Você está na página 1de 19

INTRODUÇÃO

O termo saúde acompanha a história da humanidade, começando a milhares de


anos e se estendendo até os dias actuais. O século XVIII marca a evolução nos estudos
epidemiológicos, bem como o início da aplicação do termo as necessidades da
sociedade. A partir de então, saúde passou a refletir uma conjuntura social, econômica,
política e cultural, Scliar (2007) completa dizendo: dependerá da época, do lugar, da
classe social, de valores individuais, de concepções científicas, religiosas e filosóficas.

O início do século XX é marcado pelo inicio do maior conflito bélico da história,


consequência da luta entre as maiores potências mundial daquele momento, causando
desestabilizações políticas, sociais, econômicas e culturais por todo o mundo (SCLIAR,
2007). Somente após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1948, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) divulga o primeiro conceito universal de saúde:
“Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de enfermidade”. O conceito refletiu a nova configuração mundial do período
pós-guerra, sendo vastamente criticado, porém fruto de futuras reestruturações políticas.
A primeira manifestação da OMS trouxe mais discussões a respeito não somente do
conceito, mas também de sua aplicabilidade, num momento de transição e configuração
de uma nova estabilidade política e social a nível mundial. A partir da segunda metade
do século XX, saúde se estabelece firmemente como um campo, o Health Field
(SCLIAR, 2007).

Em 1977, a Conferência de Alma-Ata marcou o surgimento dos serviços que


prestam os cuidados na atenção primária à saúde (APS), representam o princípio de que
a saúde é um direito universal e parte constituinte de um processo mais geral de
desenvolvimento social e econômico das comunidades. A implementação da proposta
estabeleceu, de uma vez por todas, o papel do governo ou dos Estados no campo de
saúde pública (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2008). Para firmar a ideia de que, num
contexto mundial saúde passou a ser considerada um direito, aconteceu em 1986 a
Primeira Conferência Internacional de Saúde (FARIA et al., 2009).

1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conceito de saúde sofreu diversas intervenções ao longo dos últimos 100 anos,
pois foi conceituada a partir de diversas visões de mundo, numa construção social e
histórica, saindo do conceito simples de ausência de doença para um conceito amplo
com várias dimensões, tais como biológica, comportamental, social, ambiental, política
e econômica.

Hoje, o conceito adoptado mundialmente é o da Organização Mundial da Saúde que


a define como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste
apenas na ausência de doença ou de enfermidade.” (OMS, 1946)

Porém, a saúde não foi sempre assim tratada no decorrer da sua evolução histórica,
pois no estudo aqui realizado, verificou-se que a saúde “vai desde a concepção mágico
religiosa, passando pela concepção simplista de ausência de doença, até chegar a mais
abrangente concepção adoptada pela Organização Mundial da Saúde” (CZERESNIA,
2003).

Portanto, nota-se que a concepção do que é saúde sofreu diversas modificações até
se chegar ao actual conceito mais adoptado que é o da Organização Mundial da Saúde e
busca-se primordialmente a promoção da saúde que se baseia no direito humano
fundamental visando permitir aumentar o controle sobre sua saúde e seus determinantes,
sendo que a saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a segurança.

Tecendo-se um breve comentário acerca da origem do termo saúde, este vem da raiz
etimológica salus. No latim, esse termo designava o atributo principal dos inteiros,
intactos, íntegros, e no grego salus provém do termo holos, no sentido de totalidade, raiz
dos termos holismo, holístico. Ou seja, este termo refere-se ao todo.

Uma vez definido o que é saúde, é de suma importância compreender a sua


evolução histórica no mundo, pois como já dito anteriormente, a saúde sofreu
intervenções religiosas, sociais e econômicas. E para se entender a abordagem da saúde
é na actualidade é necessário conhecer a sua história, uma vez que o que se vê
actualmente é o relato da contemporaneidade e que tem suas raízes em eras muito
antigas. Apontando tal importância sobre a história da saúde e da doença anota-se:

Que a saúde e a enfermidade são algo mais que fenômenos biológicos; de que em
torno dos cuidados, dos mecanismos de controle e das curas estão dimensões relevantes
da história da saúde e da doença […] e que o processo saúde-doença diz respeito não
apenas à salubridade ou a insalubridade de nossos países, mas é revelador, constituinte e
formador de aspectos cruciais da modernidade e da história social, política, intelectual e
cultura. (HOCHMAN; XAVIER; PIRES-ALVES, 2004, p. 45)

Partindo-se da premissa de saúde como concepção religiosa, pode-se dizer, então,


que a preocupação com a saúde de forma colectiva, veio com as primeiras epidemias
que afitaram um número maior de pessoas, fazendo com que se pensassem a causa
delas. Na Bíblia, tem-se registros de doenças, como a lepra (actualmente hanseníase),
que afectava a vida de muitas pessoas ainda na época antes de Cristo, trazendo a

2
preocupação de isolar os leprosos para se evitar o contágio do restante da população,
pois entendiam que a doença era contagiosa, além de que era vista como um castigo
divino. Anote-se:

Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente por


imundo, na sua cabeça tem a praga.

Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua cabeça
será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo, imundo.

Todos os dias em que a praga houver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a
sua habitação será fora do arraial. (LEVÍTICO 13:44-46)

Ainda nessa concepção religiosa, na Idade Média, a Igreja exerceu grande influencia
na política e na consequentemente no que tange a saúde. Pois, seguindo o ensinamento
bíblico acima referido, a doença era tratada como um castigo divino e os doentes eram
isolados. No entanto, essa conduta de isolar os doentes acabou por atrasar os avanços
científicos na área da saúde, pois comprovavam apenas a falta de tratamento da
população, conforme demonstra-se na visão de Sevalho (1993, p.5):

Na idade média […] casas de assistência aos pobres, abrigos de viajantes e


peregrinos, mas também instrumentos de separação e exclusão quando serviam para
isolar os doentes do restante da população. Um dos valores básicos que envolvia a
existência dos hospitais do medievo era a caridade, pois cuidar dos doentes ou
contribuir financeiramente para a manutenção destas casas significava a salvação das
almas dos benfeitores.

No entanto, esse entendimento de benevolência divina passou a ser questionado com


o aparecimento de novas doenças, fazendo com que alguns estudiosos passassem a
acreditar que as doenças poderiam passar de uma pessoa para outra e iniciando-se a
ideia de que há formas de se evitar doenças, como aponta Sevalho (1993, p. 5):

Nos anos 1300, ao tempo da peste negra, um médico árabe relatava que a doença
podia ser contraída pelo contacto com os doentes ou através de peças de vestuário, louça
ou brincos (Sournia&Ruffie, 1986). De qualquer modo, na visão de mundo dos cristãos
medievais, estava contextualizado o temor que a doença imprimia. A sensação de que
devia ser mantida à distância, o necessário afastamento do perigo desconhecido
pressentido, o medo do sofrimento e da morte.

Passada essa era de domínio da Igreja, surge então a fase de racionalismo e de


grande avanço científico, é o chamado iluminismo. Nesse período, juntamente com a
ciência, os conhecimentos da área de saúde tiveram um enorme avanço, isto porque, “o
ser humano que acompanhava o nascimento da ciência moderna era conquistador e
proprietário da natureza, não mais seu participe e observador harmonioso. Esta
perspectiva abriu caminho para as práticas terapêuticas intervencionistas”. (SEVALHO,
1993)

A partir dessa visão mais racional da doença, foi possível pensar maneiras de se
evitar as epidemias da época. Com a liberação das pesquisas científicas nesse período,
foram feitas grandes descobertas como a forma de prevenir algumas enfermidades e

3
conter o contágio de outras. Uma delas foram as vacinas que representaram um marco
histórico para a prevenção à tuberculose, tétano, meningites, doenças que em épocas
remotas eram capazes de dizimar populações.

Tem-se nesse período também a descoberta do primeiro microscópio.

Com achegada do Iluminismo, antecipou-se o surgimento do capitalismo. O


capitalismo iniciando as fábricas, gerando empregos extremamente exaustivos.

Consequentemente, surgiram os centros urbanos, a desigualdade social e a falta de


estrutura nesses centros. Como bem é apontado:

Os graves problemas sociais do início do capitalismo industrial, as desastrosas


condições de vida e trabalho, geradas pela formação e crescimento dos núcleos urbanos
e pela necessidade cada vez maior de expandir o capital industrial, às custas da
exploração da força de trabalho e da pobreza. (SEVALHO, 1993, p. 6)

Deste modo, surge, a partir dai, a influência do contexto social na saúde da


população, pois o crescimento desordenado das cidades e dos núcleos de trabalhadores
nem sempre contava com as mais perfeitas condições de habitação, saneamento básico,
tratamento adequado da água. E com esses graves problemas sociais iniciou-se a
preocupação com a influência das condições de vida na saúde do indivíduo.

Percebendo-se então, que as questões sociais influenciavam nas condições de saúde


da população, e pela primeira vez ouviu-se o termo medicina social, como afirma
Sevalho (1993, p. 6):

Uma penetração do conhecimento médico no domínio do ambiente social, aplicado


ao panorama mercantilista da Alemanha e da França do séculoXVIII e ao capitalismo
incipiente da Inglaterra industrial do século XIX, fez nascer a medicina social no
entrelaçamento de três movimentos apontados por Foucault (1979). A polícia médica
alemã, uma medicina de Estado que instituiu medidas compulsórias de controle de
doenças, a medicina urbana francesa, saneadora das cidades enquanto estruturas
espaciais que buscavam uma nova identidade social, e, por último, uma medicina da
força de trabalho na Inglaterra industrial, onde havia sido mais rápido o
desenvolvimento de um proletariado. Destes movimentos surgiu a medicina social,
impulsionada pelos revolucionários de 1848 e suas perspectivas de reformas
econômicas e políticas, como uma empresa de intervenção sobre as condições de vida,
sobre o meio socialmente organizado pelo modo devida capitalista conformado pela
Revolução Industrial.

