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Iguarias #

02
do Centro

Ba c a l h a u
1

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Da “descoberta” do bacalhau
à epopeia portuguesa
da pesca do fiel amigo
O bacalhau terá sido descoberto pelos vikings,
dado ser um peixe muito abundante nos mares

Gadus
por eles navegados. No entanto, após a sua
captura, limitavam-se a secá-lo ao ar livre até
endurecer, sem qualquer recurso ao sal.

mohrua
De forma a garantir a durabilidade do bacalhau
seco, os bascos, cujas frotas terão sido, segun-
do os historiadores, das primeiras a pescar tão
nobre peixe, começaram a promover a sua salga
antes de o secarem. Este método revolucionário
Bacalhau é a designação portuguesa para fomentava uma melhor conservação, mantinha
a espécie Gadus morhua, peixe de águas os nutrientes e apurava o paladar daquele pei-
frias pertencente à família dos gadídeos. xe. Numa época em que os métodos de conserva-
Vive nos mares do Hemisfério Norte, perto ção eram altamente precários e em que os ali-
do círculo polar, circulando em cardumes mentos se degradavam facilmente, o bacalhau
que podem deslocar-se da região da Terra agitou violentamente os hábitos alimentares
Nova para a Islândia e Noruega. Cada fê- das populações.
mea produz entre quatro a nove milhões Os portugueses, senhores de uma frente cos-
de ovos que coloca em zonas específicas teira imensa e de uma vasta experiência na
do oceano, com fundos relativamente baixos arte da navegação, depressa seguiram aquele
e temperatura entre os 4 e os 12 graus. exemplo, tendo iniciado no século XVI também
É um peixe com baixo teor de gordura, o que a pesca longínqua daquele apetecido peixe.
lhe permite ser conservado com sal e seco O empenho com que abraçaram esta activida-
ao sol. Para isso é preparado de uma for- de foi de tal ordem que a pesca do bacalhau pe-
ma especial que começa a bordo no navio las frotas portuguesas atingiu picos ainda hoje
e acaba na seca, em terra. considerados históricos.

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Origens do nome
“Bacalhau”

O nome de bacalhau deriva do latim baccalau-


reu, que significa bacharel. Ao bacalhau também
era dada a designação de badejo, palavra que
vem do diminutivo espanhol de abad, abade.
Curadilo, outra designação dada ao bacalhau em
espanhol, provirá, segundo Carolina Michaelis,
de cura – conservar por meio de fumo, sal ou ex-
posição solar. Outros autores defendem que ba-
calhau terá derivado do neerlandês kabeelauw,
bakeljauw, o que se julga improvável, por, como
esclarece G. Viana, portugueses e espanhóis
terem tido primeiro contacto com este peixe.
O vocábulo é relativamente recente na Penínsu-
la Ibérica, tendo sido a primeira vez referenciado
no século XVI. A designação de gadus na classifi-
cação taxonómica do bacalhau do Atlântico Nor-
te – Gadus morhua – provém da forma latinizada
do grego gados, que significa pescada. Morhua
será a forma latinizada de morue (bacalhau em
francês), cuja origem, por sua vez, vem do celta
mor (mar) e do francês antigo – Ius do latim lucius,
peixe de água doce.

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A Faina Maior
A dureza da pesca
do Bacalhau à linha

Todos os anos, no início da Primavera, uma frota Seguia-se o retirar das vísceras e guelras, se-
de diversos veleiros rumava aos mares da Terra parando a cabeça do corpo e preparando-o para
Nova e Gronelândia, onde procuravam carregar a operação mais delicada: a escala.
os seus porões de bacalhau. O escalador abria-o ao meio, retirava-lhe uma
Durante a viagem, cada pescador preparava parte da espinha dorsal e dava-lhe o formato
a sua pequena embarcação – o Dori - que iria que conhecemos. Escalado e lavado, o bacalhau
utilizar naquele mar longínquo e gelado para ia para o porão, onde era espalmado e coberto
pescar o “ Fiel Amigo”. com sal.
Depois de alcançado o destino esperado, era al-
tura de colocar (arriar) os doris no mar e cada Com o aproximar do Outono... o tempo começava
pescador, castigado diariamente pelas agru- a refrescar... os porões estavam quase cheios...
ras do frio e de uma disciplina rigorosíssima, era chegado o momento de rumar até ao porto
iniciar a sua faina solitária, dia a dia, pescando de origem onde o bacalhau sofreria a sua
e transportando para o seu lugre o peixe com penúltima etapa.
que carregava, até mais não poder, a sua pe- Retirado dos porões, o bacalhau era descar-
quena embarcação…até os porões dos navios regado nas secas onde era lavado e colocado
estarem repletos de peixe. ao Sol (trabalho que era efectuado exclusiva-
Terminada a pesca diária, era chegada a hora mente por mulheres), em redes próprias que
de preparar (escalar) o bacalhau, retirando-lhe permitiam a ventilação. Esta secagem permitia
diversas partes, (as línguas, as caras e os samos) a desidratação do peixe até que perdesse, pelo
que constituem também outros elementos da menos, 54% da água do organismo. Só nes-
cozinha tradicional. sa altura estava pronto para ser colocado nos
A primeira operação era efectuada pelo tro- meios de distribuição e entrar no lar de cada
teiro, que degolava o peixe e lhe abria a barriga. um de nós.

