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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM,

ÉTICA 
E LEGISLAÇÃO

Profa. Enf. Gerliane de Sá Ferreira


INTRODUÇÃO
• Pode-se considerar que a enfermagem sempre esteve voltada para
atender as necessidades de assistência de saúde da sociedade. Ela
originou-se do desejo de manter as pessoas saudáveis, assim como
propiciar conforto, cuidado e confiança ao enfermo.

• SAÚDE: é o estado de completo bem-estar físico, mental e social,


não meramente a ausência de doença ou enfermidade.

• DOENÇA: é um processo anormal no qual o funcionamento do


organismo de uma pessoa está diminuído ou prejudicado em uma
ou mais dimensões.
Introdução histórica
• Durante m ui to s ano s o s ho sp i tai s d e se m p e nhav am
exclusivamente a função de albergue;

Com o aparecimento das moléstias contagiosas e outras doenças,


começou-se a pensar em isolamentos, e estes mais como defesa
da sociedade. Houve então a necessidade de local mais adequado
para receber pessoas acometidas de males físicos onde houvesse
pessoal que pudesse proporcionar melhor assistência e tratamento.
História da enfermagem
• A enfermagem originou-se de uma verdadeira diversidade científ ica.
É considerada uma ciência global que com a evolução dos tempos
foi se aperfeiçoando;

• Para entender as origens da enfermagem é preciso compreender o


desenvolvimento das práticas de saúde, processo que se associa às
estruturas sociais e diversif ic ações das nações que se dão em
épocas diferentes, onde cada período histórico traz sua f il osof ia ,
política, economia, leis e ideologia próprias.
História da enfermagem
• As práticas de saúde são antigas, estudos
evidenciam a sua origem há mais de 4000 a.c.,
em eras em que a mães é simbolizada como a
primeira enfermeira da família e a doença como
sendo um castigo de Deus sobre os homens.
Época em que os povos primitivos recorriam a
sacerdotes e feiticeiros que acumulavam a
função de médicos, farmacêuticos e
enfermeiros os quais faziam uma espécie de
diagnóstico rudimentar, visto que era uma tarefa
pouco conhecida e avançava lentamente.
História da enfermagem
• A terapêutica baseia-se em tratamentos diversos como
massagens, banhos, purgativos, substâncias provocadoras
de náuseas com o objetivo de tornar o corpo desagradável
para expulsar os maus espíritos, ciência que não aceitava a
doença como um mal físico, mas espiritual.

• A subsistência humana era retirada da natureza. O homem


explorava o que plantava, cultivava impondo uma relação
estreita entre homem-natureza. Os astros e os efeitos
naturais simbolizavam a mais pura manifestação dos
deuses, os povos viviam verdadeiros reféns da mãe
natureza.
História da enfermagem
• A doença era vista como uma punição e o se restabelecimento como uma
bênção de deuses, a cura como uma obra divina onde para obtê-la era
necessário o enfermo passar por rituais sagrados, ingerir porções mágicas,
realizar sacrifícios, aplacando assim a fúria dos deuses e obtendo o perdão.
A saúde podia ser retirada a qualquer momento através de castigos dos
deuses e restaurada pelos mesmos.
A diversidade das práticas de saúde 
ao longo dos tempos
• As práticas de saúde consistiram em ações de forma a garantir
ao homem a manutenção de sua sobrevivência, originadas e
associadas ao trabalho feminino, e a enfermagem em sua
natureza está vinculada intimamente a este processo.

• Com o passar dos tempos a religião surgiu, tendo interferência


na vida política do Estado e consequentemente dando expressão
maior aos deuses, nascia assim, o período das práticas mágico-
sacerdotais onde a medicina era baseada totalmente na religião
e magia.
A DIVERSIDADE DAS PRÁTICAS DE SAÚDE 
AO LONGO DOS TEMPOS

• Na Assíria e Babilônia acreditavam que sete demônios eram


causadores das doenças e baseados nessa crença eram
vendidos talismãs destinados a tornar o corpo invulnerável
aos ataques dos demônios.

• No Egito, os egípcios foram os principais impulsionadores das


práticas de saúde. Deixaram documentos importantes de
seus procedimentos, tais como, descrições de cirurgias,
doenças e drogas, mencionavam o controle do cérebro sobre
o corpo, o coração como o centro da circulação e o ato
respiratório como o mais importante mesmo não sabendo sua
fisiologia.
A DIVERSIDADE DAS PRÁTICAS DE SAÚDE 
AO LONGO DOS TEMPOS

• Na Grécia a história da saúde divide-se em dois períodos:


o pré e o pós-hipocrático. No período pré-hipocrático as
teorias sobre saúde e doença se prendiam à mitologia.

