próprio inconsciente.

O trabalho de interpretação não pode ser submentido a regras estritas, conta


muito com o TATO e a PERÍCIA do analista.
A INTERPRETAÇÃO DAS PARAPRAXIAS E DOS ATOS
FORTUITOS
Parapraxias – ações acidentais, esquecimentos, substituições Falhas no funcionamento,
imperfeições da vida mental.
PRAXIS – ação
PARA – proximidade, oposição, para além, defeito, semelhança.

FEHLLEISTUNGEN = atos falhos ou funções falhas. O conceito não existia antes de Freud e foi inventada uma
palavra inglesa para a sua tradução.

O texto “Psicopatologia da Vida Cotidiana” é dedicado inteiro a seu estudo.

O que Freud afirma é que certos atos mentais comuns de pessoas normais
devem ser considerados pelo mesmo ângulo que os sintomas neuróticos ,
isto é,
possuem um significado, desconhecido do sujeito, mas capaz de ser facilmente
descoberto pelos meios analíticos.

(aqui vemos a aproximação entre os fatos mentais normais e os patológicos)


A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
A maior e melhor parte do que sabemos dos processos nos níveis
inconscientes da mente deriva-se da interpretação dos sonhos.

Conteúdo onírico manifesto - o sonho relembrado, tal como ele é


recontado.
Pensamentos oníricos latentes – tudo que está oculto no enredo do
sonho, eles serão descobertos pela interpretação.
Elaboração onírica – processo que transformou os pensamentos oníricos
latentes no conteúdo onírico manifesto, isto é, no SONHO. Esse processo é desfeito
pelo trabalho da interpretação.

Os pensamentos oníricos latentes se CONDENSAM, deformam-se pelo DESLOCAMENTO


das intensidades psíquicas e dispõem-se com vistas a serem representados em quadros visuais.
Antes que se chegue ao sonho manifesto, são submetidos a um processo de REVISÃO
SECUNDÁRIA, que procura dar ao novo produto algo da natureza de um sentido e uma
coerência.
A Teoria dinâmica da formação onírica
• A força motivadora para a formação dos sonhos é fornecida por um
impulso inconsciente, reprimido durante do dia, com o qual os
resíduos diurnos puderam estabelecer contato e que imagina efetuar
uma realização de desejo para si próprio.

• Assim, todo sonho é, por um lado, a realização de um desejo


por parte do inconsciente e, por outro (na medida em que consegue
resguardar o estado de sono contra os distúrbios), a realização do
desejo normal de dormir que dá começo ao sono.
• Sonho – se desprezarmos a contribuição inconsciente para a
formação do sonho e limitarmos este a seus pensamentos latentes,
ele pode representar qualquer coisa em que a vida de vigília tenha
estado interessada, uma reflexão, uma advertência, uma intenção,
uma preparação para o futuro imediato ou, uma satisfação de um
desejo não realizado.

• A irreconhecibilidade, a estranheza e o absurdo do sonho manifesto


são em parte o resultado da tradução dos pensamentos em um
método de expressão diferente, arcaico, mas também pelo efeito de
um agente restritivo, criticamente desaprovador,
a censura onírica.
A dinâmica da formação dos sonhos é a mesma da formação dos
sintomas.

Nos dois casos encontramos uma LUTA entre duas tendências, das
quais uma é INCONSCIENTE, normalmente reprimida e se esforça
por obter SATISFAÇÃO, isto é, a realização do desejo, enquanto a
outra, pertencente provavelmente ao EGO CONSCINTE, é
DESAPROVADORA E REPRESSIVA.

Resultado desse conflito – a FORMAÇÃO DE COMPROMISSO


(sonho ou sintoma), na qual ambas as tendências encontram
expressão incompleta.
Importância teórica dessa conformidade
entre os sonhos e os sintomas

Os mecanismos mentais que produzem os


sintomas de doença estão também presentes na
vida mental normal.
A significação etiológica da vida sexual
A 2ª novidade que surgiu após a substituição da técnica
hipnótica pela associação livre, foi de natureza clínica.

Na raiz da formação de todo sintoma deveriam encontrar-se


experiências traumáticas do início da vida sexual.

Assim, um TRAUMA SEXUAL entrou no lugar de um


trauma comum.
Etiologia sexual nas neuroses
Freud concluiu que as neuroses em geral eram expressão
de distúrbios na vida sexual.

Neuroses atuais – são conseqüência de danos


contemporâneos

Psiconeuroses – conseqüência de danos passados


SEXUALIDADE INFANTIL
Ampliou-se o conceito de sexual, reconhecendo a existência
de sexualidade desde o nascimento.

Freud reconheceu que superestimou a importância da sedução


como fonte de manisfestações sexuais nas crianças e raiz para a
formação de sintomas neuróticos

Descobriu o papel extraordinariamente grande desempenhado na


vida mental dos neuróticos pelas atividades de FANTASIA.

A FANTASIA exerce maior influência no neurótico do que a


realidade externa. Ela revela o material que nos permite traçar o
quadro do desenvolvimento da função sexual.
DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO
Pulsão sexual – composta de pulsões parciais (oral, anal, etc.)
(As fontes dessas pulsões parciais são os órgãos do corpo.)

A princípio, as pulsões parciais esforçam-se por obter satisfação independentemente umas das outras, mas, no
decorrer do desenvolvimento, se tornam cada vez mais convergentes e concentrados

Fase oral - incorporação

Fase anal - sadismo

Fase fálica – unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais /

oposição fálico-castrado / declínio do Complexo de Édipo /

complexo de castração é predominante

Organização genital

Via de regra, essa evolução é atravessada rápida e moderadamente, mas certas partes individuais das pulsões

permanecem atrás, nas fases anteriores e dão assim surgimento a FIXAÇÕES da libido, importantes como

predisposições constituintes para irrupções subseqüentes de impulsos reprimidos e que se


encontram em relação definida com o desenvolvimento posterior das NEUROSES E PERVESÕES.
ORGANIZAÇÃO DA LIBIDO
Coordenação relativa das pulsões parciais, caracterizadas pelo
primado de uma zona erógena e um modo específico de
relação de objeto.