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Ílhavo
Capital Portuguesa do Bacalhau
A situação geográfica de Ílhavo condicionou agruras de uma faina de dureza incomparável.
de forma inevitável a sua história. A proximi- Sem nunca proferirem palavras de desencan-
dade do mar definiu, para além de uma fértil to ou de lamúria, estes homens suportaram,
agricultura, a pesca e a salga como principais em meses e meses de ausência de terra firme,
sectores económicos. condições de extrema adversidade atmosférica
e de grande carência alimentar. O objectivo era
O bacalhau, peixe precioso e universalmen- só um… conseguir o ganha-pão de toda uma fa-
te conhecido pelo seu paladar requintado, mília que aguardava expectante o seu regresso.
encontra-se intimamente relacionado com o Por tudo isto, e muito mais, a pesca do bacalhau,
Município de Ílhavo, terra de lendários e cora- iniciada em mares longínquos durante o século
josos marinheiros que, nos mares frios da Ter- XVI, converteu-se num dos mais importantes
ra Nova e da Gronelândia, sofreram na pele as pilares da riqueza dos ilhavenses.

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O Bacalhau
iguaria imprescindível
na mesa de todos
os portugueses

À época das grandes navegações e descober-


tas, o bacalhau foi de imediato incorporado
nos hábitos alimentares dos portugueses,
passando a ocupar um lugar de destaque
na sua alimentação, sendo ainda hoje um
dos pratos símbolo da cultura gastronómi-
ca do nosso País e, muito provavelmente,
o alimento com mais formas de receitas do
mundo inteiro.
Se por um lado o método de conservação
do bacalhau constituiu um estímulo ao seu
consumo, também o calendário cristão, im-
posto pela Igreja Católica a partir da Idade Mé-
dia, contribuiu sobejamente para o aumento
do consumo desse peixe. Estando os cristãos
impedidos de consumir carne durante os dias
de jejum, o bacalhau, por ser mais barato,
constituiu-se como o alimento por excelên-
cia do povo durante as festas religiosas como
o Natal e a Páscoa.
Aquando da Segunda Guerra Mundial a escas-
sez de alimentos que se fazia sentir em toda
a Europa levou à subida dos seus preços.
O bacalhau tornou-se então um produto de
difícil aquisição, apenas acessível às camadas
mais altas da sociedade. Os mais carenciados
apenas se davam ao luxo de o consumirem
nas principais festas cristãs, nomeadamente
no Natal.
Com o passar dos séculos, muitas alterações
foram sentidas em Portugal a nível religioso
e financeiro, mas a tradição do consumo do
bacalhau, com especial destaque para a Ceia
de Natal, manteve-se inabalável até aos dias
de hoje.

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As
Categorias
do Bacalhau
O conhecimento das categorias em que se
encontra dividido o Bacalhau permite ao
consumidor realizar uma melhor escolha.

De acordo com a legislação portuguesa o


bacalhau salgado e seco é classificado de
primeira ou segunda categoria, dependen-
do da forma como é apresentado, ou seja, se
apresenta ou não lesões exteriores.

