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PROJETA CURSOS TÉCNICOS

Curso: Técnico em Enfermagem

Disciplina: Introdução à Enfermagem

2017
AS PRÁTICAS DE SAÚDE AO LONGO DA HISTÓRIA E O
DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM

 PERÍODO PRÉ-CRISTÃO
No período Pré-Cristão as doenças eram tidas como um castigo de Deus
ou resultavam do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiras
acumulavam funções de médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em
aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios.
Usavam-se: massagens, banho de água fria ou quente, purgativos, substâncias
provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes adquiriram conhecimentos
sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes
funções de enfermeiros e farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições,
monumentos, livros de orientações política e religiosa, ruínas de aquedutos e
outras descobertas nos permitem formar uma ideia do tratamento dos doentes.

 EGITO
Os egípcios deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida
em sua época. As receitas médicas deviam ser tomadas acompanhadas da
recitação de fórmulas religiosas. Praticava-se o hipnotismo, a interpretação de
sonhos; acreditava-se na influencia de algumas pessoas sobre a saúde de
outras. Havia ambulatórios gratuitos, onde era recomendada a hospitalidade e
o auxílio aos desamparados.

 ÍNDIA
Documentos do século VI a.C. nos dizem que os hindus conheciam:
ligamentos, músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns
tipos de envenenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns tipos de
procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e corrigiam
fraturas. Neste aspecto o budismo contribuiu para o desenvolvimento da
enfermagem e da medicina. Os hindus tornaram-se conhecidos pela
construção de hospitais. Foram os únicos, na época, que citaram enfermeiros e
exigiam deles qualidades morais e conhecimentos científicos. Nos hospitais
eram usados músicos e narradores de histórias para distrair os pacientes. O
bramanismo fez decair a medicina e a enfermagem, pelo exagerado respeito
ao corpo humano - proibia a dissecação de cadáveres e o derramamento de
sangue. As doenças eram consideradas castigo.

 PALESTINA
Moisés, o grande legislador do povo hebreu, prescreveu preceitos de
higiene e exame do doente: diagnóstico, desinfecção, afastamento de objetos
contaminados e leis sobre o sepultamento de cadáveres para que não
contaminassem a terra. Os enfermos , quando viajantes, eram favorecidos com
hospedagem gratuita.
 ASSÍRIA E BABILÔNIA
Entre os assírios e babilônios existiam penalidades para médicos
incompetentes, tais como: amputação das mãos, indenização, etc. A medicina
era baseada na magia - acreditava-se que sete demônios eram os causadores
das doenças. Os sacerdotes médicos vendiam talismãs com orações usadas
contra os ataques dos demônios. Nos documentos assírios e babilônicos não
há menção de hospitais, nem de enfermeiros. Conheciam a lepra e sua cura
dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio
Jordão. "Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará limpa". (II
Reis: 5, 10-11).

 CHINA
Os doentes chineses eram cuidados por sacerdotes. As doenças eram
classificadas da seguinte maneira: benignas, médias e graves. Os sacerdotes
eram divididos em três categorias que correspondiam ao grau da doença da
qual se ocupava. Os templos eram rodeados de plantas medicinais. Os
chineses conheciam algumas doenças: varíola e sífilis. Procedimentos:
operações de lábio. Tratamentos: anemias, indicavam ferro e fígado;
verminoses, tratavam com determinadas raízes; sífilis, prescreviam mercúrio;
doenças da pele, aplicavam o arsênico. Anestesia: ópio. Construíram alguns
hospitais de isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido à
proibição da dissecação de cadáveres.

 JAPÃO
Os japoneses aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era
fetichista e a única terapêutica era o uso de águas termais.

 GRÉCIA
As primeiras teorias gregas se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol,
era o deus da saúde e da medicina. Usavam sedativos, fortificantes e
hemostáticos, faziam ataduras e retiravam corpos estranhos, também tinham
casas para tratamento dos doentes. A medicina era exercida pelos sacerdotes-
médicos, que interpretavam os sonhos das pessoas. Tratamento: banhos,
massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro, água pura mineral. Dava-se valor à
beleza física, cultural e a hospitalidade, contribuindo para o progresso da
Medicina e da Enfermagem. O excesso de respeito pelo corpo atrasou os
estudos anatômicos. O nascimento e a morte eram considerados impuros,
causando desprezo pela obstetrícia e abandono de doentes graves. A medicina
tornou-se científica, graças a Hipócrates, que deixou de lado a crença de que
as doenças eram causadas por maus espíritos. Hipócrates é considerado o Pai
da Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e a
terapêutica. Reconheceu doenças, tais como: tuberculose, malária, histeria,
neurose, luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na terapêutica
consistia em "não contrariar a natureza, porém auxilia-la a reagir". Tratamentos
usados: massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios,
purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos minerais.

 ROMA
A medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era
exercida por escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo,
essencialmente guerreiro. O indivíduo recebia cuidados do Estado como
cidadão destinado a tornar-se bom guerreiro, audaz e vigoroso. Roma
distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e
abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na
via Ápia. O desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influencia do
povo grego.

 CRISTIANISMO
O cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu
positivamente através da reforma dos indivíduos e da família. Os cristãos
praticavam uma tal caridade, que movia os pagãos: “Vede como eles se
amam”. Desde o início do cristianismo os pobres e enfermos foram objeto de
cuidados especiais por parte da Igreja. Pedro, o apóstolo, ordenou diáconos
para socorrerem os necessitados. As diaconisas prestavam igual assistência às
mulheres. Os cristãos até então perseguidos, receberam no ano 335 pelo Edito
de Milão, do imperador Constantino, a liberação para que a Igreja exercesse
suas obras assistenciais e atividades religiosas. Houve uma profunda
modificação na assistência aos doentes - os enfermos eram recolhidos às
diaconias, que eram casas particulares, ou aos hospitais organizados para
assistência a todo tipo de necessitados.

DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE DURANTE OS


PERÍODOS HISTÓRICOS
Subdivisão dos períodos relacionados com a mudança das práticas de
saúde:
• As práticas de saúde instintivas - caracteriza a prática do cuidar nos
grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções
evolucionista e teológica. Neste período as práticas de saúde, propriamente
ditas, num primeiro estágio da civilização, consistiam em ações que garantiam
ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem,
associadas ao trabalho feminino. Com o evoluir dos tempos, constatando que o
conhecimento dos meios de cura resultava em poder, o homem, aliando este
conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele. Observa-
se que a Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar
das sociedades primitivas.
• As práticas de saúde mágico-sacerdotais – aborda a relação mística
entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas
pelos sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo,
verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta
do século V a. C. Essa prática permanece por muitos séculos desenvolvida nos
templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os
conceitos primitivos de saúde eram ensinados. Posteriormente,
desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da
Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas
e cidades da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as
concepções acerca do funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e
doenças, concepções essas que, por muito tempo, marcaram a fase empírica
da evolução dos conhecimentos em saúde. O ensino era vinculado à
orientação da filosofia e das artes e os estudantes viviam em estreita ligação
com seus mestres, formando famílias, as quais serviam de referência para
mais tarde se organizarem em castas. Quanto à Enfermagem, as únicas
referências concernentes à época em questão estão relacionadas com a
prática domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres de classe
social elevada que dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes.
• As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relaciona a evolução das
práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando
estas então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V
a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã. A prática de saúde,
antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova fase,
baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no
raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as
doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na
observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de
conhecimentos anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o
homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é
considerado pela medicina grega como período hipocrático, destacando a
figura de Hipócrates que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs
uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos
místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e
da observação. Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta
época.
• As práticas de saúde monástico-medievais - Focaliza a influência dos
fatores socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas
práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época
corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga,
desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre
os séculos V e XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de
valores que, com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados e aceitos
pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o
espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não
uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
• As práticas de saúde pós monásticas - evidencia a evolução das
práticas de saúde e, em especial, da prática de Enfermagem no contexto dos
movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao
período que vai do final do século XIII ao início do século XVI. A retomada da
ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das
universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada
durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos
de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já
negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens,
mulheres e crianças coabitam as mesmas dependências, amontoados em
leitos coletivos. Sob exploração deliberada, o serviço doméstico - pela queda
dos padrões morais que o sustentava- tornou-se indigno e sem atrativos para
as mulheres de casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que significou
uma grave crise para a Enfermagem, permanece por muito tempo e apenas no
limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que
partiram principalmente de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as
condições do pessoal a serviço dos hospitais.
• As práticas de saúde no mundo moderno - analisa as práticas de saúde
e, em especial, a de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico
da sociedade capitalista. Ressalta o surgimento da Enfermagem como prática
profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial
no século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na
Inglaterra, no século XIX.

ENFERMAGEM MODERNA
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É
na reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico
como principal responsável por esta reordenação, que vamos encontrar as
raízes do processo de disciplinarização e seus reflexos na Enfermagem, ao
ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então.
A evolução crescente dos hospitais não melhorou, entretanto, suas
condições de salubridade. Diz-se mesmo que foi a época em que estiveram
sob piores condições, devido principalmente à predominância de doenças
infectocontagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes.
Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os
pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e
experiências que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em
benefício da classe abastada.
É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence
Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar
junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE


Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses.
Possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e
perseverança - o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército,
fazendo prevalecer suas ideias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o
alemão, o italiano além do grego e latim. No desejo de realizar-se como
enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das
Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a
Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a
seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda
insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs de Misericórdia,
Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de
Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.
Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a
Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da
Criméia. Os soldados ingleses acham-se no maior abandono. A mortalidade
entre os hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38
voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das
enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente
por indisciplina. Florence é incomparável: estende sua atuação desde a
organização do trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão.
Aos poucos, os soldados e oficiais um a um começam a curvar-se e a enaltecer
esta incomum Miss Nightingale. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os
soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a
"Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias,
atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia,
em 1856, leva uma vida de inválida.
Dedica-se, porém, com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos
na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio,
consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da
Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1859.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital
Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que
foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma
das características da escola nightingaleana, bem como a exigência de
qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia
em aulas diárias ministradas por médicos.
Nas primeiras escolas de Enfermagem o médico foi, de fato, a única
pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas
funções poderia colocar nas mãos das enfermeiras Florence morre a 13 de
agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim a
Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do
saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica.

PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM


Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que
enfrentar, devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da
profissão, as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos
Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as primeiras
enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em New York.
As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola de
Florence Nightingale, baseada em quatro ideias-chave:
1. O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto
qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.
2. As escolas de treinamento deveriam uma estreita associação com os
hospitais, mas manter sua independência financeira e administrativa.
3. Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de
pessoas não envolvidas em Enfermagem.
4. As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à
disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao
hospital.

SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO


As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais
estabelecidos:
1º. Direção da escola por uma enfermeira.
2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional.
3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão
profissional.
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL
 PERÍODO COLONIAL
A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira compreende
desde o período colonial até o final do século XIX e analisa a organização da
Enfermagem no contexto da sociedade brasileira em formação. Desde o
princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que
tiveram origem em Portugal.
A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543.
Em seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória,
Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880,
com a presença de Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina. No que diz respeito à
saúde do nosso povo, merece destaque o Padre José de Anchieta. Ele não se
limitou ao ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia aos necessitados
do povo, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos
encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima
e as doenças mais comuns.
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais
minuciosamente descritas. Supõe-se que os jesuítas faziam a supervisão do
serviço que era prestado por pessoas treinadas por eles. Não há registro a
respeito. Outra figura de destaque é Frei Fabiano de Cristo, que durante 40
anos exerceu atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio
de Janeiro (Séc. XVIII). Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam
os religiosos no cuidado aos doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte
consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa dos Expostos. Somente em 1822, o
Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade que se
conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio Andrada
e Silva.
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822.
Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou
no ano seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira parteira formada no
Brasil. No começo do século XX, grande número de teses médicas foi
apresentado sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados
obtidos e abrindo horizontes a novas realizações. Esse progresso da medicina,
entretanto, não teve influencia imediata sobre a Enfermagem.
Assim sendo, na Enfermagem Brasileira do tempo do Império, raros
nomes se destacaram e, entre eles, merece especial menção o de Ana Neri.

