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Apresentação
Na indústria existem alguns custos que estão relacionados ao processo produtivo, entretanto não é possível
identificá-los ao produto. A estes damos o nome de custo indireto. Um dos maiores problemas encontrados
na indústria é a alocação desses custos indiretos aos produtos. Para tanto, é necessário rateá-los de acordo
com alguns dados identificados na produção, tais como mão de obra direta, horas-máquinas, quantidade
produzida ou alguma outra referência básica.
Este bloco tem como objetivo mostrar as diferentes formas de rateio dos custos indiretos, bem como os
sistemas de custeio existentes que auxiliam as empresas na tomada de decisões.
Gerencial: tem como foco gerar relatórios que vão auxiliar a administração da empresa na tomada
de decisões, atendendo às necessidades dos gestores com o objetivo de auxiliar no crescimento da
empresa. Devido ao seu carácter extracontábil, não exige uma preocupação com os princípios
contábeis e nem com as regulamentações legais e fiscais.
Fiscal e societária: visa atender às imposições legal e fiscal, de modo a manter uma contabilidade de
custos integrada com a escrituração contábil. Se esta não for realizada, o fisco poderá intervir,
arbitrando os valores dos estoques para efeito de cálculo do imposto de renda e contribuição social,
sem considerar a escrituração contábil existente.
De acordo com Costa, Oliveira e Peres Junior (2011, p.21), os objetivos da apuração de custos e os
correspondentes sistemas de custeio que os atendam podem ser resumidos da seguinte forma:
Objetivo Sistema de Custeio
Apuração dos custos dos produtos e departamentos Por absorção ou ABC
Contábil Por absorção
Fiscal Por absorção ou arbitrado
Controle Padrão ou Standard
Melhoria de processos Por atividades (ABC)
Gerencial Variável ou direto
Otimização de resultados Teoria das restrições
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O objetivo de um sistema de custeio é calcular o custo envolvido no processo de fabricação de bens e
serviços e fornecer informações sobre os gastos incorridos nos diversos departamentos e setores que
compõem a estrutura organizacional de uma empresa, facilitando a identificação dos responsáveis pelo
consumo dos gastos e facilitar o controle gerencial do processo.
Pode-se afirmar que existem vários sistemas de custeio, entretanto, vamos estudar apenas aqueles mais
praticados, que são o custeio por absorção, variável, custo padrão e o custeio ABC.
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2.1.2. Padrão e Atividade (ABC)
- Custo Padrão
Deve existir, na indústria, um controle de tudo que é consumido na fabricação de um produto. Para isto, é
necessário estabelecer metas em relação à quantidade a ser produzida, para que não ocorra um sacrifício
financeiro sem o devido planejamento. Um exemplo seria a compra de mais matéria-prima do que a
necessária para a elaboração do produto, ou quando um processo produtivo consome mais do que é preciso.
Esses fatores podem influenciar no cálculo do custo do produto vendido, diminuindo o resultado esperado.
Para que isso não ocorra, é necessário que seja feito o controle e planejamento dos custos.
Por conta disso, estabeleceu-se o custo padrão, com objetivo de sanar deficiências no processo produtivo,
fixando uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido, de forma a
chegar ao custo que realmente deveria acontecer.
Para que a fixação de uma base de comparação final aconteça com eficiência, existe a necessidade de um
trabalho conjunto da engenharia de produção e da contabilidade de custos. A engenharia de produção irá
fornecer informações em relação aos padrões técnicos e quantitativos, tais como quantidade de matéria-
prima utilizada na produção por unidades produzidas, quantidade de mão de obra para produção e espaço
ocupado pelo processo produtivo. Já a contabilidade de custos irá fornecer informações em relação aos
padrões monetários, tais como custo da matéria-prima, valor dos salários da mão de obra direta e indireta,
custo do aluguel etc. A implantação do custo padrão não necessita ser em toda empresa, apenas onde
houver a necessidade de controle.
De acordo com Perez Jr, Oliveira e Costa (2011), as vantagens do custo padrão são:
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Segundo Leone e Leone (2010, p.253), os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades e
não pelos produtos que ela fabrica. Assim, a finalidade do ABC é apropriar os custos às atividades executadas
pela empresa e, então, apropriar de forma adequada os produtos às atividades, segundo o uso que cada
produto faz dessas atividades.
O foco nas atividades possibilita à empresa relacionar a demanda dos produtos pelas atividades executadas.
