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SUMÁRIO
6 A PESQUISA ................................................................................................ 51
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
7 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 81
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Fonte:euquerobiologia.com.br
Biologia (do grego ,, bio, vida; , logia, estudo) é o termo que
denomina a ciência que estuda os seres vivos e as leis que regem o seu
funcionamento. Essa palavra surgiu pela primeira vez no título do livro Biologia ou
Filosofia da Vida Natural, publicado pelo naturalista alemão Gottfried R. Treviranus
(1776-1837) em 1802. Embora o nome da ciência só tenha surgido no século XIX, o
estudo dos seres vivos começou há muito mais tempo, sendo um dos alicerces para
o estabelecimento da nossa civilização.
O conhecimento de alguns tipos de plantas que poderiam servir como alimento,
veneno ou remédio já existia na época em que viveu o Homem de Cro-Magnon (ca.
45.000-8.000 a.C.). Alguns achados arqueológicos revelaram que os homens
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* Os Vedas, textos escritos originalmente em sânscrito por volta de 1.500 a.C., constituem a
base das escrituras sagradas do hinduísmo. A hoje conhecida Medicina ayurvédica guarda relação com
o conhecimento desses livros.
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* ca. é a abreviatura da palavra em latim circa, que significa cerca de, em torno de, próximo
de. Esta palavra é usada nesse tipo de informação quando não se tem certeza do ano que está sendo
citado.
** fl. Significa floresceu. Esta expressão é usada para informar a época em que o filósofo atingiu
o seu brilho e geralmente é colocada quando não se tem informação sobre as datas de nascimento e
morte desse filósofo.
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que levou a definir técnicas que são empregadas até hoje na Medicina: sangria,
purgação e controle de dieta.
Um filósofo de grande importância até os dias de hoje foi Platão (429-347 a.C.).
Platão foi discípulo de Sócrates (470-399 a.C.), que fundou a Academia, uma escola
que formou muitos filósofos, inclusive Aristóteles, considerado por muitos o pai da
Biologia. Segundo sua linha de pensamento, Platão considerava que a explicação dos
fenômenos naturais deveria ser feita a partir do exercício da razão pura, e não pela
observação direta da natureza. Diante disso, ele considerava que o homem foi a
primeira criatura a surgir, tendo a cabeça como a primeira parte do corpo a se formar
porque ela era quase esférica e servia como o órgão da alma imortal. Ainda segundo
sua ideia, a alma era dividida em três partes, estando a porção racional na cabeça, a
porção passional no coração e a do apetite no fígado. Numa conclusão contrária à
teoria de evolução atual, ele propôs que as espécies animais seriam resultado de
degenerações ocorridas no homem. Seu discípulo Aristóteles veio a discordar de
muitas das suas ideias.
Uma importante cidade da Antiguidade foi Alexandria, fundada no Egito por
Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) e reconhecida pela relevância da sua gigantesca
biblioteca. Dois importantes cientistas que atuaram nessa cidade foram Herófilo (ca.
330-260 a.C.) e Erasístrato (ca. 310-250 a.C.). Embora seus escritos não tenham
sobrevivido, eles se tornaram anatomistas conhecidos a partir das críticas severas dos
seus inimigos, tendo em vista terem efetuado várias vivissecções em seres humanos.
A partir das operações, Herófilo pôde observar as ligações do sistema nervoso central
entre o cérebro, a medula e os nervos, diferenciou nervos de tendões, descreveu o
sistema digestório, diferenciou as artérias das veias a partir das pulsações e colocou
o cérebro como centro da inteligência. Embora não tivesse rejeitado a teoria humoral
de Hipócrates, ele considerava que a vida era guiada por quatro fatores: nutrição
(fígado e órgãos digestivos), poder aquecedor (coração), sensibilidade e percepção
(nervos) e força racional (cérebro). Já Erasístrato fez seus estudos tentando explicar
e tratar doenças, chegando a usar torniquetes para reduzir a nutrição do tecido
afetado, além de tentar preveni-las a partir de remédios e da higiene. Ele descreveu o
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fígado, a vesícula e o coração, inclusive suas valvas, sugerindo a sua ação como
bomba. Quando descobriu que estava com um câncer, resolveu se suicidar.
Os romanos são até hoje cultuados pela sua competência em lidar com
agricultura, engenharia, saneamento, higiene, administração e, principalmente, com
as guerras. O mesmo não pode ser feito para suas contribuições para a Biologia.
Apesar disso, é possível destacar uns poucos como Lucrécio (99-44 a.C.), que
escreveu Sobre a natureza das coisas, tentando combater a visão teológica da vida,
afirmando que o homem era um produto da natureza como as outras criaturas. Plínio,
o Velho (23-79 d.C.), escreveu o compêndio História natural, uma obra que abordava
observações sobre o Céu e Terra, Geografia, Etnografia, História natural, histórias de
animais, agricultura, silvicultura e horticultura, como também a preparação de vinho,
óleo e remédios. Essa obra permaneceu como uma referência até o século XVI. Outro
texto importante (Sobre a matéria médica) foi elaborado por Dioscórides (ca. 40-90),
que descreveu cerca de 500 plantas, além de drogas derivadas de plantas, de animais
e minerais.
Claudio Galeno (ca.130-210 d.C.) foi um importante médico romano cujas
ideias persistiram como referência para a prática médica, chamada de galenismo até
o século XIX. Ele chegou a escrever mais de 300 textos abordando diversos temas,
incluindo dados anatômicos que permaneceram incontestáveis até o séc. XVI e
conceitos fisiológicos que persistiram até o século XVII. Partindo da concepção de
Platão da existência de uma alma tripartida (nutritiva, animal e racional), Galeno
definiu que o corpo humano era organizado de modo a aproveitar o pneuma (ar), que
seria o gerador da vida. Partindo dessa ideia, ele estabeleceu que o fígado processava
o pneuma para formar o espírito natural e o distribuía pelas veias de modo a nutrir o
corpo e fazê-lo crescer; o coração era responsável por coordenar os movimentos e
distribuir o espírito vital pelas artérias para aquecer e vivificar o corpo; o cérebro
formava o espírito animal, que era distribuído pelos nervos para proporcionar as
sensações e os movimentos musculares. Apesar de ter tido suas concepções aceitas
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por muito tempo, várias delas continham erros que vieram a ser identificados
posteriormente. Vários desses erros foram registrados nos dados anatômicos em
consequência de ele ter tirado suas conclusões a partir de dissecações em animais
em vez de em humanos.