ANA NERY
Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade
de Cachoeira, na Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antônio Neri,
enviuvando aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do
exército, são convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-
1870), sob a presidência de Solano Lopes.
O mais jovem, aluno do 6º ano de Medicina, oferece seus serviços
médicos em prol dos brasileiros. Ana Neri não resiste à separação da família e
escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição de sua Pátria.
Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos
também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos
feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor,
recebe uma coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é
colocada no Edifício do Paço Municipal.
O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas
humanitárias e de campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880.
A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu o seu nome.
Ana Neri como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da
época que faziam da mulher prisioneira do lar.

DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM NO


BRASIL (SÉCULO XIX)
Ao final do século XIX, apesar de o Brasil ainda ser um imenso território
com um contingente populacional pouco elevado e disperso, um processo de
urbanização lento e progressivo já se fazia sentir nas cidades que possuíam
áreas de mercado mais intensas, como São Paulo e Rio de Janeiro. As
doenças infectocontagiosas, trazidas pelos europeus e pelos escravos
africanos, começam a propagar-se rápida e progressivamente.
A questão saúde passa a constituir um problema econômico-social. Para
deter esta escalada que ameaçava a expansão comercial brasileira, o governo,
sob pressões externas, assume a assistência à saúde através da criação de
serviços públicos, da vigilância e do controle mais eficaz sobre os portos,
inclusive estabelecendo quarentena Revitaliza, através da reforma Oswaldo
Cruz introduzida em 1904, a Diretoria-Geral de Saúde Pública, incorporando
novos elementos à estrutura sanitária, como o Serviço de Profilaxia da Febre
Amarela, a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção e o Instituto Soroterápico
Federal, que posteriormente veio se transformar no Instituto Oswaldo Cruz.
Mais tarde, a Reforma Carlos Chagas (1920), numa tentativa de reorganização
dos serviços de saúde, cria o Departamento Nacional de Saúde Pública, órgão
que, durante anos, exerceu ação normativa e executiva das atividades de
Saúde Pública no Brasil.
A formação de pessoal de Enfermagem - para atender inicialmente aos
hospitais civis e militares e posteriormente, às atividades de saúde pública -
principiou com a criação, pelo governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e
Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do
Ministério dos Negócios do Interior. Esta escola, que é de fato a primeira escola
de Enfermagem brasileira, foi criada pelo Decreto Federal nº 791, de 27 de
setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto,
pertencendo à Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO.
CRUZ VERMELHA BRASILEIRA
A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins
de 1908, tendo como primeiro presidente Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz
Vermelha Brasileira por sua atuação durante a I Guerra Mundial (1914-1918).
Fundaram-se filiais nos Estados. Durante a epidemia de gripe espanhola
(1918), colaborou na organização de postos de socorro, hospitalizando doentes
e enviando socorristas a diversas instituições hospitalares e a domicílio. Atuou
também socorrendo vítimas das inundações, nos Estados de Sergipe e Bahia,
e as das secas do Nordeste. Muitas das socorristas dedicaram-se ativamente à
formação de voluntárias, continuando suas atividades após o término do
conflito.
SAÚDE PÚBLICA
No desenvolvimento das organizações sanitárias no Brasil, aparecem
dois grandes médicos: Oswaldo Cruz, responsável pela criação da medicina
preventiva entre nós e Carlos Chagas, pela sua contribuição à enfermagem em
Saúde Pública. Em 2 de janeiro de 1920, pelo Decreto 3.987, foi criado o
Departamento Nacional de Saúde Pública. No setor de Profilaxia da
Tuberculose, iniciou-se o serviço de visitadores. No ano seguinte, pensou-se
em estender essa assistência ao setor de doenças venéreas e outras doenças
transmissíveis. Por iniciativa de Carlos Chagas, então diretor do Departamento,
e com a cooperação da Fundação Rockfeller, chegou ao Rio, em 1921, um
grupo de enfermeiras visitadoras que iniciou um curso intensivo. Fundada a
Escola Ana Nery, as primeiras alunas foram logo contratadas pelo
Departamento Nacional de Saúde Pública. Teve início então um trabalho de
educação sanitária nos setores de profilaxia da tuberculose e higiene infantil,
estendendo-se depois, à higiene pré-natal e visitação aos portadores de
doenças transmissíveis.

PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM NO BRASIL


1. Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto"
Esta escola é a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi reformada por
Decreto de 23 de maio de 1939. O curso passou a três anos de duração e era
dirigida por enfermeiras diplomadas. Foi reorganizada por Maria Pamphiro,
uma das pioneiras da Escola Anna Nery.
2. Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro
Começou em 1916 com um curso de socorrista, para atender às
necessidades prementes da Primeira Guerra Mundial. Logo foi evidenciada a
necessidade de formar profissionais (que se desenvolveu somente após a
fundação da Escola Anna Nery) e o outro para voluntários. Os diplomas
expedidos pela escola eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra e
considerados oficiais. Esta encerrou suas atividades.
3. Escola Ana Nery
A primeira diretoria foi Miss Clara Louise Kienninger, senhora de grande
capacidade e virtude, que soube ganhar o coração das primeiras alunas. Com
habilidade fora do comum, adaptou-se aos costumes brasileiros. Os cursos
tiveram início em 19 de fevereiro de 1923, com 14 alunas. Instalou-se pequeno
internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, onde seriam feitos os
primeiros estágios.
Em 1923, durante um surto de varíola, enfermeiras e alunas dedicaram-
se ao combate à doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de
mortalidade atingia 50%, desta vez baixou para 15%.
A primeira turma de Enfermeiras diplomou-se em 19 de julho de 1925.
Destacam-se desta turma as Enfermeiras Lais Netto dos Reys, Olga Salinas
Lacôrte, Maria de Castro Pamphiro e Zulema Castro, que obtiveram bolsa de
estudos nos Estados Unidos. A primeira diretora brasileira da Escola Anna
Nery foi Raquel Haddock Lobo, nascida a 18 de junho de 1891. Foi a pioneira
da Enfermagem moderna no Brasil, esteve na Europa durante a Primeira
Grande Guerra, incorporou-se à Cruz Vermelha Francesa, onde se preparou
para os primeiros trabalhos. De volta ao Brasil, continuou a trabalhar como
Enfermeira. Faleceu em 25 de setembro de 1933.
4. Escola de Enfermagem Carlos Chagas
Por Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933 e iniciativa de Dr. Ernani
Agrícola, diretor da Saúde Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado a
Escola de Enfermagem Carlos Chagas, a primeira a funcionar fora da Capital
da República.
A organização e direção dessa Escola coube a Laís Netto dos Reys,
sendo inaugurada em 19 de julho do mesmo ano. A Escola Carlos Chagas,
além de pioneira entre as escolas estaduais, foi a primeira a diplomar religiosas
no Brasil.
5. Escola de Enfermagem Luisa de Marillac
Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de caridade, a Escola de
Enfermagem Luisa de Marillac representou um avanço na Enfermagem
Nacional, pois abria largamente suas portas, não só às jovens estudantes
seculares, como também às religiosas de todas as Congregações. É a mais
antiga escola de religiosas no Brasil e faz parte da União Social Camiliana,
instituição de caráter confessional da Província Camiliana Brasileira.
6. Escola Paulista de Enfermagem
Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria, foi a
pioneira da renovação da enfermagem na Capital paulista, acolhendo também
religiosas de outras Congregações. Uma das importantes contribuições dessa
escola foi início dos Cursos de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica.
Esse curso que deu origem a tantos outros, é atualmente ministrado em várias
escolas do país.
7. Escola de Enfermagem da USP
Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de Saúde Pública
(FSESP) em 1944, faz parte da Universidade de São Paulo. Sua primeira
diretora foi Edith Franckel, que também prestara serviços como
Superintendente do Serviço de Enfermeiras do Departamento de Saúde. A
primeira turma diplomou-se em 1946.

ENTIDADES DE CLASSE
1. Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn
Sociedade civil sem fins lucrativos, que congrega enfermeiras e técnicos
em enfermagem, fundada em agosto de 1926, sob a denominação de
“Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras”. É uma entidade
de direito privado, de caráter científico e assistencial regida pelas disposições
do Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial. Luta em defesa da
classe, promovendo o desenvolvimento técnico, científico, cultural e político.
Em 1929, no Canadá, na Cidade de Montreal, a Associação Brasileira
de Enfermagem, foi admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N).
Por um espaço de tempo a associação ficou inativa.
Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu reerguê-la com o nome
Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas. Seus estatutos foram
aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais,
Coordenadorias de Comissões. Ficou estabelecido que em qualquer Estado
onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma
Seção.
Em 1955, esse número foi elevado a 10 (dez). Em 1952, a Associação
foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52. Em 21 de
agosto de 1964 foi modificada a denominação para Associação Brasileira de
Enfermagem - ABEn.
Atualmente a ABEn, com sede em Brasília, funciona através de Seções
formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as quais, por sua vez, poderão
subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades Federativas
da União.
1.1 Finalidades da ABEn
• Congregar os enfermeiros e técnicos em Enfermagem, incentivar o espírito de
união e solidariedade entre as classes;
• Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos integrantes
de Enfermagem do País.
• Promover integração às demais entidades representativas da Enfermagem,
na defesa dos interesses da profissão.
Estrutura
ABEn é constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional:
a) Assembleia de delegados
b) Conselho Nacional da ABEn (CONABEn)
c) Diretoria Central
d) Conselho Fiscal
Realizações da ABEn
- Congresso Brasileiro em Enfermagem
Uma das formas eficazes que a ABEn utiliza para beneficiar a classe dos
enfermeiros, reunindo enfermeiros de todo o país nos Congressos para
fortalecer a união entre os profissionais, aprofundar a formação profissional e
incentivar o espírito de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos.
- Revista Brasileira de Enfermagem
A Revista Brasileira de Enfermagem é Órgão Oficial, publicado
bimestralmente e constitui grande valor para a classe, pois trata de assuntos
relacionados à saúde, profissão e desenvolvimento da ciência. A ideia da
publicação da Revista surgiu em 1929, quando Edith Magalhães Franckel,
Raquel Haddock Lobo e Zaira Cintra Vidal participaram do Congresso do I.C.N.
em Montreal, Canadá. Numa das reuniões de redatoras da Revista, Miss
Clayton considerou indispensável ao desenvolvimento profissional a publicação
de um periódico da área. Em maio de 1932 foi publicado o 1º número com o
nome de "Anais de Enfermagem", que permaneceu até 1954. No VII
Congresso Brasileiro de Enfermagem foi sugerida e aceita a troca do nome
para "REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM"- ABEn (REBen). Diversas
publicações estão sendo levadas a efeito: Manuais, Livros didáticos, Boletim
Informativo, Resumo de Teses, Jornal de Enfermagem.
2. Sistema COFEN/COREN’S
Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os
Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto
Autarquias Federais, vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social.
O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos
disciplinadores do exercício da Profissão de Enfermeiros, Técnicos de
Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem. Em cada estado existe um Conselho
Regional os quais estão subordinados ao Conselho Federal, que é sediado no
Rio de Janeiro e com escritório Federal em Brasília.
Os Conselhos Regionais de Enfermagem são dirigidos pelos próprios
inscritos, que formam uma chapa e concorrem a eleições. O mandato dos
membros do COFEN/COREN's é honorífico e tem duração de três anos, com
direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do COFEN é composta
pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos COREN’s.
A manutenção dos Sistemas COFEN/COREN’s é feita através da
arrecadação de taxas emolumentos por serviços prestados, anuidades,
doações, legados e outros, dos profissionais inscritos nos COREN’s.
Com relação à finalidade, são entidades públicas de direito privado
vinculadas ao Poder Executivo, na esfera da fiscalização do exercício
profissional. O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de
Enfermagem, pelo respeito ao Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem e cumprimento da Lei do Exercício Profissional.
O Sistema COFEN/COREN’s encontra-se representado em 27 Estados
Brasileiros, sendo este filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em
Genebra.
Competências

- Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)- órgão normativo e de decisão


superior:

• Normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom


funcionamento dos Conselhos Regionais;
• Esclarecer dúvidas apresentadas pelos COREN's;
• Apreciar decisões dos COREN's, homologando, suprindo ou anulando atos
praticados por este;
• Aprovar contas e propostas orçamentárias de autarquia, remetendo-as aos
órgãos competentes;
• Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;
• Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.
- Conselho Regional de Enfermagem (COREN) - órgão de execução,
decisão e normatização suplementar:
• Deliberar sobre inscrições no Conselho e seu cancelamento;
• Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais
do COFEN;
• Executar as instruções e resoluções do COFEN;
• Expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao
exercício da profissão, a qual tem validade em todo território nacional;
• Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo as
penalidades cabíveis;
• Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno,
submetendo-os a aprovação do COFEN;
• Zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem;
• Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do Exercício Profissional;
• Eleger sua diretoria e seus delegados eleitores a nível central e regional;
• Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e
pelo COFEN.
Sistema de Disciplina e Fiscalização
O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício Profissional da
Enfermagem, instituído por lei, desenvolve suas atividades segundo as normas
baixadas por Resoluções do COFEN. O Sistema é constituído dos seguintes
objetivos:
- Área disciplinar normativa - estabelecendo critérios de orientação e
aconselhamento, para o exercício de Enfermagem, baixando normas visando o
exercício da profissão, bem como atividade na área de Enfermagem nas
empresas, consultórios de Enfermagem, observando as peculiaridades
atinentes à classe e a conjuntura de saúde do país.
- Área disciplinar corretiva - instaurando processo em casos de infrações ao
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos
profissionais inscritos e, no caso de empresa, processos administrativos, dando
prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das penalidades
cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de alçada
destas.
- Área fiscalizatória - realizando atos e procedimentos para prevenir a
ocorrência de infrações à legislação que regulamenta o exercício da
Enfermagem; inspecionando e examinando os locais públicos e privados, onde
a Enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações verificadas,
orientando para sua correção e colhendo dados para a instauração dos
processos de competência do COREN e encaminhando às repartições
competentes, representações.