• Tinham Apolo como deus que espanta todos os males,


Hygiea como deusa da saúde e Panacéia a deusa que
cura todos os males.
A DIVERSIDADE DAS PRÁTICAS DE SAÚDE 
AO LONGO DOS TEMPOS

• Na Índia em meados do sec. VI a.C. os hindus f izeram conhecer a medicina,


a enfermagem e a verdadeira assistência inteligente aos desamparados
através do budismo, com suas doutrinas de bondade que foram grande
incentivo ao progresso da saúde.

• Fo i o únic o país d essa épo c a q ue fala em enfermeiro s, embo ra a


caracterização não seja nítida, exigindo dos mesmos um conjunto de
qualidades e conhecimentos, tais como asseio, habilidade, inteligência,
pre pa ro d e re m é d i o s a ssi m c o m o t a m bé m pure z a , d e d i c a ç ã o e
cooperativismo.
 O cuidar de pessoas enfermas tem sido observado como a
essência da profissão de enfermagem. No entanto o modo
como esse cuidado vem sendo exercido ao longo dos anos
exerce estreita relação com a história da humanidade.

 Os povos desenvolveram sua arte de tratar os doentes,


baseados em seus conhecimentos, crenças e costumes
locais. Com base nisto, se pode afirmar que o hospital,
antes do século XVIII, era uma instituição de assistência
aos pobres e feridos em guerras.
 Mas as transformações ocorridas ao longo do tempo, além das
descobertas científicas, permitiram que os hospitais passassem a
ser concebidos como um espaço para cuidar, tratar e curar os
doentes. Tudo isto, se pode dizer, graças às mudanças resultantes
da organização do trabalho de enfermagem.

 O dia 12 de maio é mundialmente comemorado como o Dia


Internacional da Enfermeiro. Era a data de nascimento de Florence
Nightingale, a f igura mais marcante da enfermagem mundial. Ela
viveu até os 90 anos, sendo cultuada até os dias atuais, em
Londres, como uma das grandes heroínas inglesas.

 o dia 20 de maio o dia do técnico e auxiliar em enfermagem.


Florence Nightingale
e o surgimento da enfermagem moderna
FLORENCE NIGHTINGALE
E O SURGIMENTO DA ENFERMAGEM MODERNA

• O renascimento da enfermagem veio com Florence Nightingale, nascida na Inglaterra e f ilha de pais
ricos. Sua cultura estava muito acima do comum entre as moças da sua época, dominava diversas
línguas dentre elas grego e latim, estudou bem matemática, sendo de grande utilidade nas imensas
reformas que realizou em seu próprio país e que se estendeu rapidamente em outras nações.

• Desde a infância possuía tendências e dons para cuidar de enfermos, aos 24 anos certa de sua
vocação quis atuar em hospitais, mas seus pais não permitiram visto que nesta época a prática de
enfermagem e as condições dos hospitais ingleses justificavam os temores maternos.
História da enfermagem
• Florence Nightingale em 1820, em Florença, na Itália e por
isso recebeu o nome da cidade onde nasceu.

• Sua família era rica e bem relacionada e sua mãe Frances


foi uma grande defensora da abolição da escravatura.
• As pessoas que dedicavam seus cuidados aos doentes se dividiam em dois
grupos:

• o primeiro, pequeno, compunha-se de religiosas católicas e anglicanas e o


segundo, numeroso, é formado por pessoal mal educadas e sem moral.

• No entanto, àquela época, os hospitais ingleses não ofereciam condições


recomendáveis de trabalho, dado que as pessoas que prestavam algum tipo de
cuidado ou assistência na área eram religiosas católicas ou anglicanas, em sua
maioria composta por mulheres, sem preparo nem princípios morais, muitas
vezes atuando embriagadas, sendo, por isto, mal vistas pela sociedade.
• Em 1854 com a Guerra da Criméia teve a oportunidade de mostrar
seu trabalho na prática
• No hospital de campanha, trabalhou com outras 38 enfermeiras
escolhidas e treinadas por ela mesma.
• Foi com elas que Florence aprendeu sobre regras, a cuidado com
os doentes, a fazer anotações, elaborar gráf ic os, listas de
atividades desenvolvidas, etc.
História da enfermagem
• A Guerra da Criméia foi um conf lito que se estendeu de
1853 a 1856 na península da Criméia.