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Desenho dos órgãos internos do corpo humano encontrado em manuscrito da Idade de Ouro do
Islamismo
Fonte:muslimheritage.com
Você já deve ter ouvido falar desse grande filósofo chamado Aristóteles. Ele
nasceu numa cidade chamada Estagira, no norte da Grécia, em 384 a.C.. Foi enviado
a Atenas, por volta dos dezessete anos de idade, onde teria estudado durante vinte
anos na Academia, um centro de estudos fundado por Platão, de quem foi discípulo.
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Ali, desenvolveu suas ideias filosóficas e sua paixão pelo estudo da Natureza,
tornando-se professor mais tarde.
Antes de Aristóteles, a ciência natural não era muito prestigiada entre alguns
dos mais importantes filósofos. Platão, o mestre de Aristóteles, por exemplo,
considerava o mundo natural inferior ao que ele chamava de mundo das ideias. Para
ele, era melhor gastar o tempo filosofando sobre as formas do triângulo do que
observar o mundo à sua volta (LANA, 2008). As investigações filosóficas de Aristóteles
deram origem a diversas áreas do conhecimento como a Biologia, a Zoologia, a Física,
a História natural, a Poética, a Psicologia, além das disciplinas propriamente
filosóficas como a Ética, a Teoria política, a Estética e a Metafísica. Ele é reconhecido
como aquele que iniciou o estudo científico da vida.
Não se pode deixar de reconhecer que alguns filósofos naturalistas gregos em
muitas outras ocasiões tenham especulado sobre a origem das coisas vivas, e que
boa parte dos estudos de Hipócrates, escritos antes ou durante a época de Aristóteles
apresentava um grande interesse sobre a anatomia humana, a fisiologia e a patologia.
Mas o fato é que, antes de Aristóteles, apenas alguns dos tratados de Hipócrates
levantavam os aspectos sistemático e empírico desses temas, estando seu foco
exclusivamente voltado para a saúde humana e a doença. Aristóteles, ao contrário,
considerava a investigação das coisas vivas, especialmente dos animais, como sendo
fundamental no estudo da Natureza. Seus escritos sobre a zoologia defendem um
método próprio para a investigação biológica, proporcionando um primeiro estudo dos
animais em termos de sistemática. Não havia nada tão bem escrito sobre esse tema
até o Século XVI. Por tais razões, Aristóteles é considerado um dos maiores
pensadores de todos os tempos. No seu circuito filosófico, Aristóteles conheceu
Teofrasto, um jovem com interesses similares aos seus sobre as ciências naturais.
Assim, a ciência da biologia se origina a partir de Aristóteles e Teofrasto: o primeiro
investigando a sistemática dos animais e o segundo fazendo o mesmo com as plantas.
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Aristóteles foi capaz de realizar muitas coisas na área da Biologia porque ele
tinha uma grande capacidade de reflexão sobre a natureza da pesquisa científica.
Como é que algo pode passar de um estado superficial e da experiência quotidiana
em direção a uma compreensão científica organizada? Era essa a pergunta que ele
procurava responder. Suas investigações, muitas vezes, tinham um caráter
exploratório, não chegando a conclusões definitivas. De modo geral, ele fazia uma
lista das hipóteses já conhecidas sobre determinado assunto e procurava demonstrar
sua inconsistência para, em seguida, buscar respostas que preservassem a melhor
hipótese.
Aristóteles é considerado por muitos como o pai da zoologia. Dissecou dezenas
de animais (mas não seres humanos). Seu trabalho na área da Biologia é muito
extenso e inovador: ele descreveu cerca de quinhentas espécies de animais, baseado
em informações coletadas de caçadores, pescadores e viajantes de seu tempo. Ele
também fazia, pessoalmente, estudos sobre a anatomia animal. Apesar de bem
conhecido, principalmente por seus trabalhos filosóficos, dedicou grande parte do seu
tempo ao trabalho científico. Ele escreveu mais de quatrocentos trabalhos, dos quais
aproximadamente cento e cinquenta são conhecidos hoje. Um quarto desses
trabalhos são estudos biológicos. Como exemplos de seus escritos podemos citar:
Sobre o mundo; Sobre a natureza; Sobre os animais; Sobre as Plantas; Sobre a
locomoção animal; Sobre as partes dos animais, entre outros.
Aristóteles estudou muitos animais de vida marinha. Ele fez uma série de
importantes contribuições para a oceanografia e biologia marinha, reconhecendo que
os mares e continentes estão lentamente mudando ao longo do tempo. Ele também
descreveu e nomeou espécies de crustáceos e anelídeos, moluscos e equinodermos,
e dezenas de espécies de peixes (todos do Mar Egeu). Foi o primeiro a considerar
que o golfinho era um cetáceo e não um peixe, pois possuía placenta, como os
mamíferos terrestres. Descreveu com precisão muitos grupos de vertebrados como
ovíparos ou vivíparos. Aristóteles observou detalhadamente o comportamento de
moluscos, caranguejos e lagostas. Suas descrições remetem a observações
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demoradas e detalhadas dos animais, como pode ser visto ao ler o seu livro História
dos animais. Ali, descreve que alguns animais se movem por meio de asas, como as
aves e as abelhas. Destaca que alguns tanto podem nadar na água como caminhar
na terra. Afirma que alguns animais são solitários e outros vivem em grupos,
ressaltando que alguns compartilham tanto do modo de vida gregário como do
solitário. Observa que as aves, em especial, têm comportamento gregário, bem como
certas espécies de peixes. Afirma que o homem tem comportamento tanto gregário
como solitário e que os organismos podem ter um tipo de alimentação carnívora,
herbívora (granívora) ou onívora.
