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SUMÁRIO
6 A PESQUISA ................................................................................................ 52
7 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 82
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Fonte:euquerobiologia.com.br
Biologia (do grego ,, bio, vida; , logia, estudo) é o termo que
denomina a ciência que estuda os seres vivos e as leis que regem o seu
funcionamento. Essa palavra surgiu pela primeira vez no título do livro Biologia ou
Filosofia da Vida Natural, publicado pelo naturalista alemão Gottfried R. Treviranus
(1776-1837) em 1802. Embora o nome da ciência só tenha surgido no século XIX, o
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estudo dos seres vivos começou há muito mais tempo, sendo um dos alicerces para
o estabelecimento da nossa civilização.
O conhecimento de alguns tipos de plantas que poderiam servir como alimento,
veneno ou remédio já existia na época em que viveu o Homem de Cro-Magnon (ca.
45.000-8.000 a.C.). Alguns achados arqueológicos revelaram que os homens
primitivos também chegaram a fazer furos no crânio de indivíduos (trepanação),
provavelmente tentando expulsar demônios para curar doenças ou aliviar dores. O
conhecimento de características biológicas de algumas espécies de plantas permitiu
não só cultivá-las, como também produzir diversos derivados, como por exemplo
farinha, caldos, sucos, bebidas alcoólicas, armas, abrigos e cordas. Os frutos do
conhecimento biológico proporcionaram condições para os homens primitivos
começarem a desenvolver sociedades sedentárias, construir cidades e expandir a
capacidade de obter novos conhecimentos. Como a escrita só começou por volta de
3.000 a.C., o conhecimento científico só pode ser considerado a partir dessa época,
porque as ideias e teorias formuladas a partir de então podem ser comprovadas. No
entanto, a Ciência começou a ganhar relevância em torno de 10.000 a.C., na região
do Oriente Médio, quando o homem começou a reunir os conhecimentos para
organizar a sua vida diária e acabou dando origem à civilização que chegou até nós.
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* Os Vedas, textos escritos originalmente em sânscrito por volta de 1.500 a.C., constituem a
base das escrituras sagradas do hinduísmo. A hoje conhecida Medicina ayurvédica guarda relação com
o conhecimento desses livros.
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* ca. é a abreviatura da palavra em latim circa, que significa cerca de, em torno de, próximo
de. Esta palavra é usada nesse tipo de informação quando não se tem certeza do ano que está sendo
citado.
** fl. Significa floresceu. Esta expressão é usada para informar a época em que o filósofo atingiu
o seu brilho e geralmente é colocada quando não se tem informação sobre as datas de nascimento e
morte desse filósofo.
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seus inimigos, tendo em vista terem efetuado várias vivissecções em seres humanos.
A partir das operações, Herófilo pôde observar as ligações do sistema nervoso central
entre o cérebro, a medula e os nervos, diferenciou nervos de tendões, descreveu o
sistema digestório, diferenciou as artérias das veias a partir das pulsações e colocou
o cérebro como centro da inteligência. Embora não tivesse rejeitado a teoria humoral
de Hipócrates, ele considerava que a vida era guiada por quatro fatores: nutrição
(fígado e órgãos digestivos), poder aquecedor (coração), sensibilidade e percepção
(nervos) e força racional (cérebro). Já Erasístrato fez seus estudos tentando explicar
e tratar doenças, chegando a usar torniquetes para reduzir a nutrição do tecido
afetado, além de tentar preveni-las a partir de remédios e da higiene. Ele descreveu o
fígado, a vesícula e o coração, inclusive suas valvas, sugerindo a sua ação como
bomba. Quando descobriu que estava com um câncer, resolveu se suicidar.
Os romanos são até hoje cultuados pela sua competência em lidar com
agricultura, engenharia, saneamento, higiene, administração e, principalmente, com
as guerras. O mesmo não pode ser feito para suas contribuições para a Biologia.
Apesar disso, é possível destacar uns poucos como Lucrécio (99-44 a.C.), que
escreveu Sobre a natureza das coisas, tentando combater a visão teológica da vida,
afirmando que o homem era um produto da natureza como as outras criaturas. Plínio,
o Velho (23-79 d.C.), escreveu o compêndio História natural, uma obra que abordava
observações sobre o Céu e Terra, Geografia, Etnografia, História natural, histórias de
animais, agricultura, silvicultura e horticultura, como também a preparação de vinho,
óleo e remédios. Essa obra permaneceu como uma referência até o século XVI. Outro
texto importante (Sobre a matéria médica) foi elaborado por Dioscórides (ca. 40-90),
que descreveu cerca de 500 plantas, além de drogas derivadas de plantas, de animais
e minerais.
