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ROSILÉIA DE ALMEIDA BATISTA

SAÚDE MENTAL DE MÃES DE FILHOS COM TRANSTORNO


DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Dourados- MS

2022
ROSILÉIA DE ALMEIDA BATISTA

SAÚDE MENTAL DE MÃES DE FILHOS COM TRANSTORNO


DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera do Mato Grosso, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Psicologia.

DOURADOS-MS
2022
SAÚDE MENTAL DE MÃES DE FILHOS COM TRANSTORNO
DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera de Mato Grosso, como
requisito parcial para à obtenção do título de
graduado em Psicologia.

Orientador:

BANCA EXAMINADORA

Prof. (a). Titulação Nome do Professor (a)

Prof. (a). Titulação Nome do Professor (a)

Prof. (a). Titulação Nome do Professor (a)

Mato Grosso do Sul, 07 de dezembro de 2022.


Dedico este trabalho ao único Deus,
a Ele seja a honra e glória para todo o
sempre.

Amém!
“A saúde é o teu maior bem.”
(Cesar Jihad)
ALMEIDA, Rosiléia Batista. Saúde Mental de mães de filhos com transtorno do
espectro autista. 2022.23folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Psicologia) – Faculdade Anhanguera, Mato Grosso, 2022.

RESUMO

A saúde mental das mães de filhos com o transtorno do espectro autista (TEA) é uma
questão de saúde pública, que vem sendo discutido nos últimos anos. Paralelo a isso,
quando falamos da saúde mental das mães sem sombra de dúvidas, que comportam
vários tipos de transtornos psicológicos, que afeta a sua qualidade de vida. Partindo
destes pressupostos básicos, este trabalho apresentou o conceito de saúde mental,
os transtornos psicológicos que podem desencadear na mãe e as contribuições da
psicologia para a família. A questão norteadora deste trabalho foi compreender, as
emoções das mães com filhos que possuem o transtorno do espectro autista (TEA).
Desse modo, quais os impactos na saúde mental da mãe frente aos cuidados de um
filho com deficiência. E foi delineada por intermédio de uma metodologia qualitativa
descritiva e de revisão bibliográfica na área organizacional. Também foram revisadas
algumas pesquisas e estudos que abordam o assunto. Por fim, sugere-se novos
estudos aprofundados acerca do tema, visando compreender mais profundamente,
bem como as possibilidades de intervenção em tais situações.

Palavras-chave: Saúde mental . transtorno do espectro autista. mãe.


ALMEIDA, Rosiléia Batista. Mental health of mothers of children with autism
spectrum disorder.2022.23 sheets. Completion of Course Work (Undergraduate
Degree in Psychology) – Faculdade Anhanguera, Mato Grosso, 2022.

ABSTRACT

The mental health of mothers of children with autism spectrum disorder (ASD) is a
public health issue that has been discussed in recent years. At the same time, when
we talk about the mental health of mothers, without a doubt, they suffer from various
types of psychological disorders, which affect their quality of life. Based on these basic
assumptions, this work presented the concept of mental health, the psychological
disorders that can trigger the mother and the contributions of psychology to the family.
The guiding question of this work was to understand the emotions of mothers with
children who have autism spectrum disorder (ASD). In this way, what are the impacts
on the mental health of the mother in the face of the care of a child with a disability.
And it was outlined through a descriptive qualitative methodology and a bibliographical
review in the organizational area. Some researches and studies that approach the
subject were also reviewed. Finally, further in -depth studies on the subject are
suggested, aiming to understand more deeply, as well as the possibilities of
intervention in such situations.

Keywords: Mental health. autistic spectrum disorder. mother.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................6
2. CONCEITO SAÚDE MENTAL .........................................................................................8
3.TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM DESENCADEAR NA MÃE ... 10
4. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A FAMÍLIA .............................................. 13
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 17
1. INTRODUÇÃO