Aristóteles descreveu como sendo criaturas sociais o homem, as abelhas, as
vespas e as formigas. Discorreu sobre as diferentes capacidades de emissão de sons
pelos animais, associando o canto ao período de acasalamento. Ele determinou uma
classificação dos animais em aqueles que “tem sangue”, que ele considerava
superiores em tamanho e os “sem sangue”, que seriam inferiores. Analise o que ele
escreve, no trecho abaixo, do seu livro História dos animais:
Os animais sem sangue são, em regra geral, inferiores em termos de tamanho
aos animais com sangue; embora, também sejam encontradas no mar algumas
poucas criaturas sem sangue de tamanho anormal, como é o caso de determinados
moluscos. (ARISTOTLE, 2007, documento exclusivo da Internet).
Alguns dos trabalhos desenvolvidos por Aristóteles foram:
- a caracterização de golfinhos e baleias como animais distintos de peixes e a
atribuição da denominação de cetáceos a esses animais, um termo ainda em uso para
os golfinhos, atualmente;
- a distinção de peixes que tem esqueletos ósseos daqueles que não tem;
- o ciclo de vida das abelhas, detalhadamente descrito;
- os efeitos climáticos e ambientais sobre os animais;
- padrões de migração sazonal de aves e peixes.
Pouco se sabe do trabalho de Aristóteles sobre as plantas, mas seu extensivo
estudo sobre o reino animal influenciou a formação nessa área durante muitos
séculos. Muitos de seus trabalhos contêm referências à natureza das plantas. Em sua
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opinião, elas estariam classificadas entre algo inanimado e os animais, pois acreditava
na existência de uma transição entre esses dois grupos.
Aristóteles atribuiu à vida a habilidade de pensar e sentir, mover-se e crescer.
Estava ciente da conexão existente entre a ingestão (nas plantas através das raízes)
e o crescimento. Em contraste com os animais, Aristóteles determinou que a fêmea,
nas plantas, seria indivisível do macho. Para ele, as plantas pareciam carregar ambos
os gêneros. Observou que a finalidade principal dos vegetais era a produção de frutas
e a sua propagação.
Fonte:i0.wp.com
Até agora, você teve uma visão geral dos trabalhos realizados pelos primeiros
estudiosos dos organismos vivos e dos fenômenos biológicos, como também das
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explicações que eles propuseram. Também foi possível perceber que a maioria dos
trabalhos foi realizada antes da Idade Média, época em que a Ciência esteve limitada
pelo avanço do cristianismo na Europa. Com a chegada do Renascimento, que
aconteceu entre os séculos XIV e XVII, a Europa redescobriu os achados da
antiguidade clássica e retomou os estudos do homem e da natureza. Neste capítulo,
teremos uma visão dos achados obtidos pelos estudiosos desse período e das
transformações ocorridas como consequência dessas descobertas.
(1452-1519). Embora seja mais conhecido pelas pinturas da Mona Lisa e da Santa
Ceia, da Vinci também deixou uma boa contribuição para a anatomia. Tendo
dissecado aproximadamente 30 corpos, incluindo um feto de sete meses e um idoso,
da Vinci chegou a desenvolver algumas técnicas para melhorar a observação das
peças anatômicas, como a injeção de cera aquecida nos ventrículos cerebrais que,
uma vez resfriada, permitia dissecar os frágeis tecidos cerebrais. Ele se utilizou de
duas outras técnicas para estudar peças de tecidos moles, a saber: realizar cortes
seriados de estruturas e mergulhar o olho do cadáver em clara de ovo, aquecendo-a
até que coagulasse e pudesse manter a forma quase esférica do olho.
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Fonte: metrocamp.edu.br
O maior anatomista dessa época e pai da anatomia moderna foi o belga Andrea
Vesalio (1514-1564). Ele iniciou seus estudos em medicina na Universidade de Paris,
onde realizou várias dissecações para um professor galenista e passou a criticar os
professores que davam aulas baseadas nos trabalhos de Galeno, no entanto não
faziam dissecações. Ele concluiu seu curso na Universidade de Pádua, da qual foi
professor e onde implantou uma série de mudanças nas aulas de anatomia. A principal
delas foi a de ele mesmo fazer a dissecação e mostrar as estruturas, o que levou suas
aulas a serem acompanhadas por muitas pessoas, mesmo que naquele tempo as
aulas de anatomia ainda não fossem muito importantes para o estudo da medicina.
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Como naquela época ainda não havia substâncias como o formol, que conservam o
cadáver, diminuindo assim o problema da putrefação, Vesalio ministrava suas aulas
durante o inverno. Essa talvez tenha sido uma das causas para que ele não tenha
sido vítima do miasma pútrido*, que matou muitos anatomistas desse tempo.
Miasma pútrido*: Termo que definia os gases e vapores emanados por organismos em
decomposição, que, como hoje é sabido, poderiam conter micróbios que contaminariam quem tivesse
contato.
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demonstrar que o coração era um músculo que impulsionava o sangue para o corpo
e para os pulmões, saindo dos ventrículos pelas artérias e retornando para os átrios
pelas veias. Como ele não teve acesso aos microscópios, não pôde esclarecer como
o sangue migrava das artérias para as veias dentro dos tecidos (hoje sabemos que
acontece pelos capilares). O que chama a atenção nos seus estudos é o fato de que
as técnicas que ele empregou não necessitavam de quaisquer materiais ou
instrumentos que não estivessem disponíveis já no tempo de Aristóteles, Galeno ou
Vesalio.