É a descoberta do objeto que permite a coordenação das pulsões


parciais.

Freud descobriu posteriormente um modo de organização da sexualidade


por ele intercalado entre o estado não-organizado das pulsões (auto-
erotismo) e a plena escolha de objeto, a que chamou de NARCISISMO.

AUTO-EROTISMO
NARCISISMO – o objeto é o ego como unidade.
ESCOLHA DE OBJETO
O PROCESSO DE ENCONTRAR O OBJETO E O
COMPLEXO DE ÉDIPO
Pulsão oral – saciação do desejo de nutrição (seio), depois se desliga,
torna-se independente e ao mesmo tempo auto-erótico.

Infância precoce (2-5 anos) – convergência das pulsões sexuais,


cujo objeto, no caso dos meninos, é a mãe (rivalidade com o pai)

Complexo de Édipo – fundamental na determinação da forma final


de sua vida erótica.
O neurótico permanece envolvido no Complexo de Édipo.
O COMEÇO DIFÁSICO DO DESENVOLVIMENTO
SEXUAL
Ao final do 5º ano de vida inicia a LATÊNCIA, momento em que se instaura a
lei para atuar como defesa contra os desejos do Complexo de Édipo.

Na PUBERDADE – o Complexo é revivescido no inconsciente e envolve-se em


novas modificações. As pulsões sexuais chegam a sua plena intensidade. A
orientação sexual, as predisposições já foram determinadas pela eflorescência
precoce da sexualidade durante a infância.

Esse desenvolvimento DIFÁSICO da função sexual parece conter o fator


determinante da origem das neuroses.
A TEORIA DA REPRESSÃO
• As neuroses são expressão de conflitos entre o ego e aqueles
impulsos sexuais que parecem ao ego incompatíveis com sua
integridade ou com seus padrões éticos.

• Não sendo egossintônicos, o ego os REPRIMIU, impediu-os de


tornarem-se conscientes, bem como de obterem satisfação através
de descarga motora.

• Durante o trabalho analítico , tentamos tornar conscientes esses


impulsos reprimidos, mas surgem as forças REPRESSIVAS sob a
forma de RESISTÊNCIA.
Porém, a libido represada encontra outras saídas do
inconsciente.

Ela REGRIDE a fases anteriores do desenvolvimento e a


atitudes anteriores para com os objetos, e em pontos
fracos do desenvolvimento libidinal, onde existem fixações
infantis, irrompe na consciência o obtem descarga.

O que resulta é um SINTOMA, uma satisfação sexual


substitutiva.
O sintoma, por não poder escapar inteiramente às forças repressivas
do ego, submete-se a modificações e deslocamentos, como nos
sonhos.

Sintoma – conciliações entre as pulsões sexuais reprimidas e as forças


repressoras do ego, representam uma realização de desejo para
ambas as partes do conflito simultanemente, porém incompleta
para cada uma delas.

Isso é absolutamente verdadeiro no caso da HISTERIA.

Na NEUROSE OBSESSIVA, há uma ênfase mais forte no lado da


função repressora, devido ao erguimento das formações reativas,
que são garantias contra a satisfação sexual.
FIXAÇÃO
O neurótico, ou mais geralmente todo sujeito humano, está
marcado por experiências infantis, mantém-se ligado, de
forma mais ou menos disfarçada a modos de satisfação, a
tipos arcaicos de objeto ou de relação.

A fixação na fase anal estaria na origem da neurose


obsessiva e de certo tipo de caráter.

A fixação prepara as posições sobre as quais vai operar-se


a regressão que, sob diversos aspectos, encontramos nas
neuroses, nas perversões e nas psicoses.
TRANSFERÊNCIA
Relação emocional especial entre analista e paciente. Ela
varia entre a devoção mais afetuosa e a inimizade mais
obstinada e deriva todas as suas características de
atitudes eróticas anteriores do paciente, que se tornaram
inconscientes.

Trata-se do mais poderoso instrumento terapêutico.


PEDRAS ANGULARES DA TEORIA
PSICANALÍTICA

1. Existência de processos mentais inconscientes


2. Reconhecimento da teoria da Resistência e
Repressão
3. Importância da sexualidade e do Complexo de
Édipo.
NARCISISMO
• O próprio ego é o reservatório de libido narcísica, do
qual as catexias libidinais dos objetos fluem e para o qual
podem ser novamente retiradas.

• Com essa concepção, foi possível efetuar uma distinção


clínica das psiconeuroses:

-NEUROSES DE TRANSFERÊNCIA
(histeria e n. obsessiva)

-DISTÚRBIOS NARCÍSICOS
(demência precoce, paranóia e melancolia)
Objetivo do tratamento
• Remover as resistências, ocasionando a unificação e o
fortalecimento de mais longo alcance de seu ego, capacitando-o
a poupar a energia mental que está despendendo em conflitos
internos. Não se visa à remoção dos sintomas da doença, contudo,
ela é conseguida, como um subproduto.

• O analista não procura remoldar o paciente de acordo com suas


próprias idéias pessoais.
Indicação de leitura

• Próxima Aula
• 12/9: Introdução ao Narcisismo (1914)
• FREUD, S. (1914). Sobre o Narcisismo: uma introdução. In Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Trad. Sob direção
de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1990. v. XIV.

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