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Lenox Fanuel Soto

Licenciatura em Psicopedagogia

Transtornos de afectividade

ISGN
Xai-Xai
2021
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Lenox Fanuel Soto

Licenciatura em Psicopedagogia

Transtornos de afectividade

Trabalho de Investigação Cientifica da


Cadeira de Psicopatologia Geral, 2º ano
Orientado pelo Docente:
Estêvão Mandlhate

ISGN
Xai-Xai
2021
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Índice

1. Introdução.................................................................................................................................5

1.1. Objectivos.............................................................................................................................5

1.1.1. Geral..................................................................................................................................5

1.1.2. Específicos........................................................................................................................5

2. Metodologia..............................................................................................................................6

3. Fundamentação teórica.............................................................................................................7

3.1. Transtornos de afectividade..................................................................................................7

3.1.1. Causas dos transtornos afectivos.......................................................................................7

3.1.2. Classificação.....................................................................................................................7

3.1.3. Transtorno disruptivo da desregulação do humor.............................................................8

3.1.3.1. Critério diagnóstico.......................................................................................................8

3.1.3.2. Características Diagnósticas..........................................................................................9

3.1.3.3. Prevalência....................................................................................................................9

3.1.3.4. Factores de Risco e Prognóstico....................................................................................9

3.1.3.4.1. Temperamentais............................................................................................................9

3.1.3.4.2. Genéticos e fisiológicos...............................................................................................10

3.1.3.5. Questões Diagnósticas Relativas ao Género...............................................................10

3.1.3.6. Risco de Suicídio.........................................................................................................10

3.1.4. Transtorno depressivo persistente (distimia)..................................................................10


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3.14.1. Critério diagnóstico...........................................................................................................10

De acordo com o DSM-5 (2014) os critérios são preenchidos da seguinte forma:.......................10

3.1.4.2. Características Diagnósticas.............................................................................................11

3.1.4.3. Prevalência........................................................................................................................11

3.1.4.4. Factores de Risco e Prognóstico.......................................................................................11

3.1.4.4.1. Temperamentais.............................................................................................................11

3.1.4.4.2. Ambientais.....................................................................................................................11

3.1.4.4.3. Genéticos e fisiológicos.................................................................................................11

3.1.4.5. Consequências Funcionais do Transtorno Depressivo Persistente...................................12

3.1.5. Tratamento......................................................................................................................12

3.1.5.1. Terapia familiar...........................................................................................................12

3.1.5.2. Antidepressivos...........................................................................................................12

3.1.5.3. Inibidores.....................................................................................................................13

4. Conclusão...............................................................................................................................14

5. Referências bibliográficas......................................................................................................15
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1. Introdução

Quando se fala de transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou
do afecto, trata-se de transtornos que tem um sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade
associada), ou de uma elação. A alteração do humor em geral, acompanha de uma modificação
do nível global de actividade, e a maioria dos outros sintomas são quer secundários a estas
alterações do humor e da actividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas
alterações, isto é, trata-se de sentimentos de tristeza em função de perdas ou manifestações de
raiva decorrentes de frustração são na maioria das vezes reacções afectivas normais e passageiras
e não requerem tratamento. Porém, dependendo da intensidade, da persistência e da presença de
outros sintomas concomitantes, a tristeza e a irritabilidade podem ser indícios de quadros
afectivos em crianças e adolescentes. É baseado nestes contornos que o presente artigo aborda a
afectividade, dando inicio com a contextualização, de seguida as suas respectivas descrições e o
tratamento.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Conhecer os transtornos de afectividade.
1.1.2. Específicos
 Mencionar os transtornos de afectividade;
 Identificar as causas dos transtornos de afectividade;
 Descrever o diagnóstico, factores de risco e prognóstico, prevalência e questões ligadas
ao género; e
 Mostrar as diversas formas de tratamento.
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2. Metodologia

No dizer de Marconi e Lakatos (2010) “a metodologia é um conjunto de abordagens, técnicas e


processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objectiva do
conhecimento, de uma maneira sistemática”. Para neste trabalho, usou-se a pesquisa
bibliográfica.
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3. Fundamentação teórica
3.1. Transtornos de afectividade

Trata-se de transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do


afecto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada), ou de uma elação. A
alteração do humor em geral, acompanha de uma modificação do nível global de actividade. A
maioria destes transtornos tende a ser recorrente e a ocorrência dos episódios individuais podem
frequentemente estar relacionada com situações ou fatos estressantes (CID; 2010).

