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© FACULDADE DE MÚSICA DO ESPÍRITO SANTO

SUMÁRIO
Governador do Estado do Espírito Santo
RENATO CASAGRANDE

Vice-Governador
GIVALDO VIEIRA

Secretário de Estado da Educação


KLINGER MARCOS BARBOSA ALVES

Faculdade de Música do Espírito Santo - Direção Geral


ERLON JOSÉ PASCHOAL

Revisão
Do AUTOR

Capa, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica


SÉRGIO RODRIGO DA S. FERREIRA

Impressão e Acabamento
DIO - DEPARTAMENTO DE IMPRENSA OFICIAL - ES

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


Biblioteca da Faculdade de Música do Espírito Santo

XXXXXXX Olmo, Wilson


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, 2013.
248p. il.

ISBN 978-85-66180-04-6

1. XXXXXX

CDD. XXXXX

Faculdade de Música do Espírito Santo “Maurício de Oliveira” (FAMES)


Praça Américo Poli Monjardim - 60 - Centro - Vitória-ES - Cep: 29010-640
Tel: 27 3636-3600 - www. fames.es.gov.br/
APRESENTAÇÃO

Quando me lancei no desafio da pós-graduação, no nível do mestrado


em educação, sabia da grandiosidade desta façanha, mas ainda não
compreendia a profundidade conceitual e a estreita relação que esta
área guarda com a música.

Mas os desafios não estavam apenas nas propostas educativas


conceituais. O fato de ter escolhido um curso em outro país, outra
economia, outra língua, com outra cultura e costumes, talvez tenha sido
a maior se não a mais desafiadora decisão que naquele momento nos
seria imputada.

Ao chegar ao Paraguai, especificamente na cidade de Assunção e


conviver com uma nova forma de ver o mundo - considerando meu olhar
– foi um choque cultural que me proporcionou mergulhar no universo
da educação considerando suas singularidades e que me impulsionaram
a questionar como a música influencia nesse campo em especial no
comportamento infantil, já que encontramos naquela cidade um grande
número de crianças fora da escola, analfabetas em contraponto a um
universo altamente tecnológico e com um considerável número de
apresentações musicais e de arte de grande porte.

E isso me levou a refletir sobre as práticas de educação musical no Brasil,


em especial na cidade de Vitória-ES em que as diretrizes educacionais
brasileiras do Ministério da Educação – MEC, trazem a música como uma
área obrigatória no ensino formal, temos o melhor índice do país em
educação infantil e fundamental, mas ainda não dispomos de um aporte
ou representação no campo das artes bem como não conhecemos o
impacto destas políticas no campo do comportamento infantil.

E foi isso que nos levou a repensar nossas práticas enquanto profissional
da música, e agora mestrando em educação, de como a música influencia
no comportamento da criança.

Acredito que a música, como área do conhecimento de influência


na educação atual, contribui para o processo de aprendizagem da

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criança, oportunizando o direito a cultura, ao saber e o revelar de INTRODUÇÃO
suas habilidades e potencialidades intelectuais sem privações de seus
gostares e saberes, favorecendo os processos de construção da conduta
ético-comportamental.

E para compor a dissertação e pesquisa apresentada, lancei-me nesse A arte sempre esteve presente na cultura humana, influenciando e sendo
desafio e para subsidiar nosso estudo elencamos para universo da influenciado por ela. Desta forma, a música como as demais produções
pesquisa o âmbito da Educação Infantil dos Centros Municipais de culturais interfere dialeticamente no comportamento e na maneira de
Educação do Município de Vitória, Estado do Espírito Santo. Tendo como pensar a realidade.
amostragem 20 (vinte) docentes da área de música que atuam na área da
Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino. O tipo de amostragem A força da música é de tal forma grande que provoca profundas emoções
foi não probabilístico, intencional. A escolha destes profissionais teve por nos seres humanos – é tocada nos casamentos para nos dar alegria, em
princípio a relação que se pretende estabelecer entre áreas específicas filmes de terror e de guerra para induzir medo ou suspense, em casa
e não clássicas, permitindo um trabalho mais prazeroso e dinâmico na para provocar felicidade a qual irá gerar descontração, alivio do estresse
visão do aluno, potencial sujeito desta pesquisa. A pesquisa foi realizada e funciona como uma forma terapêutica. Daí ser tão presente e marcante
no período de setembro de 2010 a junho de 2011. na historia da humanidade.

Portanto, o objetivo desta foi de realizar um estudo de caráter A aptidão para trabalhos de grupos, comunicação, auto-estima,
qualitativo sobre a influência da música e o papel da arte no apoio as pensamento criativo, atitudes mais calmas, imaginação, disciplina e
ações pedagógicas e nos processos de construção da conduta ético- hábitos de estudo, podem ser aprendidos e refinados através do estudo
comportamental na educação infantil, na faixa etária de 04 a 05 anos da música. Deve-se ter em conta que as crianças mais novas estão
de idade. A Escola por estar preocupada com a escolarização da criança, altamente receptivas e sensíveis ao ritmo e a velocidade de uma música.
centra-se nessa questão e ignora, na maioria das vezes, a construção da Uma das melhores formas para uma criança aprender a sua língua
formação ética da criança, tão importante nessa faixa etária, pois é na materna é através da música, ou seja, podemos e devemos utilizar a
educação infantil que se prepara o sujeito para a inserção na sociedade música como um dos meios para fornecer educação às crianças, para
por vias da apresentação e formação de valores de práticas cidadãs. Daí aumentar as suas capacidades, quer na sociedade quer nas suas vidas.   
a importância de desde cedo, iniciar um trabalho que vise à articulação Aumentando a probabilidade do sucesso pessoal. Como prevê a própria
entre as práticas educativas formais e a inter-relação com a integração legislação brasileira, quando dispõe sobre os Referenciais Curriculares
de novos valores. Podemos definir o homem, como ser complexo em Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), quando qualifica a
seus diversos aspectos, em sua busca de opiniões, de posicionamentos música como uma das áreas imprescindíveis no trabalho educativo de
cultural, afetivo e intelectual, portador de instinto social e que deve ser crianças na faixa etária de 4 a 6 anos de idade.
preparado para atuar na sociedade cumprindo deveres e exercendo
direitos, concretizando assim a verdadeira cidadania. A presença da música na escola é capaz de desenvolver percepção,
imaginação, raciocínio, concentração, disciplina e criatividade.
Mais do que isso: valoriza identidades e conduz à compreensão da
multiculturalidade local.

[...] cabe à música colocar-se a serviço da sociedade, recriando as


dimensões humanas, estéticas, éticas, sociais e – por que não dizer – as
dimensões do sentir, do prazer, da alegria, da esperança das quais tantas
pessoas já se distanciaram (PAREJO, 2000, p. 63).

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A música necessita de certas capacidades como as de estudo, de A INFLUÊNCIA DA ARTE MUSICAL NO
comunicação, assim como cognitivas. E é assim que estas são aprendidas COMPORTAMENTO INFANTIL
e desenvolvidas, irão expandir as potencialidades do aluno noutras áreas
acadêmicas, o que irá ajudar a torná-lo um melhor aluno.

Desta forma, perguntamos:


A disciplina que provém da música, especialmente a que surge de
1) Quais influências poderiam manifestar intervenções de ensino- trabalhos em grupo, ajudam o aluno a trabalhar mais eficientemente no
aprendizagem da música na conduta ético-comportamental? ambiente escolar, sem requerer atitudes violentas ou inapropriadas.
2) Se na música há praticas interdisciplinares nas aulas infantis?
3) Quais são os métodos de ensino que utilizam os professores de Pode-se demonstrar que a inteligência de uma criança pode aumentar
musica e os mestres em geral para dar aula na Educação Infantil? através da instrução musical – uma ligação entre a música e a inteligência
visual (a capacidade de perceber o mundo corretamente e de formar
Estes foram os questionamentos que nortearam nosso estudo e pesquisa imagens mentais de objetos) ajuda as pessoas a visualizar e a imaginar
em conhecer e reconhecer as práticas didático-pedagógicas utilizadas soluções. Isto ajuda a resolver os problemas de uma forma criativa e
na área da música e que permitem uma ação interdisciplinar às demais é crucial no tipo de raciocínio necessário na resolução de problemas
disciplinas curriculares, favorecendo o crescimento integral da criança na matemáticos e até tarefas do dia a dia.
educação básica e permitindo fortalecer e revelar suas potencialidades
preparando-a para o Ensino Fundamental formal. Além do desenvolvimento mental, o estudo da música pode também
suportar o desenvolvimento físico do cérebro. A memória pode ser
E para isso elencamos como objetivo analisar a prática pedagógica da aperfeiçoada através da ligação entre músicas conhecidas com objetos,
concepção musical, na educação infantil de 04 a 06 anos, e sua influência por exemplo: recordações e emoções antigas podem ser ativadas através
nos processos de construção da conduta ético-comportamental, frente de informação áudio.
às políticas públicas brasileiras e do município de Vitória. E como
caminho percorrido para se chegar ao objetivo proposto, buscou-se Idealmente queremos que as nossas crianças experimentem sucesso ao
caracterizar a metodologia aplicada do ensino da música com as análises longo das suas vidas. Os benefícios da exposição à música podem ser
de dados de crianças de 04 a 06 anos; identificar as dificuldades que os psicológicos, espirituais e físicos assim como criar o desafio de dar sentido
professores de música tem em seu cotidiano em sala de aula; detectar à vida e um sentimento de uma vida preenchida. Deseja-se também que
as práticas interdisciplinares por meio da utilização do ensino da música elas atinjam um estado de desenvolvimento mais elevado - ao participar
que favorecem o desenvolvimento infantil integral, e os processos de no estudo da música as crianças desenvolvem auto expressão que irá
construção da conduta ético-comportamental. Que foram os pontos resultar num aumento da auto estima, que no final irá ajudar-los a ter
orientadores do estudo que por hora apresentamos neste livro. sucesso perante os desafios referidos anteriormente.

