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FACULDADES PEQUENO PRINCIPE

A DEPRESSÃO E SEU MANEJO NA TERAPIA BASEADA NA


ANALISE DO COMPORTAMENTO

CURITIBA
2018
2

BRUNO SANTOS DE ALMEIDA


DAIANE LECH
LUANA DE PAULA
WEIDER TEIXEIRA

A DEPRESSÃO E SEU MANEJO NA TERAPIA BASEADA NA


ANALISE DO COMPORTAMENTO

Trabalho de pesquisa realizado para o curso de


Graduação em Psicologia, na disciplina de TTP Analise
do Comportamento das Faculdades Pequeno Príncipe.
Professor: Ms. Felipe Ganzert Oliveira.

CURITIBA
2018
Resumo

O presente trabalho visa a apresentar um resumo de literatura sobre a Depressão e como


realizar seu manejo na clínica baseado na ciência da Análise do Comportamento. Será
apresentado um breve resumo do que são as síndromes depressivas, qual é a visão que a
ciência Analítico-comportamental possui da depressão, qual a influencia na depressão de
estímulo discriminativo, funções respondentes, funções estabelecedoras além de influencias
culturais, além de ser apresentado de forma sucinta a terapia da aceitação e do compromisso e
a psicoterapia analítico-funcional voltada para a depressão.Este trabalho, contudo, mostrou-se
de suma importância para correlacionarmos a teoria e prática no estudo do comportamento.

Palavras-chaves: Análise do Comportamento, Depressão, Psicoterapia


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Sumário

Introdução.................................................................................................................................5
Objetivos....................................................................................................................................6
Objetivo Geral..........................................................................................................................6
Referencial Teórico...................................................................................................................7
Sindromes depressivas.............................................................................................................7
Depressão: Uma visão analítico-comportamental................................................................9
Estimulo Discriminativo, Funções Respondentes, Funções Estabelecedoras e Influências
Culturais;.................................................................................................................................10
- Estimulo Discriminativo;.....................................................................................................10
- Funções Respondentes..........................................................................................................11
- Funções Estabelecedoras.....................................................................................................11
- Influências Culturais..........................................................................................................13
Implicações do tratamento...................................................................................................13
Psicoterapias comportamentais no tratamento da depressão...........................................15
Terapia analítico-comportamental.......................................................................................15
Terapia da aceitação e do compromisso (ACT)...................................................................16
Psicoterapia analítica-funcional (FAP).................................................................................18
Considerações Finais...............................................................................................................20
Referências Bibliográficas......................................................................................................22
Apendice...................................................................................................................................23
Apendice1 Slides.....................................................................................................................23
Apendice2 Analise funcional do Caso..................................................................................25
Apendice3Descrição da Simulação......................................................................................25
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Introdução

O presente trabalho visa a apresentar um resumo de literatura sobre a Depressão e

como realizar seu manejo na clínica baseado na ciência da Análise do Comportamento.As

síndromes depressivas, hoje em dia, são consideradas um problema de saúde pública, pois,

segundo a OMS, a depressão maior unipolar é a maior causadora de incapacidade dentre os

problemas de saúde (Dalgalarrondo, 2008).

Estas síndromes são conhecidas por apresentarem como sintomas o humor depressivo

e o desânimo, porém, elas compreendem uma variedade de sintomas afetivos, cognitivos,

neurovegetativos e instintivos no que dizem respeito à autovaloração (Dalgalarrondo, 2008).

O que difere um transtorno depressivo de outro é a duração, momento ou etiologia presumida

presentes nestes (DSM – 5, 2014). O tratamento pela terapia analítico-comportamental é

realizado através de uma análise funcional, descrevendo antecedentes e consequentes em

relação aos comportamentos do indivíduo, além de poder usar também a terapia analítico-

comportamental e a Terapia da aceitação e do compromisso.

Este trabalho, elaborado pelos acadêmicos em psicologia Bruno Santos de

Almeida, Daiane Lech, Luana de Paula e Weider Teixeira, sobre a orientação do professor Ms.

