Você está na página 1de 5

HISTÓRIA

Uma História tão conturbada como a do seu próprio país


Durante muito tempo, apenas existiam no Japão raças de pequeno e médio porte.
As raças grandes, pura e simplesmente, não existiam.
Na região de Akita, situada no norte do Japão, havia uma raça de porte médio, das
mais antigas do país do sol nascente, que era utilizada para a caça maior,
designadamente ao urso, ao veado e ao javali, chamada Akita Inu. O nome da raça faz
menção à região onde se desenvolveu, sendo que “Inu” é a palavra japonesa para cão.
Esta raça era também conhecida como Akita Matagi, uma vez que eram os caçadores de
Inverno do norte do Japão, os Matagi, os principais responsáveis pela sua criação. A
capacidade para caçar na neve profunda era uma característica distintiva do Akita.
No início do século XVII, muitos Akitas foram usados para as lutas de cães, levando
a que, na segunda metade do século XIX, esta raça tenha sido cruzada com Tosas (cães
de luta) e com mastins, por forma a reforçar a sua performance nas arenas de luta.
Naturalmente, o tamanho da raça aumentou, passando a ser de grande porte. Estas
transformações levaram a que as características de Spitz (categoria de raças de cães) do
Akita fossem sendo perdidas.
Já em pleno século XX, no ano de 1908, as lutas de cães foram proibidas pelos
governantes nipónicos, mas a criação destes cães manteve-se.
A participação na Primeira Guerra Mundial reduziu exponencialmente o número
de exemplares da raça, uma vez que o país atravessou um período de grandes
dificuldades socioeconómicas. Contudo, após este grande conflito, o desenvolvimento
do Akita Inu ganhou uma especial atenção graças à sua popularidade e ao esforço de um
conjunto de criadores, que formaram a Sociedade Akita-inu Hozankai, em 1927. Todo
este trabalho levou a que, no ano de 1931, nove exemplares considerados como os
representantes da raça tenham sido designados “Monumentos Naturais” do Japão. Os
antepassados destes exemplares não participavam em lutas de cães, levando a que não
tivessem sido cruzados com raças estrangeiras e, por isso, que as características originais
da raça se tenham, através deles, preservado.
O sucesso da raça levou a que chegasse aos Estados Unidos da América em 1937,
tendo-se popularizado neste país durante os anos quarenta e cinquenta. Os criadores
locais acabaram por criar uma linhagem nova, fruto de cruzamentos com outros cães,
nomeadamente o Pastor Alemão. Esta linhagem, a que se chama Akita Americano,
caracteriza-se por uma cabeça e por uma estrutura óssea maiores, sendo utilizada como
cão de guarda. A partir de 2011, a Fédération Cynologique Internationale (FCI)
reconheceu o Akita Americano como uma raça, passando a haver duas raças de Akita:
Akita Inu (japonês); e Akita Americano (estado-unidense).
A Segunda Grande Guerra levou o Akita Inu quase à extinção. A participação
nipónica na guerra e a obstinação cega dos seus líderes, levou a que se socorresse à pele
dos cães para se fazerem as fardas militares. À captura por parte da polícia de todos os
cães que encontrava, escapou apenas o Pastor Alemão, pelas funções militares que
desempenhava.
Alguns criadores de Akita procuraram, de todas as formas, evitar que a raça
desaparecesse, cruzando os seus exemplares com Pastores Alemães. No final da guerra,
o número de exemplares havia sido drasticamente reduzido. Deu-se, na altura, uma
classificação da raça que a dividia em três tipos: Matagi Akita; Akita de combate; e Pastor
Akita. Esta divisão veio trazer ambiguidade e confusão relativamente ao
desenvolvimento do Akita.
O empenho e a perseverança dos criadores de Akita Inu levaram a que a raça
sobrevivesse e fosse novamente apurada. A raça voltou a ficar muito popular e
espalhou-se por todo o mundo. Apesar de também ser utilizado para a caça, para a
guarda e para funções de policiamento, o Akita Inu é, nos dias de hoje, um cão
exclusivamente de companhia para a grande maioria dos seus donos.
Nos últimos tempos, começa a ser habitual ver Akitas a trabalharem como cães de
terapia.
TEMPERAMENTO
Um companheiro leal e de poucas palavras
Tanto o Akita Inu como o Akita Americano são raças calmas e silenciosas, mas,
também, corajosas e determinadas. Apesar de serem muito ligados à família, com quem
se mostram muito dóceis e protetores, não são os melhores cães para crianças, uma vez
que não possuem a paciência e a descontração que outras raças têm para lidar com os
mais novos.
Os Akitas são cães inteligentes, mas não são os mais indicados para pessoas que
não têm experiência em lidar com cães, as quais, não raras vezes, atraídas pelo aspeto
imponente e majestoso da raça, acabam por adquirir um exemplar sem a conhecerem
devidamente. O seu caracter independente, o seu instinto territorial (que faz dele um
bom cão de guarda) e o seu, muitas vezes, difícil relacionamento com outros cães,
tornam-no num cão exigente em termos de educação. Ainda assim, não se mostra hostil
relativamente aos convidados, mostrando-se, antes, indiferente perante a sua presença.
É muito importante, no processo educativo de um Akita, investir tempo na
socialização ativa desde tenra idade. Só assim poderemos ter um Akita que saiba como
socializar corretamente com outros cães.
Para que um Akita se possa adaptar à vida num apartamento, é fundamental
oferecer-lhe passeios estimulantes, onde possa farejar e exercitar-se fisicamente.
Uma característica particular do Akita é a sua capacidade para viver em climas
muito frios. Não admira, uma vez que os seus antepassados tinham uma enorme
capacidade para a caça em neve profunda.
SAÚDE
Um dos problemas que o Akita pode desenvolver é a atrofia progressiva da retina,
que, no pior dos cenários, pode levar à cegueira. A displasia nos quadris e no cotovelo
também pode surgir.
O problema mais grave que pode ocorrer nesta raça é a Síndrome da Dilatação
vólvulo-Gástrica (conhecida pelas iniciais em inglês GDV - Gastric Dilatation-Volvulus),
que leva a uma espécie de torção do estômago. Caso este problema ocorra e não seja
devidamente tratado, pode revelar-se fatal.
O Akita pode, ainda, sofrer de hipertireoidismo, uma doença que se caracteriza
pelo excesso de produção de hormonas pela tiroide, provocando diferentes sintomas,
como a perda de energia, o aparecimento de tremores ou o emagrecimento.
É essencial escovar com muita regularidade um Akita para que os pêlos mortos
possam ser removidos. A beleza da pelagem desta raça é inegável, mas precisa de muita
atenção para se manter saudável.

Você também pode gostar