SÍMBOLOS DA ENFERMAGEM

Resolução COFEN - 218/1999

(Aprova o Regulamento que disciplina sobre Juramento, Símbolo, Cores e


Pedra utilizados na Enfermagem).

Resolve:

Art. 1º- Aprovar o regulamento anexo que dispõe sobre o Juramento a ser
proferido nas Solenidades de Formatura dos Cursos de Enfermagem, bem
como a pedra, a cor e o brasão ou marca que representará a Enfermagem, em
anéis e outros acessórios que venham a ser utilizados em nome da Profissão.

Art. 2º- Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 09 de junho de 1999.

Regulamento aprovado pela Resolução COFEN - 218/1999

I - SIMBOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM:

Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem são os


seguintes:

- Lâmpada: caminho, ambiente;

- Cobra: magia, alquimia;

- Cobra + cruz: ciência;

- Seringa: técnica;

- Cor verde: paz, tranquilidade, cura, saúde;

- Pedra símbolo da Enfermagem: Esmeralda;

- Cor que representa a Enfermagem: verde esmeralda;


- Símbolo: lâmpada, conforme modelo apresentado;

- Brasão ou Marca de anéis ou acessórios:

- Enfermeiro: lâmpada e cobra + cruz.

- Técnico e Auxiliar de Enfermagem: lâmpada e seringa.

PRECAUÇÕES E USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO


INDIVIDUAL
PRECAUÇÕES PADRÃO (P.P)
São técnicas ou equipamentos utilizados com intuito de evitar a
contaminação do meio hospitalar, do cliente e da equipe multiprofissional.
Higiene das mãos
A higienização das mãos deve ser feita ao retirar as luvas, antes e após
o contato com clientes; entre um cliente e outro; após o contato com fluido
orgânico (sangue, fezes, urina, vômito, pus, secreções, etc), após contato com
ambiente próximo do paciente.
As mãos devem ser higienizadas com o uso de antisséptico. Evitando
sempre o uso de anéis, pulseiras, relógios e devem-se manter as unhas curtas.
Luvas
Usar luvas limpas e não esterilizadas (luvas de procedimento), utilizar
luvas de procedimento no contato com fluido orgânico, em procedimento no
contato com pele, mucosa e no contato de pele não íntegra.
Após o uso, as luvas devem ser removidas, evitando a transferência de
micro-organismos para outros clientes ou ambiente. As mãos devem ser
higienizadas antes e após o uso de luvas.
Máscara e Protetor Ocular
Usar máscara e protetor ocular (óculos) com o objetivo de proteger a
mucosa dos olhos, nariz e boca, durante procedimentos que possam
apresentar respingos de sangue e outros fluidos corporais.
Avental
Pode ser de pano não tecido (descartável), tecido de algodão absorvível
(lavável e reutilizável), tecido impermeabilizado (descartável). O avental deve
ser usado para proteger a pele e vestuário do profissional de respingos de
fluido orgânico.
Após o uso, retirar o avental imediatamente, utilizando a técnica que
condiciona o profissional a manusear apenas o avesso do avental, evitando
sua contaminação; jogue o avental no hamper e ou lixo, se descartável;
posteriormente lave as mãos.
Equipamentos de cuidado ao cliente
São utensílios utilizados no cuidado do paciente, tais como bacia,
comadre, papagaio, cuba-rim, cúpula, bandeja.
Devem ser manuseados com luva de procedimento, devido à presença
de resíduos de fluido orgânico. Ao manuseá-lo durante o procedimento ou
transporte, o profissional deve ter cuidado na sua autoproteção e na proteção
do ambiente.
O profissional deve realizar desinfecção (remoção parcial do micro-
organismo, seja ele patogênico ou não) ou esterilização (remoção de todo o
micro-organismo, toda forma de vida, seja ela patogênica ou não), conforme
rotina institucional nos equipamentos reutilizáveis e garantir que os
equipamentos descartáveis sejam desprezados adequadamente.
Controle do Ambiente
O profissional deve realizar limpeza e desinfecção de equipamentos,
utensílios, material de superfície no posto de Enfermagem, expurgo e na
unidade do cliente, conforme rotina institucional.
Precaução Padrão
Higienização das mãos: lave com água e sabonete ou friccione as mãos
com álcool a 70% (se as mãos não estiverem visivelmente sujas) antes e após
o contato com qualquer paciente, após a remoção das luvas e após o contato
com sangue ou secreções.
Use luvas apenas quando houver risco de contato com sangue,
secreções ou membranas mucosas. Calce-as imediatamente antes do contato
com o paciente e retire-as logo após o uso, higienizando as mãos em seguida.
Use óculos, máscara e/ou avental quando houver risco de contato de
sangue ou secreções, para proteção da mucosa de olhos, boca, nariz, roupa e
superfícies corporais.
Descarte, em recipientes apropriados, seringas e agulhas, sem
desconectá-las ou reencapá-las.
Precaução de contato
Indicações: infecção ou colonização por micro-organismo
multirresistente, varicela, infecções de pele e tecidos moles com secreções não
contidas no curativo, impetigo, herpes zoster disseminado ou em
imunossuprimido, etc.
Use luvas e avental durante toda manipulação do paciente, de cateteres
e sondas, do circuito e do equipamento ventilatório e de outras superfícies
próximas ao leito. Coloque-os imediatamente antes do contato com o paciente
ou as superfícies e retire-os logo após o uso, higienizando as mãos em
seguida.
Quando não houver disponibilidade de quarto privativo, a distância
mínima entre dois leitos deve ser de um metro.
Equipamentos como termômetro, esfigmomanômetro e estetoscópio
devem ser de uso exclusivo do paciente.
Precauções para gotículas
Indicações: meningites bacterianas, coqueluche, difteria, caxumba,
influenza, rubéola, etc.
Quando não houver disponibilidade de quarto privativo, o paciente pode
ser internado com outros infectados pelo mesmo micro-organismo. A distância
mínima entre dois leitos deve ser de um metro.
O transporte do paciente deve ser evitado, mas, quando necessário, ele
deverá usar máscara cirúrgica durante toda sua permanência fora do quarto.
Precauções para aerossóis
Precaução padrão: higienize as mãos antes e após o contato com o
paciente, use óculos, máscara cirúrgica e/ou avental quando houver risco de
contato com sangue ou secreções, descarte adequadamente os perfuro-
cortantes.
Mantenha a porta do quarto sempre fechada e coloque a máscara antes
de entrar no quarto.
Quando não houver disponibilidade de quarto privativo, o paciente pode
ser internado com outros pacientes com infecção pelo mesmo microrganismo.
Pacientes com suspeita de tuberculose resistente ao tratamento não podem
dividir o mesmo quarto com outros pacientes com tuberculose.
O transporte do paciente deve ser evitado, mas quando necessário o
paciente deverá usar máscara cirúrgica durante toda sua permanência fora do
quarto.

PRINCÍPIOS DE ASSEPSIA E ANTISSEPSIA


O hospital deve ser considerado um ambiente insalubre por vocação,
pois concentra hospedeiros mais suscetíveis e micro-organismos mais
resistentes. Os micro-organismos contaminam artigos hospitalares, colonizam
pacientes graves e podem provocar infecções mais difíceis de serem tratadas.
O risco de contraí-las depende, no entanto, do número e da virulência
dos micro-organismos presentes e, acima de tudo, da resistência anti-
infecciosa local, sistêmica e imunológica do paciente e da consciência dos
profissionais que atuam nestes serviços, que tem como papel principal a
segurança do paciente.
Cerca de 50% das pessoas saem do banheiro sem lavar as mãos,
quando sozinhas, entretanto, se houver outra pessoa no banheiro só 9 % saem
sem lavar as mãos, demonstrando que muitos conhecem os bons hábitos
higiênicos, mas, não realizam seu cumprimento.
Conceitos:
 Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a
penetração de micro-organismos num ambiente que logicamente não os tem,
logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.

 Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o


crescimento de microrganismos ou removê-los de um determinado ambiente,
podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou
desinfetantes.