Assim, considera-se de primeira categoria


o bacalhau que esteja bem cortado e escova-
do e que tenha sido salgado e seco de acordo
com o método correcto. Dessa forma, deve
apresentar uma cor amarela ou creme clara
(o que por regra se designa por cor palha,
nunca demasiado branca). Dentro da primei-
ra categoria, podemos encontrar cinco sub-
classificações:

ESPECIAL - COM 3 KG OU MAIS


GRAÚDO - DE 3KG A 2KG
CRESCIDO - DE 2KG A 1 KG
CORRENTE - DE 1KG A 0,5 KG
MIÚDO - ATÉ 0,5 KG

O bacalhau de segunda categoria é clas-


sificado dessa maneira porque apresenta
lesões ou defeitos na pele. Porém, a classifi-
cação de segunda categoria não é indicativo
de falta de qualidade, mas apenas de pouco
cuidado no manuseamento.
A subclassificação desta categoria é sempre
Sortido, podendo variar o seu peso de cerca
de 3 a 0,5Kg.

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Demolha
do Bacalhau
A demolha do bacalhau serve não Ao ser demolhado, as fibras mus-
só para retirar o excesso de sal, mas culares do bacalhau irão ficar mais
também para que aquele peixe volte soltas e, quando cozinhadas, irão
a ganhar volume. separar-se mais facilmente. Para
A demolha de bacalhau é, resumida- que a demolha seja eficaz, ela deve
mente, o processo mediante o qual o ser feita em água fria, trocando-se a
peixe salgado seco retoma o nível de água de 6 em 6 horas. O ideal é que
água que perdeu durante o processo essa demolha seja feita em água
de secagem. Como, em regra, o baca- abaixo dos 8º de temperatura.
lhau perdeu metade do seu peso, ele O tempo de demolha para um baca-
irá voltar a ganhar peso e dimensão. lhau crescido ronda as 48 horas.

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Receitas
regionaisde bacalhau
Chora
Receita cedida pela Confraria Gastronómica do Descasque as batatas, corte-as em rodelas fi-
Bacalhau
nas com cerca de 5mm e lave-as. Descasque
os alhos e lasque-os. Descasque as cebolas e
corte-as em rodelas muito finas.
Deite o azeite numa panela, leve ao lume e
junte-lhe os alhos e a cebola. Mexa até estar
quase a alourar. Depois, junte a polpa de tomate
e mexa bem. Adicione 2 l de água e as batatas.
Tempere de sal, tape e deixe cozer.
Quando as batatas estiverem quase cozidas,
junte-lhes a massa e as caras de bacalhau de-
molhadas e escorridas, se forem salgadas, ou
lavadas do sal, se forem frescas. Volte a tapar e
deixe ferver mais 7 a 10 minutos. Servia-se com
1 Kg de caras de bacalhau salgado ou fresco
muito pão.
1 dl de azeite
4 Dentes de alho Nota:
1 Cebola grande (ou 2 cebolas pequenas) A Chora teve origem a bordo dos veleiros da
1 colher (sopa) de polpa de tomate frota bacalhoeira, mais não sendo do que uma
1 Kg de batatas sopa que era servida aos pescadores após a
100 g de massa macarronete dureza do trabalho heróico de pescar, escalar e
Sal q.b. salgar o bacalhau apanhado diariamente. Dada
a compreensível escassez de vegetais e outros
Se as caras forem salgadas, demolhe-as conve- alimentos frescos, a Chora era feita quase
nientemente. Se forem frescas, lave-as apenas sempre apenas com arroz ou massa e caras de
e tempere-as com bastante sal, deixando re- bacalhau. Também se fazia com os ossos do
pousar durante duas horas. bacalhau.

Caras de Bacalhau fritas 700 g de Caras de bacalhau pequenas


Receita cedida pela Confraria Gastronómica do (congeladas ou salgadas)
Bacalhau Sal q.b.
Pimenta q.b.
Sumo de limão q.b.
3 Dentes de alho
Azeite (para fritar)

Lave e enxugue as caras de bacalhau (ou de-


molhe as caras salgadas). Tempere-as com sal,
pimenta, alhos esmagados e um pouco de sumo
de limão. Deixe repousar assim durante uma
hora. Em seguida, sacuda os alhos e frite-as em
pouco azeite.

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Caras de Bacalhau panadas
Receita cedida pela Confraria Gastronómica do
Bacalhau
700 g de Caras de bacalhau pequenas
(congeladas ou salgadas)
Sal q.b.
Pimenta q.b.
Sumo de limão q.b.
3 Dentes de alho
Farinha
Ovo batido
Pão ralado
Azeite (para fritar)
Lave e enxugue as caras de bacalhau (ou de-
molhe as caras salgadas). Tempere-as com sal,
pimenta, alhos esmagados e um pouco de sumo
de limão. Deixe repousar assim durante uma
hora. Em seguida, sacuda os alhos, passe as ca-
ras por farinha, retirando o excesso, depois por
ovo batido e em seguida por pão ralado. Acon-
chegue com a palma das mãos e frite em azeite.