Claudio Galeno (ca.130-210 d.C.) foi um importante médico romano cujas
ideias persistiram como referência para a prática médica, chamada de galenismo até
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o século XIX. Ele chegou a escrever mais de 300 textos abordando diversos temas,
incluindo dados anatômicos que permaneceram incontestáveis até o séc. XVI e
conceitos fisiológicos que persistiram até o século XVII. Partindo da concepção de
Platão da existência de uma alma tripartida (nutritiva, animal e racional), Galeno
definiu que o corpo humano era organizado de modo a aproveitar o pneuma (ar), que
seria o gerador da vida. Partindo dessa ideia, ele estabeleceu que o fígado processava
o pneuma para formar o espírito natural e o distribuía pelas veias de modo a nutrir o
corpo e fazê-lo crescer; o coração era responsável por coordenar os movimentos e
distribuir o espírito vital pelas artérias para aquecer e vivificar o corpo; o cérebro
formava o espírito animal, que era distribuído pelos nervos para proporcionar as
sensações e os movimentos musculares. Apesar de ter tido suas concepções aceitas
por muito tempo, várias delas continham erros que vieram a ser identificados
posteriormente. Vários desses erros foram registrados nos dados anatômicos em
consequência de ele ter tirado suas conclusões a partir de dissecações em animais
em vez de em humanos.
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Platão, Aristóteles e Hipócrates? Isso foi possível porque as obras dos autores
rejeitados na Europa foram preservadas pelos árabes, que as tinham como
referências para seus conhecimentos.
Um evento importante da Idade Média foi o surgimento das universidades, no
século XI, tendo sido a Universidade de Bolonha (fundada em 1088, na Itália, e em
funcionamento até hoje) a primeira a ser criada. A criação das universidades permitiu
a implantação do ensino formal, com currículos padronizados e aulas dirigidas a
grandes grupos de estudantes que, embora pudessem vir de diferentes regiões e
falassem diferentes idiomas, estudavam em latim, a língua que permaneceu por muito
tempo como aquela utilizada para escrever todos os textos. O currículo consistia nas
sete artes liberais: Gramática, Retórica, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música.
No final da Idade Média, o número de universidades europeias já estava em 80, e os
currículos já começavam a incluir outras disciplinas.
Um estudioso importante desse período foi o professor da Universidade de
Paris e frade dominicano Tomás de Aquino (1225-1274), posteriormente santificado
pelo Vaticano, que resgatou a obra de Aristóteles ao promover uma síntese entre a
doutrina cristã e o pensamento aristotélico. A interpretação dos trabalhos de
Aristóteles foi a referência usada por Alberto Magno (ca. 1200-1280), também
professor na Universidade de Paris e dominicano, nos seus estudos sobre a natureza.
Conhecido como Doutor Universal, ele descreveu várias espécies de plantas e pode
ter sido o primeiro a preparar o arsênico, além de ser conhecido pela publicação das
obras Sobre os minerais, Sobre os vegetais e plantas e Sobre os animais.
Roger Bacon (1214-1292), um franciscano que estudou nas universidades de
Paris e Oxford e ficou conhecido como Doutor Maravilhoso é hoje considerado como
o primeiro cientista moderno. Ele considerava que a Ciência experimental era
compatível com a Filosofia, a Metafísica e a religião. Uma opinião dele que ainda é
válida é a existência de quatro obstáculos que atrapalham o alcance da verdade das
coisas: autoridade fraca e inepta, hábitos antigos, opinião popular sem instrução e
encobrimento da ignorância de alguém por uma aparência de sabedoria.
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Hildegard de Bingen (1098-1179) foi uma das poucas medievais que conseguiu
ultrapassar a barreira que impedia as mulheres de atuar nas universidades. O seu
Livro da Medicina simples foi provavelmente o primeiro livro escrito por uma mulher
que abordou as propriedades terapêuticas de plantas, animais e metais. Embora as
ideias do seu tempo fossem de que os problemas mentais seriam resultado de
possessões do demônio, Hildegard propôs que esses problemas resultariam de
causas naturais, o que hoje está confirmado.
Ao contrário dos europeus, que só passaram a aceitar os conhecimentos dos
gregos depois da intervenção de Tomás de Aquino, os árabes lançaram mão de uma
enorme quantidade de material dos gregos, romanos, persas e indianos, o que os
levou a desenvolver várias ideias e tecnologias bem antes dos europeus. Um dos
estudiosos mais importantes dessa época foi o médico Abu Bakr Mohamed Ibn
Zakariya al-Razi (865-923), conhecido no Ocidente Medieval como Razes, que
chegou a escrever 200 obras sobre Medicina e Filosofia. Uma delas foi o livro Sobre
a varíola e o sarampo, obra que diferenciou as duas doenças, informando sobre
terapias e diagnósticos. Uma característica desse estudioso era a sua visão crítica da
Ciência, ao julgá-la como sempre sujeita ao progresso, o que fazia com que os
conhecimentos anteriores fossem sempre passíveis de revisão. Nesse sentido, uma
obra interessante que ele publicou foi o livro Dúvidas em relação a Galeno.