Santorio Santorio (1561-1636), outro professor da Universidade de Pádua,
realizou uma série de experimentos na tentativa de explicar a perspiração insensível
que naquele tempo era considerada como uma forma de respiração. Os experimentos
de Santorio incluíam uma série de medidas realizadas ao longo de 30 anos, como o
peso do corpo antes e depois de comer, beber, descansar, dormir e exercitar-se, o
volume e o grau de turbidez da urina, o pulso e a temperatura do corpo. Para tanto,
ele construiu vários aparelhos, como uma cadeira-balança, um “pulsilógio” que media
o pulso e o primeiro termômetro com escala (termoscópio). Seus achados foram
publicados no livro Sobre a medicina estática, que chegou a ter 32 edições e ser
traduzido para vários idiomas, mas não conseguiram provar que a perspiração
insensível era uma forma de respirar. Mesmo tendo sido um precursor no estudo da
fisiologia de forma quantitativa, Santorio também não questionou as afirmações de
Galeno.
abriu uma escola e, entre outras atividades, preparou os três volumes do livro
Ilustrações vivas de plantas. Além da descrição de 238 plantas e das figuras de ótima
qualidade feitas por um desenhista, o livro apresenta uma série de informações de
estudiosos gregos, como Dioscórides, além de algumas desculpas pela inclusão de
plantas que não haviam sido descritas por eles. Apesar de mostrar bem a estrutura
das plantas e indicar o seu habitat, o livro não apresentou a distribuição geográfica.
Outro pai foi Jerome Bock (1498-1554), autor de Novo livro das plantas,
também um católico que se tornou luterano. Embora as figuras das plantas só tenham
sido incluídas na segunda edição, o livro apresentava uma pequena história de cada
planta com referência ao local onde era encontrada, além de uma proposta de
relacionar as diferentes espécies levando em consideração critérios para fazer a
classificação. Dentre os critérios utilizados para classificar as plantas, um deles pode
ser considerado como muito falho, pois levava em conta o paladar. Mesmo assim, o
trabalho de Bock trouxe uma importante contribuição para o estudo da botânica.
O terceiro pai foi Leonhard Fuchs (1501-1566), outro luterano que era médico
e foi professor da Universidade de Tübingen. Seu livro A história natural das plantas
apresentava ótimos desenhos e descrições em ordem alfabética de plantas
medicinais, sendo 400 nativas da Alemanha e 100 de outros países, com uma
proposta de nomenclatura, embora não houvesse classificação. Devido a sua
qualidade, o livro é o mais famoso dos livros antigos sobre plantas. Em homenagem
a Fuchs, um arbusto natural do Caribe, recebeu o nome de fúcsia, nome também dado
para a cor da flor avermelhada dessa planta.
Além dos pais alemães, a botânica dessa época deve destacar dois outros
estudiosos franceses. Um deles é Mathias de l’Obel (1538-1616), que elaborou o Novo
livro de anotações das plantas, com a descrição de cerca de 1300 espécies que foram
classificadas levando-se em conta as folhas e a divisão das sementes
(monocotiledôneas e dicotiledôneas). O outro é Charles de Lécluse (1526-1609), que
organizou o primeiro jardim botânico da Europa e escreveu o primeiro trabalho sobre
fungos.
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com que existissem cientistas financiados pelo estado. Como a academia era um
órgão do estado, foi extinta em 1794 com a revolução francesa, uma vez que alguns
cientistas foram executados, como o pai da química, Antoine Lavoisier, e outros foram
exilados. Dois anos depois a instituição foi reorganizada e voltou a ter o nome em
1816. Também está em atividade até hoje.
Entre as instituições que hoje em dia têm contribuído para a popularização da
Ciência, os museus também tiveram origem no Renascimento. Tendo em vista o
aumento, nessa época, do acesso a outras regiões do planeta em função do avanço
na navegação e do aumento do número de indivíduos com riqueza financeira e
cultural, começaram a surgir os acervos das Câmaras (ou Quartos) das Maravilhas e
dos Gabinetes de Curiosidades. Em salas cheias de objetos por todos os cantos,
inclusive no teto, um visitante poderia encontrar desde animais empalhados, rochas,
minerais, pedras preciosas, amostras de madeira e outras coisas verdadeiras,
quadros com desenhos e pinturas representando seres que se dizia existir em regiões
remotas, incluindo sereias e dragões. Um desses gabinetes muito visitado na época
foi o que pertencia aos ingleses John Tradescant (pai e filho tinham o mesmo nome),
os quais, além de donos, eram jardineiros da nobreza e, obviamente, tinham uma
grande quantidade de plantas no seu acervo. Após a morte dos donos, o acervo foi
doado à Universidade de Oxford. Outro acervo importante nesse país foi o de sir Hans
Sloane, que deixou no seu testamento a doação para o público. Essa atitude terminou
por gerar a criação do Museu Britânico, que hoje conta com um acervo de sete milhões
de objetos.
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Fonte:nossaciencia.com.br
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conseguem se sentir motivados, pois não conseguem perceber ligação entre o que
lhes é ensinado e a prática de sua vida. É possível fazer uma comparação com a
equação de Victor Vroom. Em muitos casos também os alunos não desenvolvem
expectativas sobre aquilo que poderiam aprender. Esse comportamento pode estar
relacionado, muitas vezes, com a própria maneira que o professor “enxerga” a
disciplina que ele leciona, e “pensa” que o aluno está aprendendo. Ensinar, na
verdade, vai muito além de dominar metodologias ou conteúdos. O modo como se
concebe o ensino, e consequentemente sua disciplina, é determinante para que os
alunos se sintam motivados para aprender sobre ela.
De acordo com Krasilchik e Marandino (2007, p. 51), “a integração do Ensino
de Ciências com outros elementos do currículo, além de levar à análise de suas
implicações sociais, dá significado aos conceitos apresentados, aos valores
discutidos, e às habilidades necessárias para um trabalho rigoroso e produtivo”. A
integração do currículo favorece as articulações de disciplinas e conteúdos. Para isso,
alguns processos são necessários, como os indicados a seguir (BRASIL, 2014, p. 40):
1. Seleção de conceitos fundamentais por área do conhecimento.
2. Identificação de conceitos comuns (inter/intra-áreas do conhecimento).
3. Proposta de contextos problematizadores que mobilizem os conceitos.
Para que esses processos tragam de fato resultados positivos, é preciso que
velhos hábitos deixem de fazer parte da rotina de alguns profissionais da educação,
no ensino de Ciências, como defendem Cachapuz, Praia e Jorge (2004), ao afirmar
que é preciso evitar o caráter transmissivo de conteúdos, já que este impede o
desenvolvimento do caráter investigativo, pelo fato de não desenvolver o estímulo à
busca de respostas e à curiosidade. Além disso, os alunos recebem as respostas sem
que sejam questionados sobre elas, ou ainda sobre como se chegou às mesmas. Da
mesma forma, privilegiar a extensão e não a profundidade nas abordagens dos
conteúdos, não promove a efetivação da aprendizagem. É bastante comum encontrar
nos professores a preocupação em “vencer o conteúdo”, ou seja, dar conta da
programação de seu plano de trabalho, apenas para constar que cumpriu a missão
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Fonte:3.bp.blogspot.com
influência que cada um desses quesitos exerce sobre os alunos e trabalhar sobre eles
pode auxiliar na redução dos problemas de aprendizagem enfrentados nas escolas.