• GUERRA DA CRIMÉIA: Inglaterra, França, Turquia declaram


guerra na Rússia.
• Em dois meses de trabalhos árduos pôs
ordem no hospital, valendo-lhe a reputação
d e a d m i n i s t ra d o ra e re f o r m a d o ra d e
hospitais. Em seis meses ela havia reduzido
a mortalidade de 40% para 2%.
 À noite, ela percorria os alojamentos e corredores do hospital improvisado com uma
lamparina para poder ver os pacientes, passando a ser conhecida como a Dama da
Lâmpada – motivo pelo qual até hoje a enfermagem é representada pela lâmpada,
símbolo da sentinela, de vigília constante e do cuidado contínuo do prof issional que
trabalha junto aos doentes.

 Após a guerra da Criméia, Florence publicou dois livros: Notas Sobre Hospitais, em
1858, e Notas Sobre Enfermagem, em 1859. Devido ao sucesso de sua missão,
recebeu homenagens do povo e do governo, além de um prêmio em dinheiro,
utilizado para a organização da primeira escola de enfermagem dos tempos
modernos no Hospital São Tomas, em Londres, tendo as primeiras 15 alunas
matriculadas no ano seguinte.
História da enfermagem
• Imortalizada pelos soldados como:

• “A DAMA DA LÂMPADA” – SÍMBOLO DA ENFERMAGEM


• Qual é o significado do símbolo da Enfermagem?

• O símbolo da Enfermagem representa os valores e


prin cípios da prof is s ão. Como explicamos , ele é
composto por três elementos: uma lâmpada a óleo, uma
cruz vermelha e uma serpente.

• A lâmpada a óleo, além de ser uma referência a Florence


Nightingale, simboliza a luz que a Enfermagem traz à
escuridão da doença e do sofrimento. Tal desenho
representa o cuidado e a atenção que os prof issionais da
área dedicam aos seus pacientes.
• A cruz vermelha, por sua vez, representa a assistência e o socorro
aos feridos e aos doentes em situações de emergência. E,
f inalmente, temos a serpente que é uma referência à mitologia
grega, associando essa espécie de cobra à Medicina e à cura.

• A serpente enrolada em torno do bastão era um símbolo utilizado


por Esculápio, o deus grego da Medicina. Na Enfermagem, esse
animal representa a capacidade de cura dos pacientes, e a
importância do cuidado e do tratamento adequado para garantir a
recuperação.
História da enfermagem
• Contrai tifo (doença que era disseminada por piolhos) e retorna
em 1856;

• 1856 – por reconhecimento do seu trabalho desempenhado –


prêmio do Governo inglês.

• 1859/ 1860 – institi Escola de Enfermagem – “Escola de


Treinamento para enfermeiras no Hospital St Thomas”.
História da enfermagem
• 18 60 – E sc o l a d e Tre i name nto Ni ght i ngal e e a C asa d as
Enfermeiras do Hospital de St Thomas.
• Disciplina rigorosa – tipo militar;
• Exigência de qualidades morais;
• Curso de um ano;
• Aula ministrada por médicos.

• 1868 – fundou a Sociedade de Enfermeiras de “East London” , a


Associação de Enfermeiras.
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

• 1873 – primeira escola criada nos EUA (segundo o modelo de


Florence):
• Treinamento para enfermeiras;
• Associação das escolas de treinamento com os hospitais, porém
com independência financeira e administrativa;
• Enfermeiras – responsáveis pelo ensino de enfermagem;
• Residência confortável e agradável para estudantes próximos aos
hospitais.
História da enfermagem
• 1874 – Sociedade Nacional de Enfermeiras;
• 1890 – o Instituto de Enfermeiras do Jubileu da Rainha; Sistema
Nightingale de ensino:
• Direção da escola por enfermeira;
• Seleção de candidatas do ponto de vista moral, intelectual e
aptidão profissional.
História da enfermagem
• 1910 – morte de Florence.
• Floresce o ensino de enfermagem;
• Torna-se ocupação assalariada;
• Constitui-se prática social específica e institucionalizada.
História da enfermagem

Florence Nightingale morreu


aos 90 anos de idade em 13
de Agosto de 1910.
História da Enfermagem no Brasil
• “No Brasil, como em muitos outros países, durante um
longo período, as funções de enfermagem foram
relegadas ao plano doméstico ou religioso, sem nenhum
caráter técnico ou científico” (BRASIL, 2003, p. 127).