Meia desfeita de Bacalhau


Receita cedida pela Confraria Gastronómica do
Bacalhau

Demolhe convenientemente o bacalhau, junta-


mente com o grão. Em cru, retire as peles e espi-
nhas ao bacalhau e, em seguida, desfaça-o em
lascas, à mão ou com a faca. Coza o grão, lavado
em água temperada com sal. Num tacho, deite
¼ da cebola e dos alhos e um pouco de salsa
picada. Por cima, espalhe 1/3 do bacalhau e do
grão escorrido. Cubra com outra camada igual
de cebola, alhos picados e salsa, mas adicione,
a esta e às seguintes, uma pitada de colorau e
de pimenta. Repita as camadas até que a última
seja de cebola, alhos, salsa, colorau e pimenta.
700 g de bacalhau, de preferência do lombo Adicione o azeite de modo a que fique um pou-
350 g de grão de bico quinho abaixo do nível da última camada. Colo-
2,5 dl de azeite que a folha de louro, tape e leve ao lume, para
2 Cebolas cortadas em rodelas finas que ferva, e deixe cozer entre 10 e 15 minutos.
3 Dentes de alho picados
Salsa picada fresca q.b. Nota:
Colorau e pimenta q.b. O nível do azeite deve ficar cerca de 4 cm abaixo
1 Folha de louro dos bordos do tacho.

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Sopa de Bacalhau
(Sexta-feira Santa)
Arquivos antiga Região de Turismo Rota da Luz Bacalhau
Couves
Cebola
Alho
Pimenta
Colorau

Coze-se o bacalhau com as couves.


Escoa-se a água, que se reserva.
À parte faz-se um estrugido com cebola, alho,
pimenta, colorau que se junta à água de cozer
o bacalhau. Serve-se o caldo com pão torrado.

Bacalhau à Confraria
Receita cedida pela Confraria Gastronómica do
Bacalhau

Demolhe convenientemente o bacalhau. Esco-


-rra-o e escalde-o em água a ferver, retire-o
com cuidado e tire-lhe as espinhas sem defor-
mar as postas. Enxugue-as e passe-as primeiro
por farinha, depois por ovo batido e em segui-
da por pão ralado. Aconchegue-as e sacuda os
excessos. Num tabuleiro, espalhe um pouco de
azeite, metade dos alhos e metade da cebola e,
por cima, coloque as postas de bacalhau. Em se-
guida espalhe por cima deste o resto dos alhos
e da cebola e regue com o restante azeite. Leve
a assar no forno a 170º durante 20 a 30 minu-
tos, regando uma vez por outra com o próprio
azeite, sem deixar assar demais até o bacalhau
ficar lourinho. Frite algumas fatias de presunto
4 Postas de bacalhau graúdo com cerca de em óleo quente.
160gr cada Depois de tudo pronto o bacalhau é servido com
Farinha o presunto frito e é acompanhado com batatas
1 Ovo batido fritas em rodelas e azeitonas, polvilhando tudo
Pão ralado com salsa picada.
1 Cebola grande cortada em rodelas finas Também pode ir ao forno já com as batatas fri-
3 Dentes de alho cortados em rodelas finas tas em volta e a cebola por cima.
1,5 dl de azeite
1kg de batatas
Óleo para fritar as batatas Nota do Grão-mestre:
Presunto A receita é simples, o “segredo” faz parte
Azeitonas do património gastronómico da Confraria
Salsa picada Gastronómica do Bacalhau.
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Feijoada de Samos
Receita cedida pela Confraria Gastronómica do Em primeiro lugar lavam-se os Samos e limpa-
Bacalhau -se das peles escuras, cartilagens e alguma im-
pureza. Depois escaldam-se em água a ferver,
passando-os em seguida por água fria e cortan-
do-os aos pedacinhos.
Num tacho fazer um refogado com o azeite, a
cebola, o alho e a salsa, tudo muito bem picadi-
nho. Depois de aloirado, deita-se o vinho bran-
co, o tomate pelado, as rodelas de chouriço e os
samos aos pedaços.
Quando tudo estiver cozido, deita-se o feijão
branco até ferver.
Temperar com sal e piripiri a gosto. Não esque-
cer a água do feijão que também é necessária.
1 Cebola média Nota:
2 Dentes de alho Os sames, designados pelos bacalhoeiros por
1 Latinha de tomate pelado “samos”, fazem parte do baú das recordações
0,5 Kg de Samos dos antigos pescadores do bacalhau nos mares
2 Latas de feijão branco cozido da Terra Nova e mais não são do que as bexigas-
Azeite q.b. natatórias daquele peixe. Esta era uma das
Salsa q.b. poucas iguarias a que os pescadores tinham
Piripiri q.b. acesso durante o tempo da faina. Os samos
Sal q.b. eram extraídos da parte da espinha rejeitada na
Rodelas de chouriço vermelho q.b. escala do peixe, sendo depois limpos e salgados
1 Copo de vinho branco maduro pelos “cães de bordo”, os moços de convés.