Para isso, é necessária muita análise. No entanto, Leopoldo de Meis (2009, apud
WERTHEIN; CUNHA, 2009) revela que existe pouca pesquisa em educação no
planeta, o que pode ser a principal causa da discrepância entre a produção do saber
novo e a forma de como transmiti-lo. Apesar de haver uma considerável expansão na
pesquisa em educação, ainda hoje é proporcionalmente baixa, a considerar a
necessidade de melhorias, o que pode ser alcançado mais prontamente através de
pesquisas nesta área, que possam indicar novos caminhos e soluções. Mais do que
isso, as pesquisas na área da educação precisam chegar aos locais de mudança,
como é o caso das escolas. Do contrário, cada seguimento faz seu trabalho de forma
individualizada, sem que, efetivamente, traga benefício às partes envolvidas.
Pesquisadores e docentes precisam buscar um trabalho em conjunto para que os
alunos sejam favorecidos e percebam a integração entre as áreas. Tais pesquisas
podem suscitar, dentre outras coisas, novas metodologias. O modo como o ensino de
Ciências acontece para os alunos é extremamente relevante para o seu entendimento.
Ferreira (2014, p. 193) propõe que “a melhor forma de iniciar os estudantes no estudo
das ciências seria por meio de um ensino integrado, e não por meio de disciplinas
escolares diretamente vinculadas a áreas específicas do conhecimento”.
Isto não ocorre, e na maioria das vezes, os alunos não conseguem
correlacionar Ciências com Biologia, pois (também) essas disciplinas são ensinadas
de forma fragmentada, fazendo com que os alunos as enxerguem como conteúdos
“engavetados”. Na aula de Geografia, abre-se a “gaveta” desta disciplina, na aula de
Matemática é a vez de abrir a “gaveta” de Matemática, e assim sucessivamente,
impedindo qualquer percepção de que possa haver uma conexão entre essas
“gavetas”. Esta visão subdividida é bastante prejudicial quando o aluno entra no
Ensino Médio, prejudicando a relação que ele possa fazer entre os conteúdos já
conhecidos da disciplina de Ciências com aqueles que serão aprendidos em Biologia.
A dialogicidade, ao contrário, propicia uma interação constante, e possibilita que a
todo momento se façam ajustes na programação (DELIZOICOV; ANGOTTI;
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Fonte: vestibular.mundoeducacao.bol.uol.com.br
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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ASTRONOMIA MATÉRIA SISTEMAS ENERGIA BIODIVERSIDADE
BIOLÓGICOS
universo; níveis de formas de organização dos
organização; energia; seres vivos;
sistema solar; constituição
da matéria; célula; conservação sistemática;
de energia;
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gravitação
universal.
Conteúdos estruturantes dentro do ensino de Ciências e seus respectivos conteúdos básicos.
Fonte: DCE (PARANÁ, 2008)
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6 A PESQUISA
Fonte:faculdadeasa.com.br
Theory (GT) ou Teoria Fundamentada nos Dados. Embora seja um método ainda
pouco utilizado entre os pesquisadores, a GT se ajustou bem a esta pesquisa, de
modo que as análises dos dados qualitativos pudessem ser enraizadas (grounded)
nos dados coletados (STRAUSS; CORBIN, 2008). Como uma abordagem
metodológica que nasce da prática da pesquisa, é possível conciliar pesquisa
empírica com reflexão teórica, utilizando a experiência e prática profissional como
ferramentas auxiliares, pelo fato de que o problema de pesquisa é vivenciado e
aproveitado como fonte de dados. Mesmo porque, não há muitas outras fontes
teóricas que possam ser utilizadas para fundamentar a pesquisa, o que também
justifica a escolha da Grounded Theory ou Metodologia Fundamentada nos Dados,
pois a análise metodológica se dá sobre o material disponível, sem que haja a
necessidade de uma confrontação com um aporte teórico já existente. Assim sendo,
a prática diária da autora/professora/pesquisadora fornece o material a ser analisado,
para que os próprios alunos envolvidos na pesquisa, bem como os que virão
futuramente sejam beneficiados por ela. Além disso, na Grounded Theory, é possível
(e até necessário), que os resultados sejam sempre revistos e reformulados e
fomentem uma tomada de decisões, para que a pesquisa não seja apenas teórica,
mas que possa ser aplicada. Outra característica desta metodologia é a possibilidade
de analisar os dados quantitativamente, sem que isso altere ou interfira de alguma
forma na pesquisa qualitativa, demonstrando de uma maneira compreensível seus
resultados, o que será constatado neste trabalho.
A situação apresenta-se como se os conteúdos biológicos evidenciados no
decorrer do Ensino Fundamental, principalmente do 6º ao 8º ano, que deveriam ser
revisados e aprofundados no Ensino Médio, não possuíssem sustentação. Um dos
motivos pode ser o fato de que, ao mudar o foco dos conteúdos na disciplina de
Ciências durante o 9º ano para Química e Física, ocorre uma fragmentação sobre o
aprendizado dos conteúdos trabalhados nas séries anteriores, o que dificulta a
retomada de assuntos voltados para a Biologia no Ensino Médio. É possível levantar
algumas hipóteses sobre circunstâncias que podem contribuir para a dificuldade na
retomada de conteúdos biológicos durante o Ensino Médio. Uma dessas hipóteses, a
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Disparidade detectada na retomada na 1ª série do Ensino Médio em relação aos conteúdos das
disciplinas científicas. Fonte: educadores.diaadia.pr.gov.br (2016)
É importante deixar claro que esta é apenas uma hipótese, mas se de fato esta
lacuna pode interferir na apreensão sobre os conteúdos biológicos aprendidos no
Ensino Fundamental, é relevante avaliar o quanto os estudantes assimilaram dos
conteúdos biológicos tratados na disciplina de Ciências, pois pode reduzir o incômodo
e a frustração de um trabalho sobre um assunto que eles não dominam. Este é o
intuito da utilização do Produto Educacional - Entrando no Ensino Médio: Caderno de
Avaliação Diagnóstica de Conteúdos em Biologia, para avaliar o repertório trazido por
estes estudantes, na primeira série do Ensino Médio.