Se faz de extrema importância falar sobre a saúde mental das mães de filhos
com o transtorno do espectro autista ( TEA) visto que é uma questão de saúde
pública, que vem sendo discutido nos últimos anos. Paralelo a isso, quando falamos
da saúde mental das mães sem sombra de dúvidas, que comportam vários tipos de
transtornos psicológicos, que afeta a sua qualidade de vida.
Este estudo justifica pela necessidade de estudar a saúde mental da mãe, que
dedica muito tempo para prestar com qualidade o cuidado para seu filho portador de
deficiência. Com dedicação e prestação de cuidados das necessidades específicas
acaba sendo uma tarefa árduo e estressante para as mães (CUVERO, 2008; GOMES;
BOSA, 2004). O que tendem a desenvolver, um maior grau de tristeza e estresse
afetando significativamente a qualidade de vida da mãe. Indubitavelmente é um tema
de bastante relevância, devido o número de casos de transtorno mental
desencadeado pela rotina extremamente cansativa.
Com ênfase nas causas, devido à prevalência de casos de depressão,
ansiedade e síndrome do pânico. A expectativa é que essa pesquisa possa contribuir
de forma significativa para os diversos profissionais, acadêmicos, comunidade
científica em geral, e as múltiplas questões envolvidas. Partindo do pressuposto de
compreender as emoções das mães com filhos que possuem o transtorno do espectro
autista (TEA). Desse modo, quais os impactos na saúde mental da mãe frente aos
cuidados de um filho com deficiência.
Por fim, a contribuição se dá ao psicólogo, acadêmicos e todos que convivem
com esse público, com um olhar acurado para prevenir à problemática. Vale reafirmar,
a relevância do mesmo para Psicologia e para toda a sociedade.
Fez-se necessário um estudo aprofundado acerca desta temática complexa,
com o objetivo geral de compreender os impactos na saúde mental da mãe frente aos
cuidados de um filho com autismo. Com os objetivos específicos no primeiro capítulo
conceituar saúde mental, no segundo capítulo estudar os transtornos psicológicos que
podem desencadear na mãe e por último capítulo três, discorrer sobre as
contribuições da psicologia para a família. Vale reafirmar, a relevância do mesmo para
Psicologia e para toda a sociedade.
O trabalho consiste em uma revisão de literatura, qualitativa descritiva na área
da saúde a partir de materiais já publicados, fazendo uso de revisões literárias em
livros, artigos e bancos de dados como Scielo e Pepsic, os artigos pesquisados
compreendem, os últimos 15 anos, com ênfase na atualidade.
Por fim, as palavras-chave utilizadas na busca: Saúde mental, Transtorno do
Espectro Autista e Mãe. O trabalho será realizado no período de fevereiro a dezembro
de 2022. Cabe ressaltar a importância desse estudo, uma vez que, a temática é
complexa, e a literatura ainda está empobrecida. Por fim, sugere-se novos estudos
aprofundados acerca do tema, visando compreender mais profundamente, bem como
as possibilidades de intervenção em tais situações.
2. CONCEITO DE SAÚDE MENTAL

Para compreender o assunto sobre o qual nos debruçamos se faz necessário


fazer um breve histórico a respeito do processo saúde doença para compreender o
que venha a ser o conceito de saúde mental.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1946 aponta que o conceito de
saúde é bem mais abrangente que a simples ausência de doença. Trata-se de um
equilíbrio emocional entre fatores internos e externos. Ou seja, é um estado de
completo bem estar psíquico, mental e social e não consiste somente em uma
ausência de doença ou enfermidade.
Trata-se de um equilíbrio emocional entre fatores internos e externos. Ou seja,
é um estado de completo bem estar psíquico, mental e social e não consiste somente
em uma ausência de doença ou enfermidade. A definição de saúde para a
Organização Mundial de Saúde (OMS):

A saúde tem como f atores determinantes e condicionantes, entre outros, a


alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho,
a renda, a educação, o transporte, o lazer, o acesso a bens e serviços
essenciais (BRASIL, 1990, Art. 3).