Pataniscas de Bacalhau
Receita cedida pela Confraria Gastronómica do
Bacalhau

300 g de bacalhau do lombo salgado


100 g de farinha de trigo
Sal fino q.b.
Pimenta q.b.
3 Ovos
¼ de sumo de um limão
Azeite ou azeite e óleo (para fritar)
Raminhos de salsa

Lave o bacalhau e retire-lhe a pele e as espinhas. Adicione o sumo de limão e volte a mexer. Em
Em seguida, desfie-o finamente e lave-o em seguida, junte o bacalhau e misture bem. Frite
várias águas frias, espremendo-o até perder o ás colheradas em azeite, ou em azeite e óleo,
sal quase todo. No final, esprema-o bem. Numa poucas de cada vez. Volte-as quando for preciso
taça, deite a farinha, sal e pimenta q.b. e os ovos e escorra-as. Sirva as pataniscas acompanhadas
e mexa tudo muito bem, até não ter grumos. com raminhos de salsa.

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Confrarias
e Associações
Em defesa da qualidade e da tradição
CONFRARIA GASTRONÓMICA DO
BACALHAU
A referência económica, social e cultural do Baca-
lhau no Concelho de ílhavo motivou o aparecimento,
durante 1999, da Confraria Gastronómica do Baca-
lhau, cujo principal objectivo é o de preservar os pra-
tos regionais feitos à base do bacalhau e promovê-
-los junto das gerações mais novas. Assim, pretende
a Confraria Gastronómica do Bacalhau não deixar T 919239747
morrer tão rica gastronomia não só na região litoral APARTADO 85
mas de todo o País, onde o “fiel amigo” sempre foi o 3834-909 ILHAVO
peixe de todos, ricos e pobres. grão.mestre@confrariabacalhauilhavo.org
Pretende também preservar a memória de toda mestre.capitular@confrariabacalhauilhavo.org
a epopeia que foi a “Faina Maior”. www.confrariabacalhauilhavo.org

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FEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS AIB – ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS DO
CONFRARIAS GASTRONÓMICAS BACALHAU
A Federação Portuguesa das Confrarias Gas- A Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB)
tronómicas surgiu em Junho de 2001, como foi fundada em Novembro de 1993, em Lisboa,
Associação Cultural sem fins lucrativos, e tendo tendo posteriormente transferido a sua sede
como finalidade principal a promoção, divulga- para a Gafanha da Nazaré onde se mantém ac-
ção e defesa da Gastronomia Tradicional Portu- tualmente.
guesa. A AIB, que conta actualmente com 19 compa-
Actualmente constituída por 68 Confrarias Gas- nhias associadas, é uma associação de empre-
tronómicas, todas elas Associações Culturais de gadores cujo objectivo é a promoção e desen-
profundo significado para as regiões que repre- volvimento da actividade industrial do bacalhau
sentam, a FPCG tem vindo a consolidar a sua es- e a defesa e promoção dos interesses empresa-
trutura organizativa, para dar resposta a todos riais do sector. Tem, igualmente, incumbência
os desafios que hoje se colocam, quer no pano- de representar os seus associados e assegurar
rama nacional, quer no que respeita à projecção a sua representação nos organismos em que se
internacional. encontra inserida.
Hoje, a Federação integra um conjunto de en- A AIB concentra a sua actuação em temáticas
tidades com intervenção directa e indirecta na que se apresentam de uma forma transversal
Gastronomia enquanto produto estratégico da ao sector. As questões relacionadas, por exem-
nossa Economia e particularmente no Turismo, plo, com o ambiente ou as relações com outras
sempre na defesa dos nossos produtos, dos organizações com interesses comuns aos da AIB
produtores e do receituário tradicional levam-nos a integrar a Fileira do Pescado ou o
O nosso lema será sempre a defesa das Artes Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar
Culinárias, Património Cultural do nosso País, na defesa dos interesses das companhias nos-
sinónimo da convivialidade, de saber comer, de sas associadas.
valorização das memórias, da nossa história, Visando a promoção do bacalhau e a defesa das
enfim, de um Povo. suas indústrias, a AIB promoveu uma candida-
tura do “Bacalhau de Cura Tradicional Portu-
T 239 428 149 guesa” ao reconhecimento como Especialidade
RUA PEDRO DE SANTARÉM, Nº 102 Tradicional Garantida enquanto instrumento de
2000-223 SANTARÉM preservação e garantia das características dis-
tintivas deste produto.
MORADA DA SEDE FUNCIONAL
LARGO DR. DANIEL DE MATOS T 234 368 002
EDIFÍCIO DO MERCADO MUNICIPAL AVENIDA DOS BACALHOEIROS, Nº 290
3350 VILA NOVA DE POIARES 2º ESQUERDO
fpcg.geral@gmail.com 3830-553 GAFANHA DA NAZARÉ
www.fpcg-online.com aib@aibportugal.com
www.aibportugal.com/