Faz sentido utilizar a educação musical e permitir as gerações mais novas


o aproveitamento destes grandes benefícios – aumento da inteligência
através da ampliação do pensamento criativo, resolução de problemas
e cérebro fisicamente mais desenvolvido, uma maior percepção da vida
que inclui melhores atitudes, um aumento do desejo de atingir certas
metas, uma maior auto-estima, mais disciplina, aptidões para estudar,
concentração, comunicação e trabalho de equipe que irão ajudar não

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só na educação como ao longo da carreira profissional e por fim uma também associado a inúmeras funções psicossociais, como por exemplo,
melhor compreensão de outras comunidades e sociedades. a comunicação e o desenvolvimento da linguagem compreensiva e
expressiva ou entretenimento.
A música é uma ciência básica com um grande número de variações de
códigos, o que, segundo Straliotto (2001), possibilita o desenvolvimento Para Gardner (1994) existe uma forma de inteligência musical, que possui
intelectual da pessoa. Quanto mais cedo crianças entrarem em contato uma trajetória própria de desenvolvimento, bem como sua própria
com o mundo da música, maiores serão as chances de que elas assimilem representação neurológica, havendo uma variedade de representações
novos códigos sonoros que a música pode oferecer. Maior será o seu neurais da capacidade musical em seres humanos. Segundo o autor, as
conhecimento armazenado na memória sonora, quanto mais tipos de pessoas possuem uma gama de tipos e graus de habilidades musicais.
sons a criança ouvir, o que pode ser também ampliado, se a criança Levando em conta que indivíduos diferem em suas possibilidades. É
praticar um instrumento musical. Neste processo, a criança torna-se plausível que o sistema nervoso tenha a capacidade de oferecer diversos
o agente criador de diferentes códigos sonoros, por meio de criações mecanismos para executar estes desempenhos. O autor coloca ainda
realizadas com seu instrumento. Para o autor, o estímulo ao aprendizado que a competência musical é fruto de uma considerável contribuição
da música é necessário, já que a música para a criança funcionaria como genética.
uma nova forma de exteriorização dos sentimentos, como um novo
idioma que servirá de veículo para as emoções. Entre crianças, as diferenças individuais são imensas, e o treinamento
não parece, segundo o autor (GADNER, 1994), interferir efetivamente
Billhartz e colaboradores (2000) realizaram estudos que buscaram na redução destas desigualdades. A capacidade musical também
estabelecer uma correlação entre o estudo de música e o desenvolvimento seria encontrada entre crianças não tão notáveis em outras áreas do
cognitivo em crianças até 06 anos de idade. conhecimento. São poucos os estudos que tratam dos primeiros anos de
um compositor ou intérprete musical.
Tal como outras formas de inteligência, a inteligência espacial envolve a
habilidade de estabelecer relações entre itens. Trata-se de um processo Quando um adulto houve atentamente uma peça musical, e
que envolve a identificação de característica de itens. O processo mental compreende esta linguagem, uma enorme quantidade de informações
de seqüência e espacial envolvem altas funções cerebrais, tal como em é processada muito rapidamente. Muito desse processamento acontece
resolução de equações matemáticas avançadas, e que também são automaticamente, abaixo do plano consciente de análise, porque
utilizadas por músicos, na performance de tarefas musicais. Os resultados não tem tempo de refletir sobre cada detalhe enquanto uma música
do estudo realizado por Billhartz e colaboradores (2000) indicam que há acontece. Os elementos da sentença musical são, portanto, processados
uma ligação entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o mais rapidamente. Isto acontece de um modo que o ouvinte atento não
crescimento cognitivo em habilidades “não-musicais”. Os dados indicam tem tempo de compreender todos os significados envolvidos. Ao mesmo
também que os ganhos cognitivos resultam da experiência musical tempo, o ouvinte depende de uma aprendizagem perceptual, a qual
precoce e que estudos posteriores necessitam serem realizados. é obtida no contexto de sua cultura particular. Elementos na estrutura
cognitiva musical de um adulto, também podem ser encontrados em
Segundo Ilari (2005), o interesse pelo desenvolvimento cognitivo crianças, o que indica que, em uma mesma cultura há uma precoce
musical tem crescido de modo substancial nas últimas décadas devido e grande influência na aquisição de habilidades cognitivo-musicais
a recentes descobertas no campo da neurociência. A distinção entre (DOWLING, 1999, p. 156).
alturas, timbres e intensidades já aconteceriam desde o nascimento
até o décimo mês de vida, tornando-se cada vez mais refinadas. As A compreensão dos processos culturais podem auxiliar nas bases de
preferências e memórias musicais também já se dariam a partir dessa ação da educação e da performance musical, para professores e músicos.
época, por meio de processos imitativos e de impregnação, estando Utilizando a música professores e educadores terão em suas mãos uma

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hábil ferramenta capaz de influenciar didaticamente no comportamento MÚSICA E EDUCAÇÃO
humano, visto que a mesma exerce influência comprovada e precisa
no cognitivismo humano. Para os estudiosos, em contrapartida, a
elucidação desses processos contribui para a compreensão dos modos
de funcionamento do cérebro, onde muito ainda há por se conhecer.

O estudo em questão caracterizou-se de ordem descritivo e comparativo, As contribuições da música para a educação são notadamente
com enfoque misto, qualitativo e quantitativo. Utilizou como instrumento grandiosas. Portanto, compreender a historicidade e as concepções da
de coleta de dados o questionário semiestruturado para docente, análise arte da educação musical são fatores importantes na construção de
de documentos (planejamento e plano de ensino docente) e registro de saberes válidos que nortearão a práxis educativa do professor.
observação direta.
Entender a historia da arte e como se processava seu ensino é o primeiro
Compreendeu também pesquisa documental e bibliográfica sobre passo para compreender a linha histórica evolutiva da educação
teorias que envolvem as áreas da música, artes e educação, tais como musical. Desta forma, podemos perceber as transformações sofridas
Piaget, Gadner, Ilari, Billhartz, Straliotto, Barbosa e outros, que permitiram pela educação musical em suas práticas e teorias educativas.
a triangulação dos dados da pesquisa.
A educação musical vem sendo praticada desde a Grécia antiga e do
Constitui-se, portanto, em um estudo de caso, de caráter essencialmente apogeu do Império Romano. Nesta fase da história da humanidade,
qualitativo por supor o contato direto e prolongado do pesquisador com tanto Espartanos, Atenienses como os filósofos, já utilizavam desta arte
o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra, através no processo de educação dos jovens e de sua pedagogia.
do trabalho intensivo de campo mediado pela abordagem dialética.
Com herança de Pitágoras (aprox. 570 a.C.) tem-se a criação da scientia
O interesse desta pesquisa foi em desvelar o problema é verificar como musica (o saber musical), desenvolvida estritamente sobre uma base
ele interfere no processo de aprendizagem e nos processos de construção matemática. Segundo Wiora (1949, p. 51), essa estrutura buscava a teoria,
da conduta ético-comportamental por meio da elaboração do protocolo ou seja, a contemplação de leis na natureza – os números. E de estruturas
de entrevistas e de questionários que permitirão a identificação da audíveis em sons e medíveis no canonizado monocórdio, sendo estes o
intensidade de afetação do problema investigado, análise e emissão de verdadeiro ser no mundo e valendo como princípio do cosmos. Como
relatório seguido de proposta de intervenção pedagógica na área da resultados desta herança, tem-se que toda teoria deva ser contemplada
música. a partir da prática. Onde a felicidade plena do indivíduo está na crença
grega de viver em um universo equilibrado. Em que a música favorece a
relação de equilíbrio entre a mente e o corpo (MARK & GARY, 1992).

Para os gregos, o objetivo da educação consistia em prepara cidadãos


para participar da sociedade e usufruir de seus benefícios. E isso os levou
a incluir em seu currículo duas disciplinas – a música e a ginástica. No
entanto, apenas a música era estendida em todos os níveis da educação
grega. Enquanto que a ginástica era restrita a primeira fase da educação
das crianças.

A educação musical grega era visto em seu mais amplo conceito

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objetivando a purificação da alma (mente) do sujeito. científicas que formavam o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e
Astronomia). Ocupando nesta fase um caráter mais teórico.
Eles [os mestres de música] familiarizaram as almas dos meninos como
o ritmo e harmonia, de modo que possam crescer em gentileza, em Já no terceiro nível da educação Ateniense, a premissa na utilização da
graça e em harmonia, e tornar-se úteis em palavras e em ações; porque
a vida inteira do homem precisa de graça e de harmonia (PLATÃO apud música estava voltada para a compreensão do universo. Visto que, a
MONROE, 1968, p.48). música era concebida como resultante direta de relações matemáticas.
Ou seja, as leis matemáticas que governam a música, são as mesmas que
Vê-se também aqui, a importância e relevância do professor como regem o universo. E isso, os levaria a uma melhor e maior compreensão
mediador do processo educativo musical, em que a convivência com da harmonia do universo. Um estudo devotado à dialética, em que o
este favoreceria o comportamento do indivíduo por meio da imitação aluno era levado a construir relações de caráter filosófico.
consciente e inconsciente, influenciando por via de um modelo direto a
formação de seu caráter. Com o apogeu do Império Romano a concepção até então estabelecida
pelos Gregos foi desfalecendo gradativamente. Em uma sociedade em
Consoante a educação de Atenas, esta compreendia três níveis: primário, que seus ideais enfatizavam a formação militar das crianças; a música
secundário e terciário. A base do currículo Ateniense estava vinculada às era vista como algo potencialmente geradora de maior sensibilidade
nove musas, incluindo a poesia, o drama, a história, a oratória, as ciências e sensualidade do sujeito. E essas características inerentes à música
e a música. Contudo, a música era a área que ocupava o maior tempo no ameaçavam os ideários romanos em que a rigidez, a dureza, a disciplina
processo educativo. e a severidade eram aspectos enfaticamente trabalhados na formação e
carreira do soldado romano. Provocando nestes, demasiados sentimentos
Observa-se nesse processo os primeiros indícios de uma relação que viessem a prejudicar sua performance e consequentemente sua
interdisciplinadora. Pois, ao passo que o aluno apropriava-se da leitura, missão de ampliar o domínio geográfico do império.
dava-se início ao processo de memorização e interpretação de poemas.
E permeando este espaço – tempo, a música era trabalhada, por meio Além disso, por ser intrínseca ao sujeito, seus efeitos poderiam provocar
da execução da lira, como forma de acompanhar o recitar de um poema. o desinteresse dos soldados em servir o Estado, na busca pelos seus
próprios interesses. Ou seja, desencadear comportamentos indesejáveis
Todavia, a música não era utilizada com caráter de formação técnica, a futuros soldados do Império Romano. Restringindo-se a realização
mas sim como elemento que agregasse valor a educação da criança, da música às mulheres e escravos, ainda que estes fossem vistos como
permitindo e impedindo a este a improvisação que favorece a construção indivíduos de má reputação (BEYER, 1999).
de uma harmonia que expressasse o pensamento recitado.
Com a absorção da cultura helenística, os romanos deram espaço para
[...] tal execução exigia em primeiro lugar o conhecimento, a compreensão a educação musical. No entanto, sua utilização visava unicamente
e a interpretação do poema em questão; em segundo lugar, a destreza equilibrar a disciplina e o espírito militar. Ou seja, uma visão meramente
instrumental e o conhecimento da estrutura musical; em terceiro teórica, desvinculada totalmente da prática. A partir daí, verifica-se a
requeria a habilidade criadora na construção para a realização de seu
primeira cisão na música. Onde estaria disposta em duas modalidades, a
acompanhamento em quarto lugar, exigia a coordenação deste com o
canto do poema (BEYER, 1999, p. 23). do conhecimento musical e a outra, a do saber prático.