Em virtude disso, a Carta de Ottawa reforça o conceito de saúde englobando


as condições biológicas, sociais, econômicas, culturais, educacionais, políticas e
ambientais. Paralelo a isso, ficaram definidos como condições e recursos básicos para
a saúde: habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos
sustentáveis, justiça social e equidade. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE1988, Art. 6º).
À vista disso, foram muitos os movimentos para as condições de saúde cabem
destacar o marco histórico do movimento de reforma sanitária em 1986, que reuniu
aproximadamente 4 mil pessoas, para propor medidas que reorientassem o sistema
de saúde no Brasil. Visando a reformu lação do sistema de Saúde a Constituição
Federal de 1988 estabelece que a saúde é dever do Estado, sendo o novo sistema de
saúde chamado o SUS.
Permeada por avanços e desafios o SUS assegura a saúde enquanto direito
do todo cidadão brasileiro e ele integra um funcionamento de uma rede de
atendimento público e gratuito ao cidadão. É importante ressaltar, que este sistema
trouxe uma nova visão de saúde, não mais centrada na ausência de doença, mas
relacionada com a qualidade de vida, conforme já mencionado. (ORGANIZAÇÃO
PAN-AMERICAN DE SAÚDE, [199-]).
A partir destes marcos, deve-se dissociar o conceito de saúde mental do conceito de
“doença “mental e transtorno mental. A doença mental é um desvio psicológico ou
comportamental das formas normais do comportamento, que afeta a vida do indivíduo. De
acordo com Sequeira (2006), é uma situação patológica, em que o indivíduo apresenta
desorganização mental.
Sendo assim, uma alteração é considerada patológica a partir do momento em
que o comportamento é disfuncional, ou seja, à medida que o comportamento produz
sofrimento para o indivíduo e seu entorno. Vale ressaltar que doença mental reflete a
história da loucura que não é vista como uma questão social.
O termo que se define “doença” foi criticado pelo campo da psiquiatria e
psicologia clínica, pois entendia como alterações patológicas no corpo, também no
cérebro). Porém, não se pode afirmar que essas alterações se restringem somente
dessa ordem. Por conseguinte, usa-se o termo “transtorno. “
É sabido que as causas biológicas, psicológicas e sociais, exerce influência
para os transtornos mentais. Visto que, no século XIX, usava-se o nome de “alienação”
oriundo do Direito; no século XX, passou -se a usar o termo “doença mental “como
mencionado anteriormente, e nas últimas décadas, com o Manual de Classificação
internacional de doenças e questões relacionados à saúde (CID) e Manual diagnóstico
e estatístico de transtornos mentais (DSM) passou - se a usar o termo “transtorno
mental”.
Ademais, durante o século XVIII as pessoas que não se adaptava a sociedade
eram compulsoriamente internadas em hospitais gerais entre ele os desocupados, os
mendigos e os loucos. No final desse século, apenas os loucos, vistos como doentes
e perigosos, mantiveram-se presos. Eles passariam a ser, objeto de estudo e
Ao final da II Guerra Mundial, a situação dos hospitais psiquiátricos tornou -se
ainda mais deplorável. Em seguida, começaram a surgir os primeiros movimentos de
reforma psiquiátrica. Essa reforma proporciona um novo paradigma, em saúde mental,
proporcionando direito à cidadania, acolhimento e autonomia. (BEZERRA DE
OLIVEIRA et al., 2009).
Frente a isso, é aprovada a lei 10.216 de 06 de abril de 2001 direitos e proteção
a pessoas acometidas de transtorno mental. Contudo a reforma psiquiátrica foi sendo
fortalecida como política oficial do Sistema Único de Saúde (SUS). A reforma
psiquiátrica brasileira, teve muitos avanços em saúde mental e pública.
Por conseguinte, a Organização Mundial da Saúde (2017), saúde mental é o
que determina a realidade na qual a pessoa esteja capacitada para desempenhar
suas próprias qualidades, libertar-se do estresse do dia-a-dia, produzir através de
algum tipo de trabalho e colaborar para o bem de si e de seu entorno. Como já
mencionado, o Sistema Único de Saúde (SUS) prevê uma nova atenção à saúde a
partir da concepção que não compreende a saúde apenas como a ausência de
doença, mas parte do entendimento e qualidade de vida.
Nesta perspectiva, para Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de
vida “é a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto cultural
e sistema de valores do local onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações “. (ORLEY, 1994, p. 99).
Desse modo, é a percepção que a pessoa tem frente a vida, (WHOQOL, 1994)
é uma medida de funcionamento da pessoa, de seu bem-estar e a percepção de sua
saúde geral nos domínios físico, psicológico e social (FLECKl, et al.,1999). Porém,
quando se refere em qualidade de vida, entende -se que, em geral, refere-se a algo
favorável, digno e benéfico (SANTIN, 2002).
Indubitavelmente o cuidado das mães diante das demandas de seu filho com
autismo é um processo árduo. Pois trata-se de vivências difíceis que perduram por
toda a vida.
De acordo com Cuvero (2008), as mães relatam um prejuízo em sua vida
qualidade de vida e na carreira profissional, tendo, frequentemente, que abandonar o
emprego para cuidar do filho. É nesse ambiente de estressante de qualidade de vida,
nos aspectos físicos, emocional que tem o aumento da depressão, que é uma doença
que é incompreendida, embora recorrente que ficou conhecido como “o mal do
século”. (LE GUILLANT, 1984).
Em vista disso, pode se compreender que o conceito de saúde, não é apenas
ausência de doenças, é muito mais do que isso, completo bem-estar, físico,
psicológico e social. Nesse âmbito, entende-se qualidade de vida como a
harmonização de diferentes modos de viver e dos níveis físico, mental, social, cultural,
ambiental e espiritual. (FLECK et al., 2003).
3.TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM DESENCADEAR NA MÃE