Classificado como o “Galeno islâmico”, Abu Ali Hysayn ibn Abullah ibn Sina
(980-1037), conhecido no Ocidente como Avicena, escreveu o Cânon da Medicina,
que durante muito tempo foi uma referência para a Medicina islâmica e europeia ao
ponto de torná-la estagnada. Outro notável médico islâmico foi Ala-al-Din Abu al-
Hasan Ali Ibn Abi al-Hazm al-Qarshi al-Dimashqi (conhecido como Ibn Al-Nafis) (1213-
1288), que escreveu o Livro geral da arte da Medicina, que compilava em 80 volumes
os 300 volumes de anotações que ele possuía. Mas não foi essa obra que fez com
que ele fosse lembrado ainda hoje. A sua descrição da circulação pulmonar, também
chamada de pequena circulação, mostrou que Galeno estava enganado ao afirmar
que o sangue atravessava o coração do lado direito para o esquerdo através do septo
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Desenho dos órgãos internos do corpo humano encontrado em manuscrito da Idade de Ouro do
Islamismo
Fonte:muslimheritage.com
Você já deve ter ouvido falar desse grande filósofo chamado Aristóteles. Ele
nasceu numa cidade chamada Estagira, no norte da Grécia, em 384 a.C.. Foi enviado
a Atenas, por volta dos dezessete anos de idade, onde teria estudado durante vinte
anos na Academia, um centro de estudos fundado por Platão, de quem foi discípulo.
Ali, desenvolveu suas ideias filosóficas e sua paixão pelo estudo da Natureza,
tornando-se professor mais tarde.
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Antes de Aristóteles, a ciência natural não era muito prestigiada entre alguns
dos mais importantes filósofos. Platão, o mestre de Aristóteles, por exemplo,
considerava o mundo natural inferior ao que ele chamava de mundo das ideias. Para
ele, era melhor gastar o tempo filosofando sobre as formas do triângulo do que
observar o mundo à sua volta (LANA, 2008). As investigações filosóficas de Aristóteles
deram origem a diversas áreas do conhecimento como a Biologia, a Zoologia, a Física,
a História natural, a Poética, a Psicologia, além das disciplinas propriamente
filosóficas como a Ética, a Teoria política, a Estética e a Metafísica. Ele é reconhecido
como aquele que iniciou o estudo científico da vida.
Não se pode deixar de reconhecer que alguns filósofos naturalistas gregos em
muitas outras ocasiões tenham especulado sobre a origem das coisas vivas, e que
boa parte dos estudos de Hipócrates, escritos antes ou durante a época de Aristóteles
apresentava um grande interesse sobre a anatomia humana, a fisiologia e a patologia.
Mas o fato é que, antes de Aristóteles, apenas alguns dos tratados de Hipócrates
levantavam os aspectos sistemático e empírico desses temas, estando seu foco
exclusivamente voltado para a saúde humana e a doença. Aristóteles, ao contrário,
considerava a investigação das coisas vivas, especialmente dos animais, como sendo
fundamental no estudo da Natureza. Seus escritos sobre a zoologia defendem um
método próprio para a investigação biológica, proporcionando um primeiro estudo dos
animais em termos de sistemática. Não havia nada tão bem escrito sobre esse tema
até o Século XVI. Por tais razões, Aristóteles é considerado um dos maiores
pensadores de todos os tempos. No seu circuito filosófico, Aristóteles conheceu
Teofrasto, um jovem com interesses similares aos seus sobre as ciências naturais.
Assim, a ciência da biologia se origina a partir de Aristóteles e Teofrasto: o primeiro
investigando a sistemática dos animais e o segundo fazendo o mesmo com as plantas.
Aristóteles foi capaz de realizar muitas coisas na área da Biologia porque ele
tinha uma grande capacidade de reflexão sobre a natureza da pesquisa científica.
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na terra. Afirma que alguns animais são solitários e outros vivem em grupos,
ressaltando que alguns compartilham tanto do modo de vida gregário como do
solitário. Observa que as aves, em especial, têm comportamento gregário, bem como
certas espécies de peixes. Afirma que o homem tem comportamento tanto gregário
como solitário e que os organismos podem ter um tipo de alimentação carnívora,
herbívora (granívora) ou onívora.
Aristóteles descreveu como sendo criaturas sociais o homem, as abelhas, as
vespas e as formigas. Discorreu sobre as diferentes capacidades de emissão de sons
pelos animais, associando o canto ao período de acasalamento. Ele determinou uma
classificação dos animais em aqueles que “tem sangue”, que ele considerava
superiores em tamanho e os “sem sangue”, que seriam inferiores. Analise o que ele
escreve, no trecho abaixo, do seu livro História dos animais:
Os animais sem sangue são, em regra geral, inferiores em termos de tamanho
aos animais com sangue; embora, também sejam encontradas no mar algumas
poucas criaturas sem sangue de tamanho anormal, como é o caso de determinados
moluscos. (ARISTOTLE, 2007, documento exclusivo da Internet).