Em contrapartida, a figura 2 apresentada a seguir, mostra a possibilidade de
redução da fragmentação de conteúdos biológicos entre o Ensino Fundamental e o
Ensino Médio por meio da utilização do referido Caderno de Avaliação Diagnóstica de
Conteúdos em Biologia. A retomada de determinados conteúdos biológicos básicos
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Contribuição esperada pelo Caderno de Avaliação Diagnóstica na 1ª série do Ensino Médio com
relação aos conteúdos das disciplinas de Biologia. Fonte: educadores.diaadia.pr.gov.br
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
retomados com naturalidade no Ensino Médio. Isso não quer dizer que o problema
está no professor do Ensino Fundamental isoladamente, pois é um problema que
reflete uma defasagem acumulada resultante de vários fatores, que interferem no
desenvolvimento pedagógico desses alunos e que já foram mencionados
anteriormente.
Acertados os temas que estariam presentes no caderno de avaliação
diagnóstica, foram então formuladas as questões, de modo que contemplassem
metodologias diversificadas, para que não se tornassem enfadonhas de serem
respondidas. Para tanto, foram escolhidas várias formas de resolução, como questões
de múltipla escolha, charge, complete, caça-palavras, desenho, questões subjetivas
de interpretação e palavras-cruzadas. Além disso, as questões foram elaboradas de
modo a abranger os pontos principais dos conteúdos a serem trabalhados na série
em questão. Como o tempo de uma aula (50 minutos) seria insuficiente para que os
alunos pudessem terminar de responder as 10 questões, então foram utilizadas duas
aulas para esta etapa. O passo seguinte foi o da correção das questões, para que
pudessem ser classificadas e separadas conforme suas semelhanças.
Na verdade, uma característica da codificação da GT é o de criar as categorias
a partir dos dados. A análise dos dados coletados é uma etapa que requer muita
atenção, pois, como diz Tarozzi (2011, p. 131), “Observar e comparar episódios
parece fácil, mas treinar o olhar do(a) observador(a) para fazer emergir aquilo que não
é imediatamente visível [...] requer a capacidade de perceber particulares
aparentemente insignificantes e produzir novas intuições e conhecimentos”. A seguir,
serão apresentadas as questões utilizadas com os estudantes e a sustentação teórica
que justifica a utilização dos temas escolhidos:
Questão 1: Existe uma grande dificuldade na maioria das vezes, em entender certos termos
utilizados na disciplina de Biologia. Por que isto acontece? Porque tais termos possuem
radicais (a parte da palavra que tem significado) latinos e gregos, que são desconhecidos para
a maioria das pessoas, mas que são necessários, por serem termos que não sofrerão
alterações. Se conhecermos estes radicais, ficará mais fácil de entender as palavras a partir
deles.
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
No quadro abaixo, apresentam-se alguns radicais e prefixos de origem grega ou latina, muito
utilizados na disciplina de Biologia
Utilize alguns deles para montar as palavras que preencherão a cruzada, a partir de
seus significados. Como exemplo, segue uma preenchida e explicada:
1
M 4
5 3 I
C
6 R
O
7 -
O
8 R
G
A
N
9 I
S
M
10 O
Horizontal:
3 – Estudo da célula
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Vertical
1 - Ser vivo muito pequeno. ( ser vivo = organismo; muito pequeno = micro).
2 - Organismo capaz de produzir o seu próprio alimento.
4 - Grupo de animais com vida dupla: na água e na terra.
5 - Terapia com a utilização de plantas.
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Questão 2: Variadas espécies compõem a Biosfera (camada da Terra onde existe vida). Na
Biosfera habitam desde seres microscópicos até seres mais complexos de plantas e animais.
Em comum, todos apresentam a característica de serem vivos. Esta biodiversidade, ou seja,
esta variedade da natureza viva, representada pelos seres vivos, é importante para a
manutenção do equilíbrio no Planeta. Podemos, neste caso, afirmar que todos os seres vivos
são formados por células?
b) Não ( ). Neste caso, de que são formados os seres vivos que não apresentam células?
Exemplifique.
Questão 5: Existe uma grande variação entre formas celulares, principalmente pelo fato de
que, de acordo com a função que exerce, a célula apresenta uma forma diferente para se
adaptar a ela. Mas todos nós temos em mente uma imagem do que seja uma célula.
Represente no espaço proposto, a imagem que você faz de uma célula, com seus
componentes básicos. Em seguida, nas opções ao lado, indique o número aproximado de
células presentes no organismo.
a) Cerca de 10 mil.
b) Aproximadamente 10 milhões.
c) Em torno de 10 bilhões.
d) Mais de 10 trilhões.
e) Nenhuma das opções.
claros para todos ou pelo menos para a maioria dos estudantes; do contrário, se o
professor prosseguir com os conteúdos sem atentar ao fato de que alguns alunos
dissociam a célula dos organismos, seu estudo ficará abstrato demais para que eles
compreendam Citologia. Apesar de Biologia Celular representar um conteúdo
importante na compreensão dos assuntos seguintes, o estudo da célula é uma área
bastante abstrata dentro da Biologia, pensamento também defendido por Palmero e
Moreira (1999). Mesmo quando contamos com o auxílio de aulas práticas, de
microscopia, ainda assim é um conteúdo de difícil compreensão.