Nisso residia a cultura musical Ateniense, no desenvolvimento da A visão integradora da música idealizada por Pitágoras, aos poucos
personalidade desconhecida em qualquer outro tipo de educação vai se extinguindo. E na Idade Média duas práticas são instaladas: a do
existente. Sendo esta trabalhada até os 19 anos de idade e estendendo-se saber musical que fala dos números e o saber musical do bem modular
até os 30 anos, período em que se dedicavam aos estudos das disciplinas o som, de produzi-lo. (BEYER, 1999). O que está intimamente associado à

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formação do músico e do cantor. Agora no âmbito das ciências humanas, apenas no século XX é que a
música manifestou à possibilidade de reintegrar as propostas de teoria e
O músico era trabalhado numa perspectiva mais teórica, na qual tinha prática, ou seja, entre estudos musicológicos e a educação musical.
ênfase às relações matemáticas da música. Já o cantor, destinava-se à
prática musical, seguindo as necessidades de serviços nos cultos cristãos. Com base em Manacorda (1995), as mais importantes transformações
relacionadas às concepções educativas e musicais se deram a partir do
Em função dos cultos cristãos, nesse período se estabelecerá um maior século XX, contribuindo decisivamente para a mudança de paradigmas
número de cantores do que de músicos, em função da importância dos métodos pedagógicos musicais. No entanto, vale lembrar que as
que esta ocupava neste espaço. Pois, a Igreja acreditava que a música, civilizações antigas como os egípcios, gregos e os chineses sempre
como forte elemento condicionante de comportamento, favoreceria seu valorizaram a arte como área do conhecimento que contribuem
poder de centralização das relações de vidas dos indivíduos. efetivamente para formação do homem.
A partir daí o distanciamento entre a teoria e a prática musical foram
ganhando maior proporcionalidade. Assim, a educação musical passou As modificações observadas por Manacorda (1995), tem por base os
a ter uma base calcada diretamente sobre os órgãos do sentido. métodos utilizados até o final do século XIX que consistiam na fixação de
repetições, no autoritarismo do professor e na reprodução de conteúdos
Com a reforma de Lutero, o currículo escolar passou a incluir a música. pré definidos. Isto ocorria devido o modelo da época estar condizente
Permitindo às crianças o direito de aprenderem a cantar e de até mesmo com aqueles assumidos e tidos como validos pela sociedade da época.
de terem acesso à escrita musical.
No ensino de música dava-se ênfase a prática de instrumento, o ensino de
A partir do século XVIII a música deixa de fazer de fazer parte do corpo teoria musical e história da música, sem contextualização para os alunos,
das ciências exatas e passa a incorporar as ciências humanas. Com isso, a ou seja, geralmente o conteúdo se restringia aos clássicos não havendo
música deixa de ser ciência e passa a assumir-se como Arte. preocupação do professor no ambiente musical dos alunos. A aula de
música era meramente reprodução de obras, não sendo consideradas as
Nesse ínterim, Rousseau (1712-1788), apregoará a ideia de que a criança experiências e criatividade dos alunos, assim sendo, o aluno era obrigado
não poderia ser avaliada e educada consoante aos modelos e padrões a dominar certas práticas (dominar algum instrumento clássico, a teoria
dos adultos. Em função disso, cumpre a liberdade de escolha permitindo musical) e habilidades (execução) sobre música.
que sua verdadeira natureza apareça (identidade). Assim, as músicas
trabalhadas com as crianças deveriam responder às suas necessidades “O ensino da música supervalorizava a classe dominante que tinha acesso
e características mentais. ao ensino de música dando ênfase aos seus padrões estéticos musicais”
(PAZ, 2000). Essa ação pedagógica no ensino da música era reflexo
Contemporâneos a Rousseau, Pestalozzi (1745-1827) e seu sucessor também, da concepção tradicional de educação, como comentam Fusari
Froebel (1782-1852), enfatizarão o processo inverso daquele impingido & Ferraz (1993, p. 23).
pelos Romanos. Com suas ideias da construção de uma escola apropriada
às crianças, o que resultará na origem dos jardins de infância, enfatizarão Silva (1999), em sua obra Documentos de Identidade, retrata bem esses
a prática musical, distanciando-a, no universo infantil, da teoria musical. aspectos quando fala da historicidade do ensino no Brasil e no mundo.
Enfatiza ser o currículo uma construção do sistema capital dominante,
No século XIX a música volta a ser estudada nas Universidades, em que a cultura válida é aquela da classe dominadora. Desta forma, as
permanecendo com seu status de arte, o que acarretaria uma condição artes tem por concepção estética a reprodução desses modelos vigentes.
inferior a que possuía anteriormente em função do pensamento
cartesiano de que as ciências exatas seriam as mais importantes. Em sua mesma obra, Silva (1999), retrata os posicionamentos críticos a

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cerca das concepções dos conteúdos educativos tidos como validos ao aprendizagem dentro de sua vida. Então, para ele, a educação teria uma
longo da historia da educação. Como visão critica de ensino, ao invés função democratizadora de igualar as oportunidades. De acordo com o
de se questionar o que ensinar, a critica aos conteúdos reprodutivistas ideário da escola nova, quando falamos de direitos iguais perante a lei,
traz como mote a pergunta porque esse conhecimento e não outro. O devemos estar aludindo aos direitos de oportunidades iguais perante a
que na visão de Fusari e Ferraz (1993), a formulação de uma proposta lei.
curricular em artes exige clareza e posicionamento. O que implica na
seleção das linhas teórico – metodológicos. Um conceito essencial do movimento que aparece especialmente em
Dewey, é que para ele, as escolas deviam deixar de ser meros locais de
Na pedagogia tradicional o processo de aquisição dos conhecimentos é transmissão de conhecimentos e tornar-se pequenas comunidades.
proposto através de elaborações intelectuais e com base nos modelos
de pensamentos desenvolvidos pelos adultos, tais como análise lógica, Deste modo, para a concepção de ensino de Arte, o aluno era visto como
abstrata. Na prática, aplicação de tais ideias reduz-se a um ensino um ser criativo, capaz de fazer e reproduzir arte, através da expressão dos
mecanizado, desvinculado dos aspectos do cotidiano, e com ênfase seus sentimentos e emoções, sendo, conseqüentemente a arte forma de
exclusivamente no professor, que “passa” para os alunos “informações” auto-expressão.
consideradas verdades absolutas.
Pontes (2001, p. 23), ao falar sobre a concepção de Arte e de seu ensino,
A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino que foi nesse período, ressalta que a mudança nas diretrizes de ensino da arte
especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira deveu-se a correlação entre as concepções escolanovistas de educação,
metade do século XX. O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil sob a influência do modernismo na arte e aos avanços da psicologia.
importantes impactos de transformações econômicas, políticas e sociais.
O rápido processo de urbanização e a ampliação da cultura cafeeira Os educadores escolanovista apontavam a importância da experiência
trouxeram o progresso industrial e econômico para o país, porém, nos processos de aprendizagem. Contrapunham a idéia de estética
com eles surgiram graves desordens nos aspectos políticos e sociais, tradicional propondo a estética expressionista que considerava os
ocasionando uma mudança significativa no ponto de vista intelectual estados de espírito dos artistas e não mais o padrão clássico da arte.
brasileiro.
Isto posto, “[...] a arte não é ensinada, mas expressada. A criança procura
Na essência da ampliação do pensamento liberal no Brasil, propagou- seus próprios modelos sem que o professor interfira diretamente no seu
se o ideário escolanovista. O escolanovismo acredita que a educação processo criador” (PONTES, 2001, p. 31). O que se configurou em uma
é o exclusivo elemento verdadeiramente eficaz para a construção de nova relação da práxis pedagógica.
uma sociedade democrática, que leva em consideração as diversidades,
respeitando a individualidade do sujeito, aptos a refletir sobre a Nesse sentido na aprendizagem da arte era fundamental considerar a
sociedade e capaz de inserir-se nessa sociedade. Então de acordo com originalidade, a expressividade, a espontaneidade e a criatividade da
alguns educadores, a educação escolarizada deveria ser sustentada no criança ficando, portanto o professor longe desse processo de construção
indivíduo integrado à democracia, o cidadão atuante e democrático. do aluno. Valorizava-se a livre-expressão, centrada nas questões do
desenvolvimento da criança, ou seja, a produção artística evoluía de
Para John Dewey (1959), um dos principais representantes desse acordo com o seu desenvolvimento em situações experimentação sem
movimento, a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas a intervenção direta do professor.
sim, a própria vida. Assim, a educação tem como eixo norteador a
vida-experiência e aprendizagem, fazendo com que a função da escola A aprendizagem artística passa a ser encarada como resultado de formas
seja a de propiciar uma reconstrução permanente da experiência e da complexas de aprendizagem que merecia mediação do professor.

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Na educação musical temos como representante da vertente Entretanto, não se pode deixar de dizer que as novas concepções de
escolanovista o músico e educador suíço Émile Jaques Dalcroze (1865- ensino musical nesse período, vêm transformar o ensino da arte em todo
1950). seu contexto sociocultural.
Portanto, baseado em Paz (2000) mesmo aqui no Brasil tendo um
Dalcroze (apud PAZ, 2000), foi o educador responsável pela difusão ensino de artes com práticas tradicionais, grandes influências para as
da educação rítmica. Para o autor o ritmo é o componente musical transformações do ensino da Arte se deram. Contribuições de Pereira
que mais atinge a sensibilidade da criança, pois ele é objeto de Sá, Liddy Mignone, entre outros. Sem deixar de citar o projeto do canto
representação corporal. Diante de sua teoria foi que nasceu o método orfeônico de Villa-Lobos que teve grande repercussão no sistema
chamado Eurritmia, que parte do principio de que todas as propriedades educacional brasileiro na década de 30.
musicais (altura, intensidade, timbre, ritmo, etc.) estão intrinsecamente
relacionadas aos movimentos corporais, por isso, o trabalho musical O projeto do canto orfeônico de Villa-Lobos tinha como principal
parte da rítmica corporal. característica a escolha de um repertório baseado no folclore nacional
dando importância aos valores culturais do povo brasileiro. Ele enfatizou
“A eurritmia é um método que se utiliza de exercícios rítmicos que a necessidade do ser humano valorizar a estética de forma estimuladora
auxiliavam os trabalhos de reconhecimento das estruturas musicais, e o desenvolvimento do pensamento criativo.
propondo a percepção rítmica através da sensibilidade” (PAZ, 2000
p.256). Segundo Paz (2000, p. 257), o método propõe despertar e Na concepção do mestre Villa-Lobos (1946) as escolas deveriam oferecer
desenvolver, pela repetição exercícios, os ritmos naturais do corpo; mais do que práticas musicais. Para ele as escolas deveriam se preocupar
aperfeiçoar a memória, desenvolver o caráter e enriquecer o cérebro. É com a formação da musicalização infantil de um pensamento crítico
necessário fazer música fisicamente, para depois expressá-la. para a formação integral do homem.

