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Pessoal.
stakeholders para consolidar e fortificar seus negócios e expandir suas fronteiras por
meio de alianças estratégicas (Figura 3).
Perceba que as três eras citadas anteriormente por Chiavenato (2010) serviram de
base para diversas abordagens sobre a forma de lidar com as pessoas dentro das
empresas. É consenso entre vários autores (DUTRA, 2011; FISHER, 2002;
CHIAVENATO, 2010) que ao longo do último século a área de recursos humanos
passou por algumas etapas distintas.
Na visão de Chiavenato (2010), as etapas das quais estamos falando são:
das relações industriais;
dos recursos humanos;
da gestão de pessoas.
Podemos ainda ressaltar que cada etapa está em consonância com as ideias
predominantes à sua época, bem como com as necessidades das organizações.
Com relação à primeira etapa, Chiavenato (2010) ressalta que o departamento de
relações industriais tinha como função fazer cumprir as demandas legais da relação de
emprego, tais como: admissão de pessoal, anotações na carteira de trabalho, controle
das horas trabalhadas, contagem de férias etc.
Ainda de acordo com o autor, nessa etapa predominam as atividades operacionais
e burocráticas, sendo as pessoas consideradas como apêndice das máquinas e meras
fornecedoras de esforço físico e muscular, conforme exemplificamos com a imagem a
seguir.
Na próxima etapa, os departamentos de relações industriais são substituídos pelos
departamentos de recursos humanos. Estes, além das tarefas operacionais e burocráticas
já citadas, assumem também funções táticas, prestando serviço especializado como
recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, remuneração, higiene e segurança do
trabalho e de relações trabalhistas e sindicais (CHIAVENATO, 2010).
Com relação à última etapa, Chiavenato (2010) destaca o surgimento das equipes
de gestão de pessoas, em que as práticas de recursos humanos são delegadas aos
gerentes de linha em toda a organização. E o que se nota nesta nova realidade?
Bem, as tarefas operacionais e burocráticas não essenciais são, muitas vezes,
terceirizadas, fato que libera o gestor de pessoas para assumir atividades estratégicas
visando o futuro da organização. Nessa abordagem, segundo o autor, as pessoas passam
a desempenhar um papel mais ativo e inteligente na administração dos demais recursos
organizacionais.
Figura 10: As três etapas das organizações no decorrer do século XX. Chiavenato, 2014.
Ainda no que diz respeito às etapas citadas, cabe destacar sucintamente a visão de
Fischer (2011) sobre o assunto.
Para este autor, a evolução da área de recursos humanos demonstra a ocorrência
de quatro modelos de gestão de pessoas nas organizações.
O primeiro é o modelo de gestão de pessoas como departamento de pessoal, tendo
os empregados como um fator de produção, cujos custos devem ser geridos da mesma
forma que os dos demais fatores produtivos.
O segundo diz respeito ao modelo de comportamento humano, voltado para a
integração, para o comprometimento dos empregados e para a adaptabilidade.
Já o terceiro é o modelo de gestão estratégica de pessoas, que busca vincular a
área de recursos humanos às estratégias organizacionais, adaptar-se às necessidades da
empresa e promover as pessoas como elementos de diferenciação.
O último, concebido a partir dos anos 1980, é o modelo de gestão de pessoas
baseado nas competências. Este modelo considera a atuação da empresa em um
ambiente competitivo, enfatizando a relação entre o desempenho humano e os
resultados da organização. Segundo esta abordagem, as competências humanas definem
a competitividade da empresa desenvolvida em um processo integrativo e orientada para
os benefícios do cliente (FISCHER, 2011).
Para o mesmo autor (2011), os modelos de gestão de pessoas citados foram
fortemente influenciados pela cultura e pela tecnologia e processos de trabalho
presentes nas empresas. Além disso, ele salienta, houve influência também de fatores
ambientais externos, tais como o contexto social, econômico e político.
E você deve saber que uma análise da evolução organizacional, de maneira geral,
revela que as diversas teorias que fundamentaram o desenvolvimento das empresas
também acabaram por influenciar as transformações sofridas pela área de recursos
humanos (FISCHER, 2011).
Fischer (2011) também ressalta que as diversas correntes do pensamento
administrativo influenciaram sobremaneira a função de recursos humanos. No início do
século 20, a administração científica e clássica trouxe as visões de Taylor e Fayol, e
ambos buscaram fundamentar cientificamente as atividades administrativas e o trabalho.
Taylor se dedicou a promover a racionalização do trabalho, com o estudo dos
tempos e movimentos, promovendo a mecanização da produção e a simplificação das
tarefas. Já Fayol descreveu os princípios da administração, quais sejam: prever,
organizar, comandar, coordenar e controlar.
Aqui, cabe destacar, conforme Fischer (2011), que também as ideias de Henry
Ford contribuíram para o fortalecimento da produção em massa de bens padronizados,
bem como para o aumento dos salários e para a diminuição da jornada de trabalho sem,
com isso, prejudicar a produtividade. Esse contexto, na visão de Dutra (2011), originou
o departamento de pessoal nas indústrias, no qual o trabalho se resumia a algo
humilhante, mecânico e limitante do desenvolvimento das pessoas e da própria
organização.