Felipe Ganzert Oliveira, através da instituição Faculdade Pequeno Príncipe, tem como foco

estudar a Depressão e como realizar seu manejo na clínica baseado na ciência da Análise do

Comportamento. Esse trabalho se faz muito útil para o aprendizado do manejo do papel do

terapeuta que se utiliza da Ciência da Análise do Comportamento na sua forma de trabalhar

com pacientes que possuem depressão.


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Objetivos

Objetivo Geral

Aprender a forma de trabalhar o transtorno mental Depressão sob o olhar da Análise

do Comportamento.
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Referencial Teórico

Sindromes depressivas

As síndromes depressivas, hoje em dia, são consideradas um problema de saúde

pública, pois, segundo a OMS, a depressão maior unipolar é a maior causadora de

incapacidade dentre os problemas de saúde (Dalgalarrondo, 2008).

Estas síndromes são conhecidas por apresentarem como sintomas o humor depressivo

e o desânimo, porém, elas compreendem uma variedade de sintomas afetivos, cognitivos,

neurovegetativos e instintivos no que dizem respeito à autovaloração (Dalgalarrondo, 2008).

O que difere um transtorno depressivo de outro é a duração, momento ou etiologia presumida

presentes nestes (DSM – 5, 2014).

A condição clássica dos transtornos depressivos é o transtorno depressivo maior,

caracterizado por episódios de pelo menos duas semanas de duração; o diagnóstico baseado

em episódios isolados é possível, porém, os episódios são recorrentes na maior parte dos

casos (DSM – 5, 2014). Deve-se diferenciar a vivência do luto normal em relação a um

episódio de depressão maior, grande sofrimento é experienciado no primeiro, porém, não

necessariamente é desencadeado um episódio de depressão maior. Quando ocorrem,

habitualmente em pessoas vulneráveis que apresentam outros transtornos depressivos, o

estado depressivo e o prejuízo funcional ao indivíduo costumam ter um maior impacto na vida

deste (DSM – 5, 2014).

De acordo com Dalgalarrondo (2008), as síndromes depressivas compreendem uma

gama de sintomas em áreas psicopatológicas diferentes, são eles:


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 Sintomas afetivos: tristeza, melancolia, apatia, choro frequente, sentimento de

tédio e aborrecimento, irritabilidade aumentada, desespero, desesperança, angústia ou

ansiedade;

 Sintomas instintivos e neurovegetativos: fadiga, desânimo, insônia ou

hipersomnia, perda ou aumento do apetite, palidez, diminuição da libido;

 Alterações ideativas: negativismo, pessimismo, arrependimento, culpa, ideias

de morte e desaparecimento, ideação suicida;

 Alterações cognitivas: déficit de atenção ou concentração, déficit de memória,

dificuldade de tomar decisões;

 Alterações da autovaloração: auto-estima diminuída, sentimento de

insuficiência, sentimento de vergonha e autodepreciação;

 Alterações da psicomotricidade: tendência a ficar o dia inteiro na cama,

lentidão psicomotora, diminuição da fala, mutismo, negativismo quanto à alimentação e

interação;

 Sintomas psicóticos: ideias delirantes negativas, alucinações com conteúdos

depressivos, ideação paranóide;

Falando-se em fatores desencadeantes, não há dúvida que podem envolver-se questões

biológicas, genéticas e neuroquímicas. Do ponto de vista psicológico, as síndromes

depressivas têm grande relação com os sentimentos de perda, pois estas estão presentes em

grande frequência após a perda de um ente querido, emprego, status socioecômico,

separações, entre outras perdas significativas na vida do indivíduo (Dalgalarrondo, 2008).