Os professores, muitas vezes, abordam o estudo de biologia celular como um
ensino que se justifica por si mesmo, o que torna o estudo da célula e suas funções
desarticulado de conteúdos como os seres vivos e o meio ambiente em que vivem
(FREITAS et al., 2009). Pedrancini et al. (2007) afirmam que embora o estudo da
célula seja um dos conteúdos mais ressaltados nas estruturas curriculares dos
ensinos Fundamental e Médio, a complexidade deste conceito aliada à forma como o
ensino é organizado, potencializando a fragmentação dos conteúdos, dificulta a
aprendizagem da estrutura e fisiologia celular como uma das características básicas
dos seres vivos. Para Orlando et al. (2009), o ensino de tópicos de Biologia Celular e
Molecular constitui um dos conteúdos do Ensino Médio de Biologia que mais requer a
elaboração de material didático de apoio ao conteúdo presente nos livros texto, já que
emprega conceitos bastante abstratos e trabalha com aspectos microscópicos.
O conteúdo de Biologia Celular possui uma temática essencial e de extrema
importância para a total compreensão dos outros assuntos abordados na disciplina de
Biologia, visto que seu objeto de estudos envolve as células, unidades básicas de
formação dos seres vivos. Sendo assim, compreender Biologia Celular se torna
fundamental para compreensão da Biologia como um todo.
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
típica do lugar e se alimenta de sapos for introduzida neste ambiente, pode causar um
desequilíbrio ecológico. Por quê?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Questão 7: Vírus são considerados seres acelulares pela maioria dos pesquisadores,
isto é, não apresentam composição celular. Além disso, são intracelulares obrigatórios e não
sobrevivem em qualquer lugar. Desconsiderando as exceções, como o vírus da hepatite C,
por exemplo, que pode sobreviver em sangue humano, sob certas condições, até dois meses
fora do corpo (seringas, lâminas etc.), de um modo geral, onde os vírus se reproduzem?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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V H U Y B L N K Y Q R T M Ç A C Q N A V S I Z G
T U E U Q F T R P N H K J O I N E G I X O T E E
F C S M T O Q M R R S S G G R A F C S Q A C I F
A Y E L J T N I T R O G E N I O L G E J Ç L H A
Y I T W P O Z R L Z L A F S P G K K Ç G A K G T
W K N E V S V P I K Q O Q E A F E L Y Y R X L I
W A I C V S U C B M X C I V R N M P G G I B I S
D N S F E I B A U H U L E B I M J E O Y P T C U
B L S G G N C G Ç V S O G L O J E J J J S O O J
Q L O J B T G B L Ç S R I Q U Q X N M Q E D S T
Y I I Y E E E N Z L A O X G D S U Z T I R U E K
D I M R X S V G V B J F W B R I U S S A S W H U
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M C I Q M E T A B O L I S M O A H T U V Ç J C O
X A U M V L R Z Q H Y L F H S G J Q A G W A K D
S A Q M G L Y E M A R A X H Y Ç G K U N N V O A
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
aluno por fazerem parte de seu cotidiano. A disciplina de Educação Física, por
exemplo, utiliza muito questões relacionadas com vida saudável, alimentação e
exercícios, oportunizando um trabalho interdisciplinar com Biologia ao tratar de termos
e conceitos como gordura, contração muscular, osteoporose, ampliando a
possibilidade de compreensão sobre o assunto “histologia”.
Temas científicos estão cada vez mais presentes nos meios de comunicação
de massa e em outros veículos. Como sugere Caldas (2011, p. 22), “numa sociedade
em rede, em que a informação circula em diferentes espaços virtuais ou presenciais,
o papel da mídia no processo de democratização da Ciência é essencial”. Não há,
portanto, como e nem porque negar a contribuição que a mídia pode oferecer ao
ensino de Ciências. É importante integrar os meios de comunicação ao processo de
ensino-aprendizagem, inclusive para que o professor possa mostrar em sala de aula
o que está sendo divulgado nas diferentes mídias para discutir com os alunos e juntos
perceberem os aspectos positivos e negativos do que se apresenta (MORAN, 2007).
Uma das evidências de que determinados termos ou conceitos veiculados
pelas mídias acabam sendo incorporados pelos alunos é o fato de que as relações
mais acertadas na questão de número oito, aqui analisada, foram aquelas cujos
vocábulos são mais difundidos na mídia, como é o caso da palavra “osteoporose”,
relacionada ao “tecido ósseo”. Cabe aqui uma breve explicação sobre o fato de que o
tecido ósseo forma os ossos, e que estes perdem sua massa na osteoporose. Neste
caso é recorrente, como comentado anteriormente, que seja veiculado a venda de
produtos, por exemplo, que garantem combater a osteoporose e, portanto, são termos
mais familiares para os alunos.
Da mesma forma, o “tecido cartilaginoso” relacionado com “orelha”, traz à tona
a associação da cartilagem com regiões do corpo que apresentam flexibilidade, como
é o caso do nariz, da orelha e dos discos entre os ossos, mesmo que tecido
cartilaginoso não esteja apenas nessas regiões.
A relação entre o “tecido nervoso” com “neurônio” também acontece com certa
facilidade, porque muitas pesquisas sobre o sistema nervoso são divulgadas e trazem
consigo termos como “neurônio” (a célula nervosa) e “tecido nervoso”.
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
respostas. Este foi o caso, por exemplo, do termo “gordura”, pois dentre os 24
estudantes respondentes da turma A, apenas um acertou a relação: tecido adiposo –
manutenção da temperatura – gordura. Dos 36 respondentes da turma B, o número
de respostas certas foi 10 e entre os 32 respondentes da turma C apenas três
relacionaram corretamente. O termo “gordura” em si, é bastante utilizado para
expressar diversas informações nos campos nutricional, de saúde e sobre atividades
físicas ou esportes. No entanto, dificilmente esse termo está atrelado a outros, tais
como tecido adiposo, adipócitos ou então à sua função termorreguladora. Tais
informações dependem das instruções tratadas educacionalmente na escola, e se
estas forem superficiais, não serão suficientes para provocar um aprendizado
definitivo nos alunos.
