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Mikael Kaiser

“Feras por toda parte... você será uma delas, mais cedo ou mais tarde”. Após viver
dezenas de anos, essa é a frase que passou a guiar Mikael Kaiser que depois de matar
tantas bestas percebeu que os verdadeiros monstros eram aqueles que pagavam os seus
contratos. Sua história como bruxo não é diferente das muitas outras, apenas mais uma
criança abandonada que antes de encontrar a morte certa foi salva por um bruxo. E este
era Vesemir, da escola do lobo, um mestre rígido e com muito conhecimento, ensinou o
jovem garoto por anos o essencial para combater as feras e, quando chegou a hora, o
submeteu ao doloroso teste das ervas.
Após sobreviver, Kaiser, passou pelo restante dos testes e conseguiu se formar um
bruxo completo. Caçou por um tempo com Vesemir nas terras de Kaedwen, mas depois
ele partiu só, animado para caçar e colocar suas habilidades a prova. Afinal, ele foi
criado e preparado sua vida toda para isso. O jovem bruxo queria se testar, queria
alcançar e chegar no nível de seus lendários veteranos, os quais Vesemir contava muitas
histórias.
Porém, muitos anos depois, ele iria receber um contrato que mudaria tudo. Uma
tarefa não tão comum para bruxos, mas ainda sim era uma e o exército nilfgaardiano
estava pagando muito bem. Uma missão simples, escoltar uma caravana fortificada de
Redania até Nilfgaard. As coisas corriam bem, Kaiser estava acompanhado por alguns
soldados e os confrontos no caminho não eram um problema. Até que em uma noite
durante a vigem, ele acordou do seu sono ouvindo barulhos lá dentro. Destrancando a
carroça da forma mais silenciosa que podia, ele viu algo que o chocou, uma criança de
cabelos vermelhos e olhos como rubis.
Claramente a jovem garota tinha dons de feitiçaria, mas não foi isso que o
surpreendeu, foram os olhos da criança que choravam sem parar e que mesmo
amordaçada ela não precisava falar nada, pois seus olhos gritavam para ele “por favor,
me ajuda!”. Com seu coração batendo forte ele fechou a porta em silêncio e voltou para
se deitar, porém ele não conseguiu voltar a dormir naquela noite. Bruxos não devem se
deixar levar pelas emoções, não devem tomar lados em conflitos e sempre devem
cumprir o contrato que receberam, isso foi o que Kaiser aprendeu durante toda sua vida
e esses pensamentos o acompanharam pelo resto da viagem.
No fim da jornada, ao chegarem no quartel mais próximo no território de
Nilfgaard, o contrato havia sido concluído e o comandante do posto estava com um saco
de coroas na mão, pronto para recompensar o bruxo. Porém, era como se sua mente
estivesse em outro lugar, após ficar paralisado por um tempo, Kaiser apenas respondeu
“não quero esse dinheiro” e foi embora. Foi aí que o bruxo teve sua epifania “por que eu
derramo meu sangue por essas pessoas? Por que eu tenho que salvar vermes como esses
que são piores que os próprios monstros que fui treinado para caçar?”. Os olhos daquela
garota nunca saíram de sua mente, constantemente ele tem o mesmo sonho, revivendo
seu encontro com a garota dos olhos de rubi.

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