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Depressão: Uma visão analítico-comportamental

Uma característica importante das pessoas que apresentam o transtorno depressivo é a

diminuição de atividades juntamente com muitas reclamações, choro e irritabilidade (Dougher

e Hackbert, 1994). Pode ser associada à esta baixa taxa de comportamento uma escassez de

reforços, mais especificamente a taxa de reforço positivo contingente à resposta, ou seja, a

depressão pode surgir quando o reforço para não responder for maior do que o reforço para a

respota (Dougher e Hackbert, 1994).

Também, a falta de reforço social, devido a um repertório social inadequado, é

presente no surgimento e manutenção desse tipo de transtorno. Estudos apontam que pessoas

que apresentam um transtorno depressivo tem baixas habilidades sociais, não sabendo se

portar de forma adequada e também sendo evitadas por outrem (Dougher e Hackbert, 1994).

Segundo Dougher e Hackbert (1994), a presença da extinção também é uma causa

provável à depressão. Quando a extinção é aplicada após um histórico de reforço em animais

de laboratório, estes mostram sintomas depressivos e isto é observado na história de vida de

pacientes depressivos, que relatam com frequência não ter vivido em um ambiente muito

responsivo (Dougher e Hackbert, 1994). Os efeitos desta perda súbita de reforço podem ser

observados em pacientes que vêm à terapia por conta de uma perda recente e marcante, como

o luto, perda do emprego e fim de relacionamento. Estes, quando não possuem repertório para

a busca de outros reforços para suprir a perda, mantém-se em estado depressivo (Dougher e

Hackbert, 1994).

A punição também é apontada como uma uma causa mantenedora da depressão.

Históricos de punição contínua e sem possibilidade de fuga, como o abuso infantil, estão

bastante presentes nestes pacientes. Há ainda o agravante de o comportamento defensivo deste

tipo de situação também ter sido punido (Dougher e Hackbert, 1994). Estudos apontam que a
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presença contínua do estímulo aversivo sem possibilidade de fuga resulta em diminuição de

respostas e até mesmo interfere nos efeitos do reforço contingente (Dougher e Hackbert,

1994).

É muito presente em pacientes que apresentam transtorno depressivo a ansiedade,

angústia, lamentação e choro. Estes comportamentos, quando reforçados, também prolongam

o estado em que o indivíduo se encontra (Dougher e Hackbert, 1994). Estudos demonstram

que alguns comportamentos apresentados por pacientes depressivos, como lamentação,

postura de degradação própria e expressões de tristeza são utilizados por estes como estratégia

para diminuição dos estímulos aversivos que outros possam vir a produzir (Dougher e

Hackbert, 1994). Algumas vezes, estes comportamentos podem estimular o aumento do apoio

e atenção social, sendo eles, assim,reforçados positivamente (Dougher e Hackbert, 1994).

Estimulo Discriminativo, Funções Respondentes, Funções Estabelecedoras e Influências

Culturais;

Estimulo Discriminativo

De acordo com Doughter&Hackbert (1994); existem funções de controle de estímulos

envolvidas na manutenção do comportamento depressivo. Eventos que estão correlacionados

com a extinção e punição acabam evocando comportamentos de esquiva. O comportamento

então permanece sob o controle de estímulos discriminativos relevantes ate mesmo quando as

contingencias mudam, e como resultado disso, a taxa de reforço positivo do paciente

permanecera baixa (Doughter&Hackbert, 1994).


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Funções Respondentes

Os analistas do comportamento certamente preocupam-se com as taxas baixas de

comportamento dos pacientes depressivos e tambem preocupam-se com os eventos

ambientais que as produzem, mas a razão peloqual o paciente procura tratamento é o estado

afetivo associado á depressão (Doughter&Hackbert, 1994).

A eliciação respondente é identificada na frustração que caracterizam as respostas

produzidas pela quebra de uma contingência de reforço. Quando ocorre escassez de reforço

persistente, isso pode resultar em reações emocionais como a tristeza e ou, desespero. Ou seja,

reforço insuficiente, extinção ou punição funcionam como estímulos que elicia uma série de

respondentes como a tristeza, frustração, etc (Doughter&Hackbert, 1994).