 Degermação: Vem do inglês ‘degermation’, ou desinquimação, e


significa a diminuição do número de microrganismos patogênicos ou não, após
a escovação da pele com água e sabão.
Os conceitos parecem simples, mas se pararmos para pensar nas
atividades desenvolvidas no dia-a-dia com nossos pacientes percebemos em
quais a antissepsia precisa estar presente.
Vários são os produtos utilizados, dentre eles destacamos o iodo
povidona PVPI, o qual é muito utilizado na antissepsia e degermação. Porém,
os diferentes tipos de PVPI são utilizados em diferentes superfícies, e,
portanto, vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles.
PVPI aquoso: Composto orgânico de iodo, não age na presença de materiais
orgânicos e eleva o nível sérico de iodo;
PVPI degermante: Utilizado somente em pele íntegra, com a finalidade de
remover sujidade e reduzir a flora transitória e residente. Deve ser retirado
após o uso. Tem indicação também na degermação da pele, mãos, área
cirúrgica e procedimentos invasivos.
PVPI alcoólico: Indicado para uso em pele íntegra, após degermação das
mãos, com a finalidade de fazer luva química e demarcar a área operatória,
reduzindo a flora da pele.
Procedimentos:
1) Antissepsia da mucosa:
Antissepsia das mucosas bucal, ocular, vaginal e intestinal, ou dos locais em
que pode haver lesão.
Solução utilizada:
PVPI aquoso
2) Remoção de sujidade e redução da flora residual e transitória:
Degermação da pele, principalmente na área cirúrgica e procedimentos
invasivos. Deve ser retirado após o uso.
Solução utilizada:
PVPI degermante
3) Cuidados pré-operatórios:
Luva estéril, antissepsia de campo operatório após PVPI degermante,
demarcação da área cirúrgica.
Solução utilizada:
PVPI alcoólico
Lembre-se, de que é utilizado somente em pele íntegra, antes de
procedimentos invasivos e nas mãos da equipe cirúrgica, com tempo residual
de 2 a 3 horas.
Convém lembrar que o antisséptico clorexidine aquoso faz a antissepsia,
antes de procedimentos invasivos, com um tempo de ação residual de 5 a 6
horas. Já o álcool a 70% glicerinado tem ação imediata e faz a antissepsia de
procedimentos que não necessitam de efeito residual por serem de curta
duração.
A antissepsia das mãos: em unidades de terapia intensiva, berçário de alto
risco, unidades de transplantes, hematologia e na realização de pré e de pós-
procedimentos e exames invasivos deve ser realizada utilizando-se a mesma
técnica de lavagem das mãos, incluindo os antebraços, porém, usando os
antissépticos acima citados.
Ao utilizar PVPI ou clorexidine não utilizar álcool a 70% imediatamente
após, pois este inativa a ação residual dos mesmos. O uso do PVPI é
contraindicado em recém-natos e grandes queimados devido a sua absorção
transcutânea de iodo, podendo acarretar hipertireoidismo. A clorexidine deve
ser utilizada em caso de pacientes ou funcionários alérgicos ao iodo.
Para que você considere a importância da antissepsia e dos
procedimentos invasivos, é importante lembrar alguns procedimentos
invasivos.
• Tubos orotraqueais associados ao ventilador artificial;
• Cateteres venosos centrais;
• Cateteres arteriais;
• Cateteres para monitoração de pressão intracraniana;
• Sondas e drenos em cavidades, órgãos ou espaços.
Conforme a definição, a prática da assepsia se utiliza de meios
apropriados para impedir a introdução de micro-organismos no organismo. Ela
difere da antissepsia, pelo fato de não empregar agentes terapêuticos.
Neste contexto, os profissionais de saúde utilizam medidas de assepsia
para evitar, direta ou indiretamente, a transmissão de micro-organismos.
Medidas assépticas importantes nas nossas atividades diárias:
• Usar meios assépticos para manuseio de alimentos, pratos e utensílios
usados na alimentação;
• Utilizar técnicas rigorosas para lavagem das mãos e higiene pessoal
meticulosa;
• Cozinhar e armazenar adequadamente os alimentos;
• Usar adequadamente os equipamentos descartáveis;
• Desinfetar a unidade do paciente, após a alta;
• Usar máscaras, luvas, aventais etc., nas áreas de isolamento;
• Limpar e esterilizar adequadamente os equipamentos hospitalares;
• Descartar adequadamente os resíduos hospitalares e os materiais
contaminados etc.
Podemos agora acrescentar a estas duas primeiras definições outra
prática na nossa rotina:
Degermação: É a remoção de sujidades, detritos, impurezas e microbiota
transitória da pele através do uso de sabão e detergentes sintéticos. (Ministério
da Saúde)
Muito utilizado na degermação é o PVPI, usado apenas em pele íntegra,
antes de procedimentos invasivos e nas mãos da equipe cirúrgica, com tempo
residual de 2 a 3 horas.
Desinfecção: Destruição de agentes infecciosos que se encontram fora do
corpo, por meio de exposição direta a agentes químicos ou físicos. (Ministério
da Saúde)
A desinfecção pode ser concorrente quando “a aplicação de medidas
desinfetantes ocorre o mais rápido possível, após a expulsão de material
infeccioso do organismo de uma pessoa infectada, ou depois que a mesma
tenha se contaminado com o referido material”. (Ministério da Saúde).
Portanto, de acordo com esses conceitos, você pode verificar que a
desinfecção reduz ao mínimo o contato dos indivíduos com materiais ou
objetos infectados.
Pode ainda ser desinfecção terminal “desinfecção feita no local em que
esteve um caso clínico ou portador, ocorrendo, portanto, depois que a fonte
primária de infecção deixou de existir (por morte ou por ter se curado), ou
depois que ela abandonou o local”. (Ministério da Saúde).
• Álcool a 70% (etílico e isopropílico):
Bactericida, viruscida, tuberculocida, mas não destrói esporos
bacterianos.
O nível de desinfecção desse produto é médio e baixo; é inflamável e
deve ser estocado em área fresca e ventilada; é volátil, evaporando facilmente.
Faz-se necessária a imersão do artigo (pinças, tesouras etc.), para que se
alcance tempo maior de contato. Considere-se, ainda, que este produto tem
efeitos desfavoráveis, deformando e endurecendo materiais de borracha e
alguns plásticos.
O álcool a 70% faz a desinfecção de superfície contaminada,
dependendo de seu uso após limpeza e fricção por 3 vezes consecutivas.
• Quaternário de amônio (composto de 1ª, 2ª e 3ª gerações):
Bactericida, viruscida (para vírus lipofílicos) e fungicida; não é
tuberculocida; elimina o vírus HIV 1 (AIDS); herpes simples 1 e 2 segundo
estudos feitos pela Eviroment Protection Agency (EPA).
Confere desinfecção de baixo nível e é basicamente indicado para fazer
sanitarização de artigos não críticos (comadres, potes plásticos).
• Hipoclorito líquido (hipoclorito de sódio):
Bactericida, viruscida, fungicida, tuberculocida, destrói alguns esporos.
Possui desinfecção de alto, médio e baixo níveis de acordo com a
concentração e tempo de contato. Deve ser estocado em recipientes plásticos
opacos e fechados. Indicado pela vigilância como único desinfetante.
Técnica para Lavagem de Mãos
1. Ficar em posição confortável, sem tocar na pia: abrir a torneira molhando as
mãos;
2. Ensaboar as mãos usando sabão líquido, por aproximadamente 15
segundos, mantendo os dedos para cima;
3. Friccionar bem uma mão na outra;
4. Friccionar os espaços entre um dedo e outro;
5. Friccionar o dedo polegar direito e esquerdo;
6. Ensaboar as unhas, friccionando-as dentro da mão;
7. Manter as mãos em forma de concha e na posição vertical, enxaguá-la,
retirando todo o sabão e resíduos;
8. Enxugar as mãos com toalha de papel descartável, iniciando a técnica pela
ponta dos dedos até o centro das mãos. Só enxugar a região do pulso depois
de estar com as mãos enxutas.
9. Caso sua torneira seja de abrir com o uso das mãos, ensaboe-a antes de
lavar as mãos e feche-a com auxílio de papel toalha.
A lavagem de mãos (com água e sabão) é de fundamental importância
para prevenirmos infecções hospitalares, mas não é só uma obrigação dos
profissionais da saúde, mas também da população em geral principalmente
quando vamos visitar um ente querido no hospital. Lavar as mãos não é só um
ato que fazemos antes das refeições ou ao usarmos o banheiro. Algumas
regras são muito importantes, nós também somos responsáveis pela
prevenção de infecções. Vamos procurar segui-las:
- Em qualquer dependência (local) hospitalar seja nas enfermarias de adultos,
de crianças, senhoras grávidas e em especial na UTI/CTI, lavar as mãos antes
de entrar e após sair do local;
- Evitar tocar no paciente principalmente aquele que está em isolamento;
- Não sentar nas macas e camas e nem deixar objetos sobre elas tais como
bolsas, casacos, celulares e etc., pois são agentes de contaminação;
- Não se alimentar dentro das dependências do Hospital (sala de medicação,
quartos de internados, etc.);
A lavagem das mãos, quando feita corretamente, é a maneira mais
eficaz de prevenir a propagação de doenças transmissíveis. A técnica de
lavagem das mãos é bem fácil de aprender e pode reduzir significativamente a
propagação de doenças infecciosas entre crianças e adultos.

SINAIS VITAIS

Temperatura corporal, pulso, pressão arterial e respiração.

Os sinais vitais, provavelmente é um dos procedimentos que a


enfermagem mais realiza no seu dia a dia, sendo assim vamos aborda-la com
detalhes.

As alterações das funções corporais geralmente se refletem na


temperatura do corpo, na pulsação, na respiração e na pressão arterial,
podendo indicar enfermidades. Por essa razão são chamados sinais vitais.

A avaliação dos sinais vitais instrumentaliza a equipe de saúde na


tomada de decisão sobre as intervenções. Essas medidas fornecem
informações muito importantes sobre as condições de saúde dos pacientes,
pois é um método eficiente de monitoramento.

Temperatura

Um dos sinais vitais a temperatura é mantida entre produção e perda de


calor pelo organismo no ambiente e deve-se ao mecanismo controlado pelo
hipotálamo.

O ser humano é um ser homeotérmico, isto é, possui a capacidade de


manter a temperatura corporal dentro de certo intervalo pré-determinado
apesar das variações térmicas do meio ambiente (homeostasia térmica). O
equilíbrio térmico é conseguido através do balanço entre a perda e a produção
ou aquisição de calor.
Terminologia:

Hipotermia: Temperatura abaixo de 35°C

Afebril: 36,1°C a 37,2°C

Febril: 37,3°C a 37,7°C

Febre: 37,8°C a 38,9°C

Pirexia: 39°C a 40°C

Hiperpirexia: acima de 40°C

Valores de referência para a temperatura:

Temperatura axilar: 35,8°C a 37°C

Temperatura bucal: 36,3°C a 37,4°C

Temperatura retal: 37°C a 38°C

Verificação da temperatura axilar:

1. Higienize as mãos;

2. Prepare o material necessário;

3. Explique o procedimento ao paciente;

4. Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool


a 70%;

5. Enxugue a axila, caso seja necessário, coloque o termômetro na região


axilar com o bulbo em contato direto com a pele do paciente, pedindo ao
paciente que mantenha o braço por sobre o tórax, com a mão no ombro oposto
e o cotovelo rente ao corpo;

6. Retire o termômetro após 5 min, realiza a leitura e memorize o resultado;

7. Agite o termômetro para que o mercúrio desça abaixo de 35°C;

8. Realize a assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70%;


9. Higienize as mãos;
10. Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do
paciente.

Verificação de temperatura oral:

1. Higienize as mãos;

2. Prepare o material necessário;

3. Explique o procedimento ao paciente;

4. Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool


a 70%;

5. Coloque o termômetro sob a língua do paciente, recomendando a ele que o


conserve na posição, mantendo a boca fechada;

6. Retire o termômetro após 5 min, realize a leitura e memorize o resultado;

7. Realize assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70% e


guarde-o em local apropriado;

8. Higienize as mãos;

9. Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do


paciente.

Verificação da temperatura retal:

1. Higienize as mãos;

2. Prepare o material necessário;

3. Explique o procedimento ao paciente;

4. Calce as luvas de procedimento;

4. Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool


a 70%;

5. Coloque o paciente em decúbito lateral esquerdo com a perna direita


flexionada (posição de Sims);

6. Lubrifique a ponta do termômetro e introduza-o no ânus, acompanhado a


curvatura do reto, aproximadamente 1,5 cm em lactentes e 4 cm em adultos;
7. Retire o termômetro após 3 min, realize a leitura e memorize o valor;

8. Lave o termômetro com água e sabão;

9. Realize assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70%;

10. Retire as luvas de procedimento;

11. Higienize as mãos;

12. Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do


paciente.

Pulso

O pulso também compõe os sinais vitais que quando se palpa uma


artéria, o pulso arterial é percebido como uma expansão da parede arterial
síncrona com o batimento cardíaco. A expansão é devida à distensão súbita da
parede arterial originada pela ejeção ventricular na aorta e sua transmissão aos
vasos periféricos.

Na realidade, o pulso arterial é uma onda de pressão dependente da


ejeção ventricular e, por isso, a análise do pulso arterial proporciona dados
inestimáveis da ejeção ventricular esquerda, do mesmo modo que o pulso
venoso expressa a dinâmica do enchimento ventricular direito.

Terminologia:

Pulso normocárdico: Batimento cardíaco normal.

Pulso rítmico: os intervalos entre os batimentos são iguais. Pulso

arrítmico: os intervalos entre os batimentos são desiguais. Pulso

dicrótico: dá impressão de dois batimentos.

Taquisfigmia: pulso acelerado.

Bradisfigmia: frequência abaixo da faixa normal.

Pulso filiforme: indica redução da força ou do volume do pulso periférico.

Valores de referência para pulsação:


Adultos – 60 a 100 bpm;
Crianças – 80 a 120 bpm;

Bebês – 100 a 160 bpm.

Verificação do pulso periférico:

1. Higienize as mãos;

2. Explique o procedimento ao paciente;

3. Aqueça as mãos se necessário, friccionando-as;

4. Coloque as polpas digitais dos dedos médios e indicador sobre uma artéria
superficial e comprima levemente;

5. Conte os batimentos durante 1 min;

6. Observe arritmias e amplitude;

7. Higienize as mãos;

8. Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do


paciente.

Respiração

Na respiração, o oxigênio inspirado entra no sangue e o dióxido de


carbono (CO2) é expelido, com frequência regular. A troca destes gases ocorre
quando o ar chega aos alvéolos pulmonares, que é a parte funcional do
pulmão. É nesse processo que o sangue venoso se transforma em sangue
arterial. A frequência respiratória em geral é mensurada através da observação
da expansão torácica contando o número de inspirações por um minuto.

Terminologia:

Eupneia: respiração normal.

Dispneia: é a respiração difícil, trabalhosa ou curta. É sintoma comum de


várias doenças pulmonares e cardíacas; pode ser súbita ou lenta e gradativa.

Ortopneia: é a incapacidade de respirar facilmente, exceto na posição ereta.

Taquipneia: respiração rápida, acima dos valores da normalidade,


frequentemente pouco profunda.
Bradipneia: respiração lenta, abaixo da normalidade.
Apneia: ausência da respiração.

