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UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÙDE

CURSO: LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

DISCIPLINA: CONHECIMENTO CIENTIFICO

TURNO:PÒS-LABORAL 4ºANO

TEMA: Homens de Ciencia e Crentes

DISCENTE:

Baptista José Caetano …………………………. ID 900

Celina Farias Mairosse ........................................ID 889

Taurai Draiva Saize ............................................ ID898

DOCENTE:

Dr. Richard

BEIRA 2024
UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÙDE

CURSO:LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

DISCIPLINA: CONHECIMENTO CIENTIFICO

TURNO:PÒS-LABORAL 4ºANO

TEMA: Homens de Ciencia e Crentes

DISCENTE:

Baptista José Caetano …………………………. ID 900

Celina Farias Mairosse ........................................ID 889

Taurai Draiva Saize ............................................ ID898

DOCENTE:

Dr. Richard

BEIRA 2024
Índice

Introdução ................................................................................................................................... 4

Homens de Ciencia e Crentes ..................................................................................................... 5

Relações entre Ciências e Religiões ao longo da história .......................................................... 5

Antiguidade ............................................................................................................................. 5

Idade Média ............................................................................................................................ 7

Idade Moderna ........................................................................................................................ 8

A concepção de ciência positivista e religiosa de Comte.................................................... 9

Da Idade Moderna à Contemporânea ................................................................................... 10

Limitações das Ciências e das Religiões ........................................................................... 11

Natureza das práticas científicas: abordagem histórica ............................................................ 12

Limitações e enganos da ciência ........................................................................................... 12

Exemplo de engano da Ciência na história da humanidade .............................................. 14

Limitações das Religiões ...................................................................................................... 14

Exemplos de enganos das religiões na história da humanidade ........................................ 14

Conclusão ................................................................................................................................. 16

Referencias bibliograficos ........................................................................................................ 17


Introdução

Há muitas maneiras de se pensar como se dá a relação entre religião e ciência. A história da


humanidade mostra que as visões acerca da natureza da ciência e da natureza da religião mudam
com o tempo, de acordo com as concepções filosóficas e contextos políticos, sociais,
econômicos, etc.

Historicamente, a ciência tem tido uma relação complexa com a religião; doutrinas religiosas
por vezes influenciaram o desenvolvimento científico, enquanto o conhecimento científico tem
surtido efeitos sobre crenças religiosas. A visão do ser humano sobre os deuses influencia a
visão dele sobre natureza e vice-versa, já que o ser humano é um ser integral. Um ponto de vista
descrito por Stephen Jay Gould como magistérios não-sobrepostos (ou não interferentes) -
em inglês Non-Overlapping Magisteria (NOMA) - é que a ciência e a religião lidam com
aspectos fundamentalmente distintos da experiência humana, e desta forma, quando cada uma
delas permanece em seu próprio domínio, elas coexistem de maneira pacífica.[3] Outra visão
conhecida como a tese do conflito, afirma que a religião e a ciência inevitavelmente competem
pela autoridade sobre a natureza da realidade, de forma que a religião está gradualmente
perdendo a guerra contra a ciência ao passo que as explicações científicas tornam-se mais
poderosas e gerais. Esta visão foi popularizada no século XIX por John William
Draper e Andrew Dickson White.
Homens de Ciencia e Crentes

A religião e a ciência são construções humanas, que variam com o tempo. Dentro de qualquer
religião há uma variedade de posicionamentos, ramificações, segundo as diversas
interpretações que fazem das escrituras que consideram sagradas, "inspiradas" por um ou vários
deuses, e geralmente tidas como revelações diretas deste(s) ao homem.

Relações entre Ciências e Religiões ao longo da história

As relações entre ciência e religião mudam ao longo da história e envolvem uma gama muito
grande e complexa de aspectos, como políticos, sociais, econômicos e aqueles que envolvem
as relações de autoridade e poder, visões epistemológicas das épocas, forma das práticas
científicas em cada época, relação ciência e sociedade, choques entre culturas distintas, etc.