E a medicina social só seria devidamente registrada na metade do século,como


afirma-se:

Acrescente-se que somente na metade do século XIX, em 1848, a expressão


medicina social ganharia registro. Surgiu na França e, embora concomitante ao
movimento geral que tomou conta da Europa, num processo de lutas pelas mudanças
políticas e sociais. (NUNES, 1998, p.108)

4
Porém, após esse período do surgimento do capitalismo e com as novas descobertas
como a da existência de germes, fizeram com que surgissem novas formas de entender a
doença, como a “teoria da uni causalidade” de Louis Pasteur.

E foi a parti dessas novas descobertas e dos novos conceitos não sociais de doença
que a saúde passou a ser biomédica centrada na doença e não no indivíduo, como
analisa Nunes (1998, p. 109):

Foi somente a partir da segunda metade do século XIX, marcado pelas investigações
de Pasteur e Koch, que se inauguraria a Era do Germe, e que transformaria
dramaticamente a medicina de “uma profissão orientada para as pessoas para orientada
para a doença.”

Como escreve Salomon-Bayet (1986, p.12), a revolução biomédica suscitada pelos


trabalhos de Pasteur pode ser denominada de “lapastorization de lamédicine” que a
distingue de “lapasteurization de lamédicine”,, no sentido de que ela significa, de um
lado, uma revolução eórica e, de outro, a medicalização de uma sociedade, legislando
sobre a saúde pública, institucionalizando o ensino e actuando no plano político e social.
Sem dúvida, as descobertas dos microrganismos serão da maior importância para a
saúde pública, especialmente quando, além da relação indivíduo-agente, se estabelece
um modelo epidemiológico como uma interacção entre esses dois elementos e o
ambiente.

A partir desse momento teve-se uma decadência da saúde pública, da preocupação


com o contexto social e com as condições de vida da população.

Porém, com o passar do tempo a saúde alternativa e a visão holística (inteira) da


saúde voltaram a defendidas por muitos profissionais da saúde. Para tanto, passou-se a
tratar a saúde como um conceito positivo e não tão somente como conceito de ausência
de doença, conforme a mais clássica definição de saúde pública no ano de 1920, veja-se:

Saúde Pública é a ciência e a arte de prevenir doenças e incapacidades, prolongar a


vida e desenvolver a saúde física e mental, através de esforços organizados da
comunidade para o saneamento do meio ambiente, o controle de infecções na
comunidade, a educação dos indivíduos nos princípios da higiene pessoal e a
organização de serviços médicos e paramédicos para o diagnóstico precoce e o
tratamento precoce de doenças e o aperfeiçoamento da máquina social que irá assegurar
a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à manutenção da
saúde.

E finalmente, no ano de 1946, surge o actual conceito de saúde proposto pela


Organização Mundial de Saúde, como já fora exposto.

A partir do conceito da OMS, na década de 70, na América Latina, cresceu se a


importância das ciências sociais na abordagem a saúde. Razão pela qual foram
organizadas Conferências, como a de Alma-Ata e a Conferência de Ottawa, para se
pensar estratégias para melhorar a promoção da saúde em nível mundial e se chegar ao
completo em estar físico, mental e social.

5
SAÚDE E PANDEMIA

No actual cenário, com a disseminação do COVID-19, prevê-se que heras um


renascimento dos conceitos, com grandes projectos de obras públicas, renovação do
sistema econômico financeiro da saúde, mudanças do comportamento, revisão da gestão
de saúde populacional e formato das organizações e corporações, onde o individuo
estará com outras visões e perspectivas do aprendizado vivido nesse período de
confinamento. Será mais um marco na história da evolução humana e assim seguimos
com os conceitos de saúde e doença em constante evolução. (Moacyr Scliar -PHYSIS:
Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro 2007)