Os autores Doughter&Hackbert (1994) tambem falam sobre as reações emocionais

queeliciadas por reforços insuficientes acabam tornando-se fontes frequentes de sofrimento

posterior. Então, as reações emocionais associadas a depressão podem causar angustia num

ciclo progressivo e esta progressão de reações pode esclarecer muitos sintomas depressivos

incluindo dificuldade de concentração, perturbações do sono, entre outros

(Doughter&Hackbert, 1994).

Funções Estabelecedoras

O fato de se perder o interesse por atividades consideradas recompensadoras acaba

sendo a queixa mais comum entre os pacientes depressivos. As operações estabelecedoras

acabam acentuando o efeito reforçador de certas consequências, aumentam a probabilidade de

respostas que tenham produzido reforços estabelecidos no passado e elevam a efetividade


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evocativa de estímulos discriminativos associados a reforços estabelecidos

(Doughter&Hackbert, 1994).

O argumento utilizado pelos autores Doughter&Hackbert(1994 pg 172),é de que os

eventos ou condições que produzem taxas baixas de resposta e os estados afetivos

característicos da depressão podem funcionar como operações estabelecedoras ou supressoras

(que funcionam de maneira oposta). Estes eventos então potencializam contingencias e

despotencializam outras.

Podemos tambem dividir o mundo entre dois tipos de contingênciasque seriam as

depressivas e não-depressivas. As não depressivas são as que operam quando a pessoa não

esta deprimida e incluem as contingências sociais, ocupacionais, recreacionais e interpessoais

da vida cotidiana, assim a pessoa interage, cria e encontra prazer nas atividades. Já as

contingências depressivas estão relacionadas ao comportamento depressivo como por

exemplo o comportamento frequente de chorar, reclamar, se autocensurar, se autocriticar,

abusar de determinadas substâncias, sono excessivo, entre outros fatores

(Doughter&Hackbert, 1994).

Apesar das pessoas depressivas procurarem por simpatia e apoio de outros, os mesmos

tendem a evitar situações sociais, e dependendo da pessoa, mesmo atividades como

alimentação ou sexo acabam perdendo suas funções reforçadoras (Doughter&Hackbert, 1994)

De acordo com alguns estudos, a principal característica da depressão é a atenção a

memórias e eventos negativos, os depressivos apresentam esquemas cognitivos negativos que

os levam a atentar aspectos negativos de si mesmos e de seus ambientes. Um pequeno

exemplo disso é referente a uma pesquisa realizada com feedbacks dado a pessoas depressivas

e solitárias, e pessoas pouco solitárias. Os resultados indicaram que as pessoas mais solitárias

recordamdos feedbacks negativos e quase não recordam dos positivos, e com as pessoas

pouco solitárias é justamente o contrário (Doughter&Hackbert, 1994).


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Influências Culturais

As influências culturais podem contribuir muito para a depressão, sendo fatores como

a cultura moderna, características estressantes das sociedades, etc. Toda cultura comunica aos

seus membros sobre comportamento humano, o primeiro tem a ver com as causas do

comportamento e o segundo refere-se as características de saúde patológica ou transtornos

psicológicos (Doughter&Hackbert, 1994).

O problema se agrava pela perspectiva cultural de problemas psicológicos definidos

pela presença de sintomas que transformam-se em certos pensamentos e sentimentos, esses

sentimentos e pensamentos em algum grau são indicativos do transtorno de acordo com o

DSM , e a presença destes pode ser muito angustiante. O sentimento de depressão pode então

indicar a existência de um transtorno psicológico, tentando por exemplo suprimir e controlar

experiências indesejáveis produzindo assim um ciclo de reações emocionais

(Doughter&Hackbert, 1994).

Quando chega-se a tal resultado, os pacientes acabam buscando ajuda profissional em

busca de identificar os processos psicológicos que eles assumem ser a causa de suas angustias

(Doughter&Hackbert, 1994).