Respiração de Cheyne-Stokes: respiração em ciclos, que aumenta e diminui


a profundidade, com períodos de apneia. Quase sempre ocorre com a
aproximação da morte.

Respiração de Kussmaul: inspiração profunda seguida de apneia e expiração


suspirante, característica de coma diabético.

Respiração de Biot: respirações superficiais durante 2 ou 3 ciclos, seguidos


por período irregular de apneia.

Respiração sibilante: sons que se assemelham a assovios.

Valores de referência para respiração:

Adultos – 12 a 20 inspirações/ min;

Crianças – 20 a 25 inspirações/ min;

Bebês – 30 a 60 respirações/ min.

Verificação de frequência respiratória:

1. Higienize as mãos;

2. Posicione o paciente confortavelmente;

3. Coloque a mão no pulso radial do paciente, como se fosse controlar o pulso,


e observe os movimentos respiratórios;

4. Conte a frequência respiratória por 1 minuto e memorize;

5. Higienize as mãos;

6. Registre o valor e as características da respiração na folha de anotação de


enfermagem.

Pressão Arterial

Esse sinal vital é a medida da pressão exercida pelo sangue nas


paredes das artérias. A pressão ou tensão arterial depende da força de
contração do coração, da quantidade de sangue circulante e da resistência dos
vasos.
Ao medir a pressão arterial consideramos a pressão máxima ou sistólica
que resulta da contração dos ventrículos para ejetar o sangue nas grandes
artérias e a pressão mais baixa ou diastólica, que ocorre assim que o coração
relaxa. A pulsação ventricular ocorre em intervalos regulares. A pressão arterial
(PA) é medida em mmHg.

Terminologia:

Hipertensão: PA acima da média.

Hipotensão: PA inferior à média.

Convergente: a sistólica e a diastólica se aproximam.

Divergente: a sistólica e a diastólica se afastam.

Valores de referência para pressão arterial:

Hipotensão – inferior a 100 x 60 mmHg.

Normotensão – 120 x 80 mmHg. Hipertensão

limite – 140 x 90 mmHg. Hipertensão moderada

– 160 x 100 mmHg.

Hipertensão grave – superior a 180 x 110 mmHg.

Verificação da pressão arterial:

1. Higienize as mãos;

2. Prepare o material na bandeja;

3. Explique o procedimento ao paciente;

4. Remova as roupas do braço no qual será colocado o manguito;

5. Posicione o braço na altura do coração, apoiado, com a palma da mão


voltada para cima;
6. Realize a assepsia, com algodão embebido em álcool a 70% nas olivas e no
diafragma do estetoscópio;

7. Selecione o manguito de tamanho adequado ao braço;


8. Centralize o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial;

9. Solicite que o paciente não fale durante a mensuração;

10. Palpe a artéria braquial e coloque o estetoscópio sobre ela sem comprimi-la
excessivamente;

11. Insufle o manguito até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da


pressão sistólica (ponto de desaparecimento do pulso radial);

12. Proceda à deflação lentamente;

13. Determine a pressão sistólica na ausculta do primeiro som ( Fase I de


Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e em seguida,
aumente ligeiramente a velocidade de deflação;

14. Determine a pressão diastólica no desaparecimento do som (Fase V de


Korotkoff);

15. Ausculte cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som, para confirmar seu
desaparecimento;

16. Informe o valor da pressão arterial medido ao paciente;

17. Realize a assepsia com álcool a 70% nas olivas e no diafragma do


estetoscópio;

18. Guarde o material;

19. Higienize as mãos;

20. Registre o valor obtido na folha de anotação de enfermagem.

A dor como 5º Sinal Vital

A dor é uma das principais causas do sofrimento humano, suscitando


incapacidades, comprometimento da qualidade de vida e imensuráveis
repercussões psicossociais e econômicas, o que a torna um problema de
saúde pública. Estudos epidemiológicos, nacionais e internacionais,
demonstram que aproximadamente 80% da procura das pessoas pelos
serviços de saúde são motivadas pela dor. A dor crônica acomete 30 a 40%
dos brasileiros e constitui a principal causa de absenteísmo, licenças médicas,
aposentadorias por doença, indenizações trabalhistas e baixa produtividade no
trabalho.
Definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP)
como “uma experiência sensorial e emocional desagradável que é associada a
lesões reais ou potenciais”, a dor é sempre subjetiva. De um modo geral, a dor
aguda ou crônica leva a sintomas como alterações nos padrões de sono,
apetite e libido; irritabilidade; alterações de energia; diminuição da capacidade
de concentração, além de dificuldades em atividades familiares, profissionais e
sociais.

A dor é um fenômeno multidimensional, e, caracterizá-la como tal


significa observar e avaliar a experiência nas suas várias dimensões, quais
sejam: neurofisiológica, pois envolve mecanismos de ativação dos receptores
periféricos; psicossocial, considerando a influência emocional positiva e
negativa sobre o indivíduo; cognitivo-cultural, relacionando-a a crenças,
significados e comportamentos prévios a dor; comportamental, pois estressores
situacionais, de desenvolvimento profissional e pessoal podem exercer
influência sobre o limiar da dor; e sensorial, relativas às características
semiológicas da mesma.

Posto isto, deve o profissional de enfermagem explorar a queixa de dor,


coletar dados sobre fatores agravantes, atenuantes e concomitantes;
antecedentes pessoais e familiares, explorar indicativos de desconforto
causado pela dor e utilizar-se de instrumentos que podem auxiliar na sua
mensuração e avaliação, bem como na qualidade da analgesia. Promover o
alívio da dor exige habilidade, conhecimento e acima de tudo compromisso
com o cuidado solidário. A Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em
Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor a descrevem como o quinto
sinal vital, e como tal, deve ser avaliado tão automaticamente quanto os outros
sinais vitais do paciente, quais sejam: temperatura, pulso, respiração e pressão
arterial.

Como as intervenções para alívio da dor fazem parte do cuidado,


fundamental é compreender seu significado e ampliar o campo de saberes
acerca da importância de sua mensuração. Para tanto, técnicas que visem
avaliar a dor podem ser utilizadas para cuidar de forma humanizada e, medidas
diagnósticas inovadoras são estratégias de suporte que contribuem para a
atenção às necessidades básicas do indivíduo doente. Neste sentido, avaliar a
dor e empenhar medidas para seu alívio, proporcionando conforto e bem estar
ao sujeito, podem ser considerados como dispositivos capazes de promover a
saúde durante a internação hospitalar ou em cuidados domiciliares.

Em um estudo que teve como objetivo identificar o conhecimento de


uma equipe de enfermagem de um hospital em relação à avaliação da dor foi
verificado que a mesma não tinha como rotina esta prática e a desconhecia
como quinto sinal vital, porém, ao ser educado quanto à importância dessa
avaliação, o grupo passou a oferecer um cuidado mais qualificado. Acreditam
os autores que, a partir do desenvolvimento da ação educativa proposta, os
profissionais compreenderam a subjetividade implícita na queixa de dor,
gerando impacto positivo sobre o cuidado de enfermagem, na medida em que
sensibilizou os gestores para a implantação do programa de avaliação da dor
como quinto sinal vital em todas as unidades do hospital.

Uma grande variedade de estratégias para avaliação da dor pode ser


utilizada, sendo que cada modo de avaliação fornece informações qualitativas
e quantitativas a respeito da dor. Por ser uma experiência subjetiva, a dor não
pode ser mensurada por instrumentos físicos que, usualmente, mensuram o
peso corporal, a temperatura, a altura, a pressão sanguínea e o pulso, e ainda
não existe um instrumento padrão que permita ao enfermeiro mensurar essa
experiência tão complexa e pessoal, porém estão disponíveis algumas escalas
que permitem avaliá-la, complementando o processo de análise semiológica do
enfermeiro relativo a esta experiência.

É importante ressaltar que a dor deve, sempre, ser avaliada num


ambiente clínico, para se empreender, adequadamente, o tratamento ou
conduta terapêutica. A eficácia do tratamento e o seu seguimento dependem
de uma avaliação e mensuração confiável e válida. Há instrumentos
unidimensionais e tridimensionais para a avaliação da dor. Exemplos desses
instrumentos são a escala de descritores verbais diferenciais, o Questionário
McGill de avaliação da dor, a teoria da detecção do sinal e a escala de
categoria numérica/ verbal e visual analógica que são frequentemente
empregadas em ambientes clínicos, por serem de aplicação fácil e rápida.

Na avaliação da dor não se deve negligenciar a descrição do paciente


sobre o padrão, a intensidade e a natureza da mesma, considerando que, por
ser subjetiva, somente o indivíduo pode descrevê-la da forma como é sentida.
Escalas de avaliação podem ajudar na eficácia das intervenções, além de
respeitar a subjetividade do paciente, pois só ele é capaz de descrever e
avaliar com exatidão sua dor; as escalas permitem esta “validação” pelo
paciente, o sujeito que vivencia a dor é o expert sobre o padrão, localização,
intensidade e natureza da dor, assim como o grau de alívio obtido pela terapia.

Além disso, manifestações como choro, resmungos, gritos e proteção de


partes do corpo também podem ser consideradas para tal avaliação. O padrão
da dor pode ser avaliado pela descrição do paciente, questionando-o se a dor é
constante, intermitente ou breve, e sobre a data e horário do seu início e último
episódio. A localização pode ser avaliada solicitando ao paciente que a
demonstre num diagrama ou descreva as áreas dolorosas e a intensidade da
dor, que pode ser avaliada por meio de uma Escala Visual Analógica (EVA).

Sabe-se que a avaliação da dor ainda é desafiadora, considerando o


quadro clínico ou o estágio da doença, a incapacidade do doente em se
comunicar e/ou a urgência iminente. Além disso, ainda há controvérsias sobre
o manejo da dor e da analgesia, porém ao se optar por medi-la, tal como outros
sinais vitais, as escalas de avaliação são úteis, pois validam a dor pelo
paciente. Em muitos casos, após a avaliação da dor, a eficácia e a titulação de
analgésicos são aclamadas conforme o padrão desejável.

Escalas para Avaliação da Dor:

A primeira delas é a escala visual/verbal numérica (EVN) que objetiva a


mensuração da intensidade da dor, em contextos clínicos, em valores
numéricos. O paciente deve estar consciente de seus pensamentos e ações e
referir sua dor numa escala de zero a dez, sendo zero "nenhuma dor" e dez a
"dor máxima imaginável". Possui uma expressão de dor precisa e é de fácil
utilização.

Figura - Escala visual/verbal numérica

Esta escala não exige, obrigatoriamente, que haja contato visual do


paciente com a escala, ou seja, ela pode ser simplesmente falada ao paciente,
tornando-a simples para indivíduos analfabetos ou com dificuldade visual.
Ressalta-se que é aplicável a pacientes orientados e com boa capacidade
cognitiva, que num contexto de terapia intensiva, podem estar aguardando, por
exemplo, um procedimento cirúrgico.

Outra escala citada é a escala visual analógica (EVA), que se assemelha


à EVN; no entanto, deve obrigatoriamente haver o contato visual do paciente
com a escala e ele deve ser capaz de apontar ou sinalizar ao examinador em
que grau sua dor está. Pode ser uma régua numérica com dez centímetros,
dividida em dez espaços iguais, sendo apresentada de forma simples, ou pode
possuir um apelo visual com cores, mas é importante que o paciente entenda
que uma extremidade indica "sem dor" e que a outra indica "dor máxima".
Figura - Escala visual analógica

Assim como a EVN, esta exige que o paciente esteja orientado, com boa
acuidade visual e boa capacidade cognitiva, o que a torna de difícil aplicação
em cenários de terapia intensiva, principalmente em idosos.

A prevalência de idosos na UTI e a intensidade de sua dor é muito


grande e está associada a desordens crônicas, como doenças
musculoesqueléticas (artrite e osteoporose). Além disso, também estão mais
expostos à alta incidência de câncer, necessidade de procedimentos cirúrgicos,
úlceras por pressão e as doenças cardiovasculares.

A escala de faces de dor (EFD) se vale de descritores visuais através de


expressões faciais que refletem a intensidade da dor. O indivíduo é convidado
a analisar as imagens e indicar qual delas se relaciona à dor que o mesmo está
sentindo. Varia de zero a cinco, sendo zero "sem dor" e cinco "dor
insuportável".