Com relação ao termo “fibra”, não houve acertos dentre as respostas da turma
A. Na turma B somente seis alunos responderam corretamente, o que equivale a
aproximadamente 16,7% e na turma C houve apenas 12,5% de acertos (quatro alunos
num total de 32). A associação correta pedia que o termo “fibra” encaixasse com
“tecido conjuntivo propriamente dito” e com “preenchimento”, vocábulos ainda menos
triviais no cotidiano dos alunos e trabalhados de forma superficial durante o Ensino
Fundamental, posto que a maior atenção esteja direcionada ao estudo da célula
(citologia).
Será que os alunos compreendem melhor quando os conteúdos são veiculados
na mídia? Será que os professores não estão sabendo transmitir seus conteúdos, ou
ainda, não estão sabendo relacioná-los com o universo dos alunos? Ou será que a
transmissão dos conteúdos está sendo apenas isso: uma “transmissão” sem
compromisso com sua assimilação e entendimento? Para que o próprio aluno saiba
relacionar aqueles termos sobre os quais ele ouve na escola com as informações que
ele lê, ouve ou assiste na vivência do seu ambiente, é preciso que o ensino seja
também um estímulo à curiosidade e entusiasmo de saber dos alunos. Como bem
colocam Pozo e Gómez Crespo (2009), é preciso que se dê importância aos
conteúdos atitudinais no ensino de Ciências, desenvolvendo uma “atitude científica”
nos currículos de Ciência tradicionais.
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6.4 Considerações
dos seres vivos, mostrou-se válida, de modo que a avaliação diagnóstica fornece
informações importantes para direcionar decisões a respeito de encaminhamentos,
metodologias e estratégias a serem utilizadas com os alunos. Para isso, partiu-se da
proposta de criação do produto apresentado neste trabalho – Entrando no Ensino
Médio: Caderno de Avaliação Diagnóstica de Conteúdos em Biologia – que se
destacou como um instrumento auxiliar para detectar não apenas a carência de
conhecimentos sobre alguns conceitos essenciais para a continuidade dos conteúdos
biológicos, mas também sobre a dificuldade que os alunos enfrentam ao expor suas
considerações. Outro questionamento baseado nos resultados desta primeira etapa
pondera sobre o que poderia ser feito, tendo como objeto o resultado dessas
averiguações, para que as dificuldades de aprendizagem dentro da disciplina de
Biologia pudessem ser minimizadas, mesmo que não houvesse possibilidade de
interferência no problema da fragmentação em si.
A partir da avaliação resultante do Caderno foi possível obter um panorama
geral sobre os conhecimentos de conteúdos biológicos adquiridos pelos alunos nas
séries anteriores. Descobrir, por exemplo, uma distorção conceitual sobre a
constituição celular dos seres vivos, alertou para o fato de que seria necessário
retomar e enfatizar alguns conceitos básicos antes de apresentar os temas propostos
na disciplina de Biologia. Além disso, a retomada não pode transformar o aluno em
elemento passivo, que apenas espera as informações prontas, por parte do professor,
ou mesmo do livro didático. Esta atitude corrobora a fragmentação dos conteúdos e
conceitos, desvinculando os conhecimentos científicos da realidade dos alunos e
dificultando sua compreensão.
Outro desafio a ser enfrentado, apontado pela pesquisa, é a necessidade de
desenvolver mecanismos para trabalhar com a diversidade. Essa diversidade precisa
ser enfrentada de modo que não se transforme em dificuldade. É improvável esperar
que uma única metodologia dê conta da diversidade de uma sala de aula, por isso é
imprescindível que as estratégias englobem várias formas de trabalho. Além disso,
contar com a equipe pedagógica é fundamental para esclarecer dúvidas a respeito
das individualidades presentes nas turmas. Uma sala de aula com média de 35 alunos
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de etapas escolares anteriores. É oportuno que o professor use esta condição a seu
favor. Procurar adequar suas aulas a partir das informações que os alunos trazem não
só encaminha para novas metodologias, como abre espaço a discussões e à inserção
de recursos úteis dentro do ensino científico, como é o caso da utilização de
reportagens, revistas e artigos, os quais nem sempre fazem parte da leitura dos
alunos. Confrontar informações formais e não formais enriquece a troca em sala de
aula. A sociedade exige de seus futuros cidadãos, os alunos, mais do que conteúdos
acumulados, os quais muitas vezes não fazem sentido. Cabe ao professor, portanto,
partir de uma investigação sobre o que pode (e deve) ser trabalhado dentro daquilo
que o aluno traz consigo de conhecimento prévio sobre conteúdos científicos, para
poder estimular a partir deles, a interpretação e vinculação dos novos conhecimentos
de forma que estes façam sentido. Utilizar um caderno com questões investigativas
nesse sentido mostrou ser um recurso bastante válido, mas é apenas um dos recursos
que devem ser explorados. É muito importante que o professor permita questionar-se
e alterar sua didática e concepções, quando necessário. Além disso, busque
desenvolver no aluno o exercício do pensamento e raciocínio próprios, para evitar que
ele considere como verdade absoluta tudo o que seja veiculado nas mídias, já que
nem sempre os meios de comunicação abordam a Ciência de modo adequado.
Os resultados deixam claro que os alunos trazem consigo algum conhecimento
sobre alguns conteúdos estudados em Biologia, mas como este conhecimento é muito
diversificado entre os alunos, é preciso retomar boa parte deles para fazer um link
entre o que já sabem com o aprofundamento que ocorrerá durante o Ensino Médio.
Além disso, é certo que não há mais espaço para aquele professor avesso a inovações
ou atualizações constantes, sejam elas de qualquer aspecto. O currículo, por exemplo,
apresenta uma conformação geral, no entanto, é fundamental que o professor tenha
a consciência de que ele tem autonomia para construir o seu plano de trabalho
docente a partir do currículo proposto, selecionando o que de fato considere adequado
e relevante, adaptando-o às necessidades de cada turma, com suas particularidades
e a seu tempo, levando em conta, inclusive, o universo que os rodeia. Como professor
de Ciências/Biologia, é importante, ainda, estimular a participação dos alunos, para
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______. A ciência na idade média. São Paulo: Duetto Editorial, [20-?]. História.
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