Antiguidade

Em todos os tempos, o ser humano sempre buscou conhecer o sobrenatural - os deuses - e a


natureza. Na Antiguidade, havia diversas formas de buscar conhecer a natureza, mas algumas
delas estavam vinculadas a cultos de natureza espiritual, cultos a divindades e rituais místicos,
e mitologia. A idolatria babilônica, suméria, egípcia e posteriormente a grega consistiam em
adorar coisas da natureza, invocando-as como deuses para que elas provessem o que
necessitavam ou desejavam. Assim, a adoração ao deus sol, por exemplo, consistia em
invocação de espíritos, acompanhada de oferendas para que se obtivesse a condição climática
favorável para uma colheita aprazível. Na idolatria, a manifestação de espíritos sobre aquele
elemento da natureza propiciava a benção desejada pelo adorador. Trata-se de uma
visão animista, onde as coisas da natureza ganham "vida" através da invocação da divindade e
manifestação de espíritos.

O conhecimento, na Antiguidade, desenvolveu-se em função da agricultura, que era


administrada por sacerdotes que efetuavam os cultos aos ídolos, que eram, muitas vezes
elementos da natureza. Observar resultados da natureza estava, portanto, muito vinculado à
prática da idolatria. Essa forma de conhecer a natureza era associada a invocação de espíritos,
com exceção da civilização hebraica, a única que adorava um único deus criador e confiava
nele para suas provisões, não adorando as coisas criadas.

Ao lado da idolatria grega, surgiram pensadores na Antiguidade grega que queriam estudar a
natureza sem evocar espíritos. Esses buscavam se restringir à razão como principal instrumento
para o conhecimento. A dialética e o discurso ganharam muita força nessa época onde as
verdades instituídas eram ganhas com base no raciocínio lógico, indução, dedução e na
capacidade de persuasão do estudioso. Diversas escolas racionalistas gregas surgiram, das quais
as mais famosas são atribuídas a Platão e a Aristóteles. O racionalismo é um movimento
filosófico que crê que a razão é instrumento para se achegar a Verdade Absoluta. Ganhou força
com as visões platônicas (Platão) de que o mundo das ideias seria um mundo perfeito onde
encontra-se a realidade.

A visão platônica é, nesse sentido, dual, uma vez que divide o mundo em duas categorias: o
mundo das ideias e das formas e o mundo concreto e sensível. A partir dessa divisão, o filósofo
funda a Teoria das Ideias, sistema filosófico platônico (Grécia Antiga), em que Platão define
que o conhecimento do mundo ou a Verdade proveriam das ideias ou formas abstratas. Nessa
teoria, as formas ou ideias seriam substanciais, eternas e imutáveis - aquilo que permanece
apesar das mudanças - são o que oferecem a verdadeira realidade e não o mundo material,
mutável e sensível. A realidade viria, portanto, do mundo inteligível, de conceitos abstratos,
como igualdade, diferença, movimento e repouso.

O mundo das ideias é individual. Cada indivíduo nasce com o chamado conhecimento inato:
são as formas ou ideias que se encontram no mundo inteligível, fora do espaço ou tempo, de
acordo com as quais são organizados os objetos do mundo material.

Já o mundo material é o mundo concreto, percebido por todos os indivíduos por meio dos órgãos
dos sentidos. Trata-se de um mundo que representa o mundo das ideias, mas o faz de forma
incompleta. Sua representação é inferior e enganosa e, portanto, não nos oferece a Verdade
Absoluta.