Alguns dos trabalhos desenvolvidos por Aristóteles foram:
- a caracterização de golfinhos e baleias como animais distintos de peixes e a
atribuição da denominação de cetáceos a esses animais, um termo ainda em uso para
os golfinhos, atualmente;
- a distinção de peixes que tem esqueletos ósseos daqueles que não tem;
- o ciclo de vida das abelhas, detalhadamente descrito;
- os efeitos climáticos e ambientais sobre os animais;
- padrões de migração sazonal de aves e peixes.
Pouco se sabe do trabalho de Aristóteles sobre as plantas, mas seu extensivo
estudo sobre o reino animal influenciou a formação nessa área durante muitos
séculos. Muitos de seus trabalhos contêm referências à natureza das plantas. Em sua
opinião, elas estariam classificadas entre algo inanimado e os animais, pois acreditava
na existência de uma transição entre esses dois grupos.
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Fonte:i0.wp.com
Até agora, você teve uma visão geral dos trabalhos realizados pelos primeiros
estudiosos dos organismos vivos e dos fenômenos biológicos, como também das
explicações que eles propuseram. Também foi possível perceber que a maioria dos
trabalhos foi realizada antes da Idade Média, época em que a Ciência esteve limitada
pelo avanço do cristianismo na Europa. Com a chegada do Renascimento, que
aconteceu entre os séculos XIV e XVII, a Europa redescobriu os achados da
antiguidade clássica e retomou os estudos do homem e da natureza. Neste capítulo,
teremos uma visão dos achados obtidos pelos estudiosos desse período e das
transformações ocorridas como consequência dessas descobertas.
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Fonte: metrocamp.edu.br
O maior anatomista dessa época e pai da anatomia moderna foi o belga Andrea
Vesalio (1514-1564). Ele iniciou seus estudos em medicina na Universidade de Paris,
onde realizou várias dissecações para um professor galenista e passou a criticar os
professores que davam aulas baseadas nos trabalhos de Galeno, no entanto não
faziam dissecações. Ele concluiu seu curso na Universidade de Pádua, da qual foi
professor e onde implantou uma série de mudanças nas aulas de anatomia. A principal
delas foi a de ele mesmo fazer a dissecação e mostrar as estruturas, o que levou suas
aulas a serem acompanhadas por muitas pessoas, mesmo que naquele tempo as
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aulas de anatomia ainda não fossem muito importantes para o estudo da medicina.
Como naquela época ainda não havia substâncias como o formol, que conservam o
cadáver, diminuindo assim o problema da putrefação, Vesalio ministrava suas aulas
durante o inverno. Essa talvez tenha sido uma das causas para que ele não tenha
sido vítima do miasma pútrido*, que matou muitos anatomistas desse tempo.
Miasma pútrido*: Termo que definia os gases e vapores emanados por organismos em
decomposição, que, como hoje é sabido, poderiam conter micróbios que contaminariam quem tivesse
contato.
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demonstrar que o coração era um músculo que impulsionava o sangue para o corpo
e para os pulmões, saindo dos ventrículos pelas artérias e retornando para os átrios
pelas veias. Como ele não teve acesso aos microscópios, não pôde esclarecer como
o sangue migrava das artérias para as veias dentro dos tecidos (hoje sabemos que
acontece pelos capilares). O que chama a atenção nos seus estudos é o fato de que
as técnicas que ele empregou não necessitavam de quaisquer materiais ou
instrumentos que não estivessem disponíveis já no tempo de Aristóteles, Galeno ou
Vesalio.
Santorio Santorio (1561-1636), outro professor da Universidade de Pádua,
realizou uma série de experimentos na tentativa de explicar a perspiração insensível
que naquele tempo era considerada como uma forma de respiração. Os experimentos
de Santorio incluíam uma série de medidas realizadas ao longo de 30 anos, como o
peso do corpo antes e depois de comer, beber, descansar, dormir e exercitar-se, o
volume e o grau de turbidez da urina, o pulso e a temperatura do corpo. Para tanto,
ele construiu vários aparelhos, como uma cadeira-balança, um “pulsilógio” que media
o pulso e o primeiro termômetro com escala (termoscópio). Seus achados foram
publicados no livro Sobre a medicina estática, que chegou a ter 32 edições e ser
traduzido para vários idiomas, mas não conseguiram provar que a perspiração
insensível era uma forma de respirar. Mesmo tendo sido um precursor no estudo da
fisiologia de forma quantitativa, Santorio também não questionou as afirmações de
Galeno.