Implicações do tratamento

O presente texto indica diversas possibilidades de tratamentos. Fármacos

antidepressivos, por exemplo, podem ser considerados como operações estabelecedoras que

atuam neutralizando funções estabelecedoras de eventos que geram a

depressão(Dougher&Hackbert, 2003). Essas drogas têm como efeito comportamental

diminuir ou eliminar contingências depressivas e aumentar o efeito de contingências não


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depressivas, alem disso a freqüência do comportamento depressivo diminui, as conseqüências

relevantes são consideradas como reforços e o comportamento verbal típico da depressão

também é diminuído ou substituído por um comportamento não

depressivo(Dougher&Hackbert, 2003).

Entretanto a psicoterapia é necessária para manter os efeitos após a retirada dos

medicamentos(Dougher&Hackbert, 2003). As intervenções psicoterápicas serão escolhidas

dependendo da necessidade de cada caso, por exemplo, se um paciente tem déficit nas

habilidades sociais deve se realizar um treino de habilidades sociais(Dougher&Hackbert,

2003).

O autor Ferster (1973) apud Dougher&Hackbert (2003, p. 11), acredita que há um

motivo para a melhora de pacientes depressivos com quase todas as terapias verbais, e o

motivo é o fato de que o simples aumentar da interação verbal já pode ser considerado algo

reforçador, além de permitir ao terapeuta conhecer melhor seu paciente e suas interações e as

conseqüências aversivas que podem surgir.

Kohlenberg, Tsai eDougher (1993) apud Dougher&Hackbert (2003, p.11)identificaram

como que terapeutas podem utilizar-se da relação terapêutica para investigar o

comportamento problemático e reforçar formas mais adequadas de interações. Os efeitos

reforçadores da terapia podem surgir ainda mais fácil quando em terapia de grupo pois há

mais interações e maior oportunidade do paciente receber um feedback construtivo sobre seus

comportamentos(Dougher&Hackbert, 2003). A boa relação terapêutica ainda pode atuar em

clientes com histórico de abuso e negligencia, pois conversar sobre eventos que são

traumáticos pode levar a extinção de respostas emocionais por eles associadas e conduzir a

uma compreensão diferente das causas e efeitos desses eventos na vida do

cliente(Dougher&Hackbert, 2003). Isso pode ser observado, por exemplo, em vítimas de

abuso sexual e psicológico, onde muitas vezes elas se culpam pelo acontecimento, mas
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quando percebem que o evento não era contingente ao seu comportamento os

comportamentos verbais que a autopuniam diminuem de freqüência(Dougher&Hackbert,

2003).

Diferente da Teoria Cognitivo Comportamental onde se atua na tentativa de modificar

os comportamentos de crenças do paciente esse trabalho opta por incentivar o paciente a

buscar atividades e experiências que lhe são úteis e que lhe dão sentido a sua vida, que é o

foco da Teoria da Aceitação e Compromisso da terapia de Hayes (Hayes, 1987;Hayes e

Wilson, 1993 apud Dougher&Hackbert, 2003, p. 12) conforme observado na simulação de

atendimento encontrada no apêndice desse trabalho.

Psicoterapias comportamentais no tratamento da depressão

Terapia analítico-comportamental

O tratamento pela terapia analítico-comportamental é realizado através de uma análise

funcional, descrevendo antecedentes e consequentes em relação aos comportamentos do

indivíduo. Nesta análise são destacados tanto comportamentos públicos quanto privados,

principalmente aqueles que auxiliam na manutenção dos comportamentos-problema.

Identificar esses comportamentos fornecem dados para que o terapeuta treine o cliente no

aumento de um repertório que possibilite reforçadores positivos no ambiente em que vive e

frequenta (Abreu & Santos, 2008; Jacobson &Gortner, 2000 apud Cardoso, 2011).

Para tratar a depressão, é necessário orientar que o cliente se exponha menos a

situações aversivas. Alguns pacientes podem considerar impossível controlar, se esquivar, ou

fugir de situações aversivas, isso pode estar relacionado à autorregras enraizadas (Mestre

&Hunziker, 1996; Hunziker, 2003 apud Cardoso, 2011).