[18]
Essa teoria surge da famosa alegoria mito da caverna que pode ser encontrada na obra A
República de Platão. Tal mito serve como uma metáfora ou ilustração da Teoria das Ideias,
revelando, por meio de um diálogo com Sócrates, sua teoria dualista. No mito, pessoas que são
presas desde a infância numa caverna e apenas percebem o mundo material por meio das
sombras e projeções nas paredes consideram sua realidade, a verdadeira. Entretanto, sabe-se
que esse não é o mundo verdadeiro. E sim, ilusório, percebido pelos sentidos daqueles
indivíduos e, portanto, inferior e enganosa.
Idade Média

Durante toda a Idade Média, houve uma luta pelo poder entre a Igreja Católica e os pensadores
da natureza. A Igreja queria impor que ela era a instituição que definiria o que é verdade sobre
todos os assuntos, inclusive sobre a natureza. Essa atitude impedia a liberdade investigativa da
natureza. Inicialmente o conhecimento grego era banido e a partir do século XII, com Tomás
de Aquino e outros "pais da Igreja", algumas visões filosóficas da natureza dos gregos foram
incorporadas na Teologia Católica e impostas à sociedade. Dessa forma, a Igreja Católica
concentrava em si mesma a autoridade para assuntos religiosos e da natureza, autoridade a qual
todos deviam se submeter, sob ameaças de terríveis punições.

No século XVI, Galileu Galilei (1564-1642) lutava pela autoridade da ciência: à ciência cabe
dizer como vai o céu, e à religião como se vai ao céu.

Galileu foi pressionado a se retratar diante do tribunal da Inquisição, dizendo que era falsa a
ideia de que a Terra girava em torno do seu eixo e em torno do Sol. A postura impositiva da
Igreja, o pensamento de que ela deveria ser quem determina a Verdade, também acerca da
natureza foi a causa de muitas polêmicas no início da era moderna. A filosofia da
natureza passou a lutar para dizer à sociedade que ela poderia estudar a natureza e ter autoridade
para emitir pareceres.

Além disso, durante esse período, tem-se a figura de Santo Agostinho. Agostinho de
Hipona contribuiu para o desenvolvimento da Filosofia Natural, uma vez que compreendeu que
o conhecimento da verdade mundana se daria por meio da razão ou filosofia, enquanto a Fé
cristã ofereceria o conhecimento necessário para aproximar a humanidade de seu Criador.
Sendo assim, coloca fé e razão num único plano, à procura da verdade. Essa postura favorece
o pensamento cristão medieval, já que coloca a filosofia e a ciência em função da Teologia -
para ele, a Fé cristã era considerada superior à razão -, mas, ao mesmo tempo, abre caminho
para a evolução do pensamento filosófico em um período de grande imposição da Igreja. Santo
Agostinho foi muito influenciado pela obra de Platão e pelo pensamento neoplatônico e sua
produção filosófica, ainda que não seja considerada um sistema filosófico, trata-se de uma
filosofia cristã.
Idade Moderna

Com a modernidade, a filosofia da natureza desenvolveu métodos próprios de investigação e se


tornou institucionalmente laica, isto é, independente da Igreja. A observação e a
experimentação foram sendo entendidas como sendo muito importantes para o conhecimento
da natureza. Ao longo do tempo a visão sobre como realizar o processo de se conhecer a
natureza (Filosofia da Natureza) foi se modificando. René Descartes (1596-1650), um dos
filósofos mecanicistas propunha a "realidade dualística", ou seja, a existência de dois mundos
separados "o reino de extensão material, de caráter essencialmente geométrico e mecânico" e o
"reino da substância do pensamento, que não possui extensão".

Dessa forma, ele divorciou a mente do corpo pela crença racionalista. O racionalismo é uma
corrente filosófica que enfatiza o a priori, as ideias como instrumento para se achegar a Verdade.
Para Descartes, o corpo era uma máquina. Na visão mecanicista, a física da máquina ou das
invenções humanas é a mesma que a física da natureza. Isso propiciou a visão reducionista,
onde o objeto analisado é uma amostra reduzida do mundo. Mais tarde, o reducionismo vai
influenciar a ciência moderna, onde o laboratório, a reprodução da natureza no laboratório, é
visto como uma amostra reduzida do mundo, e por isso ganha o status de poder ser visto como
se fosse a própria natureza. No entanto, sabemos que não é a natureza, mas uma tentativa
humana de reproduzi-la.