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Fonte:nossaciencia.com.br
Para que esses processos tragam de fato resultados positivos, é preciso que
velhos hábitos deixem de fazer parte da rotina de alguns profissionais da educação,
no ensino de Ciências, como defendem Cachapuz, Praia e Jorge (2004), ao afirmar
que é preciso evitar o caráter transmissivo de conteúdos, já que este impede o
desenvolvimento do caráter investigativo, pelo fato de não desenvolver o estímulo à
busca de respostas e à curiosidade. Além disso, os alunos recebem as respostas sem
que sejam questionados sobre elas, ou ainda sobre como se chegou às mesmas. Da
mesma forma, privilegiar a extensão e não a profundidade nas abordagens dos
conteúdos, não promove a efetivação da aprendizagem. É bastante comum encontrar
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Fonte:3.bp.blogspot.com
que os alunos tenham maior ou menor dificuldade para aprender. Procurar saber a
influência que cada um desses quesitos exerce sobre os alunos e trabalhar sobre eles
pode auxiliar na redução dos problemas de aprendizagem enfrentados nas escolas.
Para isso, é necessária muita análise. No entanto, Leopoldo de Meis (2009, apud
WERTHEIN; CUNHA, 2009) revela que existe pouca pesquisa em educação no
planeta, o que pode ser a principal causa da discrepância entre a produção do saber
novo e a forma de como transmiti-lo. Apesar de haver uma considerável expansão na
pesquisa em educação, ainda hoje é proporcionalmente baixa, a considerar a
necessidade de melhorias, o que pode ser alcançado mais prontamente através de
pesquisas nesta área, que possam indicar novos caminhos e soluções. Mais do que
isso, as pesquisas na área da educação precisam chegar aos locais de mudança,
como é o caso das escolas. Do contrário, cada seguimento faz seu trabalho de forma
individualizada, sem que, efetivamente, traga benefício às partes envolvidas.
Pesquisadores e docentes precisam buscar um trabalho em conjunto para que os
alunos sejam favorecidos e percebam a integração entre as áreas. Tais pesquisas
podem suscitar, dentre outras coisas, novas metodologias. O modo como o ensino de
Ciências acontece para os alunos é extremamente relevante para o seu entendimento.
Ferreira (2014, p. 193) propõe que “a melhor forma de iniciar os estudantes no estudo
das ciências seria por meio de um ensino integrado, e não por meio de disciplinas
escolares diretamente vinculadas a áreas específicas do conhecimento”.
Isto não ocorre, e na maioria das vezes, os alunos não conseguem
correlacionar Ciências com Biologia, pois (também) essas disciplinas são ensinadas
de forma fragmentada, fazendo com que os alunos as enxerguem como conteúdos
“engavetados”. Na aula de Geografia, abre-se a “gaveta” desta disciplina, na aula de
Matemática é a vez de abrir a “gaveta” de Matemática, e assim sucessivamente,
impedindo qualquer percepção de que possa haver uma conexão entre essas
“gavetas”. Esta visão subdividida é bastante prejudicial quando o aluno entra no
Ensino Médio, prejudicando a relação que ele possa fazer entre os conteúdos já
conhecidos da disciplina de Ciências com aqueles que serão aprendidos em Biologia.
A dialogicidade, ao contrário, propicia uma interação constante, e possibilita que a
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podem (e devem) muito bem utilizar esta forma de atividade, pois é uma excelente
maneira de permitir que os alunos expressem sua opinião e capacidade de
argumentação, muito úteis nas disciplinas em questão. No entanto, Delizoicov, Angotti
e Pernambuco (2009, p. 295) expõem que:
Em geral, somente nas aulas de linguagem se trata da relação oralidade –
escrita e do uso da escrita como forma de expressão [...] Nas outras disciplinas,
predomina o uso da oralidade, e os textos, quando aparecem, surgem somente como
exercícios de fixação: escritos a ser copiados, “pontos” a ser decorados, questionários
a ser respondidos como frases constantes nos textos que o precedem. Nessas
disciplinas, a linguagem quase nunca tem um papel de expressão, seja de novas
ideias a ser compreendidas, seja de registro de novos conhecimentos já adquiridos.