A Evolução de Alma Ata

A Declaração de Alma-Ata é a carta de intenções resultante da 1ª Conferência


Internacional sobre os Cuidados de Saúde Primários. Enquadrou-se no movimento
mundial, sob a responsabilidade e empenho da OMS, de combater as desigualdades
entre os povos e a alcançar a audaciosa meta de “Saúde Para Todos no Ano 2000”.
Pontos essenciais:
● Na Declaração de Alma-Ata (DAA)  assume-se a “saúde como um direito
humano fundamental”. Atingir o mais alto nível de saúde em todas as nações
corresponderia à mais importante meta social a nível mundial. Para a atingir é
necessária a acção conjunta de sectores para além do da saúde, como é o caso do social
e do económico.
● O contexto mundial, em termos de saúde, é o de “profundas desigualdades” não
só entre países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento, como também entre
regiões de um mesmo país.
● A saúde dos povos resulta dum conjunto de “interdependências e
reciprocidades”: a paz mundial, o desenvolvimento sócio-económico e a qualidade de
vida são apenas alguns dos factores de contribuem para um elevado nível de saúde. Do
mesmo modo, a saúde das populações é de decisiva importância para o progresso social
e económico, para a obtenção e manutenção da paz mundial e da qualidade de vida das
comunidades.
● A DAA entende o “envolvimento e participação das populações” como um
direito e um dever das mesmas, a serem exercidos individual e/ou colectivamente,
influenciando o planeamento e prestação dos cuidados de saúde.
● O desafio proposto pela DAA apresenta-se sob a forma da seguinte Meta: que
“todos os povos, até ao ano 2000, atinjam um nível de saúde que lhes permita um vida
saudável e economicamente produtiva”. Para tal, apela-se à responsabilidade de
governos, organizações supra-nacionais e comunidade internacional de forma a
implementarem ou colaborarem na implementação dos Cuidados de Saúde Primários,
entendidos como elemento chave na obtenção da “Saúde para Todos”.
● Os Cuidados de Saúde Primários  (CSP)  são definidos na DAA como
os cuidados essenciais de saúde, prestados mediante o uso de métodos e técnicas
práticos, cientificamente fundamentados e aceitáveis socialmente. Correspondem ao
primeiro nível de contacto com o sistema de saúde do país, e devem estar associados a
6
sistemas de referência integrados e funcionais de forma a garantirem o acesso a
cuidados de saúde por todos os cidadãos, principalmente aos mais necessitados. Com
efeito, os CSP dever-se-ão pautar pela acessibilidade universal,  equidade e justiça
social.
● Pelo facto dos CSP serem prestados de modo continuado e próximo das
populações, constitui-se como um pilar de segurança e autoconfiança das mesmas.
Esta confiança sairá reforçada se, se verificar a participação e envolvimento das
comunidades no planeamento, gestão e prestação dos cuidados, sendo que para
participar é fundamental que haja um investimento na educação dos
indivíduos (aquisição de capacidade de participação).
● Os CSP deverão ser integrados num sistema nacional de saúde, que por sua vez
deverá atender à real situação do país e recursos de que dispõe (económicos, sociais,
políticos, culturais...), de forma que este seja sustentável ao longo dos tempos. Por
conseguinte, os CSP, e sistema de saúde como um todo, são uma dependência e reflexo
do nível de desenvolvimento de cada nação.
● Os CSP procurarão responder às principais necessidades e problemas de
saúde das populações, prestando serviços de protecção da saúde (ou prevenção da
doença), cura e reabilitação. Para tal, disporá de equipas multi e interdisciplinares:
médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares, agentes comunitários e praticantes
tradicionais, todos  com formação apropriada ao tipo de cuidados que prestam.
● Como áreas prioritárias de intervenção, os CSP teriam: a educação para a
saúde; a nutrição apropriada; a qualidade da água e saneamento básico; os cuidados de
saúde materno-infantil  (o que inclui o planeamento familiar); a imunização (dirigida às
principais doenças endémicas); a prevenção e controlo de doenças endémicas; o
tratamento de doenças e lesões comuns; e o fornecimento de medicamentos essenciais.
● Na criação dos CSP, os governos têm um papel decisivo, competindo-lhes: a
elaboração de políticas, estratégias e planos de acção; a coordenação dos vários sectores
implícitos e interessados; mobilização e gestão racional dos recursos do país.
● A DAA também apela ao “espírito de comunidade e serviço” entre as nações
pois a “saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia directamente todos os
outros países”.
● A DAA encerra as suas recomendações e intenções com a convicção de que a
Meta “Saúde para Todos no Ano 2000” se concretizaria se houvesse empenhamento,
comprometimento e vontade política de todas as nações, associada a um melhor uso
dos recursos mundiais, designadamente com fins pacíficos, de progresso e
desenvolvimento socioeconómico. Salienta-se o papel fundamental dos CSP para a
concretização desta audaciosa meta.
Na Saúde Pública, como em qualquer outra dimensão da sociedade, uma mudança
ocorre sob a forma de processo, na continuidade de modificações que geram outras, até
que a realidade se transforme ou remodele.
Assim, o documento resultante duma Conferência Internacional não é, em si
mesmo, o que gera novas práticas, um ponto finito e definido no tempo e no espaço, que
determina reorientações no pensamento e exercício dos governos, das instituições, dos
profissionais, dos cidadãos.