As etapas para aplicação do custeio baseado em atividades consistem em:
Os direcionadores no custeio ABC referem-se à forma como é efetuado o controle em cada atividade
executada pela empresa. Exemplos de direcionadores:
Atividades Direcionadores dos custos
Manuseio de materiais Pesos transportados ou viagens realizadas
Compras Número de pedidos
Manutenção Número de horas de manutenção
Almoxarifado Número de lotes processados
2.2. Critério de Rateio dos Custos Indiretos, Materiais Diretos e Mão de Obra Direta
Neste tópico iremos tratar do rateio dos custos indiretos de uma forma mais tradicional, sem muito
detalhamento. Utilizado por muitas indústrias, seu cálculo é simples e, na maioria das vezes, não reflete a
realidade do processo produtivo, tornando sua apuração um pouco arbitrária e podendo influenciar no
aumento do custo de determinados produtos em virtude da falta de detalhamento do processo.
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Custos Diretos Flautas Cornetas
Matéria-Prima $ 3,00/kg 9.000 Kg 6.000 Kg
Mão de Obra Direta $ 6,00/hora 6.000 horas 3.000 horas
Os custos de matéria-prima, mão de obra direta e os custos indiretos de produção são comuns aos dois
produtos.
Os custos indiretos de produção são apropriados aos produtos de acordo com a quantidade de horas de mão
de obra direta empregada na produção.
Pede-se:
A) Elaborar um quadro de apropriação de custos aos produtos.
B) Calcular o custo unitário de cada produto.
Solução:
1. Identificação dos custos diretos aos produtos
- Matéria-Prima
Quantidade de matéria-prima Custo Unitário Valor Total
Produto
utilizada na produção (KG) (R$) (R$)
Flauta 9.000 3,00 27.000,00
Corneta 6.000 3,00 18.000,00
Total 14.000 45.000,00
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- Mão de Obra Direta
Quantidade de horas Custo Unitário Valor Total
Produto
utilizadas na produção (R$) (R$)
Flauta 6.000 6,00 36.000,00
Corneta 4.000 6,00 24.000,00
Total 10.000 60.000,00
1. Base de rateio dos custos indiretos de produção: tempo de mão de obra direta gasta na produção.
Flauta Corneta
Custo Total 77.400,00 51.600,00
Quantidade Produzida 2.000 1.600
Custo Unitário 38,70 32,25
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2.2.2. Materiais Diretos
Os materiais diretos estão relacionados com a matéria-prima, embalagens e outros materiais utilizados no
processo fabricação, podendo ser identificados diretamente em cada produto produzido.
No Bloco 5 trataremos dos materiais diretos com mais detalhamento, pois esse tema envolve os controles
que serão necessários para uma boa avaliação dos estoques, por meio dos sistemas de inventário periódico
e permanente, e dos métodos de avaliação de estoque: PEPS, UEPS e média ponderada.
A mão de obra direta está relacionada às pessoas que trabalham na indústria diretamente na elaboração
dos produtos e, geralmente, os gastos apurados na folha de pagamento são altos. Às vezes o trabalhador
pode até ganhar pouco, mas o custo para as empresas é muito caro, em virtude dos encargos trabalhistas.
As empresas, na maioria das vezes, não têm como diminuir este custo, em virtude dos benefícios garantidos
em convenção coletiva. Por essa razão torna-se necessário ter critérios para identificar os custos
corretamente aos produtos, para que eles não tenham um custo elevado de fabricação.
2.3.1. Apropriação dos custos com base no custeio por absorção e variável
Exemplo: Uma indústria produz o produto X. No ano X1, sua produção foi 4.000 unidades, sendo que 3.000
unidades foram vendidas por R$ 50,00 cada. A comissão dos vendedores representou 5% das vendas. Os
custos e as despesas do período estão relacionadas abaixo:
Pede-se: A partir das informações acima, apurar o lucro líquido de X1, com base no custeio por absorção
e variável.
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Solução: Custeio por Absorção
Para apurar os custos, no custeio por absorção, deveremos somar os custos variáveis e os custos
fixos, dividindo pela quantidade produzida, para encontrar o custo de produção por unidade.