Dessa forma, este método parte do princípio de que todas as propriedades Villa Lobos é um dos defensores e precursor da implantação do ensino
musicais (altura, intensidade, timbre, ritmo, etc.) estão intrinsecamente de música nas séries iniciais de ensino, por acreditar na importância de
relacionadas aos movimentos corporais, por isso, o trabalho musical se trabalhar a musica no ensino de base, investindo assim na formação
parte da rítmica corporal. Contudo, por enfatizar a rítmica o método de inicial das crianças e jovens.
Dalcroze não favorecia a formação musical global do aluno no sentido
de vivenciar outras propriedades da música de forma contextualizada. Sá Pereira, que também comungava do pensamento de Villa Lobos,
chamava a atenção para além da implantação do ensino de música
Além da ginástica rítmica, Dalcroze também foi o precursor da nas séries iniciais do ensino fundamental. Retratava a importância da
musicoterapia, pois desenvolveu uma terapia educacional rítmica para formação de professores, dizendo em seu discurso que o professor de
doentes partindo da expressão corporal dos pacientes estabelecendo iniciação musical deveria ser bem preparado, buscando sempre está
assim aspectos da comunicação. informado e respaldado nas teorias psicológicas e pedagógicas. Em seus
trabalhos, teórico valorizava as atividades lúdicas nos trabalhos com as
Entretanto é interessante ressaltar que enquanto as concepções crianças, dando importância à psicologia da aprendizagem, para que o
escolanovista de ensino da Arte Musical como forma de auto - expressão professor pudesse subsidiar esse conhecimento em sua prática.
estavam acontecendo em outros países, no Brasil ainda se prevalecia
o ensino de práticas tradicionais, voltadas para o ensino de músicas Antes mesmo de focalizar seu método de musicalização, Sá Pereira destaca
a importância de a musicalização preceder o ensino de instrumento,
clássicas (importância ao instrumental, o piano; e vocal, o canto
sendo esta um pré-requisito para o mesmo, e não, o contrário, como
orfeônico).
comumente se vê (PAZ, 2000, p.46).

22 23
3.1 A mÚSICA NO AMBIENTE EDUCATIVO Piaget (1999), afirma que a linguagem é uma função do pensamento e
está diretamente relacionada ao desenvolvimento da função simbólica.
A música e a linguagem frequentemente se confundem no início da vida. Chama de função simbólica o “[...] mecanismo individual cuja existência
No decorrer do processo de desenvolvimento as crianças apresentam prévia é necessária pra tornar possível a constituição ou aquisição das
semelhanças e começam a se dissociar quando as crianças aprendem a significações coletivas”.
diferenciar o canto da fala. Mesmo após esta diferenciação a linguagem
musical e a linguagem oral compartilham as propriedades do som, como A construção do simbolismo é fundamental para o desenvolvimento
por exemplo, o timbre, a altura, a intensidade, entre outras. infantil, daí o trabalho com linguagens assumir um papel importante na
organização das ações dos professores.
Segundo Pontes (2001), a linguagem musical se apresenta como
uma área de conhecimento que possui articulações e ferramentas As linguagens, entre elas as artísticas, são instrumentos de expressão
importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil, articulando-se à e comunicação utilizada pelas crianças para compreender o mundo a
linguagem oral e escrita, ao movimento das artes visuais, da matemática, sua volta, estabelecendo relações e resolvendo conflitos. Mas, como
das ciências sociais e naturais. não há linguagem sem conteúdo, esta pode também ser observada
como um objeto de conhecimento que possui um repertório construído
A associação da voz ao som externo ao indivíduo proporcionou ao culturalmente e ao qual a criança pode ter acesso.
homem a implementação de um novo desenho de linguagem – a
música. Desta forma, as crianças experimentam por meio destas A linguagem enquanto produto das relações humanas nasce da
imitações de sons uma relação de identificação por meio da associação interação social e da rede de signos que a sociedade estabelece como
e repetição de sons como da natureza (animais, vento, água etc.) e do significações de sua comunicação. Desta forma, independente da
cotidiano (automóveis, brinquedos, telefone, campainha etc.); depois, linguagem ser função do pensamento ou um ato do pensamento,
a construção dos primeiros instrumentos musicais, seguindo-se os podemos dizer que ela é à base do desenvolvimento infantil. É a partir
registros (escrita musical) e a descoberta de vários ritmos e estilos do processo de desenvolvimento da linguagem que as trocas de relações
musicais. Evidentemente que todas influenciadas por fatores como, a entre os sujeitos enriquecem as formas de expressões e socializações. É
cultura (tradições, costumes e religião), economia e a política. neste meio de trocas, através da linguagem, que a criança partilha os
significados das palavras.

3.1.1 Os Benefícios Da Música Na Educação De Crianças A música, como qualquer conhecimento, entendida como uma
linguagem artística, organizada e fundamentada culturalmente, é uma
prática social, pois nela estão inseridos valores e significados atribuídos
O som é a matéria prima da música. Assim como no processo de aos indivíduos e à sociedade que a constrói e que dela se ocupam
desenvolvimento infantil, em que a linguagem se desenvolve através (LOUREIRO, 2003, p 114).
das trocas de significados entre os sujeitos, permeada por um fenômeno
sociocultural. A linguagem musical pode também dizer que é uma A interação social humana, enquanto linguagem elaborada, pode
prática socialmente construída. ser manifesta de diversas formas, sendo expressada por meio de
representações como: música, teatro, dança, artes plásticas, entre outros.
Desde bebês quando as crianças iniciam sua apropriação da linguagem,
seu desenvolvimento se traduz por meio de simbologias que pretendem Ao se trabalhar com música na Educação Infantil percebemos o prazer
exprimir a significação de seus desejos. Para Pontes (2001), O ato das crianças em acompanhar as músicas através da expressão corporal
expressivo é ato de criação e o produto dessa criação pode apresentar- (palmas, sapateados, danças, entre outros), sendo, portanto a partir
se com possibilidades de valor estético. destes movimentos, desta relação corpo e ritmo que a criança ao ouvir,

24 25
cantar, imitar, dançar, constrói seus conhecimentos musicais, explorando parte de experiências concretas e aos poucos se orienta para o
e descobrindo os sons, ou seja, novas paisagens sonoras. conhecimento abstrato da linguagem musical. Os conceitos musicais
[...] não são adquiridos definitivamente num determinado momento.
São primeiro apreendidos vagamente e depois progressivamente
Na obra de Brito (2004), encontramos alusões a cerca da relação da compreendidos e interpretados, cada vez com maior precisão.
criança e a música. Para o autor quando a criança entra em contato
com os objetos, ela inicia a sua integração com o mundo sonoro. E Partindo desse contexto, o trabalho com música, bem como de
nessa medida, qualquer objeto que produz ruído torna-se para ela um alfabetização enquanto processos contínuos e descontínuos devem
instrumento musical capaz de prender sua atenção por muito tempo. respeitar o tempo de desenvolvimento de cada criança. Portanto, os
conteúdos de música ao serem trabalhados com as crianças procuram
Compreender a música como linguagem e forma de conhecimento é adequar-se a cada fase de desenvolvimento, como prediz o próprio
afirmar a sua importância para o desenvolvimento integral da criança. RCNEI (1998, p.57):
Portanto, ao ensinarmos música às crianças, estamos compreendendo
que a música é A organização dos conteúdos para o trabalho na área de Música nas
instituições de Educação Infantil deverá, acima de tudo, respeitar o nível
[...] linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar de percepção e desenvolvimento (musical e global) das crianças em cada
e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da fase, bem como as diferenças socioculturais entre os grupos de crianças
organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio das muitas regiões do país.
(RCNEI,1998, p.45).
Consoante ao referencial da Educação Infantil, Gordon (apud
O mesmo processo de desenvolvimento que se adota quando à LOUREIRO, 2000, p. 7) vem afirmar a necessidade de não se imprimir
linguagem falada, deve-se expor a criança à linguagem musical e na criança preceitos de um adulto em miniatura, nem se deve avaliar
dialogar com ela sobre e por meio da música. Como diz Jeadont (1993), o desenvolvimento das suas capacidades musicais com base no que os
música é linguagem. adultos conseguem ou não fazer.

Em uma educação que aponta para a transformação social, a As crianças pequenas aprendem tanto, ou talvez mais, por elas próprias
musicalidade torna-se um ferramental educativo que tem por finalidade e com as da mesma idade do que com os adultos. No entanto, se os
tracejar o equilíbrio entre os pólos didáticos e artísticos, permitindo adultos dedicarem o tempo necessário ao desenvolvimento musical das
ao educando aprimorar seus conhecimentos por meio da assimilação crianças pequenas e se não subestimarem a sua compreensão, elas virão
e sistematização do saber organizado, ao mesmo tempo que favorece a sentir-se mais á vontade com todos os tipos de música numa idade
o desenvolvimento da criatividade, da imaginação e da sensibilidade. mais precoce e desenvolverão atitudes positivas em relação á música
Uma educação musical inserida na formação integral do indivíduo. que persistirão ao longo da sua vida.

Contudo, vale lembrar que embora os processos de linguagem e


musicalidade tenham desenvolvimentos que se assemelham. Ambos 1.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
constituem-se em processo distintos. Na sociedade em que vivemos
é comum que a manifestação de algum desenvolvimento ocorra mais A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela
tarde do que o desenvolvimento da fala. tem acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos,
exercendo as mais diferentes funções. Está presente em todas as regiões
Mársico (1982, p 22 e 126) afirma que, do globo, em todas as culturas, em todas as épocas: ou seja, a música
é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do
[...] o desenvolvimento musical, como todo desenvolvimento humano,

26 27
espaço. alta, que frequenta ambientes nos quais a música é praticada de forma
intensa, apresenta características bem diversas de uma criança que se vê
Entretanto, a forma pela qual a música, como linguagem, acontece no vítima da exploração do trabalho infantil.
seio dos diferentes grupos sociais é bastante diversificada. A música
que é vivenciada em uma cerimônia tribal, por exemplo, tem um caráter
bastante diverso da música que colocamos no CD player. 3.2.1 A Música e o Desenvolvimento Cognitivo da Criança

Apesar dessas diferentes funções, em todas essas situações e em muitas Tocar um instrumento exige muito da audição e da motricidade fina das
outras, a música acompanha os seres humanos em praticamente pessoas. Pois a prática musical faz com que o cérebro funcione “em rede”.
todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E, particularmente Diante disso, alguns estudiosos como Schlaug, da Escola de Medicina de
nos tempos atuais, deve ser vista como uma importante forma de Harvard (EUA), e Gaser, da Universidade de Jena (Alemanha), passaram
comunicação. a pesquisar como funcionavam e a comparar cérebros de músicos e
não músicos. Como resultados revelaram que os do primeiro grupo
“[...] aumento de qualidades morais, psicológicas, intelectuais [...] apresentavam maior quantidade de massa cinzenta, particularmente
crescimento, progresso, adiantamento” (HOUAISS, 2002, p. 989), assim o nas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor (apud
dicionário Houaiss define a palavra desenvolvimento. SHARON, 2000).

Contudo, geralmente se denota desta terminologia, quando o Isso se explica na ação do indivíduo ao ler determinado sinal na partitura,
relacionamos às crianças, aspectos tipicamente cognitivos, isto é, no pois a mesma necessita passar essa informação (visual) ao cérebro e este,
que diz respeito ao aprendizado intelectual. É uma tendência natural em por sua vez, transmitirá à mão o movimento necessário (tato); ao final
uma sociedade tão competitiva e tecnicista. Em função disso, muito se disso, o ouvido acusará se o movimento feito foi o correto (audição).
tem falado a respeito do papel da música na melhoria do rendimento Além disso, os instrumentistas apresentam muito mais coordenação na
escolar de estudantes. mão não dominante do que pessoas comuns.