Gradativamente ia-se rompendo a antiga relação entre a filosofia e a filosofia da natureza, que
mais tarde, vem a se chamar ciência. Isso ocorreu quando as ciências individuais (os diversos
ramos do saber) passaram a ter pretensão de um conhecimento independente e
metodologicamente garantido. Nessa ocasião, a filosofia e a ciência passaram a concorrer. Essa
atitude ocorreu no século XIX e foi fundamentada por uma determinada filosofia, ou modo de
entender o mundo, designada positivismo.

O positivismo é uma visão filosófica baseada no indutivismo, no verificacionismo e


no empirismo. O empirismo é uma doutrina filosófica que entende o experimento como
instrumento para se achegar a Verdade absoluta (de forma progressiva). Os positivistas não
isentavam o Método Científico das suas limitações em medidas, mas subestimaram a influência
da visão de mundo do cientista e as concepções a priori que ele tem a respeito de um objeto de
estudo na natureza. Também superestimavam o experimento (aliado à razão a priori que
concebe o experimento e o aparato experimental) como instrumentos para verificar algo, provar
algo. Além disso, tinham consigo que a ciência sempre progride de forma linear, o que a história
da ciência tem demonstrado ser questionável, pela idas e vindas de concepções científicas ao
longo do tempo. Alguns exemplos disso são as concepções ondulatória e particular da luz.

Alguns dos defensores do positivismo foram Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-
1677), George Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776) e Auguste Comte (1798-
1856). O empirismo reduz tudo à experiência, sem se interrogar pelas formas a priori, ou seja,
as pré-suposições e a metafísica que a envolve. O verificacionismo é a convicção de que é
possível verificar ou provar algo com certeza absoluta (os empiristas acham que isso se dá
mediante o experimento, com base na observação; os racionalistas acham que isso se dá por
meio da razão). O indutivismo é uma posição filosófica que vê como válido e verdadeiro o
exercício racional da generalização de uma afirmação sobre algo específico (no positivismo
essa afirmação tem fundamento na observação). Dessa forma, a partir de progressivas
observações se conclui uma lei ou princípio geral.

A concepção de ciência positivista e religiosa de Comte

O sociólogo ateu Augusto Comte (1798-1856) pretendeu formar uma nova "ciência da
sociedade" através do positivismo. A ciência do ponto de vista positivista é uma "ciência exata,
metodicamente controlada (pelo método científico); parte de experimentos e observações
empíricas, alcançando assim, passo a passo, o conhecimento dos princípios universais e
superiores bem como os "fatos", a exemplo o modelo da gravitação de Newton. As ciências
naturais assumiram esse caráter pouco a pouco". O que antes era entendido como "fato",
verdade absoluta em tal postura, foi chamado pelo filósofo Hilton Japiassu de
"puritanismo racionalista"; nele prega-se o primado do racional ou científico sobre outras
formas do saber, pela excessiva confiança na razão como configuradora do instrumento que
leva a tentativa humana de buscar a verdade absoluta. Hoje a definição de fato científico é feita
de forma um pouco diferente, como sabido, sobre tudo no que tange ao divórcio desses com o
que denomina-se por hipótese (ideia).

Comte tinha em vista realizar uma dominação coletiva unindo as forças que lideravam a
sociedade (banqueiros e capitalistas) ao círculo de cientistas positivistas, com vistas de que a
autoridade da ciência substituísse a autoridade do clero e da nobreza. Augusto Comte defendia
que o conhecimento humano individual (os diversos ramos do saber) passa por três estágios: o
religioso, o filosófico e o científico. Assim, Comte pensava que havia 3 épocas históricas: Na
época religiosa, o homem explica os fenômenos recorrendo a causas sobrenaturais; na época
filosófica, explica recorrendo a princípios racionais; na época científica, explica por meio das
leis naturais, as quais explicam por si só os fenômenos. Dessa forma ele dava autoridade à
ciência para falar sobre a natureza, vencendo o dogmatismo religioso, que consistia na tentativa
da Igreja de centralizar em si mesma a autoridade para falar sobre a natureza.