7
Com efeito, a DAA reflecte uma mentalidade sua contemporânea, vindo a reforça-la
pelo consenso de várias nações do globo, que gerou acções concretas e permitiram
aquisições responsáveis por importantes ganhos em saúde.
No que se refere à aplicação dos conteúdos da DAA, Portugal esteve na vanguarda.
Em 1971, pela “Lei de Gonçalves Ferreira” foram criados os primeiros Centros de
Saúde  (por reconfiguração das antigas Caixas de Previdência).
Em 1976, pela nova Constituição da República Portuguesa, já era reconhecido que
“Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover” (artigo
64º).
Em 1979, logo a seguir à DAA, pela lei da “Lei da Saúde” − “Lei Arnault” − foi
criado o Serviço Nacional de Saúde (integrando CSP e cuidados hospitalares, com
sistema funcional de referência de doentes entre os diferentes níveis de prestação),
tendo sido Portugal um dos primeiros países da Europa a fazê-lo.
Com efeito, os CSP foram essenciais para intervir nas necessidades e problemas de
saúde de maior magnitude, vulnerabilidade e transcendência social da população
portuguesa.
A saúde materno-infantil era uma das áreas mais preocupantes, com taxas de
mortalidade tão elevadas como nos países menos desenvolvidos do mundo. Estes
indicadores melhoram tão significativamente nas últimas décadas ao ponto de,
actualmente na Europa, apenas a Suécia ter este indicador de saúde mais favorável do
que o nosso país. Tal se tornou possível através de medidas como o planeamento
familiar e controlo da natalidade, a vigilância da grávida e puérpera, os partos passarem
a serem assistidos por profissionais de saúde treinados, realização da vacinação das
grávidas e crianças, existência de consultas de vigilância do crescimento da criança,
visitas domiciliárias, etc.
Do mesmo modo, o controlo das doenças infecto-contagiosas já tinha um longo
caminho percorrido no nosso país. Desde 1949 que havia obrigatoriedade na declaração
de algumas doenças  (como por exemplo a tuberculose, a lepra ou a sífilis), e cuja
notificação conduzia a medidas de controlo de infecção como isolamento de indivíduos,
o tratamento, o rastreio na comunidade. Havia também já serviços públicos dirigidos a
algumas doenças na comunidade  (como por exemplo os sanatórios para os
tuberculosos)  e até medidas nacionais para imunização pela vacinação (o primeiro
Plano Nacional de Vacinação é de 1965), dirigida a doenças altamente incidentes na
época (poliomielite, difteria, varíola, tétano e tosse medicamentos, entre outros.
As acções no âmbito da educação para a saúde foram também decisivas,
designadamente no que se refere a higiene (pessoal, habitacional, laboral, pública) e
alimentação (conduzindo a um melhor estado nutricional dos indivíduos).
Tudo isto não pode ser descontextualizado convulsa).
Porém, os CSP, pela proximidade e assistência continuada aumentaram
grandemente a efectividade destas acções de diagnóstico precoce, vacinação,
fornecimento de melhorias mais amplas ocorridas em Portugal nas décadas de 70 e 80 -
a alfabetização dos cidadãos, o aumento dos rendimentos das famílias, a melhoramento
das infra-estruturas públicas como o abastecimento de água de boa qualidade e a rede de
esgotos, o investimentos em vias de comunicação e transportes, entre outros.

8
Se, em abono da verdade, as maiores conquistas em saúde se devem à melhoria das
condições de higiene, do estado nutricional e disponibilidade de água de boa
qualidade… estes mesmos factores estão inseridos e são indissociáveis dum cenário de
progresso e desenvolvimento sócio-económico que eclodiu no nosso país com a queda
do regime fascista. 

A EVOLUÇÃO DE OTTAWA

A Carta de Ottawa é a carta de intenções resultante da 1ª Conferência Internacional


sobre a Promoção de Saúde. Seguiram-se, desde então, várias outras Conferências sobre
Promoção mas nenhuma com o relevo e inovação associados a esta.
A Conferência de Ottawa emerge dum novo movimento de Saúde Pública a nível
mundial, como resposta e reacção às crescentes expectativas de saúde e bem-estar,
particularmente nos países mais industrializados.
Como é óbvio, tais expectativas e exigências só se tornaram possíveis porque
ocorreram melhorias significativas no estado de saúde das populações destes países, que
puseram em prática as recomendações de DAA e sucessivas actualizações geradas pelo
debate na Assembleia Mundial de Saúde, ao abrigo na Meta major “Saúde para Todos”
A Carta de Ottawa (CO)  começa por definir o que é Promoção da Saúde, já que o
conceito de “promoção” surgiu como algo “de novo” no léxico e na prática da Saúde
Pública: “ … é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das
comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um
estado de completo bem-estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo devem
estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, satisfazer as suas necessidades e a
modificar ou adaptar-se ao meio.”
● Assim, com a CO: reconhece-se capacidade nos cidadãos de intervirem no
sentido de obterem mais saúde; visa-se a sua capacitação para que essa intervenção se
dê de modo apropriado; entende-se como direito e dever essa auto-afirmação,
esperando-se que sejam pró-activos e empreendedores na criação de mudanças (em si e
no meio envolvente). A este reforço de poder – “empowerment” - está associada
também inerente a responsabilidade pelas acções e opções dos cidadãos, bem como na
contribuição para o melhoramento dos serviços das instituições e equipas prestadoras.
● A CO reassume o que a OMS entende serem os pré-requisitos para a Saúde:
paz, habitação, educação, alimentação, recursos económicos, ecossistema estável,
recursos sustentáveis, justiça social, equidade.
● Postula que a saúde é um bem a advogar pois condiciona a paz no mundo, o
desenvolvimento sócio-económico dos países, o desenvolvimento pessoal e qualidade
de vida dos cidadãos. Do mesmo modo, o nível de saúde é determinado por múltiplos
factores  (políticos, económicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais,
biológicos…). Advogar em prol da saúde é tornar favorável a conjuntura destes
factores.
● Para a completa realização do potencial de saúde dos indivíduos e possibilidade
de controlo dos seus factores determinantes, há que capacitar os cidadãos, muni-los de
instrumentos que lhes permitam controlar os seus destinos (agindo sobre si e sobre o
meio em que está inserido). A capacitação ocorre mediante a criação de meios
favoráveis como o suporte social e financeiro, o acesso à informação, sistemas que