3.1.1. Causas dos transtornos afectivos

As causas dos transtornos afectivos não são totalmente compreendidas. Entre elas, tem-se:

 Substâncias químicas cerebrais (neurotransmissores) que desempenham um papel


importante na regulação do humor. Quando elas estão desequilibradas de alguma
forma ou não sinalizam correctamente para o cérebro, o resultado pode ser um
transtorno afectivo;
 Eventos de vida também podem desencadear distúrbios afectivos. Um episódio
traumático ou de perda pessoal pode causar depressão ou outro transtorno afectivo;
 O uso de álcool e drogas também é um factor de risco;
 Parece haver ainda um factor genético a interferir no estado de humor de uma pessoa.
Eles podem ser hereditários, sendo comum que haja uma história familiar desses
distúrbios. No entanto, isso não garante que uma determinada pessoa desenvolverá
um transtorno afectivo apenas porque outro membro da sua família sofre de um
3.1.2. Classificação

A CID (2010) apresenta a seguinte classificação de agrupamento:

 Episódio maníaco;
 Transtorno afectivo bipolar;
 Episódios depressivos;
 Transtorno depressivo recorrente;
 Transtornos de humor (afectivos) persistentes;
 Outros transtornos do humor (afectivos).
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Por sua vez o DSM-5 (2014) apresenta os transtornos afectivos dentro dos transtornos
depressivos e incluem o seguinte agrupamento:
 Transtorno disruptivo da desregulação do humor,
 Transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior);
 Transtorno depressivo persistente (distimia);
 Transtorno disfórico pré-menstrual;
 Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento,
 Transtorno depressivo devido a outra condição médica;
 Outro transtorno depressivo especificado; e
 Transtorno depressivo não especificado.

Baseado em uma abordagem que dá primazia ao uso de matérias actuais, opta-se nesta pesquisa
na utilização da classificação do DSM-5 (2014). E por se tratar de vários transtornos que
merecem atenção e que tenham diversidade de conteúdos, opta-se em abordar dois dos
transtornos acima mencionados a saber: Transtorno disruptivo da desregulação do humor e
Transtorno depressivo persistente (distimia).

3.1.3. Transtorno disruptivo da desregulação do humor


3.1.3.1. Critério diagnóstico
A. Explosões de raiva recorrentes e graves manifestadas pela linguagem (p. ex., violência
verbal) e/ou pelo comportamento (p. ex., agressão física a pessoas ou propriedade) que
são consideravelmente desproporcionais em intensidade ou duração à situação ou
provocação;
B. As explosões de raiva são inconsistentes com o nível de desenvolvimento;
C. As explosões de raiva ocorrem, em média, três ou mais vezes por semana;
D. O humor entre as explosões de raiva é persistentemente irritável ou zangado na maior
parte do dia, quase todos os dias, e é observável por outras pessoas (p. ex., pais,
professores, pares);
E. Os Critérios A-D estão presentes por 12 meses ou mais. Durante esse tempo, o indivíduo
não teve um período que durou três ou mais meses consecutivos sem todos os sintomas
dos Critérios A-D;
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F. Os Critérios A e D estão presentes em pelo menos dois de três ambientes (p. ex., em casa,
na escola, com os pares) e são graves em pelo menos um deles;
G. O diagnóstico não deve ser feito pela primeira vez antes dos 6 anos ou após os 18 anos de
idade.
3.1.3.2. Características Diagnósticas
A característica central do transtorno disruptivo da desregulação do humor é a irritabilidade
crónica grave. Essa irritabilidade grave apresenta duas manifestações clínicas proeminentes,
sendo a primeira as frequentes explosões de raiva. Essas explosões tipicamente ocorrem em
resposta à frustração e podem ser verbais ou comportamentais (estas últimas na forma de
agressão contra propriedade, si mesmo ou outros). Elas devem ocorrer com frequência (i.e., em
média três ou mais vezes por semana).
O DSM-5 ainda acrescenta que este transtorno foi acrescentado ao DSM-5 para abordar a
preocupação quanto à classificação e ao tratamento apropriados das crianças que apresentam
irritabilidade crônica persistente em relação a crianças que apresentam transtorno bipolar
clássico (DSM-5; 2014).