O desejo de Comte era fundar uma "espécie de religião da humanidade" onde o amor pela
humanidade seria a "natureza suprema", e assim pregava o altruísmo. O positivismo de Comte
tinha os seguintes pilares:

 O real pode ser desvinculado do imaginário;


 O útil, o que tem aplicação para aprimoramento da vida, deve ser incentivado, e não o
"ocioso";
 Diante de decisões, o certo é aquilo que tem "harmonia lógica";
 A convicção de que existe o exato e que esse deve ser preferido diante do incerto;
 O construtivo (a ideia de progresso) deve ser escolhida em detrimento da postura
"crítica-negativa"; e
 O relativo (para frear a imposição e pretensão dogmática de absolutez da teologia e
da metafísica).

Da Idade Moderna à Contemporânea

Grandes revoluções no pensamento científico, principalmente na Física, com a Física


Quântica e a Relatividade de Einstein, incentivaram maiores estudos de história e epistemologia
das ciências no século XX. Gaston Bachelard, Karl Popper, Thomas Kuhn, Paul
Feyerabend, Imre Lakatos e outros cientistas, filósofos e historiadores da ciência tentaram
descrever o processo de se fazer ciência com base nos estudos de história da ciência e da lógica.
Eles perceberam, pelo desenvolvimento científico que ocorreu na passagem do século XIX para
o XX, que as pressuposições positivistas acerca da ciência, como a confiança exacerbada na
observação e também nos pressupostos lógicos que levavam a criação dos experimentos, eram
pontos que deveriam ser reformados na epistemologia na ciência. Esses filósofos da ciência
levantaram a presença de diversos fatores subjetivos na forma de pensar dos cientistas que
acabaram por propiciar inclusive os enganos a respeito da natureza. Assim, a imaginação, a
visão da pessoa sobre Deus ou os Deuses e a origem do Universo, seu contexto social, político,
suas premissas sobre eficácia de dispositivos e aparatos experimentais (e de que esses
reproduzem com fidelidade a natureza, suas preconcepções ou crenças acerca do
comportamento da natureza, são elementos que devem ser considerados ao analisar-se o
processo de fazer ciência - mesmo que ao rigor da definição moderna de ciência estes devam
ser excluídos do referido processo. De tais considerações configurou-se e estabeleceu-se o
método científico conforme válido atualmente; visando entre outros a servir como um filtro
para minimizar ao máximo tais influências de origem pessoal dentro da ciência ao exigir
coerência constante, a mais simples e abrangente, com o mundo natural.

Atualmente sabemos que o experimento laboratorial é uma tentativa de reprodução do que


acontece na natureza, expondo parte da natureza mas não a natureza em sua totalidade. Dessa
forma, simplificamos a natureza para que possamos estudá-la, pois se não conseguimos dar
conta do número imenso de variáveis que envolvem um sistema natural ou real
simultaneamente, temos que fazê-lo por partes. A mensuração é um processo limitado de um
sistema escolhido segundo hipóteses e pré-suposições de natureza teórica, que pode ser refinado
até o limite da execução prática, não encerrando, entretanto, precisão absoluta. Nestes termos,
a descrição completa da natureza em seus mínimos detalhes não é algo alcançável mesmo para
a ciência moderna: a ciência constrói modelos da natureza, e a compreende através destes
modelos. Estes podem ser refinados até o limite imposto por condições práticas, mas por mais
que se trabalhe o mesmo, um modelo da natureza não é a natureza em si. Neste aspecto a historia
da ciência tem mostrado que produzir conhecimento válido a cerca da natureza é um grande
desafio para a humanidade.