Para encontrar o custo variável total, basta multiplicar a quantidade produzida pelo custo variável
por unidade:
Para encontrar o custo total, basta somar o custo variável com o custo fixo:
No custeio por absorção, para encontrar o custo unitário, basta dividir o custo total pela quantidade
produzida:
Para calcular o custo do produto vendido, multiplicamos o custo unitário pela quantidade vendida:
Para apurar a receita, multiplicamos o preço de venda por unidade R$ 50,00 pela quantidade vendida
3.000:
Receita 150.000,00
No custeio variável, para calcular o lucro líquido, separa-se o custo variável e a despesa variável do custo
fixo e as despesas fixas:
Receita = 150.000,00
Perceba que houve uma diferença no lucro líquido apurado pelo custeio por absorção. Esta diferença ocorre
porque os custos variáveis foram calculados pela quantidade vendida, enquanto que no sistema por
absorção foram somados todos os custos fixos e variáveis e divididos pela quantidade produzida.
2.3.2. Apropriação dos custos indiretos aos produtos pelo custeio ABC
Exemplo: A Indústria comercial Exportadora fabrica camisetas, vestidos e calças. Em um determinado
período, houve os seguintes gastos com a produção:
Dados do período:
Produtos Camisetas Vestidos Calças
Quantidade produzida 25.000 20.000 15.000
Quantidade vendida 23.000 19.000 12.000
Solução: Apropriação dos custos indiretos aos produtos pelo custo ABC
Para fazer a rateio dos custos indiretos pelo custeio ABC é necessário um maior detalhamento do processo
produtivo em relação aos departamentos utilizados para a produção. Primeiramente, será necessária a
identificação dos departamentos, depois a verificação da forma de controle de cada departamento (isso
permite a detecção dos direcionadores de custos) e, por fim, a realização do rateio com base nestes
direcionadores.
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2º Custo Indireto de Produção – Atividade: Receber e Movimentar Materiais R$ 28.350,00
Base de rateio –
Produto número de % Total
requisições
Camisetas 1.100 (1100:4000x100)=27,5% (28350x27,5%)=7.796,25
Vestidos 1.900 (1900:4000x100)=47,5% (28350x47,5%)=13.466,25
Calças 1.000 (1000:4000x100)=25,0% (28350x25%)= 7.087,50
Total 4.000 100% 28.350,00
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6º Rateio Custo Indireto de Produção – Atividade: Acabamento R$ 46.200,00
Base de rateio –
Produto tempo de % Total
acabamento
Camisetas 1.395 (1395:9000x100)=15% (46200x15%)=6.930,00
Vestidos 2.790 (2790:9300x100)=30% (46200x30%)=13.860,00
Calças 5.115 (5115:9300x100)=55% (46200x55%)=25.410,00
Total 9.300 100% 46.200,00
Notamos que, por meio dos direcionadores, é possível que cada departamento tenha um controle maior em
relação às atividades desenvolvidas, portanto, o sistema de custeio ABC permite a distribuição dos custos
indiretos aos produtos de forma mais condizente com a realidade da empresa.
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Itens Custo Padrão Custo Real
Capacidade total 15.000 horas 10.000 horas
Consumo de Horas por 3,0 horas 2,5 horas
Unidade
Valor da Hora R$ 4,00 R$ 5,50
Produção 5.000 unidades 4.000 unidades
Gasto Total R$ 60.000,00 R$ 55.000,00
Perceba que houve variação entre o custo padrão de mão de obra e o que foi realizado. Qual foi a variação?
Foi favorável ou desfavorável?
Fazendo a comparação entre o custo padrão com o custo real da mão de obra direta identificamos a seguinte
variação:
Itens Custo padrão Custo real Variação % variação
Valor da Hora 4,00 5,50 1,50 37,5 Desfavorável
Gasto Total 60.000,00 55.000,00 5.000,00 8,33 Favorável
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=M47WmUFOiq4
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Conclusão
Neste bloco tratamos do rateio dos custos indiretos nos diferentes sistemas de custeio, absorção, variável
ou direto, custo ABC e custo padrão, mostrando a importância do controle na indústria. A utilização de cada
modelo influencia diretamente o custo gerado pela apuração, podendo ser maior ou menor de acordo com
o método. Por esta razão, é necessário que a empresa saiba escolher o modelo que mais se adeque a sua
realidade.
Referências Bibliográficas
BRUNI. A. L.; FAMÁ, R. Gestão de Custos e Formação de Preços. 5ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010.
LEONE. G. S. G; LEONE. R. J. G. Curso de Contabilidade de Custos. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010
PEREZ JR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de, COSTA, R. G. Gestão Estratégica de Custos. São Paulo: Atlas, 2011.
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