Preliminarmente, a maior prevalência de depressão em mulheres demanda


maior atenção por parte dos profissionais da saúde em geral e dos pesquisadores,
tanto pelos prejuízos que pode acarretar para a saúde da mulher, quanto para o
desenvolvimento de seus filhos (ELGAR, MILLS, MCGRATH, WASCHBUSCH,
BROWNRIDGE, 2007; FIELD, 1992; LEVE ET AL., 2005; MATHIESEN ET AL., 2009).
A maternidade é um evento único na vida da mulher, repleto de expectativas e
sentimentos, vivenciado de modo diferente que varia de pessoa para pessoa
(PICCININI, GOMES, NARDI; LOPES, 2008).
Deixarão de ser apenas filhos para se tornarem também pais. Maldonado
(1988) ressalta que a gravidez é uma transição que faz parte do processo de
desenvolvimento e envolve a necessidade de reestruturação em várias dimensões;
uma delas é a mudança de identidade e a nova definição de papéis. Por conseguinte,
a gestação é um período de transição que faz parte do processo normal do
desenvolvimento humano.
Em relação ao impacto de ter um filho com necessidades especiais, essas
mães têm seu cotidiano abalado pela sobrecarga de trabalho, reduzindo o tempo
dedicado às atividades que gostam, vivenciam o preconceito, enfrentam burocracia
para fazer uso de benefícios/serviços disponíveis, além de terem de lidar com o
comportamento da criança (MATSUKURA; SIME, 2008).
Schmidt e Bosa (2007) apontam que a indeterminação quanto ao futuro,
especialmente em relação aos comportamentos de independência, às atividades da
vida diária e à prática da vida social e escolar, suscita questionamentos de familiares
dessas crianças a respeito dos cuidadores de seus filhos futuramente, quando eles
não puderem provê-los.
É sabido que as causas biológicas, psicológicas e sociais, exerce influência
para os transtornos mentais. O termo “transtorno,” encontrado na CID-10 e no DSM-
5, não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjun to de
sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, mas não se
caracteriza em uma doença.
É muito importante notar, que os transtornos mentais comuns (TMC) incluem
sintomas depressivos como ansiedade, transtorno obsessivo- compulsivo (TOC),
estresse e depressão materna. Um aspecto importante desses sintomas, é relação
mãe-feto como mãe-bebê.
Quando esse período se torna estressante para a mãe, o vínculo pode ficar
ameaçado como também a saúde mental e qualidade de vida. Paralelo a isso, tem-se
de dado importância cada vez maior ao tema. Entendemos que a mulher está
vulnerável durante a gestação, exposta a múltiplas exigências, e vivencia um período
de reorganização corporal, bioquímica, hormonal, familiar e social que a faz ficar
propensa a uma multiplicidade de sentimentos (FALCONE, MADER, NASCIMENTO,
SANTOS; NÓBREGA, 2005). A ansiedade é um componente emocional que pode
acompanhar todo o período gestacional e é caracterizada por um estado de
insatisfação, insegurança, incerteza e medo do novo desconhecido (BAPTISTA,
BAPTISTA; TORRES, 2006).
Assim sendo, é certo que a gestante apresenta alguma tensão e preocupação
durante a gravidez é normal, a ansiedade moderada pode estimu lar a organização do
cérebro em desenvolvimento (DI PIETRO e et al.,2010). Vale ressaltar que, a
ansiedade é um processo normal e necessário à nossa sobrevivência.
Todavia, existe a ansiedade patológica que compromete a saúde mental, o
principal sintoma é preocupação excessiva e apreensão constante, com aumento de
cobranças, de seu entorno para ser uma mãe perfeita. Com isso aumentam o risco de
depressão nessa fase da vida da mulher se não for tratado, pode durar anos, com
prejuízos significativos na qualidade de vida. Por outro lado, o estresse durante a
gravidez pode resultar em um parto prematuro (SCHETTERS,2009). Pois o estresse
torna a mulher mais vulnerável a doenças inflamatórias e a infecção, o que leva ao
trabalho de parto prematuro.
Por conseguinte, vale ressaltar que eventos estressantes nesse período, pode
levar a depressão que é o transtorno mental de maior prevalência durante a gravidez.
Ademais, a depressão é um transtorno que essencialmente se manifesta por
episódios depressivos recorrentes, ou seja, os episódios podem durar meses a anos,
porém, se não tratados, podem levar a um curso crônico, de acordo com o DSM-IV-
TR (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002). O episódio de depressão
pode ser classificado em leve, moderado ou severo, de acordo com a gravidade ou a
quantidade dos sintomas.
Contudo, são diversas as emoções com que a mulher deve lidar nesse período
(TEDESCO, QUAYLE e ZUGAIB1997) vale destacar que quando não tratado esses
sintomas depressivos, pode causar incapacidade para o au tocuidado e para o cuidado
dos filhos.
Cabe ressaltar, que quando essa mãe não dispõe de saúde mental, o vínculo
mãe-filho fica comprometido. Sem dúvida, o momento da maternidade, que não é uma
tarefa fácil. Pois a mulher sai do lugar de filha para ocupar um lugar de mãe
(DARCHIS, 2000, p.1). Lugar de complexidade, responsabilidades e mudanças
interpessoais.
4. DISCORRER SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A
FAMÍLIA