Figura - Escala de faces de dor

Baseado nisto, infere-se que esta escala é limitada em um cenário.


Medicamentos podem interferir na capacidade do indivíduo em responder
fisicamente a estímulos dolorosos, ou seja, mesmo que esteja com algum
desconforto, poderá ter dificuldades de expressar faces de dor. No entanto, é
possível que esta dor se manifeste de outras maneiras; por exemplo, na
elevação da pressão arterial, elemento que não é contemplado na utilização
das escalas mencionadas.

Já o questionário de dor McGill avalia a dor a crônica em adultos através


de autorrelato. Também exige que o paciente esteja acordado e orientado. Sua
dor é vista através de um caráter individual e subjetivo. O questionário é
dividido em 20 categorias, onde cada uma possui diversas opções de resposta.
As opções são lidas para o paciente e ele deve escolher, dentro de cada
categoria, ao menos uma que represente a dor que ele está sentindo. As
categorias de 1 a 10 correspondem às respostas sensitivas, as de 11 a 15 são
de caráter afetivo, o 16 é de caráter avaliativo e de 17 a 20 misturam as outras
categorias. Após a aplicação do questionário o profissional precisa somar
quantas palavras o paciente citou para descrever sua dor (mínimo de 20). Além
disso, ainda é preciso somar a intensidade da dor descrita pelo paciente. Ele
precisa indicar, numa escala de zero a cinco, o nível de intensidade de cada
palavra que o mesmo escolheu em cada categoria. Este método ainda pode
ser associado a um diagrama corporal para que o paciente indique, no
desenho, o local da sua dor. Sua aplicação pode levar de três a cinco minutos
aproximadamente, variando conforme o padrão de resposta do indivíduo. Exige
maior treinamento por parte do profissional para interpretar os resultados da
escala e escolher a melhor maneira de intervir.

Figura - Questionário de dor McGill

Para a aplicação desta escala o paciente precisar ter uma alta


capacidade cognitiva, pois além de entender o princípio da mesma deve ser
capaz de comparar sua dor com as palavras ditas e escolher somente uma
opção dentro de cada categoria. Desta forma, entende-se que não é válida em
situações de dor extrema, pois o indivíduo deve ter tempo e clareza para
pensar e responder o que mais se assemelha ao que está sentindo. Em geral,
os pacientes críticos não estarão aptos para serem avaliados desta maneira,
devido à sedação e/ou à dificuldade de se expressar com palavras.

As dificuldades na fala diminuem a troca de informações entre o


paciente e o profissional, prejudicando o vínculo afetivo, consequentemente
diminuindo a segurança, pois a falta de comunicação pode provocar frustração,
medo e isolamento.

Para pacientes com limitação cognitiva grave, existem critérios que


podem sugerir episódios de dor, como: câncer metastático, doenças articulares
com deformidades, úlceras de decúbito, pós-operatório de cirurgias de médio e
grande porte, queimados, exames e procedimentos invasivos, procedimentos
potencialmente dolorosos (banho, troca de curativos e fisioterapia) e presença
de drenos. Diante de tais situações, o paciente pode apresentar os seguintes
comportamentos: adoção de postura de proteção, movimento de retirada ao
estímulo doloroso, agitação resistente mesmo após medidas farmacológicas de
conforto, diminuição do nível de atividade, expressão facial de sofrimento,
vocalização (gemência e choro), alteração do padrão do sono e diminuição do
apetite ou ingesta alimentar. No entanto, deve-se ressaltar que estes
comportamentos são apenas sugestivos de dor.

A escala de dor comportamental (Behavioral Pain Scale - BPS) é fácil de


ser utilizada e é aplicável para avaliar a dor de pacientes sedados e/ou em
ventilação mecânica. Seu escore vai de 3 a 12 através da observação da
expressão facial, de movimentos do corpo, de tensão muscular e sincronia com
o ventilador. Se o escore for maior que 6 é considerado inaceitável.
Figura - Escala de dor comportamental

A expressão facial é o item que mais contribui para a avaliação da dor,


seguida de movimentos dos membros e da aceitação da ventilação. São
comportamentos de dor: careta, testa franzida, rigidez, retração, pálpebras
cerradas apertadas, nariz franzido, lábio superior levantado, verbalização e
punhos cerrados. A aceitação da ventilação mecânica pode ser afetada por
hipoxemia, broncoespasmo e secreção.

O profissional deve atentar para a indicação de cada escala e se a idade


do paciente o permite se submeter a essa avaliação. Existem escalas
aplicáveis somente a crianças, outras a adultos e ainda aquelas que se aplicam
a ambos, ou seja, existem diversos fatores a serem observados e avaliados
antes de proceder à mensuração da dor.

Os pacientes em situação de dor aguda ou crônica persistente devem


ser reavaliados, no máximo, a cada uma hora após intervenção terapêutica. Já
os outros indivíduos podem ser avaliados, quanto à dor, de acordo com a rotina
institucional de aferição dos outros sinais vitais.

Cabe apontar que, para que o cuidado seja integral e individualizado é


preciso que tanto a escolha da escala quanto as avaliações e as intervenções
sejam registradas, pelo profissional de enfermagem que realizou tais etapas,
de forma correta e precisa.
GLICEMIA CAPILAR

É um exame sanguíneo que proporciona resultado imediato da


concentração de glicose nos vasos capilares (verificação do nível de glicose no
sangue), possibilitando a identificação de possíveis sinais de hiperglicemia ou
hipoglicemia que irão ocasionar alterações no estado geral do paciente/cliente,
tais como: síncope, perda de consciência e convulsões.

Tem como finalidade obter de maneira rápida o nível de glicose


sanguínea, por meio de punção digital.

Valores normais da glicemia:

Glicemia de jejum - Menos que 100mg/dL

- Inferior a 140 mg/dL depois de duas horas após


sobrecarga de glicose

Glicemia normal De 70 até 100mg/dL

Intolerância à glicose Glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL

Glicemia alterada Abaixo de 70 ou acima de 100mg/dL

Diabetes Duas amostras colhidas em dias diferentes com


resultado igual ou acima de 126mg/dL ou quando a
glicemia aleatória (feita a qualquer hora) estiver igual ou
acima de 200mg/dL na presença de sintomas

Material:

 Bandeja;

 Luvas de procedimento;

 Lanceta própria, caneta lancetadora ou agulha de calibre 13x4,5;

 Glicosímetro;

 Fita reagente especifica do aparelho que será utilizado;

 Bolas de algodão e álcool a 70%.

Evolução do procedimento:

1) Orientar o paciente/cliente sobre a finalidade do procedimento e método


para coleta do material (pedir a sua colaboração);
2) Preparar/Reunir o material necessário;
3) Higienizar as mãos;
4) Calçar as luvas de procedimento;
5) Segurar a mão do paciente/cliente, pressionar o dedo escolhido para
preenchimento capilar;
6) Limpar a área a ser puncionada (preferencialmente as bordas laterais da
polpa digital, devido à menor sensibilidade à dor) com algodão e álcool a
70%;
7) Aguardar a evaporação do álcool;
8) Proceder à perfuração nas laterais da polpa do dedo com lanceta,
caneta ou agulha; evitar picadas sucessivas em terminação nervosa;
9) Realizar pressão sobre a área perfurada para formação da gota de
sangue;
10)Desprezar a gota de sangue sobre a área reagente da fita;
11)Colocar a fita reagente no glicosímetro e aguardar o tempo necessário
para mensuração do resultado, deixando o aparelho em local fixo; a
movimentação do aparelho pode levar a erro na leitura;
12)Oferecer algodão para o paciente e pedir para que faça pressão
auxiliando na interrupção do sangramento;
13)Fazer a leitura do resultado no local de realização da técnica (para evitar
erros de leitura). Atenção para resultados inferiores a 60mg/dL (sinal de
hipoglicemia) e superiores a 240 mg/dL (sinal de hiperglicemia);
14)Descarte a lanceta ou a agulha e a fita reagente na caixa para material
perfuro-cortante;
15)Após obtenção do resultado, retire as luvas, higienize as mãos e realize
a anotação de Enfermagem;
16)Deixe a unidade em ordem e o cliente confortável;
17)Atenção: comunicar o enfermeiro ou médico sobre o resultado alterado
ou proceder conforme orientação da prescrição médica.

Risco / Ponto crítico:

 Acidente perfuro-cortante;

 Punção desnecessária no paciente;


 Quantidade insuficiente de material;

 Hematoma, equimose e dor.

Observações:

 Ao ligar o aparelho aguardar o auto teste (sinal de que pode desprezar a


gota de sangue);

 Se houver dúvida no resultado, repetir o procedimento;

 Contraindicação: pacientes com distúrbios de coagulação sanguínea;

 Observar prescrição e administrar insulina conforme esquema, se


necessário;

 Comunicar o resultado a enfermeira.

Recomendações:

 Os resultados com as fitas reagentes são lidos em mg/dL.

 Caso obtenha resultados duvidosos:

a) Confirmar se o produto está dentro do prazo de validade impresso no


rótulo e se não está em uso a mais de quatro meses desde que se abriu
a primeira vez o frasco.

b) Verificar se o número do “chip” é idêntico ao número do lote da fita


utilizada.

c) Avisar o resultado ao médico, caso esteja alterado.

 Anotar no rótulo das fitas a data do primeiro dia de abertura do frasco e


utilizar as tiras dentro dos quatro meses seguintes. Após o vencimento,
descarte-as e utilize as tiras de um novo frasco.

 Cumprir rodízio dos locais de punção.

 Amostras de sangue escorridas ou ordenhadas não deverão ser


utilizadas.
FERIDAS

As feridas são consequência de uma agressão por um agente ao tecido


vivo. O tratamento das feridas vem evoluindo desde 3000 anos a.C., onde as
feridas hemorrágicas eram tratadas com cauterização; o uso de torniquete é
descrito em 400 a.C.; a sutura é documentada desde o terceiro século a.C. Na
Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais
graves.

O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das


feridas quanto à necessidade de desbridamento, aproximação das bordas e
curativos. Lister, em 1884, introduziu o tratamento antisséptico. No século XX,
vimos a evolução da terapêutica com o aparecimento da sulfa e da penicilina.

CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS

As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente


causal, de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo,
pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais
utilizadas.

QUANTO AO AGENTE CAUSAL

1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca,


bisturi, lâminas, etc.; suas características são o predomínio do comprimento
sobre a profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na
ferida incisa o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à
outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda.

2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força
do traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como
exemplo o machado.

3. Perfurante - são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como


prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua
gravidade na importância deste órgão.

4. Perfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir


dois orifícios, o de entrada e o de saída.

5. Lacero-contusas - Os mecanismos mais frequentes são a compressão: a


pele é esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou
arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo;
constituem exemplo clássico as mordidas de cão.
6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos perfuro-cortantes que
possuem gume e ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar,
que externamente, poderemos ter uma pequena marca na pele, porém
profundamente podemos ter comprometimento de órgãos importantes.

7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com


arrancamento da pele.

8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares,


porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue
extravasado forma uma cavidade.

As feridas também podem ser classificadas de acordo com o GRAU DE


CONTAMINAÇÃO. Esta classificação tem importância, pois orienta o
tratamento antibiótico e também nos fornece o risco de desenvolvimento de
infecção.

1. Limpas - são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não


foram abertos sistemas como o digestório, respiratório e genito-urinário.
A probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.

2. Limpas-contaminadas - também são conhecidas como potencialmente


contaminadas; nelas há contaminação grosseira, por exemplo, nas
ocasionadas por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que
houve abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O
risco de infecção é de 3 a 11%.

3. Contaminadas – há reação inflamatória; são as que tiveram contato


com material como terra, fezes, etc. Também são consideradas
contaminadas aquelas em que já se passou seis horas após o ato que
resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%.

4. Infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção.

CICATRIZAÇÃO

Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente iniciam-se fenômenos


dinâmicos conhecidos como cicatrização, que é uma sequência de respostas
dos mais variados tipos de células (epiteliais, inflamatórias, plaquetas e
fibroblastos), que interagem para o restabelecimento da integridade dos
tecidos.

O tipo de lesão também possui importância no tipo de reparação; assim,


em uma ferida cirúrgica limpa, há necessidade de mínima quantidade de tecido
novo, enquanto que, por exemplo, em uma grande queimadura, há
necessidade de todos os recursos orgânicos para cicatrização e defesa contra
uma infecção.