É possível averiguar o quão importante e necessário se mostra o estímulo à
leitura, para que, dentre outras coisas, se oportunize aos alunos o desenvolvimento
do pensamento de forma autônoma, proporcionando a possibilidade de que eles não
fiquem alheios aos acontecimentos que os cercam. Quanto antes acontecer esse
estímulo, tanto melhor, mas qualquer que seja a etapa de escolaridade é
indispensável que a leitura esteja presente na vida escolar dos alunos, para que
desenvolvam (ou aprimorem) a familiaridade com a leitura de enunciados mais longos
e com a produção de textos que requeiram argumentação de opinião própria, na área
de Ciências/Biologia. Além disso, a incapacidade de fazer correlações entre diferentes
temas demonstra a não apropriação destes pelos alunos, fazendo com que o
conhecimento adquirido se transforme em algo inútil, desestimulante e
contraproducente, com fim apenas em si mesmo, sem aplicabilidade no cotidiano. Um
dos motivos para tanto, vem do despreparo e da falta de aperfeiçoamento do
professorado (WERTHEIN; CUNHA, 2009). A Ciência não é um conjunto de
conhecimentos prontos e não é possível ensinar Ciências sem repensar o
conhecimento existente. Questionar o próprio trabalho precisa ser uma constância no
trabalho do professor. A memorização continua ocupando lugar de destaque, tanto na
escola quanto na universidade, em muitos casos fazendo com que conceitos novos
invalidem os anteriores, de forma a prejudicar o aprendizado (DE MEIS, 2009, apud
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Fonte: vestibular.mundoeducacao.bol.uol.com.br
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ASTRONOMIA MATÉRIA SISTEMAS ENERGIA BIODIVERSIDADE
BIOLÓGICOS
universo; níveis de formas de organização dos
organização; energia; seres vivos;
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6 A PESQUISA
Fonte:faculdadeasa.com.br
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Disparidade detectada na retomada na 1ª série do Ensino Médio em relação aos conteúdos das
disciplinas científicas. Fonte: educadores.diaadia.pr.gov.br (2016)
É importante deixar claro que esta é apenas uma hipótese, mas se de fato esta
lacuna pode interferir na apreensão sobre os conteúdos biológicos aprendidos no
Ensino Fundamental, é relevante avaliar o quanto os estudantes assimilaram dos
conteúdos biológicos tratados na disciplina de Ciências, pois pode reduzir o incômodo
e a frustração de um trabalho sobre um assunto que eles não dominam. Este é o
intuito da utilização do Produto Educacional - Entrando no Ensino Médio: Caderno de
Avaliação Diagnóstica de Conteúdos em Biologia, para avaliar o repertório trazido por
estes estudantes, na primeira série do Ensino Médio.
Em contrapartida, a figura 2 apresentada a seguir, mostra a possibilidade de
redução da fragmentação de conteúdos biológicos entre o Ensino Fundamental e o
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Contribuição esperada pelo Caderno de Avaliação Diagnóstica na 1ª série do Ensino Médio com
relação aos conteúdos das disciplinas de Biologia. Fonte: educadores.diaadia.pr.gov.br
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Está-se a construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e
examinam as partes”. Tabular e classificar os dados obtidos ajudou a definir em quais
conteúdos investir mais, o que retomar coletivamente e o que trabalhar em pequenos
grupos, estimulando a conexão dos novos conhecimentos aos preexistentes. O
Caderno contém questões diversificadas e contextualizadas, concernentes a
conteúdos biológicos que serão aprofundados durante a primeira série do Ensino
Médio. As questões foram formuladas entre os meses de outubro e novembro de
2014, de modo a abranger os conteúdos programados para a série em questão,
incluindo questões de múltipla escolha, charge, desenho, palavras- cruzadas, caça-
palavras, questões subjetivas, dentre outras formas de avaliação. Em dezembro de
2014 foram validadas por um parecerista externo. Novas reformulações foram
realizadas, até que se chegasse à versão definitiva do caderno, que foi utilizado na
primeira semana de aula, com os alunos de três turmas de 1ª série do Ensino Médio
do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli.
para estratégias a serem tomadas, permitindo sua continuidade processual por meio
de reformulação de análises e ações que promovam o melhoramento do objeto de
pesquisa. Segundo Tarozzi (2011, p. 19), “o êxito de uma pesquisa conduzida com a
GT é uma teoria, uma interpretação racional, densa, articulada e sistemática, capaz
de dar conta da realidade estudada”.
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Questão 1: Existe uma grande dificuldade na maioria das vezes, em entender certos termos
utilizados na disciplina de Biologia. Por que isto acontece? Porque tais termos possuem
radicais (a parte da palavra que tem significado) latinos e gregos, que são desconhecidos para
a maioria das pessoas, mas que são necessários, por serem termos que não sofrerão
alterações. Se conhecermos estes radicais, ficará mais fácil de entender as palavras a partir
deles.
No quadro abaixo, apresentam-se alguns radicais e prefixos de origem grega ou latina, muito
utilizados na disciplina de Biologia
Utilize alguns deles para montar as palavras que preencherão a cruzada, a partir de
seus significados. Como exemplo, segue uma preenchida e explicada:
1
M 4
5 3 I
C
6 R
O
7 -
O
8 R
G
A
N
59
9 I
S
M
10 O
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Horizontal:
3 – Estudo da célula
6- Região interna da célula.
7- Origem do indivíduo.
8- Músculo cardíaco.
9- Estudo dos tecidos.
10- Falsos pés.
Vertical
1 - Ser vivo muito pequeno. ( ser vivo = organismo; muito pequeno = micro).
2 - Organismo capaz de produzir o seu próprio alimento.
4 - Grupo de animais com vida dupla: na água e na terra.
5 - Terapia com a utilização de plantas.
Questão 2: Variadas espécies compõem a Biosfera (camada da Terra onde existe vida). Na
Biosfera habitam desde seres microscópicos até seres mais complexos de plantas e animais.