Limitações das Ciências e das Religiões

É inerente ao ser humano a busca de compreender o que costuma-se classificar como


sobrenatural (e assim entender sua origem e propósito, não obstante em senso comum a ele
conectado); e também de conhecer a natureza, bem como conviver nela e com ela; entre outros
para dela extrair seu sustento e provisão de forma sustentável. O ser humano tem seus pareceres
sobre ambos, sobre deus ou deuses e sobre a natureza; pois é um ser integral, que pensa sobre
sua origem e fim e que está inserido na natureza. Ele leva consigo sua visão de mundo em todas
as atividades nas quais se envolve. Suas hipóteses e maneiras de pesquisar sofrem influências
de sua maneira de pensar sobre o mundo, ou seja, sua subjetividade está presente consigo em
todas as atividades que realiza. As evidências da presença dessas subjetividades no processo de
se fazer ciência tem sido relatada por diversos estudiosos da história e filosofia da ciência
como Karl Popper, Thomas Kuhn, Gaston Bachelard, Imre Lakatos, Alexandre Koyré e outros.
O ramo da filosofia que trata das visões sobre como o ser humano vem a conhecer, ou seja,
constrói o conhecimento, é chamado epistemologia. Em se tratando de filosofia da ciência,
existem várias posturas e convicções de como o conhecimento científico se dá. Portanto, há
uma variedade de posições e convicções (visões) epistemológicas sobre a ciência.

Natureza das práticas científicas: abordagem histórica

Desde o século XVI até os dias de hoje, tem sido comum a visão de que a religião e a ciência
empregam diferentes métodos para se dirigirem a questões diferentes, ou mesmo similares;
o método da ciência caracterizando uma abordagem objetiva para mensurar, calcular e
descrever o universo natural, físico e material; e o método das religiões o fazendo de forma bem
mais subjetiva, baseando-se esse, entre outros, nas noções variáveis de autoridade, revelação,
intuição, crença no sobrenatural, na experiência individual, ou, a fim de compreender o
universo, uma combinação dessas. Contudo, filósofos da ciência como Thomas Kuhn, através
da história da ciência, perceberam que os elementos subjetivos do ser humano estão também
presentes no ser humano que analisa a natureza ou que faz ciência. Sendo assim, as pré-
suposições; as hipóteses e modelos teóricos; os métodos de raciocínio dedutivos (vinculados
à hipóteses e convicção de que se esgotaram as variáveis do problema pelo modelo empregado)
e indutivos (onde faz-se uso de generalizações); formas de medições do objeto de estudo e os
sensores dessas medições; todas variáveis que fazem parte também da prática científica, são
muitas vezes subjetivas, limitadas e contaminadas pelas visões que cada cientista traz consigo,
independente do seu desejo de manter-se imparcial e de sua postura ética de compromisso em
buscar a verdade e dar testemunho fiel do que percebe.

Limitações e enganos da ciência

As limitações da ciência e a natureza dos caminhos tortuosos pelos quais ela se faz atrelam-se
diretamente à condição de atividade humana que ela é. Isso de forma alguma a invalida, e
certamente ela tem dado importantes contribuições para a humanidade, a exemplo as vacinas,
a energia elétrica, arefrigeração de alimentos, etc.; além de melhor o entendimento acerca do
comportamento da natureza, mesmo sendo esses conhecimentos tidos - segundo o próprio
Método Científico - como limitados, eternamente provisórios, sujeitos a evoluções ou até
mesmo modificações completas.

Algumas visões científicas que mais tarde foram consideradas enganos da ciência, mas que
influenciaram fortemente o pensamento humano da época, envolveram temas como a
possibilidade do infinito, a natureza da matéria e das reações químicas, a origem da vida, a
causa das epidemias, e outros. Alguns exemplos de enganos da ciência foram: o modelo
Geocêntrico (a concepção de que os planetas giravam em torno da Terra), a geometria
euclidiana atrelada ao universo, o calórico (acreditava-se que o calor era uma substância e não
uma forma de energia), etc. Convém mencionar que o uso do termo engano é referente a
comparações entre teorias antigas e teorias posteriores, já que o conhecimento científico está
constantemente em construção (ver item Ciências e Religiões: construções humanas).