Na sequência da cicatrização de uma ferida fechada, temos a ocorrência


de quatro fases distintas: inflamatória, epitelização, celular e fase de fibroplasia.

1. Fase inflamatória – O processo inflamatório é de vital importância para


o processo de cicatrização; de início, ocorre vasoconstricção fugaz,
seguida de vasodilatação, que é mediada principalmente pela histamina,
liberada por mastócitos, granulócitos e plaquetas com aumento da
permeabilidade e extravasamento de plasma; possui duração efêmera
de mais ou menos 30 minutos, sendo que a continuidade da
vasodilatação é de responsabilidade de prostaglandinas.

Nos vasos próximos, ocorrem fenômenos de coagulação, formação de


trombos, que passam a levar maior proliferação de fibroblastos. Alguns fatores
plaquetários são importantes como o PF4 (fator plaquetário 4) que estimula a
migração de células inflamatórias, e o PDGF (fator de crescimento derivado
plaquetário), que é responsável pela atração de monócitos, neutrófilos,
fibroblastos e células musculares lisas, e produção de colagenase pelos
fibroblastos.

Os monócitos originam os macrófagos, bactericidas, que fagocitam detritos.


Inibidores de prostaglandinas, por diminuírem a resposta inflamatória
desaceleram a cicatrização.

2. Fase de epitelização - Enquanto que a fase inflamatória ocorre na


profundidade da lesão, nas bordas da ferida suturada, em cerca de 24 a
48 horas, toda a superfície da lesão estará recoberta por células
superficiais que com o passar dos dias, sofrerão fenômenos de
queratinização.
3. Fase celular - No terceiro e quarto dia, após a lesão, fibroblastos
originários de células mesenquimais, proliferam e tornam-se
predominantes ao redor do décimo dia. Agem na secreção de colágeno,
matriz da cicatrização, e formam feixes espessos de actina. O colágeno
é responsável pela força e integridade dos tecidos.

A rede de fibrina que se forma no interior da ferida orienta a migração e o


crescimento dos fibroblastos. Os fibroblastos não tem a capacidade de lisar
restos celulares, portanto tecidos macerados, coágulos e corpos estranhos
constituem uma barreira física à proliferação com retardo na cicatrização.

Após o avanço do fibroblasto, surge uma rede vascular intensa, que possui
papel crítico para a cicatrização das feridas. Esta fase celular dura algumas
semanas, com diminuição progressiva do número dos fibroblastos.
4. Fase de fibroplasia - Caracteriza-se pela presença de colágeno,
proteína insolúvel, sendo composto principalmente de glicina, prolina e
hidroxiprolina. Para sua formação requer enzimas específicas que
exigem co-fatores como oxigênio, ferro, ácido ascórbico, daí suas
deficiências levarem ao retardo da cicatrização.

São os feixes de colágeno que originam uma estrutura densa e consistente que
é a cicatriz. As feridas vão ganhando resistência de forma constante por até
quatro meses, porém sem nunca adquirir a mesma do tecido original.

Esta fase de fibroplasia não tem um final definido, sendo que as cicatrizes
continuam modelando-se por meses e anos, sendo responsabilidade da
enzima colagenase. Esta ação é importante para impedir a cicatrização
excessiva que se traduz pelo quelóide.

A cicatrização pode se fazer por primeira, segunda e terceira intenção.

Na cicatrização por primeira intenção, ocorre a volta ao tecido normal,


sem presença de infecção e as extremidades da ferida estão bem próximas, na
grande maioria das vezes, através da sutura cirúrgica.

Na cicatrização por segunda intenção, não acontece a aproximação


das superfícies, devido ou à grande perda de tecidos, ou devido a presença de
infecção; neste caso, há necessidade de grande quantidade de tecido de
granulação.

Diz-se cicatrização por terceira intenção, quando se procede ao


fechamento secundário de uma ferida, com utilização de sutura.

Nas feridas abertas (não suturadas), ocorre a formação de um tecido


granular fino, vermelho, macio e sensível, chamado de granulação, cerca de
12 a 24 horas após o trauma. Neste tipo de tecido um novo fato torna-se
importante, que é a contração, sendo que o responsável é o miofibroblasto;
neste caso, não há a produção de uma pele nova para recobrir o defeito.

A contração é máxima nas feridas abertas, podendo ser patológica,


ocasionando deformidades e prejuízos funcionais, o que poderia ser evitado,
através de um enxerto de pele. Excisões repetidas das bordas diminuem
bastante o fenômeno da contração.

Deve-se enfatizar a diferença entre contração vista anteriormente, e


retração que é um fenômeno tardio que ocorre principalmente nas
queimaduras e em regiões de dobra de pele.

Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização


normal: idade, nutrição, estado imunológico, oxigenação local, uso de
determinadas drogas, quimioterapia, irradiação, tabagismo, hemorragia, tensão
na ferida entre outros.

Idade - quanto mais idoso, menos flexíveis são os tecidos; existe diminuição
progressiva do colágeno.

Nutrição - está bem estabelecida a relação entre a cicatrização ideal e um


balanço nutricional adequado.

Estado imunológico - a ausência de leucócitos, pelo retardo da fagocitose e


da lise de restos celulares, prolonga a fase inflamatória e predispõe à infecção;
pela ausência de monócitos a formação de fibroblastos é deficitária.

Oxigenação - a anóxia leva à síntese de colágeno pouco estável, com


formação de fibras de menor força mecânica.

Diabetes - A síntese do colágeno está diminuída na deficiência de insulina;


devido à microangiopatia cutânea, há uma piora na oxigenação; a infecção das
feridas é preocupante nessas pacientes.

Drogas - As que influenciam sobremaneira são os esteroides, pois pelo efeito


anti-inflamatório retardam e alteram a cicatrização.

Quimioterapia - Levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase


inflamatória inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na
síntese proteica.

Irradiação - Leva à artrite obliterante local, com consequente hipóxia tecidual;


há diminuição dos fibroblastos com menor produção de colágeno.

Tabagismo - A nicotina é um vasoconstrictor, levando à isquemia tissular,


sendo também responsável por uma diminuição de fibroblastos e macrófagos.
O monóxido de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio.
Clinicamente observa-se cicatrização mais lenta em fumantes.

Hemorragia - O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a


cicatrização.

Tensão na ferida - Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem


tensão e interferem com a boa cicatrização das feridas.

A grande complicação das feridas é a sua INFECÇÃO, sendo que os


fatores predisponentes podem ser locais ou gerais.

Os locais são: contaminação, presença de corpo estranho, técnica de


sutura inadequada, tecido desvitalizado, hematoma e espaço morto.
São fatores gerais que contribuem para aumentar este tipo de
complicação: debilidade, idade avançada, obesidade, anemia, choque, grande
período de internação hospitalar, tempo cirúrgico elevado e doenças
associadas, principalmente o diabetes e doenças imunodepressoras.

Outras complicações são a HEMORRAGIA e a DESTRUIÇÃO


TECIDUAL.

CURATIVOS

Por definição, curativo é todo material colocado diretamente por sobre


uma ferida, cujos objetivos são: evitar a contaminação de feridas limpas;
facilitar a cicatrização; reduzir a infecção nas lesões contaminadas; absorver
secreções, facilitar a drenagem de secreções, promover a hemostasia com os
curativos compressivos, manter o contato de medicamentos junto à ferida e
promover conforto ao paciente.

Os curativos podem ser abertos ou fechados, sendo que os fechados ou


oclusivos são subdivididos em úmidos e secos. Os curativos úmidos têm por
finalidade: reduzir o processo inflamatório por vasoconstricção; limpar a pele
dos exsudatos, crostas e escamas; manter a drenagem das áreas infectadas e
promover a cicatrização pela facilitação do movimento das células.

As medicações tópicas podem ser veiculadas através de pós, loções,


cremes, géis, pastas, pomadas, sprays, aerossóis, etc.

O tratamento da ferida envolve, após verificação dos sinais vitais e de


uma anamnese sucinta sobre as condições em que ocorreram as lesões os
seguintes tópicos:

1. Classificação das feridas: se existe perda de substância, se há


penetração da cavidade, se há perda funcional ou se existem corpo
estranho e a necessidade de exames auxiliares.

2. Antissepsia: basicamente a irrigação vigorosa e intensa com soro


fisiológico é bastante eficaz para a diminuição da infecção.

3. Anestesia

4. Hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser


muitas vezes realizada antes de qualquer outro procedimento, até em
via pública.

5. Sutura da lesão.

As soluções mais utilizadas nos curativos são:


 soro fisiológico para limpeza e como emoliente;

 soluções anti-sépticas como polvidine tópico ou tintura a 10% (PVPI –


Polivinil Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%;

 álcool iodado com ação secante e cicatrizante e o

 éter que remove a camada gordurosa da pele, sendo útil na retirada de


esparadrapos e outros adesivos.

Os princípios científicos relacionados a um curativo são: microbiológico


- técnica asséptica no manuseio do material estéril; físico - movimentos de
execução, mobilização e imobilização; químico e farmacológico - sobre as
substâncias utilizadas, e sociológicos - orientação para a paciente e família
quanto aos cuidados necessários.

Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas: nas


lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser suturadas,
pois são potencialmente infectadas; apenas naquelas que são profundas, com
comprometimento do plano muscular, este deve se aproximado.

Nas feridas por arma de fogo, a decisão da retirada do projétil deve ser
avaliado caso à caso; caso haja apenas um orifício, este não deve ser
suturado, devendo-se lavar bem o interior do ferimento, sendo que quando
houver dois orifícios, um deles poderá ser suturado.

As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o


cuidado com a profilaxia do tétano.

A seguir, citaremos algumas das substâncias mais utilizadas em


curativos de feridas abertas e infectadas, principalmente no tocante de
indicação, mecanismo de ação e maneira de utilização.

PAPAÍNA - é uma enzima proteolítica extraída do látex da caricapapaya.

Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta.

Mecanismo de ação: ação anti-inflamatória, bactericida e cicatricial; atua como


desbridante.

Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar


gaze embebida na solução.
Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido
necrosado, 6% nas com exsudato purulento e 2% naquelas com pouco
exsudato.

HIDROCOLÓIDE - partículas hidroativas em polímero inerte impermeável.

Indicação - lesões não infectadas com ou sem exsudato, áreas doadoras e


incisões cirúrgicas.

Mecanismo de ação - promove barreira protetora, isolamento térmico, meio


úmido, prevenindo o ressecamento, desbridamento autolítico, granulação e
epitelização.

Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar as bordas e aplicar
hidrocolóide e fixar o curativo à pele.

Observações - não devem ser utilizados para feridas infectadas.

TRIGLICÉRIDES DE CADEIA MÉDIA (TCM) - ácidos graxos essenciais, lipídios


insaturados ricos em ácido linoleico.

Indicação - todos os tipos de lesões, infectadas ou não, desde que


desbridadas previamente.

Mecanismo de ação - promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada


de fatores de crescimento nas células, promove proliferação e mitose celular,
acelerando as fases da cicatrização.

Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, aplicar AGE por toda a
área da ferida e cobrir.

Observações - não é agente desbridante, porém estimula o desbridamento


autolítico.

OUTRAS SUBSTÂNCIAS

Carvão ativado - nas feridas infectadas exsudativas.

Alginato de cálcio - nas lesões exsudativas com sangramento.

Filme com membrana de poliuretano - para proteção de lesões profundas não


infectadas.
PRINCÍPIOS PARA O CURATIVO IDEAL

1. Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo.


2. Remover excesso de exsudação.
3. Permitir troca gasosa.
4. Fornecer isolamento térmico.
5. Ser impermeável à bactérias.
6. Ser asséptico.
7. Permitir a remoção sem traumas.

Material para realizar o curativo na técnica asséptica

 Pinças cirúrgicas do tipo Kelly ou Kocker com ou sem dente;


 Pinça anatômica;
 Pinça dente de rato;
 Gaze;
 Solução fisiológica 0,9% morno;
 Agulha estéril para realizar no frasco de soro pequenos orifícios na
forma de chuveiro;
 Adesivo para fixação das ataduras ou coberturas;
 Conforme rotina da instituição use coberturas descartáveis ou cobertura
com gaze ou gaze almofadada.