• Os poucos hospitais que existiam àquela época,


voltavam-se para o atendimento das vítimas de
epidemias, soldados feridos em guerra e indigentes. Às
parteiras cabia o atendimento às mulheres grávidas e
doentes.
• No início do século XIX, entre os graves problemas de
s aú de p ú b l i c a e x i s te n te s n o te r r i tór i o n ac i on al ,
destacavam-se a falta de saneamento das cidades, a
precariedade das habitações, a necessidade de controle
sanitário dos portos e das doenças epidêmicas, assim
como alguns problemas sociais decorrentes da presença
de doentes mentais perambulando pelas ruas (BRASIL,
2003, p. 127).
 Nesse sentido, entre as múltiplas propostas de intervenção sobre
o espaço urbano com vistas ao saneamento, tem especial
importância a criação, no Rio de Janeiro, em 1824, de um
hospício, chamado posteriormente de Hospital Nacional de
Alienados. A criação deste pode ser considerada um marco
histórico que antecedeu à criação da primeira escola de
enfermagem no país.

 A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi crida em


1890, por força de um decreto federal, no 791, que funcionava
dentro do Hospital Nacional de Alienados.
• Até o início do século XIX, os “alienados mentais” não recebiam
qualquer tipo de tratamento. Se fossem calmos ficavam
vagando pelas ruas, se fossem agressivos ficavam presos e
acorrentados em cadeias.[1] Somente nos meados do século
XIX é que as Santas Casas de Misericórdia brasileiras passaram
a receber e cuidar de doentes psiquiátricos.

• Em 1841, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de


Janeiro, José Clemente Pereira, iniciou uma campanha pública
para criação de um hospício de alienados.
 Essa escola denominou-se, posteriormente, Escola de Enfermagem
Alfredo Pinto, que hoje pertence à Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Unirio). Observa-se que a escola não fora instalada nos
moldes do sistema Nightingale, dado que sua divulgação não havia
chegado ainda Brasil.

 O primeiro curso de enfermagem seguindo os moldes “nightingaleanos”


surgiu em São Paulo, no ano de 1895, por iniciativa de enfermeiras
inglesas que praticavam também a enfermagem domiciliar, que era
muito importante na época, tendo em vista que havia muita resistência
à hospitalização, especialmente no que diz respeito às camadas
sociais elevadas.
Vista aérea do Palácio
Universitário (UFRJ), antiga
sede do Hospício Pedro II,
construído 1842–1852.
 Em 1916, no Rio de Janeiro, durante a Primeira Guerra
Mundial, a Cruz Vermelha Brasileira criou sua escola de
enfermagem, com o objetivo de preparar voluntárias para o
exercício da enfermagem em frentes de batalha (BRASIL,
2003).

 O início da década de 1920 foi marcado pelas epidemias que


assolavam o País: tifo, cólera e febre amarela. Surgiu, então, o
Departamento Nacional de Saúde Pública, organizado pelo Dr.
Carlos Chagas.
 Com vistas a conter a epidemia de febre amarela, Carlos Chagas promoveu a vinda de
um grupo de enfermeiras norte-americanas, tendo a colaboração da Fundação
Rockfeller.

 Embora já funcionasse, há mais de vinte anos, uma escola profissional e enfermeiros e


enfermeiras, contando com a ajuda do Departamento Nacional de Saúde Pública, criado
por Chagas, estas enfermeiras fundaram, então, em 1923 uma escola de enfermagem,
vinculada a este departamento, denominada Escola de Enfermagem Anna Nery, que
atualmente faz parte da Unirio.

 Deste modo, as duas escolas passaram a coexistir de forma totalmente independente.

 Após a formatura da primeira turma de enfermeiras dessa nova escola, surgiu, então, a
Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), em 1926.
A enfermagem no brasil
 ANA NERI – dedicou seus serviços de enfermeira
também em campos de batalha improvisando hospitais e
não poupando em sua dedicação aos feridos, intitulando-
lhe “ Mãe dos Brasileiros”;
 Ao voltar da Inglaterra recebeu condecorações do
imperador D Pedro II e devido ao modelo de dedicação a
primeira escola de enfermagem de alto padrão no Brasil
carrega o nome desta grande heroína.
FIM

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