Seguindo a linha do tempo das correntes do pensamento administrativo, Dutra
(2011) destaca a emergência da Escola de Relações Humanas, cujo representante mais
ilustre foi o psicólogo Elton Mayo. A importância dessa escola cresceu em função dos
resultados obtidos por meio da famosa experiência de Hawthorne, na fábrica da Western
Eletric, no ano de 1927.
Era objetivo de Mayo e sua equipe verificar a influência da iluminação na
produtividade, no índice de acidentes e na fadiga dos trabalhadores.
Contudo, conforme sublinha Dutra (2011), tal experiência revelou a interferência
de fatores psicológicos e sociais no resultado do trabalho.
Assim, os resultados da experiência de Hawthorne demonstraram que uma maior
atenção dispensada às pessoas dentro das empresas as motivava a produzir mais.
Com isso, os cientistas da Escola de Relações Humanas contribuíram,
sobremaneira, para destacar a importância dos grupos informais no âmbito das
organizações.
Ademais, o processo histórico da área de recursos humanos demonstrou que o
período posterior à Segunda Guerra Mundial fortaleceu o poder dos sindicatos, situação
que pressionou a área de recursos humanos a preocupar-se mais com as condições de
trabalho e a relação com os empregados, marcando a transição do departamento de
pessoal para o departamento de relações industriais (DUTRA, 2011).
Já nos anos de 1960, segundo o autor, sobre forte influência da abordagem
sistêmica, a área de recursos humanos sofreu nova transformação e passou a se chamar
administração de recursos humanos.
Assim, observa Gil (2001, p. 20): “o aparecimento da Administração de Recursos
Humanos deve-se à introdução de conceitos originários da Teoria Geral dos Sistemas à
gestão de pessoal”. Esta abordagem trouxe a visão de que a empresa é um conjunto de
partes inter-relacionadas, sendo maior que a soma das suas partes.
Nesse contexto, as mudanças ocorridas nos anos de 1980, alimentadas pela
globalização, deram impulso à chamada gestão de pessoas, que passou a considerar as
pessoas como parceiras na geração de vantagem competitiva para a organização (GIL,
2001; DUTRA, 2011).
E note o seguinte: a gestão de pessoas se consolidou no meio organizacional,
ficando também conhecida como gestão de talentos, gestão do capital humano ou gestão
do capital intelectual (GIL, 2001). Para Dutra (2011), ficou claro que a administração
científica condicionou a gestão de pessoas durante todo o século 20.
2.2. Novos e mutáveis desafios
As mudanças são cada vez mais velozes e intensas no ambiente, nas organizações
e nas pessoas. O mundo moderno se caracteriza por tendências que envolvem:
globalização, tecnologia, informação, conhecimento, serviços, ênfase no cliente,
qualidade, produtividade, competitividade, sustentabilidade. Todas essas tendências
estão afetando e continuarão a afetar a maneira pela qual as organizações utilizam as
pessoas.
Todas essas forças influenciam poderosamente as organizações e o seu estilo de
administrar com as pessoas. O mundo dos negócios ficou completamente diferente,
exigente, dinâmico, competitivo, mutável e incerto. E as pessoas sentem o impacto
dessas influências e necessitam de apoio e suporte por parte dos seus líderes e
executivos. E estes requerem, por seu lado, o apoio e suporte da GP (Figura 11).
A visão estabelece uma identidade comum quanto aos propósitos da organização para o
futuro, a fim de orientar o comportamento dos membros quanto ao destino que a
organização deseja construir e realizar. A coerência decorre da visão, não de manuais de
organização que costumam proliferar nas empresas. A visão constitui uma maneira de
ultrapassar a diversidade cultural, linguística e geográfica que caracterizam as empresas
globais. Ela constitui a “cola” que mantém a coesão e a coerência e que garante a
consonância e a consistência interna da organização. A visão não deve ter caráter
conservador, mas deve refletir uma postura não conformista de não aceitação
complacente em relação aos atuais resultados da empresa. Esse permanente
inconformismo com o status quo é que produz a visão organizacional: aquilo que a
empresa pretende chegar a ser com a ajuda das pessoas. Essa definição para onde se
dirige a empresa deve ser objetiva, clara, inequívoca e impulsionadora.
A falta de uma visão dos negócios é profundamente prejudicial, pois desorienta a
organização e os seus membros quanto às suas prioridades em um ambiente mutável e
competitivo. A visão somente é atingida quando todos na organização – e não apenas
alguns membros – trabalham em conjunto e em consonância para que isso aconteça
efetivamente (Figura 23).
Referências bibliográficas
Robbins, Stephen P., 1943- Comportamento organizacional / Stephen P. Robbins,
Timothy A. Judge, Filipe Sobral ; [tradução Rita de Cássia Gomes]. -- 14. ed. -- São
Paulo : Pearson Prentice Hall, 2010