O processo de crescimento de uma criança está muito além apenas O efeito do treinamento musical no cérebro é semelhante ao da prática
de seus aspectos físicos ou intelectuais. Esse processo envolve outras de um esporte em relação aos seus efeitos nos músculos. Mesmo se o
questões, certamente tão complexas quanto às da maturação biológica. contato com a música for feito por apreciação, isto é, não tocando um
Dessa forma, opta-se por trabalhar a ideia de desenvolvimento infantil a instrumento, mas simplesmente ouvindo com atenção e propriedade,
partir de uma abordagem mais ampla, abarcando também seus aspectos percebendo as variações musicais, entendendo a forma da composição,
de amadurecimento afetivo e social, sem deixar de lado, obviamente, o os estímulos cerebrais também são bastante intensos (GASER, apud
aspecto cognitivo. SHARON, 2000).

É importante ressalvar que toda criança está inserida em um contexto Ao mesmo tempo que a música possibilita essa diversidade de estímulos,
amplamente cultural, formado não só pela sua família, mas também por ela, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações,
todo o grupo social no qual ela cresce. isto é, a aprendizagem.

Nesse sentido, a forma como a música influencia o desenvolvimento Diante disso, é válido dizer que a educação musical contribui efetivamente,
de uma criança criada em meio culturalmente diferenciado, como por seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela apreciação ativa,
exemplo, o meio rural, é muito diferente da forma como isso se dá com para potencializar a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo
uma criança da cidade; da mesma forma, uma criança de classe média do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato.

28 29
3.2.2 A Música e o Desenvolvimento Afetivo No Brasil faz-se necessário maiores investimentos nessa área, em especial
          na formação musical de nossos professores, caso queiramos realmente
A afetividade humana é um outro campo em que os efeitos da prática obter melhores resultados na educação básica. A música fica no senso
musical mais se evidenciam, independentemente de pesquisas e estudos comum de momentos de lazer, brincadeira e entretenimento.
científicos. Qualquer pessoa quando submetido a determinados sons ou           
músicas recordam e/ou revivem sentimentos do passado por meio das  
lembranças musicais. 3.2.3 A Música e o Desenvolvimento Social da Criança
           
Em pesquisa realizada na Universidade de Toronto, Sandra Trehub (apud A música se revela como um hábil instrumento socializador. Ela traz
CAVALCANTE, 2004) comprovou algo que muitos pais e educadores já efeitos muito significativos no campo da maturação social da criança.
imaginavam: os bebês tendem a permanecerem mais calmos quando É por meio do repertório musical que nos iniciamos como membros de
expostos a uma melodia serena e, dependendo da aceleração do determinado grupo social. A música, as brincadeiras, as adivinhações, as
andamento da música, ficam mais alerta. canções, as parlendas que dizem respeito à nossa realidade nos inserem
na nossa cultura.
Além disso, a eficácia das canções de ninar é prova de que música
aliada aos sentimentos de pertencimento e afeto se une em um elo Além disso, a música também é importante do ponto de vista da
que entrelaçam mãe e filho. As melhores lembranças de situação de maturação individual, isto é, do aprendizado das regras sociais por parte
acolhimento e carinho dizem respeito às memórias musicais. da criança. Quando uma criança brinca de roda, por exemplo, ela tem
a oportunidade de vivenciar, de forma lúdica,  situações de perda, de
Há também inúmeras experiências na área de saúde, trabalhos em escolha, de decepção, de dúvida, de afirmação.
hospitais que utilizam a música como elemento fundamental para o
controle da ansiedade dos pacientes. A origem deste trabalho remonta As cantigas e muitas outras músicas que foram transmitidas oralmente,
à 2a Guerra Mundial, quando músicos foram contratados para auxiliar através de gerações, são formas inteligentes que a sociedade inventou
na recuperação de veteranos de guerra por hospitais norte-americanos. para nos prepararmos para a vida adulta. Tratam de temas tão complexos
Pode-se afirmar que esse foi um grande impulso para a área de e belos, falam de amor, de disputa, de trabalho, de tristezas e de tudo
musicoterapia, hoje com reconhecimento acadêmico consolidado. É cada que a criança enfrentará no futuro, queiram seus pais ou não. São
vez mais comum a presença da música nestes locais, seja para diminuir a experiências de vida que nem o mais sofisticado brinquedo eletrônico
sensação de dor em pacientes depois de uma cirurgia, junto a mulheres pode proporcionar.
em trabalho de parto (para estimular as contrações) ou na estimulação
de pacientes com dano cerebral. Nesse sentido, não é exagero afirmar Sem sombra de dúvida, a música é uma das formas de comunicação
que os efeitos da música sobre os sentimentos humanos estão, cada vez mais presente na vida dos jovens. Inúmeras vezes é por meio da canção
mais, migrando da sabedoria popular para o reconhecimento científico. que temáticas importantes na inserção social desse jovem, não mais
como criança, mas agora como preparação para a vida adulta, lhe são
Em países com mais tradição que o Brasil no campo da educação da apresentadas. Como exemplo, temos os videoclipes que apresentam
criança pequena, a música recebe destaque nos currículos, como é o a jovens de classe média a dura realidade do racismo, da vida nas
caso do Japão e dos países nórdicos. Nesses países, o educador tem, periferias urbanas e que podem ser utilizados por pais e educadores
na sua graduação profissional, um espaço considerável dedicado à sua como forma de estabelecer um diálogo ou uma porta para a construção
formação musical, inclusive com a prática de um instrumento, além do da consciência cívica e socialização da criança.
aprendizado de um grande número de canções.            

30 31
3.2.4 A Construção da Conduta Ético-Comportamental da Criança seja, os valores que a motivaram a tomar uma atitude. Portanto, assim
na Teoria de Piaget como em Kant, para Piaget a moralidade pressupõe intenção e, sendo o
agir orientado por valores e princípios, que representam julgamentos, é
Na atuação pedagógica de Vinha (2000), este revela como observação preciso estudá-los.
de sua prática, que uma das maiores dificuldades encontradas
pelos professores da Educação Infantil implica na compreensão do O pensamento moral
desenvolvimento moral da criança. Ou seja, as constantes desavenças e
conflitos presentes na escola durante o trabalho diário com as crianças. [...] consiste num sistema de regras e a essência de toda a moralidade
deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras
O que por sua vez, exige do docente uma resposta imediata, provocando
[...] As divergências doutrinárias só aparecem no momento em que se
uma interferência direta na construção do julgamento moral da criança. procura explicar como a consciência vem a respeitar essas regras (PIAGET,
1994, p. 23).
Ao passo que veem os problemas solucionados, os professores
vivenciam um dilema antagônico em que se percebem na condição Nessa direção, Piaget, analogamente às relações adultas e os jogos
de reprodução de uma conduta autoritária da qual não gostariam de travados na infância, busca explicar como a criança desenvolve seu
adotar. Desencadeando entre estes um sentimento de insegurança por pensamento moral, focalizando a construção de esquemas estáveis
não saberem como agir diante destes acontecimentos sem o uso de tais de reação social. Ou seja, o que importa é o que motivou o indivíduo
práticas tidas por condenáveis. a aceitar ou seguir determinados valores e não o fato de possuí-los.
Segundo Araújo (1993, p. 8), “[...] o valor moral de uma ação não está na
No entanto, percebem que ainda que, condenável tal postura acabe por mera obediência às regras determinadas socialmente, mas no porquê
instaurar a ordem na sala. E assumindo a condição de detentor do poder, elas são obedecidas: no princípio inerente a cada ação”. Dessa forma,
muita das vezes em função de seu despreparo provoca e instala na sala é importante refletir a cerca do porquê a criança cumpre determinada
de aula uma condição de passividade por parte das crianças como ordem e não obedece ou cumpre as regras da classe ditadas por um
consequência da imposição de sua autoridade imposta. adulto.

Piaget foi um estudioso que se dedicou a estudar e a explicar a Recuperando os conceitos sobre a existência idealizados por Kant,
educação ética e moral em sala de aula. Em sua teoria o autor apresenta Piaget (1994) descreveu duas espécies de moralidade: a heterônoma
argumentos de como as crianças, independentemente de sua condição e a autônoma. A primeira está focada na obediência, enquanto que a
socioeconômica, necessita de uma educação infantil que favoreça a segunda direciona-se ao princípio da igualdade. Isto posto, conclui
aquisição de determinados níveis de desenvolvimento necessários a sua que no jogo, a prática da regra é heterônoma. Portanto, baseia-se em
formação enquanto sujeitos morais e éticos. relações de pressão e medo ao castigo.

Sendo a educação infantil a responsável pela construção da autonomia [...] toda ordem, partindo de uma pessoa respeitada, é o ponto de partida
da criança. É nesta fase escolar que a criança abrangerá sua formação de uma regra obrigatória [...] A obrigação de dizer a verdade, de não
ética e moral. roubar etc., tantos deveres que a criança sente profundamente, sem
que emanem de sua própria consciência: são ordens devidas ao adulto
e aceitas pela criança. Por conseqüência, esta moral do dever, sob sua
Em sua obra “O juízo moral na criança”, Piaget (1994, p. 21), enfatiza forma original, é essencialmente heterônoma. O bem é obedecer à
que sua abordagem objetiva “[...] estudar o julgamento moral, e não os vontade do adulto (PIAGET, 1994, p. 154).
comportamentos ou sentimentos morais”. Dessa forma, esclarece que seu
estudo baseia-se no juízo moral da criança e não em suas ações morais. Considerando a fase heterônoma, nesta a criança vive de um realismo
Para ele, o que importa é a intenção da criança ao praticar suas ações, ou moral, pois seus julgamentos baseiam-se naquilo que é real, ou seja,

32 33
observável. Piaget (1994, p. 93) define realismo moral como colaboração no trabalho coletivo.