A ciência conta com rigores, e busca valer-se da observação, experimentação, mas também de
hipóteses, modelos, raciocínio lógico para entender melhor a natureza e ajudar a sociedade a
ter melhor qualidade de vida (provisão, sustento, sobrevivência). No entanto, os cientistas,
como todos os seres humanos, não estão isentos de equívocos pois muitas vezes a natureza se
mostra diferente da forma como o homem a supôs, já que as limitações humanas impedem de
controlar todas as variáveis da experimentação e as conjecturas da mente humana às vezes se
enganam e não conseguem alcançar a complexidade do mundo ao nosso redor. Portanto, tanto
a razão (conjecturas racionais) quanto a observação (limitadas aos sentidos humanos: tato,
audição, visão, e equipamentos que o homem concebe para realizar medições) são restritos,
falhos e limitados.

Segundo Martins, "apesar de todas as idas e vindas e das incertezas perpétuas, não há dúvidas
de que nosso conhecimento científico é superior ao de dois séculos atrás, ou da Antiguidade.
Porém, é aceitando as incertezas e abandonando o dogmatismo cego que a ciência poderá
continuar a progredir e a se transformar. E não por meio de um otimismo ingênuo e desprovido
de crítica".

Nesses termos, entra em cena o fato de todo ser humano tem alguma posição sobre os deuses e
o sobrenatural, e querendo ou não sua visão a esse respeito influencia todas as demais áreas do
seu viver. Em princípio somos seres integrais e não podemos separar nossa visão sobre os
deuses da visão que temos acerca da natureza. Mesmo frente ao sucesso que a ciência vem
alcançando no corrente século e passado, não seria insensato solicitar que todas as posturas
devam ser respeitadas; e que deve-se evitar posturas intolerantes ou atitudes que diminuam
qualquer ser humano pela sua concepção sobre deuses ou sobre a natureza, mesmo porque não
são todos as pessoas que possuem doutorado em alguma área científica. Tais ideias funcinam,
assim, como críticas aos modelos científicos estabelecidos, críticas que não devem ser coibidas,
embora devam ser certamente debatidas. É nesse ponto que destaca-se a constatação de que a
relação histórica entre ciência e religião é bem mais complexa do que muitos supõem.

Exemplo de engano da Ciência na história da humanidade

Alguns exemplos de enganos de teorias científicas ou revoluções de pensamentos científicos ao


longo da história foram a reforma da Gravitação Newtoniana com a Teoria da Relatividade
Geral de Einstein, por exemplo. Mas assim ocorrem as mudanças de visões sobre o
comportamento da natureza ao longo da história, que fazem parte da ciência, e como a história
da ciência mostra, às vezes há retomadas de posições teóricas muito antigas, séculos depois,
quando se percebe alguma inconsistência na visão atual. Um exemplo disso é a visão atomista,
que vinha desde os gregos antigos e que depois foi deixada de lado pela visão aristotélica dos
5 elementos e depois de séculos retomada. Outro exemplo seria a natureza corpuscular da luz,
que era a visão de Newton, que foi abandonada pela visão ondulatória de Huygens e
posteriormente retomada por ocasião da Física Moderna, que propiciou o nascimento da Física
Quântica.

Limitações das Religiões

Tanto a ciência quanto a religião são construções humanas, e como tais, sujeitas a equívocos e
às limitações humanas. Tanto as ciências quanto as religiões mudam com o tempo. As religiões
baseiam-se geralmente (mas nem sempre) na interpretação de escrituras tidas como sagradas,
ou seja, na hermenêutica, o ramo da teologia que estuda o deus judaico-cristão e
outras divindades ou deidades. As religiões e as ciências sofrem influências de visões de mundo
e de interesses de natureza política, social, econômica, filosofia, etc., devido às suas condições
de instituições humanas. Portanto, essas influências acontecem com todas as instituições
humanas, incluindo as religiosas e as comunidades científicas.