9
reforcem a participação pública, oportunidades e recursos que permitam a aprendizagem
estilos de vida e opções saudáveis (literacia em saúde) bem como a sua concretização.
● A promoção da saúde implica a mediação de acções coordenadas entre sectores,
com articulação de esforços entre parceiros: governos, sectores além da saúde (social,
económico…), organizações não governamentais, voluntários, autarquias, empresas,
comunicação social, comunidade em geral. Nesta mediação, os profissionais (em
especial do sector social e saúde) têm particular importância e responsabilidade.
● Segundo a CO, intervir no âmbito da promoção corresponde a construir políticas
saudáveis. Para que estas sejam criadas, há que envolver os decisores de todos os
sectores sendo fundamental a identificação de obstáculos e a apresentação de medidas
concretas no sentido de “facilitar” a tomada de decisão. Essas políticas podem implicar
o recurso a legislação, medidas fiscais, mudanças organizacionais, entre outros
instrumentos.
● Na CO repete-se a advertência relativa à imperiosa necessidade de ajustar as
acções de promoção da saúde às necessidades e recursos do país ou região em questão.
Realça-se ainda a equidade, continuando a ser fulcral a luta pela redução das
desigualdades entre indivíduos e populações.
● Quanto aos Serviços de Saúde, estes deverão ser reorientados. Assim, para
além da prestação de cuidados preventivos, curativos e de reabilitação, estes deverão
remodelar-se e realizar cada vez mais acções de promoção da saúde. Deverão ainda
investir na investigação e na educação e formação dos seus profissionais.
● Com a CO, a saúde vem a ser entendida como um recurso para a vida e que deve
ser defendido e potenciado em todos os contextos da vida: “onde se aprende, onde se
trabalha, onde se brinca, onde se ama”. Esta é ainda vista sob o ponto de vista holístico,
ecológico, como um todo que abarca a globalidade das necessidades do indivíduo.
● Mais uma vez, esta carta de intenções apela às nações subscritoras da CA e a
outras organizações internacionais para prestarem apoio na implementação das
estratégias e programas  (entre si e noutros países). Conclui ainda com a mensagem de
que meta “Saúde para Todos no Ano 2000” implica a união e envolvimento de
todos no cumprimento dos valores que enformam a Carta.
Do mesmo modo, a CO não encerra em si mesma a génese dum novo paradigma de
saúde pública. É antes um documento que o representa e simboliza distintamente.
Reflectindo a mentalidade vigente (principalmente nos países industrializados), vem
reforçar o movimento que lhe subjaz, conduzindo a práticas e acções concretas que
permitiram significativos ganhos em saúde.
Antes de mais, com a CO, começam a ser mais frequente e fluentemente usados
termos como factores determinantes, que se definem como factores que alteram a
probabilidade de ocorrência de doença ou morte evitável ou prematura. São factores de
risco se aumentam essa probabilidade ou são factores de protecção se a baixam.
Distinguem-se, ainda, os factores determinantes segundo a sua natureza: endógenos 
(genoma e características individuais); ligados aos estilos de vida; ambientai; ligados
aos serviços de saúde.
● No que se refere aos estilos de vida saudáveis (ou ambiente comportamental),
citam-se como exemplos o tipo de alimentação, o exercício físico/sedentarismo,
os hábitos tabagismos, alcoólicos e outras dependências, o comportamento
perante o stress, os comportamentos sexuais de risco, etc. Com efeito, são os

10
determinantes que mais podem influenciar a incidência, prevalência,
mortalidade e incapacidade associada a doenças que actualmente mais “pesam”
na nossa sociedade (obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, HIV/SIDA,
acidentes de viação, doença mental, neoplasias…). Como exemplos de medidas
promotoras de saúde temos a lei do tabaco, plano nacional de controlo da
diabetes mellitus, a plataforma contra a obesidade, o programa nacional de luta
contra a SIDA, plano oncológico nacional, etc.
● Quanto ao ambiente, entende-se que este corresponde a “tudo o que
envolve o Homem no decurso da sua existência e que com ele interfere”. O
enfoque vai para o ambiente biofísico e como exemplos de promoção de saúde
temos intervenções enquadradas no plano nacional de acção ambiente e saúde,
na rede de cidades saudáveis, nos programas dirigidos relativas à saúde, higiene
e segurança no trabalho ou nas escolas, etc.
● Os serviços de saúde e sua reorientação, ou reforma, são um desafio não
só em Portugal mas na maioria dos países. Questões como a acessibilidade, a
equidade, a sustentabilidade e financiamento, a cobertura e controlo da
utilização dos serviços, o investimento em medidas de promoção em saúde,
investigação e formação dos seus profissionais… são de grande e premente
actualidade. A reforma dos centros de saúde, a reconfiguração dos serviços de
saúde pública, a contratualização de prestação de cuidados com as instituições
hospitalares, projectos de saúde centrada no cidadão (associada a novas
tecnologias de informação), entre outros, são exemplos mais recentes (e em
curso) de actuação a este nível.
Ao se reconhecer a capacidade de intervenção dos indivíduos na determinação
da sua saúde e do colectivo, espera-se um papel activo na concretização e controlo dos
factores de risco e de protecção da saúde.
Só assim se dará seguimento e concretização a programas e projectos de
promoção e educação para a saúde  (emanadas pelos governos e instituições), surtindo
efectiva mudança de mentalidades e estilos de vida, com protecção do meio ambiente,
adequação das condições de trabalho, de habitação, etc.
A título colectivo, são fundamentais os movimentos de cidadania − associações
de utentes e doentes, voluntários, fundações, organizações não governamentais − cada
vez mais considerados e incluídos na dinâmica dos serviços de saúde  (e outros
sectores), na elaboração de políticas de saúde e no exercício das instituições.