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Orientar o cliente no automonitoramento de suas atividades, por meio de um diário por

exemplo, identificando antecedentes e consequentes de seus comportamentos, poderiam

auxilia-lo a discriminar as situações e seu modo de reagir frente a elas (Martell, Addis &

Jacobson, 2001; Rehm, 1977 apud Cardoso, 2011).

A partir das informações coletadas pelo automonitoramento, o terapeuta pode orientar

o cliente em estratégias para que este deixe de apresentar comportamentos geradores de

situações aversivas, e passe a emitir comportamentos desencadeadores de reforços positivos

(Abreu, 2006 apud Cardoso, 2011).

No tratamento da depressão é necessário também um treinamento de habilidades

sociais, para que o cliente se exponha a situações sociais, para voltar a ter acesso a

reforçadores positivos dessa natureza, e acesso a novos reforçadores advindos dessas

interações. A terapia auxiliaria o cliente a apresentar respostas funcionais a situações aversivas

do dia-a-dia. O terapeuta deve sugerir que o cliente comece pela atividade que se sente mais à

vontade em relação as outras, e a se expor gradualmente a elas (Abreu & Santos, 2008 apud

Cardoso, 2011).

Terapia da aceitação e do compromisso (ACT)

Pessoas com um repertorio depressivo apresentam comportamento de esquiva, por

exemplo, podem começar a faltar no serviço para evitar punições dos superiores, aumentar ou

diminuir a ingestão de alimentos, dormir em excesso, emite esses comportamentos para evitar

o contato com estímulos aversivos (Abreu, 2006; Martell, Addis & Jacobson, 2001 apud

Cardoso, 2011).

Um dos objetivos da Terapia da aceitação e do compromisso é diminuir os

comportamentos de esquiva. A comunidade em geral ensina a se esquivar de sentimentos na


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resolução de problemas a eles relacionados. A ACT procura enfraquecer esquivas emocionais,

fortalecer respostas que auxiliam na mudança do comportamento, e trazer de volta

reforçadores que no momento atual não estão presentes no ambiente do indivíduo (Banacoet

al., 2006; Brandão, 1999ª apud Cardoso, 2011).

As intervenções da ACT passam pelos processos:

Desamparo criativo: Demonstrar ao cliente que as soluções tentadas, baseadas no

controle de comportamentos encobertos, são ineficientes. Orientar a criação de novas

estratégias na resolução dos problemas.

Controle dos eventos privados: Descrever os comportamentos encobertos de esquiva

que o cliente apresenta.

Discriminação entre o eu e o comportamento: Auxiliar o cliente na aceitação de

sentimentos indesejáveis, a partir do entendimento da separação entre comportamento e

pessoa que se comporta.

Escolha e valorização de uma direção: Orientar na mudança de comportamentos

abertos, ao invés de tentar controlar os encobertos.

Abandono da disputa: Parar de lutar com os sentimentos, passar a aceita-los.

Compromisso com a mudança: por fim, busca-se a diminuição da esquiva emocional,

e o aumento da capacidade de manutenção do compromisso de mudança comportamental

(Brandão, 1999ª apud Cardoso, 2011).

Para auxiliar o cliente a vivenciar sentimentos, pensamentos, sensações e recordações,

o analista pode utilizar exercícios experienciais, metáforas e paradoxos. Esse manejo auxilia o

cliente a contextualizar seus eventos privados, entender o que quer para sua vida, o que

prioriza e valoriza, e o compromisso que precisa assumir para promover as mudanças


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necessárias (Brandão, 1999b; Hayes, Zettle&Rosenfarb, 1989; Martell, Addis & Jacobson,

2001 apud Cardoso, 2011).