[...] a tendência da criança em considerar os deveres e os valores a Para adquirir o sentido da disciplina, da solidariedade e da
eles relacionados como subsistentes em si, independentemente da responsabilidade, a escola ativa se esforça em proporcionar à criança
consciência e se impondo obrigatoriamente, quaisquer que sejam as situações nas quais tenha de experimentar diretamente as realidades
circunstâncias às quais o indivíduo está preso. morais, e que vá descobrindo, pouco a pouco, por si mesmas as
leis constitucionais [...] Elaborando elas mesmas as leis que hão de
regulamentar a disciplina escolar elegendo elas mesmas o governo que
Ao realismo moral atribui três aspectos sendo estes o respeito unilateral, há de encarregar-se de executar essas leis, e constituindo elas mesmas o
a observação fiel às regras; e, a existência de uma concepção objetiva da poder judicial que há de ter por função a repressão de delitos, as crianças
realidade. Explicando essas características, na moral heterônoma a criança têm a oportunidade de aprender por experiência o que é a obediência a
define o bem pela obediência cega às regras dos adultos, orientando-se uma norma, a adesão ao grupo e a responsabilidade individual (PIAGET,
1996, p. 22).
pelo castigo. Como explica Vinha (2000, p. 48) a heteronomia é a moral
da obediência às pessoas com poder, com autoridade. Dessa forma,
para a criança, quem detém essa autoridade são os pais, professores, Para Piaget a vida social entre crianças é um contexto necessário para
parentes e irmãos mais velhos. Dentre os quais, a criança considera forte, o desenvolvimento da inteligência, moralidade e personalidade. Isso
inteligente e detentor do poder. não só pelo fato da interação que acontece entre crianças, mas também
da que acontece entre elas e o adulto. Consoante a esta perspectiva, a
Piaget (1994) concebeu então que, em um ambiente que privilegia a cooperação não se aprende com lições ou teorias sobre o assunto, mas
construção da autonomia, o respeito unilateral da criança pelo adulto tendo experiências de relações de cooperação.
vai sendo substituído pelo respeito mútuo, numa relação entre iguais, na
qual a ideia de autoridade vai perdendo a sua força. A educação é [...] uma condição formadora, necessária ao próprio
desenvolvimento natural. Proclamar que toda pessoa humana tem
direito à educação não é pois unicamente sugerir, tal como supõe a
O elemento quase material de medo, que intervém no respeito unilateral, psicologia individualista, tributária do senso comum, que todo indivíduo,
desaparece então progressivamente em favor do medo totalmente garantindo por sua natureza psico-biológica, ao atingir um nível de
moral de decair aos olhos do indivíduo respeitado: a necessidade de ser desenvolvimento já elevado, possui além disso o direito de receber da
respeitado equilibra, por conseguinte, a de respeitar, e a reciprocidade sociedade a iniciação às tradições culturais e morais; é pelo contrário e
que resulta desta nova relação basta para aniquilar qualquer elemento mais aprofundadamente, afirmar que o indivíduo não poderia adquirir
de coação. A ordem desaparece no mesmo tempo para tornar-se acordo suas estruturas mentais mais essenciais sem uma contribuição exterior,
mútuo, e as regras livremente consentidas perdem seu caráter de a exigir um certo meio social de formação, e que em todos os níveis
obrigação externa. (desde os mais elementares até os mais altos) o fator social ou educativo
constitui uma condição do desenvolvimento. O problema essencial está
Para Piaget, a criança começa a abandonar a moral heterônoma com seis em fazer com que a escola se torne o meio formador que a família aspira
realizar, sem que nem sempre o consiga satisfatoriamente e que constitui
ou sete anos, construindo, a partir dessa idade, uma moral autônoma,
a condição ‘sine qua non’ para um desenvolvimento intelectual e afetivo
contudo, esta não se desenvolve em sua globalidade, o que só vai completo (PIAGET, 1982, p. 39-40).
acontecer aos onze ou doze anos.
A escola deverá, pois, possuir a competência necessária para fazer
Diante destas observações, Piaget propõe como procedimentos de frente a estes problemas, quer através da reformulação dos objetivos
Educação Moral, a criação de uma escola ativa, na qual a criança possa educacionais, quer através da preparação adequada de seus professores
fazer experiências morais. Para isso, a autoridade do professor não pode que, segundo Piaget, devem ser tanto melhor preparados quanto mais
ser vista como única fonte de inspiração moral. Nessa escola, a educação elementar for o nível de ensino a que se dedicam.
moral não constitui uma área do conhecimento, mas um aspecto
particular da totalidade do sistema, a qual supõe, necessariamente, a

34 35
1.2 Currículo e MÚSICA e da contextualização. O fazer é importante porque ele propicia a
criança a descobrir que ela pode se comunicar através da música, essa
Paulatinamente a educação experimentou modificações em suas comunicação é fruto do diálogo entre as concepções pessoais e a as
estruturas. Contudo foi na década de 80, que no Brasil houve as principais influências culturais.
mudanças nas concepções educativas, principalmente na área de Artes.
Na música a Abordagem Triangular (leitura de obras, contextualização,
Um dos destaques dessa época foi a educadora Ana Mae Barbosa que fazer artístico) se assemelha aos dois eixos da produção musical que
oferta para o campo da educação em artes da época um novo paradigma são a criação e a reprodução. Segundo Brito (2003) esses dois eixos
conceitual, qual seja o da Abordagem Triangular. Essa proposta tem por garantem três possibilidades de ação: a interpretação, a improvisação e
base dois aspectos balizadores: o conceito de Arte e como deve ocorrer a composição.
o processo ensino – aprendizagem desta no âmbito escolar.
“[...] interpretar significa ir além da imitação por meio da ação expressiva
Em sua origem essa abordagem é influenciada conceitualmente por três do interprete. Somos interpretes quando cantamos ou tocamos uma
tendências de educação em Arte: o ‘Critical Studies’, inglês, as ‘Escuelas obra musical” (BRITO, 2003, p.57). Nesse sentido a interpretação seria
al Aire Libre’ mexicanas e o ‘Movimento de Apreciação Estética’ aliado a imitação e reprodução de uma obra. Desta maneira ao interpretar
a DBAE (Discipline Based Art Education) americano (BARBOSA, 1998, p. a criança aprecia e contextualiza, ao mesmo tempo em que ao agir
34-35). expressivamente exercita-se o fazer artístico.

Com base na obra de Pontes (2001, p. 28), lemos que “[...] a Arte [é] A cultura sempre permeou o currículo escolar, sendo em sua maioria
entendida como qualquer outra área do conhecimento humano, com parte dele. Dessa forma, a concepção contemporânea de ensino da Arte
uma história e repertório próprios que podem ser vivenciados e refletidos se baseia na idéia que a Arte está impregnada da história da humanidade
pelos alunos”. Foi nessa perspectiva de tentar tornar claro e evidente e, portanto, sofre influência dos códigos culturais. Isto posto, os contatos
as formas de acesso aos objetos culturais da Arte que a educadora com os objetos culturais das linguagens artísticas devem ser favorecidos
brasileira definiu três ações de aproximação da Arte na escola: a leitura pela escola em situações de ensino e aprendizagem.
de imagens (apreciação), a contextualização e o fazer artístico. Essas
ações, complementares, tornaram-se parte da concepção de ensino da Nesse novo contexto, a concepção de Arte vem ressaltar a importância
arte como conhecimento. da contextualização e influência das linguagens para a produção
artística, destacando o saber e o fazer dentro nas construções cognitivas.
O que essa nova abordagem prevê é o envolvimento da arte como
conhecimento. Não desprezando as técnicas e ou a arte como expressão,
mas o ato de ir mais além, na busca do processo de construção do saber
e fazer artístico. 1.2.1 A Música No Contexto Da Legislação Educacional Brasileira

Para Barbosa (apud PONTES, 2001), o principal objetivo da Arte na escola No nível da legislação brasileira no campo da educação, e aqui mais
é formar o indivíduo conhecedor, possuidor e decodificador de Arte. precisamente nas Artes, o Brasil formulou algumas diretrizes para
acompanhar as transformações que o mundo experimenta, bem como
Para que a criança se aproprie desse universo, o mundo dos sons – a ofertar um ensino mais qualitativo para nossas crianças.
música; é preciso que este seja inserido no contexto do fazer artístico.
Isso significa permitir à criança a situação de produção, no caso da Desta forma, novas diretrizes foram sendo estabelecidas e sistematizadas
música a produção sonora, entretanto esse fazer necessita da leitura como os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) e RCNEI’s (Referenciais

36 37
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil), tomando como isso, o documento separa os objetivos e conteúdos para cada faixa
abordagem e apoio teórico a Abordagem Triangular. Esses documentos etária, de zero a três anos e de quatro a seis anos de acordo som suas
surgem amparados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, intenções educativas.
Lei Federal Nº 9.394/96. Como a pesquisa está voltada para o ensino de
música na educação infantil, dar-se-á ênfase à proposta do RCNEI para o Com as crianças de zero a três anos, o RCNEI prevê a organização de
ensino de Música. forma que as crianças desenvolvam capacidades de: ouvir, perceber,
discriminar eventos sonoros, produções musicais, brincar com a música,
A música é um dos eixos de linguagem como forma de conhecimento imitar, inventar, etc.
e está incluída no volume Conhecimento de Mundo. O documento tem
como objetivo oferecer aos professores propostas do ensino de música O trabalho com crianças de quatro a seis anos é uma continuação do
a serem desenvolvidas na educação infantil. Entretanto, é importante trabalho da fase anterior, devendo a criança desenvolver as capacidades
destacar que as propostas do RCNEI são propostas abertas, bastante de reconhecer e utilizar a música como linguagem, forma de
flexíveis, não sendo, portanto, o professor obrigado a seguir, como conhecimento, interação social, deve ser capaz de expressar sensações,
o próprio nome diz, ele é uma referência em que o professor pode se sentimentos e pensamentos.
basear nas suas propostas pedagógicas de ensino.
Os conteúdos de música procuram também adequar-se a cada fase de
Dentro do trabalho com música, o documento se fundamenta na desenvolvimento dessa forma, afirma o RCNEI (1998, p.57):
concepção que integra os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e
cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social. A organização dos conteúdos para o trabalho na área de Música nas
instituições de educação infantil deverá, acima de tudo, respeitar o nível
de percepção e desenvolvimento (musical e global) das crianças em cada
O RCNEI, enquanto balizador do planejamento na área da educação fase, bem como as diferenças socioculturais entre os grupos de crianças
musical propõe que a música contribua para a formação integral das das muitas regiões do país.
crianças desenvolvendo os aspectos cognitivos, sensíveis, afetivos
estéticos, existindo, portanto, a preocupação na formação do ser Assuntos como, o som e o silêncio; a vivência da organização de sons e
humano. silêncio em linguagem musical pelo fazer musical e pelo contato com
obras musicais diversas; percepção da música como produto cultural,
Considerada segundo o RCNEI (1998, p. 45), como: são conteúdos importantes para serem trabalhados nessa faixa etária do
desenvolvimento infantil.
[...] linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar
e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da
organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. Para isso os referenciais da educação infantil distribuem os conteúdos em
dois blocos: o do fazer musical, que seria uma forma de comunicação e de
No âmbito da Educação Infantil a música como linguagem musical possui expressão, e, o da apreciação musical que seria a interação das músicas
características próprias e deve ser trabalhada dentro de três eixos: o da (gênero, estilo, época), que acompanham o nível de desenvolvimento
produção (interpretação, improvisação e composição), da apreciação das crianças.
(percepção e análise dos sons e silêncio) e o da reflexão (organização da
produção musical). O documento sugere ainda orientações didáticas para que o professor
possa trabalhar em suas aulas com música de forma a subsidiar a sua
Tendo em consideração o desenvolvimento da criança, o RCNEI está atuação e prática. Mesmo com as possibilidades apresentadas pelo
estruturado de forma a obedecer estas fases de desenvolvimento. Para documento, é importante ressaltar que ele se constitui em apenas um
referencial, ou seja, um norteador da prática educativa, portanto flexível.

38 39
Assim sendo, faz-se necessário que o professor busque sempre novas a arte musical como ferramenta de
fontes de pesquisa para enriquecer o seu conhecimento e seu trabalho influência no comportamento INFANTIL
com a música na educação infantil ou em outros níveis de ensino.

Segundo Gregory (1997), a vida em sociedade evidencia a música como


um fenômeno social que vem mantendo funções tradicionais e sentidos
próprios no decorrer da história.

Devido sua historicidade, existe uma forte correlação entre a educação da


música e o desenvolvimento das habilitações que as crianças necessitam
para se tornarem bem sucedidas na vida.