Evolução Do México E Nepad

As conferências internacionais sobre a promoção da saúde, vieram fortalecer as suas


bases conceptuais e políticas. A redução das iniquidades entre e dentro dos países foi o
principal foco da Conferência na Cidade do México. Foi realizada entre 5 e 9 de Julho
de 2000, e seu tema era “Promoção da Saúde: Rumo a Maior Equidade”. Reconheceu a
responsabilidade dos governantes nas políticas de saúde, assim como a necessidade do
compartilhamento dessas estratégias entre todos os sectores sociais.

11
O documento proposto, a Declaração do México, constatou uma melhora
significativa do bem-estar social em muitos países do mundo, porém ressaltou a
persistência de problemas que exigiam solução urgente e, para tanto, estabeleceu acções
dirigidas à saúde, em especial à Saúde Pública.
Reunidos na Cidade do México, os Ministros da Saúde que assinaram esta
declaração:
• Reconhecem que a consecução do nível de saúde, o mais alto possível, é um
elemento positivo para o aproveitamento da vida e necessário para o desenvolvimento
social e econômico e para a equidade
• Reconhecem que a promoção da saúde e do desenvolvimento social é um dever e
responsabilidade central dos governos, partilhada por todos os sectores da sociedade.
• Estão conscientes que nos últimos anos, através dos esforços conjuntos e
sustentados dos governos e das sociedades, houve uma melhoria significativa da saúde e
um progresso na prestação de serviços de saúde em muitos países do mundo.
• Constatam que, apesar desse progresso, ainda persistem muitos problemas de
saúde que prejudicam o desenvolvimento social e econômico, e que estes devem ser
urgentemente resolvidos para promover uma situação mais equitativa em termos de
saúde e bem-estar.
• Estão conscientes de que, simultaneamente, doenças novas e reemergentes
ameaçam os progressos registrados na área da saúde.
• Constatam a necessidade urgente de abordar os determinantes sociais, económicos
e ambientais da saúde, sendo preciso fortalecer os mecanismos de colaboração para a
promoção da saúde, em todos os sectores e níveis da sociedade.
• Concluem que a promoção da saúde deve ser um componente fundamental das
políticas e programas públicos em todos os países, na consecução de maior equidade e
melhor saúde para todos.
• Constatam que as estratégias de promoção da saúde são eficazes. Considerando o
exposto, recomendam as acções a seguir enunciadas.
ACÇÕES:
• Colocar a promoção da saúde como prioridade fundamental das políticas e
programas locais, regionais, nacionais e internacionais. • Assumir um papel de liderança
para assegurar a participação activa de todos os sectores, incluindo a sociedade civil, na
implementação das acções de promoção da saúde que fortaleçam e ampliem as parcerias
na área da saúde.
• Apoiar a preparação de planos de acção nacionais para promoção da saúde,
utilizando, se necessário, a capacidade técnica da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e dos seus parceiros nessa área. Os planos podem variar de acordo com o
contexto nacional, mas devem seguir uma estrutura básica, estabelecida de comum
acordo durante esta conferência, podendo incluir, entre outros: o Identificação das
prioridades de saúde e estabelecimento de políticas e programas públicos para as
implantar; o Apoio as pesquisas que ampliem o conhecimento sobre as áreas
prioritárias; o Mobilização de recursos financeiros e operacionais que fortaleçam a
capacidade humana e institucional para o desenvolvimento, implementação,
monitorização e avaliação dos planos de acção nacionais.
• Estabelecer ou fortalecer redes nacionais e internacionais que promovam a saúde.
12
• Defender a ideia de que os órgãos da Organização das Nações Unidas sejam
responsáveis pelo impacto da sua agenda de desenvolvimento, em termos de saúde.
• Informar o Diretor-Geral da OMS sobre o progresso registrado na execução dessas
acções.
NEPAD( 23 de Outubro de 2001, Lusaka, Zâmbia ) - nova parceria para o
desenvolvimento de África, um quadro para uma nova relação de parceria entre a África
e a comunidade internacional. Neste sentido de nova parceria, os dirigentes africanos se
engajaram em promover nos seus países, na sua região e no Continente, a paz, a
segurança, a democracia, a boa governança, o respeito dos direitos humanos e uma
saudável gestão econômica, como uma estratégia para orientar o desenvolvimento da
África no século XXI. A NEPAD suscitou uma reacção positiva na comunidade
internacional.
Objectivos:

- Reforçar os programas tendentes a conter as doenças transmissíveis para que não


estejam aquém da escala necessária para reduzir o fardo da doença; - Ter um sistema de
saúde seguro que responda às necessidades e que apoie efectivamente o controlo de
doenças;

- Assegurar o apoio necessário para o desenvolvimento sustentável de um efectivo


sistema de prestação de cuidados de saúde;

- Capacitar as populações africanas no sentido de agirem para melhorar o seu


próprio estado de saúde e alcançar uma alfabetização sanitária;

- Reduzir satisfatoriamente o fardo das doenças sobre as mais pobres populações


africanas;

- Encorajar cooperação entre doutores médicos e praticantes tradicionais.

Acções:

- Reforçar a participação da África no processo que visa a aquisição de


medicamentos acessíveis, incluindo os que envolvem companhias farmacêuticas
internacionais e a sociedade civil internacional e explorar a utilização de sistemas
alternativos de prestação de serviços para medicamentos e aprovisionamentos
essenciais;

- Mobilizar recursos necessários para edificar sistemas efectivos de intervenções de


doenças e de saúde; - Liderar a campanha para maior apoio financeiro internacional
para combater o VIH/SIDA e outras doenças transmissíveis;

- Juntar esforços com outras agências internacionais como a OMS e doadores para
garantir que o apoio ao Continente aumente em pelo menos 10 biliões de $EU por ano; -
Encorajar países africanos a darem maior prioridade à saúde nos seus orçamentos e a
fasearem tais aumentos de despesas a um nível a ser mutuamente acordado;

13
- Mobilizar conjuntamente recursos para o reforço de capacidades para que todos os
países africanos possam melhorar as suas infra-estruturas e gestão da saúde. Em África
registam-se muitos casos de doenças endémicas. Bactérias e parasitas transportadas por
insectos, a circulação de pessoas e outros meios, facilitados por outras fracas políticas e
condições de vida. Um dos grandes impedimentos com que os esforços de
desenvolvimento da África se confrontam é a ampla incidência das doenças
transmissíveis, nomeadamente o VIH/SIDA, a Tuberculose e a malária. A menos que
essas epidemias sejam controladas, os ganhos real no desenvolvimento humano
permanecerá um sonho impossível de realizar. No sector da saúde, em termos
comparativos a África está muito atrás em relação ao resto do mundo. Em 1997, os
níveis de mortalidade infantil e juvenil apresentavam-se em 105 e 109 por 1000, contra
6 e 7, respectivamente nos países desenvolvidos. A esperança de vida é de 48,9 anos,
contra 77,7 anos nos países desenvolvidos. Existem apenas 16 médicos por cada 100
000 habitantes, contra 253 nos países industrializados. A pobreza, reflectida nas mais
baixas receitas, constitui um dos mais importantes factores que limitam a capacidade
das populações para fazerem face aos seus problemas de saúde.A nutrição é um
importante ingrediente da boa saúde. A média diária do consumo de calorias varia entre
2384 em países de baixo rendimento, 2846 em países de médio rendimento e 3390 nos
países da Organização para Cooperação Económica e Desenvolvimento (OECD). A
saúde, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um estado de
completo bem-estar físico e mental, contribui para o aumento da produtividade e,
consequentemente, do crescimento económico. Os efeitos mais óbvios do
melhoramento da saúde nas populações trabalhadoras são a redução da perda de dias de
trabalho devido a doenças, o aumento da produtividade e a oportunidade de obter
empregos melhor pagos. Eventualmente, o melhoramento da saúde e nutrição contribui
directamente a um melhor bem-estar na medida em que se faz um controlo do
alastramento de doenças, se reduz a taxa da mortalidade infantil e se eleva a esperança
de vida. A ligação com a redução da pobreza é claramente estabelecida.

14
CONCLUSÃO

A saúde será sempre um motivo de preocupação para todo o indivíduo e sistema


governamental em que está inserido, deste modo, posso concluir que é de grande
importância o conhecimento de seu conceito e evolução história, de modo que possamos
ir a busca pela vida saudável que terá como consequência a prevenção de doenças e o
autocuidado que é influenciada pela educação, pela família, pelo ambiente de trabalho,
pela comunidade e pela comunicação social.

15
REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)

SCLIAR (2007)

GIOVANELLA; MENDONÇA, 2008

CZERESNIA, 2003

SEVALHO (1993, P.S)

SOUMIA&RUFFIE, 1936

FOUCAULT 1979

BÍBLIA SAGRADA-LEVÍTICO 13:44-46

MARC LALONDE, HOCHMAN, XAVIER PIRES-ALVES, 2004, P.45

FARIA et al, 2009

16
17
18
19

Você também pode gostar