3.1.3.3. Prevalência

O transtorno disruptivo da desregulação do humor é comum entre as crianças que se apresentam


nas clínicas pediátricas de saúde mental. As estimativas da prevalência do transtorno na
comunidade não são claras. Com base nas taxas de irritabilidade persistente crônica e grave, que
é a característica principal do transtorno, a prevalência geral de seis meses a um ano do
transtorno disruptivo da desregulação do humor entre crianças e adolescentes provavelmente está
dentro da variação de 2 a 5%. No entanto, são esperadas taxas mais elevadas em crianças do sexo
masculino e em idade escolar do que no sexo feminino e em adolescentes (DSM-5; 2014).

3.1.3.4. Factores de Risco e Prognóstico


3.1.3.4.1. Temperamentais

Crianças com irritabilidade crónica costumam exibir história psiquiátrica complicada. Nelas,
uma história relativamente extensa de irritabilidade crónica é comum, manifestando-se, em geral,
antes que todos os critérios para o transtorno sejam satisfeitos (DSM-5; 2014). A título de
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exemplo pode-se referenciar crianças que são mais agressivas na resposta a alguma situação que
a julgam adversa.

3.1.3.4.2. Genéticos e fisiológicos

Em termos de agregação familiar e genética, aquelas com transtorno disruptivo da desregulação


do humor exibem tanto semelhanças quanto diferenças nos deficits de processamento da
informação. Por exemplo, deficits no reconhecimento de emoções faciais, bem como tomada de
decisão e controle cognitivo perturbados.

3.1.3.5. Questões Diagnósticas Relativas ao Género

As crianças que se apresentam na clínica com características de transtorno disruptivo da


desregulação do humor são predominantemente do sexo masculino. Entre as amostras
comunitárias, também parece haver preponderância masculina. Essa diferença na prevalência
entre os sexos diferencia o transtorno disruptivo da desregulação do humor do transtorno bipolar,
no qual existe prevalência igual entre os gêneros.

3.1.3.6. Risco de Suicídio

Em geral, evidências que documentam comportamento suicida e agressão, assim como outras
consequências funcionais graves, no transtorno disruptivo da desregulação do humor devem ser
observadas na avaliação de crianças com irritabilidade crônica.

3.1.4. Transtorno depressivo persistente (distimia)

3.14.1. Critério diagnóstico

De acordo com o DSM-5 (2014) os critérios são preenchidos da seguinte forma:

A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato
subjectivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos.
Nota: Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de
um ano;
B. Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características:
 Apetite diminuído ou alimentação em excesso;
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 Insônia ou hipersonia;
 Baixa energia ou fadiga;
 Baixa autoestima;
 Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões;
 Sentimentos de desesperança.
C. Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o
indivíduo jamais esteve sem os sintomas dos Critérios A e B por mais de dois meses.

3.1.4.2. Características Diagnósticas


A característica essencial do transtorno depressivo persistente (distimia) é um humor depressivo
que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois anos, ou por pelo
menos um ano para crianças e adolescentes (Critério A). Os indivíduos com transtorno
depressivo persistente descrevem seu humor como triste.

3.1.4.3. Prevalência
A prevalência de 12 meses nos Estados Unidos é de aproximadamente 0,5% para transtorno
depressivo persistente e de 1,5% para transtorno depressivo maior crônico.

3.1.4.4. Factores de Risco e Prognóstico

3.1.4.4.1. Temperamentais
Os factores preditivos de pior evolução no longo prazo incluem níveis mais elevados de
afectividade negativa (neuroticismo), maior gravidade dos sintomas, pior funcionamento global e
presença de transtornos de ansiedade ou transtorno da conduta.

3.1.4.4.2. Ambientais
Os factores de risco na infância incluem perda ou separação dos pais.

3.1.4.4.3. Genéticos e fisiológicos


É provável, assim, que os indivíduos com transtorno depressivo persistente tenham uma
proporção maior de parentes de primeiro grau com essa doença do que os indivíduos com
transtorno depressivo maior, e mais transtornos depressivos em geral.
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3.1.4.5. Consequências Funcionais do Transtorno Depressivo Persistente


O grau em que o transtorno depressivo persistente repercute no funcionamento social e
profissional provavelmente varia bastante, porém os efeitos podem ser tão grandes quanto ou
maiores do que os do transtorno depressivo maior.