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Recursos
associados
Ílhavo
MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO
O Museu Marítimo de Ílhavo é um lugar da me-
mória dos Ilhavenses, do seu papel na abertura LUGRE SANTA MARIA MANUELA
de Portugal ao mundo. Nascido em 1937, habita O Navio Santa Maria Manuela com comprimento
desde Outubro de 2001 num moderno e atra- de 62,83 m era um lugre de 4 mastros constru-
ente edifício da autoria dos Arquitectos Nuno ído nos estaleiros da Companhia União Fabril,
Mateus e José Mateus. em Lisboa no ano de 1937 com destino à pesca
Nele residem três belas exposições permanen- do bacalhau tendo feito parte da famosa “Por-
tes: Sala Capitão Francisco Marques, dedicada tuguese White Fleet”. É irmão gémeo do lugre
à pesca do bacalhau à linha; Sala da Ria, teste- “Creoula”, actualmente operado pela Marinha
munho das fainas agro-marítimas da laguna de Portuguesa como navio de treino de mar.
Aveiro; Sala dos Mares, onde se exibe um rico O navio iniciou a sua recuperação em Março de
conjunto de embarcações antigas em miniatu- 2007, dando origem a um projecto de Turismo
ra, instrumentos de pesca e outros artefactos. Cultural de Vocação Marítima, realizando via-
Uma colecção de milhares de conchas, recolhi- gens temáticas de turismo alternativo. Estas
das por todo o mundo completa as exposições definem-se como turismo experience, uma vez
do museu. que é possível participar activamente na vida a
bordo e aprender as várias vertentes da nave-
AV. DR. ROCHA MADAHIL
gação.
3830 – 193 ÍLHAVO
Dirige-se a apreciadores de turismo aventura
T 234 329 990 | F 234 321 797
museuilhavo@cm-ilhavo.pt em geral, que procurem soluções de viagem
www.museumaritimo.cm-ilhavo.pt ou férias didácticas e vivenciais, sendo cada
viagem subordinada a um tema: aspectos his-
Outras Informações tóricos e identitários de Portugal, turismo natu-
Horário Verão (Julho e Agosto): reza, expedições científicas, acções e eventos
Dias Úteis: 10h00 | 19h00 como team building, focus meeting, apresenta-
Fim-de-semana: 14h30 | 19h00 ção de marcas ou produtos, festas, etc.
Encerra: Segundas O Santa Maria Manuela está ancorado no Cais
dos bacalhoeiros, na Gafanha da Nazaré em
Horário Inverno (Setembro a Julho):
Ílhavo, tem capacidade para 50 participantes
Dias Úteis: 09h30 | 18h00
Fim-de-semana: 14h30 | 18h00 activos em viagem e 200 pessoas para eventos
Encerra: Segundas ao cais.