Psicoterapia analítica-funcional (FAP)

Tem por objetivo analisar a relação terapeuta-cliente, promovendo a modificação de

comportamentos clinicamente relevantes (CRB’s), que são divididos em 3 tipos. CRB1 são

problemas do cliente que acontecem durante a sessão, CRB2 são progressos do cliente que

acontecem durante a sessão, CRB3 são interpretações do cliente em relação ao problema, que

acontecem durante a sessão (Kohlenberg&Tsai, 1994; Kohlenberg&Tsai, 2001;

Vandenberghe& Pereira, 2005 apud Cardoso, 2011).

Deste modo, o foco da terapia é facilitar a ocorrência de CRB’s durante a sessão, para

que possam ser modificados e generalizados para o contexto do cliente além do ambiente

terapêutico (Banacoet al., 2006 apud Cardoso, 2011).

É necessário também estar atento a cinco regras, que de acordo com Vandenberghe,

2009 apud Cardoso, 2011; são:

1) observar a emissão dos comportamentos clinicamente relevantes (CRBs);

2) evocar;

3) e reforçar os CRBs;

4) observar os efeitos potencialmente reforçadores do comportamento em relação

aos CRBs do cliente;

5) fornecer interpretações das variáveis que afetam o comportamento do cliente.

Com relação ao tratamento da depressão, o terapeuta inicialmente fica atento aos

CRB1 que são as queixas relacionadas aos problemas, por exemplo dificuldades nas
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interações sociais, desânimo, entre outras. Após isso, por meio das cinco regras o terapeuta

treina o cliente no manejo da raiva, em habilidades sociais, exposições sociais, enfrentamento

do estresse. Por fim registra os resultados das intervenções (Kohlenberg&Tsai, 2001;

Vandenberghe, 2009 apud Cardoso, 2011).

No tratamento da depressão, são observados resultados relevantes a partir destas

intervenções. Retorno a atividades anteriormente praticadas, redução de queixas, melhora nas

interações sociais, planos para o futuro, aumento de atividades prazerosas, flexibilidade para

mudanças, são exemplos de resultados alcançados a partir destas intervenções (García,

Aguayo&Montero, 2006 apud Cardoso, 2011).

Acessar os comportamentos clinicamente relevantes durante a sessão permite a

modelação para um novo repertório, incompatível com comportamentos que evoquem a

depressão, permite também a generalização deste novo repertório comportamental para os

diversos contextos do cliente além do contexto terapêutico (García, Aguayo &Montero, 2006;

Biglan, 1991 apud Cardoso, 2011).


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Considerações Finais

O tratamento pela terapia analítico-comportamental é realizado através de uma análise

funcional, descrevendo antecedentes e consequentes em relação aos comportamentos do

indivíduo. Nesta análise são destacados tanto comportamentos públicos quanto privados,

principalmente aqueles que auxiliam na manutenção dos comportamentos-problema.

Identificar esses comportamentos fornecem dados para que o terapeuta treine o cliente no

aumento de um repertório que possibilite reforçadores positivos no ambiente em que vive e

frequenta (Abreu & Santos, 2008; Jacobson &Gortner, 2000 apud Cardoso, 2011).

Para tratar a depressão, é necessário orientar que o cliente se exponha menos a

situações aversivas. Alguns pacientes podem considerar impossível controlar, se esquivar, ou

fugir de situações aversivas, isso pode estar relacionado à autorregras enraizadas (Mestre

&Hunziker, 1996; Hunziker, 2003 apud Cardoso, 2011).

Orientar o cliente no automonitoramento de suas atividades, por meio de um diário por

exemplo, identificando antecedentes e consequentes de seus comportamentos, poderiam

auxilia-lo a discriminar as situações e seu modo de reagir frente a elas (Martell, Addis &

Jacobson, 2001; Rehm, 1977 apud Cardoso, 2011). Após o monitoramento deve se partir para

as intervenções, sendo uma delas a Terapia da aceitação e do compromisso. Um dos objetivos

da Terapia da aceitação e do compromisso é diminuir os comportamentos de esquiva. A

comunidade em geral ensina a se esquivar de sentimentos na resolução de problemas a eles

relacionados. A ACT procura enfraquecer esquivas emocionais, fortalecer respostas que

auxiliam na mudança do comportamento, e trazer de volta reforçadores que no momento atual

não estão presentes no ambiente do indivíduo (Banacoet al., 2006; Brandão, 1999ª apud

