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PSICOPATOLOGIA
Disciplina:
PSICANALÍTICA
Profa. Rachele Ferrari
racheleferrari@gmail.com
2º. Sem/2020
Aula 1 13 /08/2020
As Transformações do
sofrimento psíquico e
a atualidade da psicanálise
SUBJETIVIDADE
Significa o modo de ser do sujeito, como ele foi se
constituindo e se organizando psiquicamente desde o
seu nascimento, isso define como ele apreende o
mundo e responde aos estímulos que esse mundo lhe
impõe, bem como ele produz sentido para suas
experiências internas, suas experiências emocionais.
SAÚDE MENTAL
• implica em uma mente dotada de riquezas de recursos
(para lidar com a dor, com o medo, com o diferente de mim, com a perda, com a
minha incompletude, com a minha finitude, etc.),
• que são adquiridos na relação com o ambiente mais próximo
desde o nascimento, principalmente até a adolescência, mas continua
ao longo da vida.
• Caso, por alguma razão, não tivermos desenvolvido esses recursos
suficientemente, diante de alguma situação da vida que nos seja mais
NORMALIDADE,
DIFERENÇA, mas ainda não uma patologia,
PATOLOGIA
• Até o final da 2ª Guerra Mundial, a psicopatologia era vista como
uma dilaceração interna, um enigma a ser decifrado.
• Em 1952 – grande mudança com o surgimento da Psicofarmacologia.
http://www.sbsociologia.com.br/rbsociologia/index.php/rbs/article/view/441/pdf_7
MACHADO DE ASSIS
Após conquistar respeito em sua carreira de médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte
retorna à sua terra-natal, Itaguaí, para se dedicar ainda mais a sua profissão.
Resolve se dedicar aos estudos da psiquiatria e constrói na cidade um manicômio chamado Casa Verde para
abrigar todos os loucos da cidade e região. Em pouco tempo o local fica cheio e ele vai ficando cada vez mais
obcecado pelo trabalho.
Em certo momento Dr. Bacamarte passou a enxergar loucura em todos e a internar pessoas que causavam espanto.
Com o tempo, o clima se torna cada vez mais tenso na cidade, e o barbeiro Porfírio, que há muito almejava
ingressar na carreira política, resolve armar um protesto.
Porfírio se vê em uma posição de poder, como líder de uma revolução. Resolve, então, dirigir-se até a Câmara dos
Vereadores para destituí-la. Agora com plenos poderes, Porfírio chama o Dr. Bacamarte para uma reunião, mas,
em vez de despedi-lo, junta-se a ele e assim as internações continuam na cidade.
As internações continuam de forma acelerada, e até D. Evarista (esposa de Bacamarte) é internada após passar
uma noite sem dormir por não conseguir decidir que roupa usaria numa festa.
Por fim, 75% da população da cidade encontrava-se internada na Casa Verde. O alienista,
percebendo que estava errado, resolve libertar todos os internos e refazer sua teoria: se a maioria apresentava
desvios de personalidade e não seguia um padrão, então louco era quem mantinha regularidade nas ações e
possuía firmeza de caráter. Com base em sua nova teoria, o Dr. Bacamarte recomeça a internar as pessoas da
cidade.
Após algum tempo, o Dr. Simão Bacamarte percebe que sua teoria, mais uma vez, está incorreta, e manda soltar
todos os internos novamente.
Por que a Psiquiatria
teria tomado esse rumo?
Grande desenvolvimento da indústria farmacêutica (o
que é uma conquista valiosíssima em inúmeros
aspectos, isso é óbvio) e os seus opulentos resultados
econômicos,
A crise de legitimidade dos diagnósticos psiquiátricos,
(experimento Rosenhan – 1973)
O avanço do conhecimento biológico,
As mudanças culturais próprias da pós-modernidade
O Experimento de Rosenhan foi um experimento sobre a validade
do diagnóstico psiquiátrico que realizou o psicólogo David Rosenhan em 1972.
Os resultados foram publicados na revista Science com o título "On Being Sane
in Insane Places" ("Sobre Estar Sadio em Lugares Insanos").[1]
Rosenhan foi ele mesmo um pseudopaciente. Além dele, participaram três psicólogos, um
pediatra, um psiquiatra, um pintor e uma dona de casa, sendo cinco homens e três mulheres.
Nenhum deles tinha sido diagnosticado com problemas mentais e possuíam um vida bem
estabelecida. Os pseudopacientes tentaram internação em doze hospitais diferentes. O único
sintoma que relatavam era que ouviam vozes, não muito claras, falando "vazio", "oco" e
"baque". Imediatamente depois da admissão, os pseudopacientes cessaram de simular
qualquer sintoma, mas alguns estavam um pouco nervosos durante um curto período
porque nenhum deles achava que iria ser internado e pensavam que a sua simulação seria
descoberta logo, ficando expostos como fraudadores.