Exemplos de enganos das religiões na história da humanidade

Por ser historicamente muito muito mais antiga que a ciência em acepção moderna, quando os
dogmas religiosos foram estabelecidos, diante do que já se conhece hoje, pouco ou praticamente
nada se conhecia acerca do comportamento do mundo natural. Dada a curiosidade humana
inata, necessitando explicar de alguma forma os fenômenos observados, a explicação mais
óbvia e em senso comum, a de que esses atrelavam-se aos desejos, vontades e ações dos deuses,
foi por muito tempo assumida como verdadeira, e os debates giravam em torno da questão do
porque os deuses agirem dessa ou daquela forma, e de como poder-se-ia agradá-los a fim de
que eles concedessem aos meros mortais graças e não punições. Com o avanço da ciência, à
medida que ganhou-se conhecimento acerca da inter-relação e causalidade dos fenômenos
naturais, tal visão religiosa gradualmente perdeu espaço, e talvez essa concepção configure-se
como o maior engano já cometido pelas religiões.

A incompreensão ou compreensão inadequada da regras físicas - segundo a ciência


inexoravelmente - atreladas aos processos naturais e que aos olhos comuns mostram-se como
extraordinários fez surgir ao longo da história relatos que renderiam tomos inteiros envolvendo
os que os religiosos denominam por milagres. Instituições como a Igreja Católica têm vários e
vários desses relatos registrados em seus acervos históricos; sendo inclusive pré-requisito para
a santificação de um membro o registro da execução de pelo menos um milagre mediante a
solicitação ou intervenção do mesmo.

Embora ainda enormemente difundido na cultura religiosa atual, não há relato de milagres que
sobreviveram ao escrutínio metodológico da ciência. A crença exacerbada nos mesmos
constituem nesses termos um erro épico atrelado à metodologia religiosa quer primordial, quer
atual; engano que já custou e ainda custa a vida de varias pessoas, inclusive.
Conclusão

A fé é parte integrante do homem, está com ele desde o nascimento, associada à fé sempre
existe uma religião, que seria como um estado mítico, para muitos, uma forma de explicação
ultrapassada. Enquanto que a ciência seria o motor do progresso e do conhecimento,
conhecimento esse que transforma o mundo proporcionando melhor qualidade de vida aos seres
humanos. A religião embora detentora de conhecimentos metafísicos, não deixa de fornecer
repostas para grandes questões que afligem a humanidade, como por exemplo: por que
existimos? De onde viemos? Para onde vamos? Há vida após a morte? Por que estamos aqui?
Etc. Existe conflito entre ciência e religião? O fato de que no passado a Igreja Romana era
detentora do conhecimento teológico e científico é inegável, pois determinava o céu, o inferno
e também a rotação dos planetas. O século XVIII trouxe consigo e ideia de que a religião estava
associada ao engano devido a diversos escândalos do alto clero, ouve então o início de uma
ruptura entre a ciência e a Igreja. No século XIX desenvolveu-se uma apologética para fazer
frente à disseminação do conhecimento científico através do método experimental, que postula
que todo conhecimento válido começa da observação e da experiência. Questões metafísicas
não tinham lugar nesse tipo de conhecimento, no entanto, a religião nunca deixou de fornecer
respostas que envolvem esse tipo de questões. Sabendo que cada uma dessas vertentes fala de
coisas diferentes, é possível estabelecer conflito entre elas? Ou elas não têm como competir? É
inegável que cada uma a sua maneira, religião e ciência têm oferecido recursos valiosos para
uma mudança de consciência ética e de ação entre os seres humanos.
Referencias Bibliogaficas

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