Cardoso, 2011).
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Outra forma de trabalhar a Depressão é com a FAP onde acessar os comportamentos

clinicamente relevantes durante a sessão (CRBs) permite a modelação para um novo

repertório, incompatível com comportamentos que evoquem a depressão, permite também a

generalização deste novo repertório comportamental para os diversos contextos do cliente

além do contexto terapêutico (García, Aguayo&Montero, 2006; Biglan, 1991 apud Cardoso,

2011). Como evidenciado é possível realizar um manejo terapêutico baseado na Análise do

Comportamento para se atender pacientes com transtornos Depressivos.


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Referências Bibliográficas

American PsychiatricAssociation. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM –


5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Cardoso, L.R.D. Psicoterapias comportamentais no tratamento da depressão. Psicol. Argum.,


Curitiba, v. 29, n. 67, p. 479-489, out./dez. 2011. Disponível em:
https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20359/19627.
Acesso em: 06 de outubro de 2018.

Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.2.ed. Porto Alegre: Artmed,


2008.

Dougher, M. J.,&Hackbert, L. (2003) Uma explicação analítico - comportamental da


depressão e o relato de um caso utilizando procedimentos baseados na
aceitação1.Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Vol. V, nº 2,
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Doughter, M, J. Hackbert, L (1994). Uma Explicação Analítico-Comportamental da


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Aceitação. Disponível em:
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em 09.out.2018
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Apendice

Apendice1 Slides
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Apendice2 Analise funcional do Caso

Antecedente Comportamento Consequência


Namorada conversando com Ciúme, tristeza por se sentir
outras pessoas Estimulo carente
eliciador
Dificuldades no trabalho Medo de ter notas baixas
Estimulo eliciador Ansiedade, tristeza

Durante o tratamento
Antecedente Comportamento Consequência
Ansiedade, tristeza, Aceitar eventos privados Diminuição da tristeza
insegurança Operação como reações determinadas Reforço negativo
Estabelecedora pela história Maior riqueza de atividades
prazerosas Reforço positivo
E

“Sou carente, preciso de


alguém”Auto-regra
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Apendice3

Descrição da Simulação

A simulação será baseada num estudo de caso de um atendimento com o autor

Dougher retirado do artigo Uma explicação analítico - comportamental da depressão e o relato

de um caso utilizando procedimentos baseados na aceitação1 (Dougher&Hackbert, 2003)

tendo como diferença a mudança do gênero da cliente para masculino para facilitar a

realização da simulação. O então cliente é um homem de 23 anos de idade que buscou

atendimento numa clínica universitária a fim de tratar sua depressão. Os sintomas relatados

inicialmente foram ataques de choro e tristeza frequente. O cliente se sentia menos

interessado em estar na companhia de seus amigos, e acreditava que seu relacionamento

romântico não-exclusivocom uma mulher iria terminar iguais os anteriores, com seu par o

abandonando, mas admitia que isso podia ser um reflexo de sua insegurança. O paciente

afirmou que desejava superar essa insegurança afim de se sentir menos carente e exigente.

Sentia ainda ciúmes de seus amigos que estavam em relacionamentos sérios ou quando via

sua namorada conversando com outras pessoas. O paciente era um bom universitário e estava

terminando sua faculdade, mas se sentia ansioso com relação ao seu TCC e estava com

dificuldades. Utilizou-se no atendimento os procedimentos da psicoterapia analítica funcional

(FAP) e os objetivos gerais de tratamento da terapia de aceitação e compromisso (ACT). As

interações paciente-terapeuta que ocorriam no relacionamento terapêutico foram utilizadas

para identificar e modelar os CRBs, comportamentos clinicamente relevantes.

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