PROCEDIMENTOS PRÁTICOS

CURATIVO DE FERIDAS SIMPLES E LIMPAS

1. Lavar as mãos para evitar infecção;


2. Explicar o procedimento ao paciente e familiar, para assegurar sua
tranquilidade;
3. Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar;
4. Fechar a porta para diminuir corrente de ar;
5. Colocar o paciente em posição adequada;
6. Manipulação do pacote de curativo com técnica asséptica, incluindo a
utilização de luvas;
7. Remover o curativo antigo com pinça dente de rato;
8. Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly com gaze umedecida em
soro fisiológico, com movimentos semicirculares, de dentro para fora, de
cima para baixo, utilizando-se as duas faces da gaze, sem voltar ao
início da incisão;
9. Secar a incisão de cima para baixo;
10. Secar as laterais da incisão de cima para baixo;
11. Colocar medicamentos de cima para baixo, nunca voltando a gaze onde
já passou;
12. Retirar o excesso de medicação;
13. Passar éter ao redor da incisão;
14. Curativo quando necessário;
15. Lavar as mãos;
16. Recolher o material.

CURATIVO DE FERIDAS ABERTAS OU INFECTADAS

As diferenças básicas podem ser assim resumidas:

1. Os curativos de ferida aberta, independente do seu aspecto, serão


sempre realizados conforme a técnica de curativo contaminado, ou seja,
de fora para dentro.
2. Para curativos contaminados com secreção, principalmente em
membros, colocar uma bacia na área a ser tratada, lavando-a com soro
fisiológico a 0,9%.
3. As soluções antissépticas mais utilizadas são a solução aquosa de PVPI
a 10% (1% de iodo livre) e cloro-hexidine a 4%.
4. Quando houver necessidade de troca de vários curativos em um mesmo
paciente, deverá iniciar pelos de incisão limpa e fechada, seguindo-se
de ferida aberta não infectada, depois os de ferida infectada, e por último
as colostomias e fístulas em geral.
5. Utilizar máscaras, aventais e luvas esterilizadas.
LEGISLAÇÃO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DOS
MEDICAMENTOS

O código de Ética dos Profissionais de Enfermagem traz aspectos e


direcionam a atuação frente à execução do preparo e da administração dos
medicamentos, segundo a resolução COFEN 311/2007:

Dos princípios fundamentais

Descreve que a Enfermagem é uma profissão comprometida com a


saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade.

O profissional da Enfermagem atua na promoção, prevenção,


recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e consonância com os
preceitos éticos e legais.

Seção I

Das relações com as pessoas, família e coletividade. Direitos

Artigo 10°

O profissional deve recusar-se a executar atividades que não sejam de sua


competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança
ao profissional, pessoa, família e coletividade.

Responsabilidades e Deveres

Artigo 12°

Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de


danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.

Artigo 13°

Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e


somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho
seguro para si e para outrem.

Artigo 14°

Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e culturais, em


benefício da pessoa, família e do desenvolvimento da profissão.
Artigo 21°

Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos decorrentes de


imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer membro da equipe
de saúde.

Artigo 25°

Registrar no prontuário do paciente as informações inerentes e indispensáveis


ao processo de cuidar.

Proibições

Artigo 30°

Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se


da possibilidade de riscos.

Artigo 31°

Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico, exceto nos casos previstos


na legislação vigente e em situação de emergência.

Artigo 32°

Executar prescrições de qualquer natureza, que comprometam a segurança da


pessoa.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

As principais vias de administração de medicamentos são:

 Via oral, sublingual, retal, inalatória, nasal, ocular, vaginal, auricular.

 Vias injetáveis: intradérmica, subcutânea, intramuscular, intravenoso.

Administração via oral

A administração de medicamentos por via oral é segura e não requer


técnica estéril na sua preparação, nessa via os medicamentos podem ser na
apresentação de comprimidos, drágeas, cápsulas ou líquidos; são absorvidos
principalmente, no estômago e intestino.

Observação: a medicação via oral não é indicada em clientes


apresentando náuseas, vômitos, dificuldade de deglutição, ou estejam em
jejum para cirurgia.
Pacientes em uso de Sonda Nasogástrica (SNG) ou Sonda Nasoenteral
(SNE): as medicações VO devem ser administradas através das mesmas. Este
medicamento deverá ser diluído em água e antes e após a administração deve-
se realizar a lavagem das sondas. Evitando assim a obstrução das mesmas.

Após a administração do medicamento por VO verificar se o paciente


deglutiu realmente a medicação.

Administração por sonda gástrica ou enteral

Utiliza-se o mesmo critério da medicação via oral, diluindo o comprimido


ou as gotas e líquidos que devem ser aspirados e administrados em seringa de
10 e 20 ml, após administração do medicamento, a sonda deve ser lavada com
água filtrada, a fim de evitar obstrução da mesma.

Administração de medicação por via sublingual

Esse tipo de medicação segue o mesmo procedimento utilizado na via


oral, a diferença é que a medicação é colocada sob a língua. O paciente deve
permanecer com o medicamento sob a língua até a sua total absorção.

Nesse procedimento, solicita-se que o cliente abra a boca e repouse a


língua no palato; a seguir, coloca-se o medicamento sob a língua (em
comprimidos ou gotas); o cliente deve permanecer com o medicamento sob a
língua até a sua absorção total.

Nesse período, o cliente não deve conversar nem ingerir líquido ou


alimentos. As medicações administradas por via sublingual promovem uma
rápida absorção da droga em curto espaço de tempo, além de se dissolverem
rapidamente, deixando pouco resíduo na boca.

Essa via é utilizada para aplicar medicações em algumas urgências,


como, por exemplo: medicações para precordialgia e para hipertensão.

Administração de medicação por via retal

Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem


também ser administrados por via retal, em forma de supositório.

São receitados quando a pessoa não pode tomar o medicamento por


VO:

-náuseas e vômitos;

-impossibilidade de engolir;
-algumas restrições à ingestão, como ocorre em seguida a uma cirurgia.

Pela via retal são aplicados também os enemas.

Via injetável (intradérmica, subcutânea, intramuscular, intravenosa)

Os medicamentos que são administrados por via injetável têm a


vantagem de fornecer uma via mais rápida quando por algum motivo ocorre a
contraindicação da via oral, assim a absorção é mais rápida.

Técnica para o procedimento de aspiração de medicação injetável

 Ler a prescrição médica;

 Higienizar as mãos antes do procedimento;

 Reunir o material necessário (sempre do lado do êmbolo);

 Abrir o involucro da seringa na técnica:

- Para medicação ID, seringa de 1 ml ou 3 ml.

- Para medicação SC, seringa de 1 ml ou 3 ml.

- Para medicação IM, seringa de 3 ou 5 ml.

- Para medicação EV, seringa de 10 ou 20 ml.

 Abrir o involucro da agulha na técnica (sempre do lado do canhão);

 Encaixar o canhão da agulha no bico da seringa;

 Usar a seringa adequada para aspiração 40x12;

 Retire o ar da seringa empurrando o êmbolo para o bico já com agulha


conectada;

 Proteja a seringa em sua embalagem para continuar o procedimento;

 Realize desinfecção do gargalo do frasco ampola com álcool a 70%;

 Abra a ampola com algodão, para evitar ocorrência de cortes;

 Aspire a medicação de forma que não haja quebra da técnica asséptica.


Caso isso ocorra, despreze todo o material no devido local e reinicie
novamente o procedimento.
Administração via intradérmica (ID)

Nesta via, os medicamentos são administrados na pele (na derme). Esse


tipo de administração é utilizado na maioria das vezes para fins diagnósticos,
testes alérgicos, reações de hipersensibilidade como a reação para tuberculose
(prova de PPD). Possui pouca absorção via sistêmica, seu efeito é
principalmente local. O máximo de volume indicado para esta via é de 0,1 a 0,5
ml.

É também utilizada para aplicação de BCG (vacina contra tuberculose),


sendo de uso mundial a aplicação ao nível da inserção inferior do músculo
deltoide. O local de aplicação mais utilizado é a face interna do antebraço.

Administração via subcutânea (SC)

Na via subcutânea ou hipodérmica, os medicamentos são administrados


debaixo da pele, no tecido subcutâneo. Nesta via a absorção é lenta, através
dos capilares, de forma contínua e segura.

Usada para administração de vacinas (antirrábica e tríplice viral),


anticoagulantes (heparina) e hipoglicemiantes (insulina). O volume não deve
exceder 1,0 ml.

As regiões de injeção SC incluem regiões superiores externas dos


braços, o abdome (entre os rebordos costais e as cristas ilíacas), a região
anterior das coxas e a região superior do dorso.

Essa via não deve ser utilizada quando o cliente tem doença vascular
oclusiva e má perfusão tecidual, pois a circulação periférica diminuída retarda a
absorção da medicação.

Os locais de administração nesta via devem ser alternados com rigor,


evitando iatrogenias. O máximo de volume indicado para esta via é de até 2 ml.

Administração via intramuscular (IM)

A administração (IM) faz com que a medicação seja injetada diretamente


no músculo em graus de profundidade variados, e se deve estar atento a
localização do ponto de inserção da agulha. É usado para administrar
suspensões e soluções oleosas, garantindo sua absorção em longo prazo.

Devemos estar atentos quanto a quantidade a ser administrada em cada


músculo. É necessário que o profissional realize uma avaliação da área de
aplicação, certificando-se do volume que esse local possa receber.
Atenção: Não esquecer que esse volume irá depender da massa
muscular do cliente, quanto menos a dose aplicada, menor o risco de possíveis
complicações.

A escolha do músculo utilizado vai depender do volume a ser aplicado:

1ª escolha: vasto lateral da coxa - máximo de 5 ml;

2ª escolha: glúteo (ventro glútea e dorso glútea) – máximo 5 ml;

3ª escolha: deltoide (exceto em vacinas) – máximo 3 ml.

Administração via endovenosa (EV)

É a administração de medicamento diretamente na corrente sanguínea


através de uma veia. A administração pode variar desde uma única dose até
uma infusão contínua.

Como o medicamento ou a solução é absorvido imediatamente, a


reposta do cliente também é imediata.

A biodisponibilidade instantânea transforma a via EV na primeira opção


para ministrar medicamentos durante uma emergência. Como a absorção pela
corrente sanguínea é completa, grandes doses de substâncias podem ser
fornecidas em fluxo contínuo.

Indicam-se diluições em seringas de 10 e 20 ml, ou seja, com 10 ou 20


ml de água destilada. Para medicamentos com altas concentrações, indicam-se
diluições em frascos de soluções salinas (Soro Fisiológico 0.9%) ou glicosadas
(Soro Glicosado 5%).

PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA

Técnica para o procedimento de punção periférica

 Higienização das mãos antes de iniciar o procedimento;

 Reunir o material necessário;

 Explicar ao paciente o procedimento que será realizado;

 Deixar o mesmo em posição confortável;

 Escolher o local da punção e permitir a colaboração do cliente;

 Calçar as luvas de procedimento;


 Garrotear o local;

 Fazer antissepsia do local;

 Realizar punção com bisel voltado para cima, introduzir agulha em um


ângulo de 45º;

 Desgarrotear;

 Fixar adequadamente com adesivo, identificar;

 Reunir o material e desprezar;

 Realizar anotação do procedimento.

Locais mais utilizados para punção venosa:

Região do dorso da mão:

- veia basílica;

- veia cefálica;

- veia metacarpiana dorsal.

Região dos membros superiores:

- veia cefálica acessória;

- veia cefálica;

- veia basílica;

- veia intermediária do cotovelo;

- veia intermediária do braço.

Região cefálica:

- utilizada com frequência em pediatria, quando não há possibilidade de realizar


a punção em regiões periféricas.
REFERÊNCIAS

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quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação por enfermeiros de
um hospital geral. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2010 Abr-
Jun; 19(2): 283-90.
BRASIL, Leis. Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação
dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras
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CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos Básicos de
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FORTUNATO, Juliana G.S.; FURTADO, Monique de S.; HIRABAE, Leni F.


de Assis; OLIVEIRA, Josiana A. de. Escalas de dor no paciente crítico:
uma revisão integrativa. Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2013 Jul-Set;
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GEOVANINI, Telma (et.all.) História da Enfermagem: versões e
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MOZANI, Nelson; SOUZA, Virginia Helena Soares de. O hospital: manual
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SILVA, Marcelo Tardelli da; SILVA, Sandra Regina L. P.T. da. Manual de
procedimentos para estágio em Enfermagem. 4ed. São Paulo:
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TURKIEWICZ, Maria. História da Enfermagem. Paraná, ETECLA, 1995.

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