SANTA MARIA MANUELA


CAIS DOS BACALHOEIROS
APARTADO 12
3834-908 GAFANHA DA NAZARÉ
T 234 390 290 | F 234 390 299
santamariamanuela@gmail.com
www.santamariamanuela.pt
http://santamariamanuela.blogspot.com
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LUGRE CREOULA
0 «Creoula» é um lugre de quatro mastros,
com um comprimento de 67,4m. Construído
no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a
Parceria Geral de Pescarias, no tempo recorde
de 62 dias úteis. Lançado à água no dia 10 de
NAVIO MUSEU SANTO ANDRÉ Maio efectuou, ainda, nesse ano, a sua primei-
Este antigo arrastão bacalhoeiro, que nasceu ra campanha de pesca. As obras-vivas a vante,
para a pesca em 1948, é hoje um museu que com particular destaque para a roda de proa,
pretende mostrar como se vivia e trabalhava tiveram construção reforçada uma vez que o
a bordo dos barcos que iam ao bacalhau nos navio iria navegar nos mares gelados da Terra
mares gelados do Atlântico Norte. Nova e Gronelândia. Até à sua última campanha,
em 1973, o navio possuía mastaréus, retrancas
JARDIM OUDINOT – FORTE DA BARRA
e caranguejas em madeira. Todo o interior do
3830 GAFANHA DA NAZARÉ
navio era revestido a madeira de boa qualidade
Reservas: e o porão calafetado para evitar o contacto da
MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO moura com o ferro.
AV. DR. ROCHA MADAHIL O mastro de vante (traquete) servia de chaminé
3830 – 193 ÍLHAVO à caldeirinha e ao fogão a carvão, fogão este que
T 234 329 990 | F 234 321 797 se encontra hoje no Museu Marítimo de Ílhavo.
museuilhavo@cm-ilhavo.pt Actualmente operado pela Marinha Portuguesa
www.museumaritimo.cm-ilhavo.pt como navio de treino de mar, tem proporcio-
nado o contacto com a navegação à população
Outras Informações
civil, nomeadamente às camadas jovens num
Horário Verão (Julho a Setembro):
Dias Úteis: 10h00 | 19h00 perpetuar das tradições marinheiras do País.
Fim-de-semana: 14h30 | 19h00
Encerra: Segunda-feira

Ílhavo
Horário Primavera (Março a Junho):
Dias Úteis: 10h00 | 19h00
Fim-de-semana: 14h30 | 19h00
Encerra: Segunda-feira

Horário Inverno (Outubro a Fevereiro):


Dias Úteis: 09h30 | 17h30
Fim-de-semana: 14h30 | 17h30
Encerra: Segunda-feira
16

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NÚCLEO MUSEOLÓGICO DO MAR

Figueira Sob a dependência orgânica do Museu Munici-


pal Santos Rocha, o Núcleo Museológico do Mar

da Foz
encontra-se estruturado em 3 grandes áreas
temáticas: Actividade piscatória do concelho da
Figueira da Foz; A pesca do bacalhau; Gentes do
NÚCLEO MUSEOLÓGICO DO SAL Mar, a Arte e a Fé.
Apresenta cinco grandes temas: O que é o Sal; RUA GOVERNADOR SOARES NOGUEIRA, 32
O Sal na Natureza; História do Sal em Portugal; 3080-296 BUARCOS
A Tecnologia do Sal na Figueira da Foz e O Ciclo T 233 413 490 / 966 344 488 / 233 402 840
de Produção; e As Salinas e a Conservação da F 233 402 857
Natureza. nucleo.mar@cm-figfoz.pt
www.figueiradigital.com
ARMAZÉNS DE LAVOS, SALINA MUNICIPAL DO
Outras Informações
CORREDOR DA COBRA
Horário de Verão
3090-451 LAVOS
Terça a Sexta: 09h30 | 12h45 – 14h00 | 16h45
T 233 402 840 / 966 344 488
Fim-de-semana e feriados: 14h00 | 18h45
museu@cm-figfoz.pt
Encerra: Segundas
www.figueiradigital.com
Horário de Inverno
Outras Informações Terça a Sexta: 09h30 | 12h30 – 14h00 | 17h00
Horário de Verão Fim-de-semana e feriados: 09h30 | 12h30 –
Quarta a Domingo: 10h30 | 12h30 – 14h30 14h00 | 17h00
| 18h45 Encerra: Segundas
Fim-de-semana e feriados: 14h00 | 18h45
Encerra: Segundas e Terças

Horário de Inverno MARINHA DA TRONCALHADA


Quarta, Fim-de-semana e feriados: 10h00 Marinha de sal, onde se podem observar os an-
| 12h30 – 14h00 | 16h00 cestrais métodos de salicultura da região avei-
Encerra: Segundas, Terças, Quintas e Sextas rense, actividade já referenciada em Aveiro, no
testamento da Condessa Mumadona Dias, data-
do do ano 959.
Para além da sua actividade de produção de sal
é, também, um excelente local para a observa-
ção da avifauna.