Atualmente, de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de


Transtornos Mentais, DSM-IV-TR (ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA,
2002), o autismo caracteriza-se pelo comprometimento severo e invasivo em três
áreas do desenvolvimento: habilidades de in teração social recíproca, habilidades de
comunicação, presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipadas.
O comprometimento da interação social é caracterizado por alterações qualitativas
das interações sociais recíprocas, envolvendo dificu ldades na espontaneidade e na
imitação, bem como uma inabilidade em desenvolver amizade com seus
companheiros (ASSUMPÇÃO JR., 1997; BOSA, 2001; 2006; FACION et al., 2002;
RUTTER et al., 1996).
Quanto ao comprometimento das modalidades de comunicação, é relatado
atraso na aquisição da fala, uso estereotipado e repetitivo da linguagem e uma
inabilidade em iniciar e manter uma conversação (ASSUMPÇÃO JR., 1995; BOSA,
2001; RUTTER et al., 1996). O terceiro item da tríade de comportamentos refere-se
aos padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades. Estes
podem ser manifestados pela adesão inflexível a rotinas e rituais específicos, não
funcionais, e pela preocupação persistente com partes de objetos (ASSOCIAÇÃO
PSIQUIÁTRICA AMERICANA, 2002).
Paralelo a isso, as características essenciais do Transtorno do Espectro Autista
(TEA) são prejuízos persistentes na comunicação social recíproca, na interação social
e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse ou atividades
(ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA [APA], 2014). Esses sintomas estão
presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário.
Manifestações do transtorno variam muito dependendo da gravidade da condição do
autista, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica.
A versão atual do DSM apresenta o TEA como a condição que engloba
transtornos antes chamados de autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto
funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento, transtorno
desintegrativo da infância e transtorno de Asperger (APA, 2014).
Diante disso, esses desafios são apresentados à família justamente por se
configurar como o principal microssistema em que a pessoa em desenvolvimento
estabelece relações significativas e estáveis (BRONFENBRENNER; MORRIS, 2006).
Os pais, além de prestadores de cuidados, modelos, disciplinadores e promotores da
socialização dos filhos, assumem posição central no que se refere à estimulação para
favorecer o desenvolvimento dos filhos (BRONFENBRENNER; MORRIS, 2006;
EBERT; LORENZINI; FRANCO DA SILVA, 2015; PÉREZ-LÓPEZ et al., 2012;
SANCHES; JÚNIOR, 2011).
Neste contexto, o diagnóstico de TEA tem sido apontado como uma fonte de
estresse para os pais, que apresentam índices de estresse mais elevados do que pais
de crianças com desenvolvimento típico e atípico com outros diagnósticos (CADMAN
et al., 2012; HAYES; WATSON, 2012).
Pesquisadores de diferentes regiões e países encontram estresse agudo em
famílias que possuem um membro com diagnóstico de autismo (GOMES et al., 2015;
FÁVERO; SANTOS, 2005). Especial atenção tem sido dada ao estresse das mães de
crianças com TEA, em função do papel de cuidadora principal que ainda lhe é
atribuído em nossa sociedade (MOREIRA; PERRINI; RIBEIRO, 2016). Mães
apresentam níveis mais elevados de estresse em comparação com os pais de