Em comum, todos apresentam a característica de serem vivos. Esta biodiversidade, ou seja,
esta variedade da natureza viva, representada pelos seres vivos, é importante para a
manutenção do equilíbrio no Planeta. Podemos, neste caso, afirmar que todos os seres vivos
são formados por células?
b) Não ( ). Neste caso, de que são formados os seres vivos que não apresentam células?
Exemplifique.
Questão 5: Existe uma grande variação entre formas celulares, principalmente pelo fato de
que, de acordo com a função que exerce, a célula apresenta uma forma diferente para se
adaptar a ela. Mas todos nós temos em mente uma imagem do que seja uma célula.
Represente no espaço proposto, a imagem que você faz de uma célula, com seus
componentes básicos. Em seguida, nas opções ao lado, indique o número aproximado de
células presentes no organismo.
a) Cerca de 10 mil.
b) Aproximadamente 10 milhões.
c) Em torno de 10 bilhões.
d) Mais de 10 trilhões.
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formação dos seres vivos. Sendo assim, compreender Biologia Celular se torna
fundamental para compreensão da Biologia como um todo.
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Questão 7: Vírus são considerados seres acelulares pela maioria dos pesquisadores,
isto é, não apresentam composição celular. Além disso, são intracelulares obrigatórios e não
sobrevivem em qualquer lugar. Desconsiderando as exceções, como o vírus da hepatite C,
por exemplo, que pode sobreviver em sangue humano, sob certas condições, até dois meses
fora do corpo (seringas, lâminas etc.), de um modo geral, onde os vírus se reproduzem?
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V H U Y B L N K Y Q R T M Ç A C Q N A V S I Z G
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T U E U Q F T R P N H K J O I N E G I X O T E E
F C S M T O Q M R R S S G G R A F C S Q A C I F
A Y E L J T N I T R O G E N I O L G E J Ç L H A
Y I T W P O Z R L Z L A F S P G K K Ç G A K G T
W K N E V S V P I K Q O Q E A F E L Y Y R X L I
W A I C V S U C B M X C I V R N M P G G I B I S
D N S F E I B A U H U L E B I M J E O Y P T C U
B L S G G N C G Ç V S O G L O J E J J J S O O J
Q L O J B T G B L Ç S R I Q U Q X N M Q E D S T
Y I I Y E E E N Z L A O X G D S U Z T I R U E K
D I M R X S V G V B J F W B R I U S S A S W H U
M C I Q M E T A B O L I S M O A H T U V Ç J C O
X A U M V L R Z Q H Y L F H S G J Q A G W A K D
S A Q M G L Y E M A R A X H Y Ç G K U N N V O A
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assunto. Esta visão sincrética pôde ser constatada, por exemplo, em relação ao
entendimento dos alunos participantes da presente pesquisa sobre os seres vivos e
as células. Para que se possa discorrer mais sobre este tema, segue a questão de
número nove da pesquisa em tela. Tal questão se refere às características dos seres
vivos:
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Mais uma vez, se o aluno não conseguir fazer conexões entre os diferentes
conceitos, será incapaz de fazer suas próprias relações mentais e tirar conclusões a
partir delas. Construir significados vai muito além de reproduzir informações sem o
seu entendimento. O ensino deve explorar relações entre ideias, buscando diferenças
e similaridades, de modo que os alunos possam integrar os significados para
proporcionar uma aprendizagem significativa.
Possíveis razões para que os alunos apresentem dificuldade no estudo da
célula, e consequentemente, na formação dos seres vivos, podem estar ligadas ao
modo como tais conteúdos são ensinados. Bastos (1992) considera este problema
quando expõe que o ensino de Biologia, muitas vezes, deixa de ressaltar aspectos
centrais do conteúdo para se ocupar de detalhes e processos, como definições,
nomes e afirmações que exigem apenas memorização dos alunos, mas não
estimulam a aplicação de conhecimentos em novas situações. Neste caso, os alunos
sabem que as células existem, mas não conseguem relacionar o fato de que elas
estão presentes em seu organismo (BASTOS, 1992), o que torna ainda mais difícil
aceitar que um ser microscópico seja formado por célula(s). Existe a necessidade de
conciliar características do conteúdo com as de nível de desenvolvimento intelectual
dos alunos. Mais uma vez é importante ressaltar a importância da utilização de uma
averiguação de conhecimentos no início do ano letivo (proposta do Produto
Educacional – Entrando no Ensino Médio: Caderno de Avaliação Diagnóstica de
Conteúdos em Biologia), para buscar essa conciliação. Deve-se evitar, também, o
reducionismo e suas implicações. É bastante comum que o professor utilize as
mesmas explicações para representar diferentes processos biológicos, e se o aluno
não apresenta a capacidade de integrar os significados, como exposto antes, só pode
causar uma confusão mental, embaralhando conceitos. Bastos (1992) sugere que,
para evitar visões parciais e distorcidas sobre a célula, o professor procure falar de
processos que dependam do trabalho celular cooperativo, ou seja, aqueles em que a
atividade celular isolada não seja suficiente para que ele aconteça. Dessa forma,
conhecendo o trabalho celular associado, será mais fácil para que o aluno perceba
como cada célula, separadamente, pode trabalhar. Só assim se promove a
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possibilidade de que os alunos percebam que o todo só funciona com o trabalho das
partes e, portanto, voltando à interpretação da opção “i” da questão nove, um ser
unicelular não sobreviveria caso não fosse formado por célula.