MARINHA DA TRONCALHADA
CAIS DAS PIRÂMIDES
3800 AVEIRO

Horário:
Espaço aberto de entrada livre

o
Contacto para visitas guiadas
MUSEU DA CIDADE DE AVEIRO
RUA JOÃO MENDONÇA, 9-11
3800 – 200 AVEIRO

Aveiro
T 234 406 485 | T 234 406 307
museucidade@cm-aveiro.pt
www.cm-aveiro.pt

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Eventos do Centro
relacionados com o bacalhau

ÍLHAVO
FESTIVAL DO BACALHAU
Integrado nas Festas do Município de Ílhavo –
Mar Agosto – o Festival do Bacalhau decorre no
mês de Agosto no espaço único e privilegiado
do Jardim Oudinot (Gafanha da Nazaré), junto ao
sexagenário Navio-Museu Santo André, e tra-
duz-se na maior mostra gastronómica nacional
em que o “fiel amigo” constitui o prato principal.
Durante 5 dias, este espaço ribeirinho recebe
milhares de apreciadores da gastronomia tradi-
cional regional que vêm degustar os inúmeros
pratos de Bacalhau acompanhados dos Vinhos
da Região Demarcada da Bairrada e das famo-
sas Padas de Vale de Ílhavo.
O evento conta paralelamente com um progra-
ma de animação variado e aliciante integran-
do diversas actividades e espectáculos como
mostras de artesanato, sessões de cinema ao
ar livre, exposições, animação para crianças e
concertos de música com presença de artistas
consagrados.

VILA DE REI
FESTIVAL GASTRONÓMICO DO BACALHAU E DO
AZEITE
Este evento, que tem lugar na semana que an-
tecede a Páscoa nos restaurantes aderentes do
concelho de Vila de Rei, é dedicado a dois pro-
dutos tipicamente portugueses: o bacalhau e
o azeite. Desde os pratos mais tradicionais, aos
pratos mais recentes como o Bacalhau à Vila de
Rei (com receita do ilustre Chefe Silva), passan-
do pelas especialidades de cada restaurante
Vilarregense, é impossível ficar indiferente a to-
dos os deliciosos pratos de bacalhau. Também o
azeite tem especial atenção neste Festival atra-
vés dos seus temperos, entradas especiais e so-
bremesas de fazer crescer água na boca.
18

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RUA JOÃO MENDONÇA, 8
3800-200 AVEIRO
T +351 234 420 760
F +351 234 420 326
geral@turismodocentro.pt

www.turismodocentro.pt

SANTIAGO
VIGO

Gastronomia
& Vinhos
A1

PORTO
O Centro de Portugal é sinónimo de experiên-
A 29 cias gustativas diferentes e inesquecíveis!
VISEU
Numa Região de vastíssimos contrastes cultu-
A 25
AVEIRO A 25 SALAMANCA
MADRID
rais e paisagísticos, a vivência árdua das gen-
A 17 IP 3
tes de antigamente, aliada ao engenho e arte
A 14
COIMBRA
A 23 daqueles a quem foi reservada a difícil incum-
FIGUEIRA
DA FOZ
IC 31 C CERES
bência de preparar os alimentos, por vezes es-
A 17
cassos, traduziu-se na descoberta de receitas
MADRID
CASTELO
BRANCO
magníficas e de requinte inquestionável.
Entre os pratos de cariz mais frugal e aqueles
A1
A 23

A8
que, pela elaboração mais engenhosa, estive-
A1
ram desde os primórdios associados aos dias
de festa e de alegre convívio, o difícil é escolher!
LISBOA E o que dizer do enorme saber e talento acu-
mulados dos grandes chefs que, com a deter-
minação das gentes do Centro, aproveitam os
muitos produtos endógenos e certificados
A2
existentes na Região para produzir refeições
simplesmente fantásticas?!
No Centro de Portugal a gastronomia é um mis-
to inebriante de imagens, paladares e aromas…

FARO

FICHA TÉCNICA • Textos ERTCP • Créditos Fotográficos Arquivo ERTCP e Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Ílhavo • Design Traços Leves
Tiragem 5 000 exemplares • Edição Agosto 2011

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