Rosenhan afirmou ainda que o estudo demonstrou que os psiquiatras não podem afirmar
com segurança a diferença entre pessoas saudáveis e insanas.
A fase inicial do experimento demonstrou uma falha em detectar a sanidade, e a
segunda fase demonstrou uma falha na detecção da insanidade. O psicólogo concluiu
também que os rótulos psiquiátricos tendem a se manter de uma forma diversa dos rótulos
médicos em geral, e que tudo que um paciente faz é interpretado de acordo com o rótulo de
diagnóstico, uma vez aplicado. Ele sugeriu que, ao invés de rotular uma pessoa como insana,
deve-se concentrar nos problemas e comportamentos específicos do indivíduo
A sociedade pós-moderna
Perdeu a força simbólica das narrativas que
procuravam explicar a existência, o sentido das coisas,
onde as agências que organizam o nosso mundo
dizendo o que é certo, o que é errado, o que é bom e o
que é ruim, o que é normal e o que não é, todas essas
agências perderam sua força de modo que hoje nós
somos cada vez mais autônomos em relação a elas, não
há qualquer valor mais alto contra o qual não
possamos fazer uma objeção.
A Cultura e as Formas de Subjetividade
Modernidade (séc. XV – séc XVIII /XX) –
o sujeito constitui-se
em meio a instituições fortes, que produzem sentidos fixos
e inquestionáveis, dados por símbolos duradouros.
Nesse sentido, tem uma marca essencialmente TRAUMÁTICA, o que aponta para a
VULNERABILIDADE psíquica do homem contemporâneo, assim como destaca
algumas psicopatologias (como o pânico, a anorexia, a bulimia, as toxicomanias, as
psicossomatizações, e as depressões, dentre outras) entre os modos atuais de sofrimento
humano, assim como põe em relevo a violência exacerbada entre as pessoas, a intolerância à
diferença, a baixa da alteridade.
• https://www.youtube.com/watch?v=4dH__M387DM
A PSICANÁLISE, SEU SABER E SUA FORMA
DE TRATAMENTO
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1856 1887 1900 1939
Nasce Freud inicia seus trabalhos pré-psicanalíticos Freud Morre
publicação da obra psicanalítica inaugural
• (R. Mezan)
Em primeiro lugar, a repressão não foi eliminada – ainda que possa se
revestir de roupagens mais sutis -;
• (R. Mezan)
E como a psicanálise tem lidado com essas
subjetividades ao longo dos tempos?
Então:
• Doença – uma das vicissitudes transitórias da saúde /
não só um mal a ser combatido.
• Saúde – deve incluir um certo grau de sofrimento, dor
e angústia.
“acreditamos que é preciso negar-se a aceitar qualquer
tentativa de caracterizar os infortúnios como patologias
que devem ser assistidas medicamente.... é preciso
pensar um conceito de saúde capaz de contemplar e
integrar nossa capacidade de administrar de forma
autônoma esta margem de risco, de tensão, de
infidelidade, e por que não dizer, de “mal estar” com que
inevitavelmente devemos conviver” (caponi, 2003)
• Mas afinal, segundo que concepção de saúde
trabalhamos?
• Para que o sujeito aumente sua imunidade aos afetos
ou para que tolere a vulnerabilidade necessária aos
novos investimentos?
• Para poupar o sujeito dos riscos ou para que sua vida
possa expandir-se?
• Para que se proteja contra a doença e a morte ou para
que amplie sua normatividade?
• Para que mantenha um perfeito estado de bem-estar,
ou para que tenha a liberdade de prescindir dele?
Como dizia Riobaldo,
viver é um descuido prosseguido.
Guimarães Rosa.
“ter nascido me estragou a saúde, a vida....ter nascido
dotou-me a incertezas, a dúvidas, a tristeza, a
indelicadeza, a malvadeza, a inércia, ao vazio, ao nada,
ao simples, ao minúsculo, ao ameno, ao amargo, ao
nada, ao pouco. Ter vivido tirou-me a paz, a
suficiência, a atenção, a normalidade, o amor, a raiva, o
ódio, a inveja, o sucesso, a certeza, o tudo...”
Clarice Lispector
A Descoberta do Mundo: Crônicas. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1992
Leitura para próxima aula:
Leitura complementar:
MAURANO, D. Para que serve a psicanálise? Jorge Zahar
Editor.
https://psiligapsicanalise.files.wordpress.com/2014/09/denise-maurano-pra-que-
serve-a-psicanc3a1lise.pdf
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