Características como autodisciplina, paciência, sensibilidade,


coordenação, e a capacidade de memorização e de concentração são
valorizadas com o estudo da música. Estas qualidades acompanham
as crianças em qualquer caminho que escolham para a sua vida. Deste
modo, a aprendizagem da música pode ofertar uma influência qualitativa
na formação das crianças que servirá como elemento facilitador para sua
inclusão social.

Através do estudo da música os alunos aprendem o valor do esforço


sustentado para atingir a excelência e os resultados concretos do
trabalho árduo.

Também valoriza o trabalho em equipe. Quando de trabalhos em


conjunto, os grupos precisam se comprometer a aprender a música,
participar em ensaios, e praticá-la em conjunto.

Praticar música promove a expressão pessoal e proporciona auto


gratificação ao mesmo tempo em que dá prazer aos outros. O estudo
da música encoraja a autodisciplina, característica que influenciará
dialeticamente nas atividades intelectuais sob a forma de estudo efetiva
e hábitos de trabalho.

As lições de música também melhoram o desenvolvimento da


capacidade da criança para pensar logicamente e analiticamente,
promovem o desenvolvimento de sua maior concentração, cognição e

40 41
desenvolvimento motor. VISITANDO AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA SALA
DE AULA: ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Quando bem orientada, a música pode ajudar no crescimento pessoal
da criança, assim como à sua expressão individual.

5.1 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Para fins do estudo apresentado, os instrumentos de pesquisa adotados


para sua elaboração basearam-se nas fontes teóricas identificadas ao
longo deste, na observação em sala de aula e no questionário aplicado
ao docente que, ainda demonstrem a qualidade do ensino da música
na educação infantil, revelam procedimentos quantitativos para uma
melhor análise do processo de ensino aprendizagem desta área e a da
sua influência nas alterações de comportamento da criança. Desta forma,
cumprindo os objetivos propostos e em vias dos resultados esperados,
por estar diretamente interligados.

La organización qualitativa del processo de construción del conocimiento


no rechaza la utilización de técnicas cuantitativas, sino que incluye
la información producida por estas dentro de uma lógica cualitativa,
característica de la produción del conocimiento (REY, 1997, p. 180).

A utilização da teoria histórico-cultural e humanista foi requisito básico,


pois nesse estudo e na elaboração da proposta, bem como durante
o diagnóstico partiu-se do enfoque dialético-materialista. Com isso,
o emprego de métodos teóricos e empíricos foi uma premissa na
organização metodológica.

5.1.1 Métodos Teóricos

Quando da análise e síntese, estes métodos foram utilizados para fazer


um dado geral, dos elementos, necessários para fundamentação desta
investigação e chegar a generalização e às conclusões sobre o objeto
de estudo. Permitiu também descobrir as características do objeto de
estudo e as relações entre cada parte integrante deste objeto de estudos.

Isto posto, a investigação envolveu a análise da bibliografia consultada,


assim como dados dos instrumentos utilizados no diagnóstico e na

42 43
avaliação da proposta favorecendo a triangulação destes. e determinar os pontos fracos na aplicação dos métodos próprios da
disciplina e o nível de preparação metodológica no comprimento das
Foram analisados relatórios pedagógicos, as diretrizes curriculares do funções didáticas.
município de Vitória, os Referenciais Nacionais para a Educação Infantil
(RCNEI’s) que permitiram uma maior compreensão do objeto de estudo. O uso do diário de bordo foi uma constante, como forma de registro
Entre as fontes teóricas abordadas nesse estudo destaca-se: as teorias e das informações e alterações sentidas nas aulas de música. Em especial
concepções educativas e ético-comportamentais de Piaget, as vivências aquelas que constam do referencial teórico adotado como fonte
musicais e avaliativas de Swanwick e a formação da inteligência musical metodológica deste estudo e que apresentam características como
de Gardner. motivação, interesse, participação e socialização por parte das crianças
na faixa etária investigada.
Da análise do material levantado realizou-se a síntese com a finalidade de
nortear e fundamentar teoricamente o objeto de estudo e a consequente
aplicação destes no processo de ensino e de aprendizagem da música 5.2 DIAGNÓSTICO
na Educação Infantil das escolas formais do município de Vitória/ES e as
possíveis alterações comportamentais decorrentes da inserção da área Com o objetivo de identificar o problema central desta pesquisa, foi
de música como fomentadora de aspectos cognitivos, afetivos, sensíveis elaborado um questionário-diagnóstico, que também contou com a
e intelectivos das crianças. experiência do autor deste estudo, atuante na formação de docentes
da área de música no curso de Licenciatura da Faculdade de Música do
Concernente a indução e dedução, estas por sua vez permite considerar Estado do Espírito Santo – FAMES.
as qualidades dos postulados teóricos gerais relativo ao tema, através
da sua constatação no caso particular da aplicação dos métodos de Na pesquisa realizada (APÊNDICE A), do universo entrevistado de 20
ensino na escola objeto de investigação, de maneira que as conclusões (vinte) docentes, elencamos os seguintes dados:
concretas obtida neste estudo particular, e chegar a conclusão geral
desde que adequada a características de outras situações. É comum o uso do CD como ferramenta de auxilio nas aulas de música.
Entre os pesquisados, o áudio representa 30% de utilização. Seguido
No Método Histórico – Lógico foi utilizada uma análise da evolução dos vídeos que figuram 24%. Observa-se que os recursos tecnológicos
histórica e atual da aplicação científica de métodos de ensino de e audiovisuais se fazem presente a todo momento na musicalização.
música no processo ensino aprendizagem definidos pelos Referenciais Os demais 46% estão distribuídos, praticamente na mesma variação
Curriculares Nacionais da Educação Infantil (BRASIL, 1998) e pelas proporcional, com o uso de instrumentos musicais.
Diretrizes Curriculares do Município de Vitória.

5.1.2 Métodos Empíricos

Entrevista: foi aplicado aos professores de música e professores


regentes de classe para conhecer o estado atual do processo ensino
e aprendizagem da área de música, a organização e planificação do
trabalho metodológico.

Observação: foi feita para observar as aulas aos professores de música

44 45
GRÁFICO 1 – Ferramentas Utilizadas nas Aulas de Música GRÁFICO 2 – Condicionantes do Repertório Utilizado nas Aulas de
Música

Fonte: elaboração própria. Fonte: elaboração própria.

Na observação em campo comprovam-se os dados acima. O que Para obtenção de um resultado de aprendizagem futura pode-se usar
Pontes (2001), vem concordar apresentando as tecnologias como um músicas do cotidiano do aluno e fornecer o conhecimento de elementos
dos princípios de recursos a serem utilizados nas aulas de músicas. No musicais de aprendizagem nestas músicas do seu dia a dia, e a partir daí
entanto, a supremacia, bem como a prevalência destas ferramentas, proporcionar um conhecimento musical formal, respeitando as fases do
podem acarretar dificuldades no processo criativo da criança, na sua desenvolvimento da criança. Segundo Paz (2000), Villa-Lobos que foi o
manifestação cultural própria e na reprodução contínua de produtos e precursor dos ritmos brasileiros e em suas composições e estruturas da
ideologias musicais que favorecem a estatificação do currículo. Apontam música cultural nacional, valeu-se do cotidiano sem perder os elementos
também uma possível debilidade na formação do professor, quando do fundamentais da formação musical.
uso das variedades e possibilidades de recursos para o ensino da música.
Durante a aula de música os alunos apresentam alterações no
Quando questionados sobre o repertorio utilizado nas aulas de músicas comportamento: 29% apresentam envolvimento e participação, 26% de
e se os mesmos, tem alguma relação de particularidade do meio de euforia e 19% demonstraram aceitação.
convívio dos alunos, observa-se que: 36% está relacionado com o
cotidiano do aluno e 32% com a cultura popular e erudita. Conforme
demonstra o gráfico abaixo:

46 47
GRÁFICO 3 – Alterações Comportamentais Sentidas Durante as Aulas GRÁFICO 4 – Pontos Negativos de Influências nas Alterações
de Música Comportamentais

Fonte: elaboração própria. Fonte: elaboração própria.

O fato de que a euforia apresenta um quantitativo menor do que o Em contra partida, ainda que o desconhecimento da cultura musical
envolvimento e a participação; não significa que esta não apresente alto se transforme em fatores negativos; sua influência promove atitudes
teor de importância. Pois, ela que é responsavel por este envolvimento comportamentais positivas nos alunos que aguçam seus interesses e
do aluno, provocando interesse no aprendizado. E assim, o aluno em favorecem sua realização pessoal, social e conceitual. Como apresentadas
seu cotidiano esta ouvinto e vendo músicas do dia a dia, por isso a no gráfico abaixo.
participação, aceitação e euforia estão presentes nas aulas. A partir
do momento em que o professor de música começar a inserir os
elementos musicais formais, a aula de música permanecerá atrativa. GRÁFICO 5 - Pontos Positivos de Influências nas Alterações
Em contraposição, quando a realidade do aluno não é considerada Comportamentais
e o professor é o detentor do saber e a escola é o locus de padrões
tradicionalmente instituidos, a aula não terá essa dimâmica, produzindo
apenas meros reprodutores.

Um dos fatores apresentado que mais colaboram para a resistência


e apatia dos alunos nas aulas de música é o baixo acesso à cultura.
Os veículos que permitem a criança conhecer e perceber a cultura
local, regional, nacional e até mesmo internacional são incipientes,
não favorecendo que a reconheçam como uma fonte de poder.
Representando-na como reprodução de momentos de fuga, banalidade
e até mesmo atos de vandalismo, comumente encontrados nos bairros
de periferia. Fonte: elaboração própria.

Observa-se que as aulas de músicas estão imbuídas de aspectos

48 49
que geram no individuo sua relação com o outro. O que certamente GRÁFICO 7 – Aspectos Relevantes na Escolha do Repertório Trabalhado
influenciará na sua rede de possibilidades de novos conhecimentos. nas Aulas de Música
Visto que, ao entrar em contato com o objeto (a música), este se apropria
da mesma. O que também repercurtirá das demais áreas de sua vida,
seja ela social ou escolarizante, pois a ação grupal é fator primordial para
contrução do sujeito cidadão.

Para garantir a reações positivas das aulas de música, os entrevistados


apresentaram os seguintes indices percentuais para os quesitos
considerados no planejamento de suas aulas: 32% consideram o
fator cultural, 21% grau de complexidade, 18% consideram o nivel de
conhecimento e16 % consideram o fator social.

GRÁFICO 6 – Aspectos Relevantes na Costrução do Planejamento Fonte: elaboração própria.

“É obvio que toda música nasce em um contexto social e que ela


acontece ao longo e intercalando-se com outras atividades culturais [...]”
(SWANWICK, 2003 p. 38). A valorização da cultura da criança é um grande
incentivo ao aprendizado musical formal, visando um desenvolvimento
mais profundo, musicalmente falando, e, consequentemente maior
interesse no desenvolvimento dos estudos escolares.

A interdisciplinaridade no plano de ensino musical, é um fator importante


na construção do conhecimento, assim, analiza-se: 53% realizam o plano
de ensino em conformidade com o professor regente e o aluno, 26% de
acordo com a orientação pedagógica e 11% realizam entre o professor
Fonte: elaboração própria. regente e professor de música.