3.1.5. Tratamento

Na perspectiva de Curatolo e Friedrich (2000) o tratamento do paciente com transtornos


afectivos inicia-se com uma avaliação detalhada para afastar possíveis causas orgânicas para o
aparecimento dos sintomas. Também se deve obter dados sobre o comportamento da criança em
casa e na escola. O diagnóstico preciso é fundamental para conduzir à terapêutica adequada.

De acordo com Curatolo e Friedrich (2000) no tratamento destes transtornos deve-se usar a
Terapia familiar ou antidepressivos ou ainda inibidores:

3.1.5.1. Terapia familiar

A psicoterapia da criança e a orientação para pais e professores são sempre necessárias. Muitas
vezes recomenda-se a terapia familiar para diminuir a angústia da criança e da família. Com
relação à medicação, deve-se estudar cada caso individualmente.

3.1.5.2. Antidepressivos

Nos casos de transtornos de ajustamento com humor depressivo, distimia e depressão maior,
pode-se usar antidepressivos tricíclicos como imipramina, clormipramina, maprotilina,
amitriptilina ou nortriptilina. Todos já são de uso comum na infância e tanto a substância como
os efeitos colaterais são bastante conhecidos. Deve-se começar com doses baixas e o aumento
deve ser gradual. Os efeitos colaterais são semelhantes aos observados em adultos, devendo ser
dada especial atenção ao monitoramento cardíaco.
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3.1.5.3. Inibidores

Os inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS) aprovados nos Estados Unidos pelo
Food and Drug Administration (FDA) para uso em crianças são o cloridrato de sertralina e a
fluoxetina. Essas drogas apresentam bons resultados e poucos efeitos colaterais. Outros ISRS,
como o citalopram, a paroxetina e os ISRS de ação mista, como a venlafaxina, também têm sido
utilizados.

A obrigatoriedade das avaliações clínicas e laboratoriais tem por objetivo afastar a possibilidade
de diagnósticos diferenciais e, também, de traçar um perfil basal para futuros exames periódicos
de controle, lembrando que alguns medicamentos apresentam efeitos colaterais intoleráveis para
certos pacientes, assim como efeitos adversos de leucopenia (carbamazepina), hipotireoidismo
(lítio), cardiotoxicidade (lítio) e patologias da condução cardíaca (antidepressivos tricíclicos).24
A dosagem sérica deve ser verificada sempre que possível.
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4. Conclusão

Depois da realização da pesquisa ocorre-se concluir que os transtornos afectivos podem decorrer
na infância e na adolescência. O diagnóstico e o tratamento precoces podem mudar o futuro de
uma criança, evitando prejuízos ao desenvolvimento e favorecendo a elaboração de vivências
relacionadas aos transtornos afectivos. Entre tanto, os estados afectivos consistem de
experiências que são difusas em sua natureza e, portanto, temporalmente mal definidas, isto é,
são claramente reconhecíveis quando inundam a consciência do sujeito, mas sua associação
regular com desencadeantes e circunstâncias sociais não é clara. Não obstante estas dificuldades,
o sujeito tem (em geral) sido convidado a apreender seus estados afectivos pela introspecção e,
se possível, a nomear suas sensações ou imagens mediadoras. Não obstante também foi possível
constatar que estas patologias do ponto de vista médico são vistas como uma depressão crônica,
na qual os pacientes apresentam diversos sintomas depressivos de pouca intensidade se
comparada à depressão maior, pois, tem início insidioso, começando muitas vezes na infância ou
adolescência, com curso prolongado, persistindo eventualmente durante toda a vida do indivíduo.
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5. Referências bibliográficas

American Psychiatric Association (2014). MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE


TRANSTORNOS MENTAIS, DSM-5 5ª Edicicao, Artmed.

CID Classificação Estatística Internacional de Doenças (2010).

CURATOLO, Eliana e FRIEDRICH, Sonia. (2000). Transtornos afectivos. Departamento de


Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes. São Paulo.

MARCONI Maria de Andrade e LAKATOS Eva Maria. (2010). Metodologia Científica, 5ª


edição, Editora ATLAS. S.A. São Paulo

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