crianças com TEA (SIFUENTES; BOSA, 2010; GOMES et al., 2015).
A sobrecarga vivenciada pelas mães em função das exigências, cuidados e
tarefas peculiares que precisam exercer na atenção ao filho com TEA pode colocá-las
em maior risco de desenvolver estresse crônico, depressão e ansiedade. (OWSON;
HWANG, 2001). O sentimento de frustração das mães de crianças com TEA em
decorrência das peculiaridades do aprendizado, da dificuldade de comunicação das
demandas, e dos déficits de interação social da criança pode estar associado a esse
mecanismo (SANINI, BRUM; BOSA, 2010).
De fato, os problemas de saúde mental das mães de crianças com TEA são
uma preocupação para os pesquisadores. Em um estudo epidemiológico, Lecrubier,
et al. (2002) encontraram altas taxas de depressão (68%) e ansiedade generalizada
(28%) em cuidadores de crianças com autismo do oeste europeu e de países em
desenvolvimento, sendo que estas taxas foram relacionadas a importantes
dificuldades sociais e à presença de eventos estressantes. Em Taiwan, dados
semelhantes foram encontrados por Shu, Lung e Chan (2000), com 33% de
prevalência de algum transtorno psiquiátrico dentre as mães de crianças com TEA.
Os autores entendem a condição autista da criança como uma sobrecarga emocional,
física e financeira para as mães e para a família.
Considerando a importância da atuação do psicólogo na assistência às famílias
de crianças com TEA, atendendo as demandas da família, pois estudos apontam o
papel central dos pais na identificação e no cuidado dos filhos com TEA (BORDINI ET
AL., 2014; ZANON, BACKES; BOSA, 2014).
Por fim, a psicologia pode atuar por meio da Terapia Familiar Sistêmica que dispõem
de uma contribuição teórica importante para o tratamento das famílias, atuando no
contexto mais imediato do sujeito, podendo ser definida como uma “técnica de
intervenção terapêutica que tem como foco principal a alteração das relações que se
passam no sistema familiar, com o objetivo de alívio dos sintomas disfuncionais
presente da família (TONDO, 1988, p. 40).
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por todas estas ideias apresentadas o presente trabalho alcançou os objetivos


propostos compreendendo que a sobrecarga vivenciada pelas mães em função das
exigências, nos cuidados e atenção ao filho com transtorno do espectro autista (TEA)
pode colocá-las em maior risco de desenvolver estresse, depressão e ansiedade
devido ser um processo árduo. Pois trata-se de vivências difíceis que perduram por
toda a vida.
Não obstante, destacar que o momento da maternidade não é uma tarefa fácil
e quando essa mãe não dispõe de saúde mental, o vínculo mãe-filho fica
comprometido. O pode contribuir para as patologias psíquicas.
Notou-se, através deste estudo, que a sobrecarga vivenciada pelas mães em
função das exigências, cuidados e tarefas peculiares que precisam exercer na
atenção ao filho com TEA pode colocá-las em maior risco de desenvolver estresse
crônico, depressão e ansiedade. Em síntese, o cuidado das mães diante das
demandas de seu filho com autismo é um processo árduo.
Por fim, sugere-se que novos estudos explorem o fenômeno em pauta.
Considerando a relevância dos aspectos adoecedores visando compreender mais
profundamente, bem como as possibilidades de intervenção em tais situações.
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