6.4 Considerações
que devem ser explorados. É muito importante que o professor permita questionar-se
e alterar sua didática e concepções, quando necessário. Além disso, busque
desenvolver no aluno o exercício do pensamento e raciocínio próprios, para evitar que
ele considere como verdade absoluta tudo o que seja veiculado nas mídias, já que
nem sempre os meios de comunicação abordam a Ciência de modo adequado.
Os resultados deixam claro que os alunos trazem consigo algum conhecimento
sobre alguns conteúdos estudados em Biologia, mas como este conhecimento é muito
diversificado entre os alunos, é preciso retomar boa parte deles para fazer um link
entre o que já sabem com o aprofundamento que ocorrerá durante o Ensino Médio.
Além disso, é certo que não há mais espaço para aquele professor avesso a inovações
ou atualizações constantes, sejam elas de qualquer aspecto. O currículo, por exemplo,
apresenta uma conformação geral, no entanto, é fundamental que o professor tenha
a consciência de que ele tem autonomia para construir o seu plano de trabalho
docente a partir do currículo proposto, selecionando o que de fato considere adequado
e relevante, adaptando-o às necessidades de cada turma, com suas particularidades
e a seu tempo, levando em conta, inclusive, o universo que os rodeia. Como professor
de Ciências/Biologia, é importante, ainda, estimular a participação dos alunos, para
que desenvolvam características essenciais na compreensão de qualquer disciplina,
em especial disciplinas científicas: a curiosidade e a imaginação, esta que é parte da
aprendizagem, já que aprender, dentre outras coisas, significa construir significado a
partir das informações recebidas. A imaginação cria condições de aprendizagem.
Por sua vez, a aprendizagem pode ser constatada através de um instrumento
importantíssimo, porém nem sempre empregado de maneira adequada: a avaliação –
um recurso que requer maior atenção do professor antes de ser utilizado. Questionar-
se sempre sobre o seu propósito, a forma de elaboração, a interpretação de seus
resultados, dentre outros aspectos, são práticas indispensáveis ao professor
comprometido com a educação. A avaliação diagnóstica, utilizada neste trabalho, é
um recurso na aferição do nível de conhecimento dos alunos, no que diz respeito aos
conhecimentos biológicos da disciplina de Ciências. Configura-se como ponto de
partida para a tomada de decisão sobre quais assuntos merecem maior atenção,
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quais metodologias surtiriam efeito positivo, o que precisa ser mudado no plano de
trabalho docente, de que maneira um trabalho interdisciplinar poderia beneficiar os
envolvidos, que outras estratégias devem ser repensadas como tentativa de propiciar
um desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem.
Todas as tentativas de reduzir as dificuldades no ensino de Ciências/Biologia
são válidas. Nem todas dependem apenas da atuação do professor em sala de aula.
Há aquelas, que é necessário que outras instâncias também colaborem e façam sua
parte. Durante a pesquisa (e mesmo depois dela) ficou evidente que não há
comunicação entre os pares. Professores de disciplinas correlatas precisam trocar
informações, para que os alunos possam perceber uma mesma “linha de
pensamento”, mesmo que cada profissional tenha seu estilo e didática próprios. As
reuniões pedagógicas devem ser aproveitadas também para promover o diálogo entre
os professores de áreas afins. Nem sempre é fácil, mas é necessário.
Testar novas metodologias e materiais deve fazer parte de sua prática. A
proposta da formulação do Caderno de Avaliação Diagnóstica de Conteúdos em
Biologia, como já foi dito, não foi encontrar a solução para o problema levantado, pois
seria uma visão reducionista demais acreditar nisto, mas ela aponta para um dos
encaminhamentos: a identificação das deficiências encontradas nos alunos com
relação aos conteúdos científicos quando adentram ao Ensino Médio, sem que para
isso houvesse a necessidade de contar com a colaboração de outros agentes da
escola ou de outras esferas (sociais, familiares etc.). O desafio, portanto, estará
sempre presente, pois novas turmas virão, com perfis e dificuldades diferentes, que
exigirão adequações constantes desse e de outros instrumentos a serem utilizados.
Talvez seja este um dos maiores encantos da profissão de professor: a necessidade
constante de inovação e adaptação.
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7 BIBLIOGRAFIA
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