O planejamento é uma forte ferramenta para o desenvolvimento dos


alunos, uma vez que, levando em consideração os apéctos acima listados.

No desenvolvimento do planejamento, o trabalho do aprendizado


musical em grupo, através de musicas a serem cantadas pelos alunos,
surtirá um efeito maior de entendimento, quando percebemos o
interesse do aluno em repertórios variados ou de facil compreenção
do seu meio, na pesquisa feita obteve-se o seguinte percentual quanto
a valorização do repertório: 35% valorizam a cultura do aluno, 23%
valorizam o conhecimento e a diversidade

50 51
GRÁFICO 8 – A Atuação do Professor no uso da Interdisciplinaridade nas GRÁFICO 9 – Formas de Registro do Desenvolvimento da Criança nas
Aulas de Música Aulas de Música

Fonte: elaboração própria.

A realização do plano de ensino, para um maior desenvolvimento do


aluno, deveria ser entre o professor regente e o professor de música, mas Fonte: elaboração própria.
observa-se que poucos realizam esta prática de planejamento. Onde as
aulas acontecem de forma estanque, ou seja, área por área, de forma O relatório final, baseado nas apresentações, ainda é um aspecto
fragmentada. Não ocorrendo a interface entre as áreas do conhecimento que exerce grande indluência na avaliação de desenvolvimento da
e favorecendo as práticas interdisplinares. criança. Seguido da ficha descritiva, que nada mais é do que um
relatório realizado sob a ótica pontual do professor e da realização de
O aluno deve ser observado ao longo de todo o seu aprendizado. Na determinadas tarefas designadas ao aluno/aluna. Apesar que de forma
entrevista observa-se o seguinte percentual sobre como são realizados ainda pequena, alguns apresentam e isso pode ser sentido em poucas
os registros de desenvolvimento das crianças nas aulas de música: escolas e salas de música e aula, uma avaliação mais concisa e que esteja
43% descrevem um relatório final com informação do plano de ensino pautada na triangulação dos dados necessários para compor a rede
executado e 36% registram de forma gradual do repertório. de habilidades e competências elencadas nos RCNEI’s e necessárias ao
processo de formação e de desenvolvimento da criança.

Dentre o que foi proposto para ser executado, apresenta-se os seguintes


resultados: 39% fazem avaliação dialógica, 28% restrita ao planejamento
e 22% avaliação formativa.

52 53
GRÁFICO 10 – A Avaliação nas Aulas de Música GRÁFICO 11 – Relação Professor de Música e Professor Regente na
Observação das Alterações Comportamentais da Criança

Fonte: elaboração própria.

“A avaliação musical genuína é a chave para uma educação musical


efetiva” (SWANWICK, 2003, p. 80). A avaliação musical está geralmente Fonte: elaboração própria.
condicionada a performance dos alunos. Isso não significa que o
processo de ensino tenha sido bom ou ruim, completo ou não; o que Verifica-se aqui um aspecto contraditório nos respondentes, pois,
leva a entender que a avaliação precisa estar presente durante todo o reportando-se aos aspectos relacionados a interdisciplinaridade
processo de ensino aprendizagem, de forma dialógica, formativa e final. (GRÁFICO 8), tabula-se dados de que apenas o contexto do aluno é o item
E nunca restrito a uma única modalidade avaliativa de maior relevância no processo de planejamento. Isto posto, o dado de
maior destaque Gráfico 11, concernente a relação do professor regente
As crianças apresentam formas diferente uma das outras no de classe e o professor de música está paradoxalmente respondido.
comportamento em sala de aula. Sendo assim, observa-se os seguintes Onde, se não há relação interdiscplinar como falar em planejamento
percentuais: 38% observam, no planejamento de música, as inferências e conjunto? E como garantir o cumprimento das diretrizes, que primam
apontamentos do professor regente, 31% ocorrem independentemente pelo desenvolvimento integral da criança?
das aulas formais, 23% não há devolutiva, pois a dinâmica da escola não
permite tal ocorrência. No entanto, é notoriamente necessário no processo de construção de
práticas educativas eficientes e efetivas a rede de relações entre os
pares educativos, em que concebem a educação como um todo e que
percebem a criança como integrante social de sua realidade, portanto,
sujeito a aprendizagem globalizante.
Quando investigado o nível de participação do professor regente na aula
música, revelam: 47% aprensentam-se de forma atuante no processo
de aprendizagem, 33% utilizam a aula de música como abertura para
realiizar seu planejamento, 13% usam este momento para descanso.

54 55
GRÁFICO 12 – Pariticipação do Professor Regente de Classe nas Aulas GRÁFICO 13 – Análise dos Gostares, Saberes e Fazeres das Crianças
de Música

Fonte: elaboração própria. Fonte: elaboração própria.

A participação e presença do professor regente, ou seja, do professor Os professores respondem que a análise da realidade do aluno são
titular, em sala de aula, no momento da aula de música, é de grande preponderante em seus planejamentos. No entanto, em sala de
valia para uma boa triangulação de dados avaliativos, bem como no aula observa-se que o repertório de música, ainda que vez ou outra,
favorecimento do ato de (re)planejamentos. No entanto, mais uma apresente elementos da cultura local, ainda mantem-se de forma erudita
vez confronta-se com dados aprensentados anteriormente, pois, como e focado na produção da música formal. E que não há interrelação com
falar em atuação se em sua maioria, as aulas de música, na prática, são o planejamento praticado em sala de aula pelo professor regente. Assim,
utilizadas como momento para a confecção de planejamento de aulas. o aspecto referente ao nível do desenvolvimento da criança é sempre o
(Dado coletado por meio da obeservação da prática educativa – Diário mais observado.
de Bordo).
Em se tratando do desenvolvimento do plano de ensino de música e
Mediante a avalição dos gostares, saberes e fazeres dos alunos, analiza- sua relação com os programas oficiais de arte, obteve-se o seguinte
se os seguintes dados coletados dos entrevistados: 42% analizam índice percentual: 58% realizam a triangulação do dados que
a realidade do aluno no ato do planejamento, observando suas permitem um planejamento mais conciso, 17% são evasivos e não
singularidades, 26% mediante ao nível de desenvolvimento das crianças, corresponde a realidade da sala de aula, 17% os programas oficiais estão
21% consideram os aspectos da infância. descontextualizados.

56 57
GRÁFICO 14 – Relação do Currículo de Música e sua Relação com os GRÁFICO 15 – Formação Continuada do Professor de Música
Programas Oficiais de Música

Fonte: elaboração própria.


Fonte: elaboração própria.
O RCNEI - Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(BRASIL, 1998), propõe que a música contribua para desenvolvimento Para garantir que o currículo de música seja realmente representativo na
em todos os aspectos da criança, sendo eles, cognitivos, sensíveis, educação infantil, a formação continuada do professor faz-se de extrema
afetivos, buscando uma formação de caráter desde sua tenra idade, importância, pois, vivemos num mundo de constantes transformações.
contribuindo para seu entendimento de ser humano. Desta forma, E a música, além de demarcar tempos históricos, reflete o momento
entende-se que a música possui atributos que favoreça os objetivos social em que o sujeito está inserido. O que por consequência implicará
propostos pelo RCNEI, pois, ela permite à criança a apropriação de no processo de ensino aprendizagem, pois, quando o docente se insere
conhecimentos físicos, motores, sensíveis e sensoriais que a colocam e nesse contexto o currículo torna-se mais atual e espelha a realidade do
a situam no mundo e na sociedade enquanto sujeitos construtores de aluno. O que no gráfico acima pôde ser notadamente verificado, diante
sua identidade política e social. O que certamente, quando articulado às do compromisso e da experiência da maior parte dos entrevistados.
demais áreas do conhecimento, contribui efetivamente para a seqüência
dos níveis de escolarização, proporcionando a estes elementos básicos
e essenciais que potencializam a aquisição, assimilação e sistematização
do conhecimento e cultura elaborados.

A formação continuada do professor é um fator histórico na educação e


que garante a atualização e revisão dos métodos e técnicas didáticas de
ensino. Diante disso, apresenta-se:

58 59
GRÁFICO 16 – A Inclusão de Portadores de Necessidades Educativas respeite as sigularidades dos suejitos envolvidos e que permita, na
Especiais nas Aulas de Música mesma qualidade, a aproproação do conhecimento sistémico. O que se
revela nos dados do gráfico a seguir, em que o professor se vê em um
espaço de contradição ao considerar a diversidade religiosa no ato do
planejamento.

GRÁFICO 17 – Aspectos Religiosos

Fonte: elaboração própria.

No que tange a inclusão, seja em qualquer area, esta se constitui em


um grande desafio para a educação. O que pode ser verificado nos
índices percentuais do gráfico acima, extraídos da tabulação de dados
da entrevista praticada; em que, enquanto 50% concebem a música,
enquanto agente sociabilizador e que permite a participação de todos, Fonte: elaboração própria.
independentemente de suas condições físicas, mentais e sociais; já os
demais 50%, estes se distribuem nos demais quesitos, fortalecendo a No entanto, é fato o esforço do professor em garantir que os alunos
ideia de que reside na formação do professor a grande importância de e alunas participem ativamente das aulas de músicas, pois, destes
se trabalhar os conceitos e metodologias que favorecem e permitem a 19% consideram os aspectos religiosos; ainda que os demais 79% se
efetiva inclusão do aluno portador de necessidades especiais. furtam desta responsabilidade, utilizando como justificativa a laicidade
do ensino e prevalência da igualdade para todos. O que entra em
É claro que para o sucesso de suas ações, cumpre ao docente um contradição com os dados apresentados anteriormente (GRÁFICOS 2,
olhar diferenciado sobre a inclusão, bem como de técnicas específicas 6, 7 e 13), em que os respondentes dizem valorizar a singulaidade e o
e pesquisa contínua na área das deficiências, garantindo que o contexto social da criança no ato de seus planejamentos.
conhecimento seja socializado e que o aluno sinta-se proativo no
processo de ensino e de aprendizagem praticados. A interação da familia nesse processo de ensino e de aprendizagem é de
plena importância para o crescimeto e desenvolvimento da criança, uma
Quando partimos do presuposto da inclusão, quanto a diversidade vez que, o incentivo ao aprendizado deve ocorrer dentro do seu convívio
religiosa, entramos num aspecto em que a socialização da criança familiar e consequentemente no escolar. Sendo assim, observa-se os
está sujeita as tradições familiares. Ainda que a legislação brasileira seguintes percentuais: 26% participa de forma mais efetiva no quesito
institua que a escola possue um carater laico, esta também assevera de incentivo a criança no estudo da música, estando mais presente na
a garantia do direito ao credo religioso. Portanto, cumpre ao docente escola, enquanto 57% participa apenas em apresentações culturais
realizar um planejamento que favoreça a integração de todos, que como expectadores, não tendo um contato mais direto com as atividade

60 61
propostas de música, em que poderiam observar o seu desenvolvimento Considerando os resultados apresentados no instrumento de
intelectual através da música. diagnóstico, a proposta pretende apresentar uma metodologia, com
base em construções teóricas já experenciadas que possa fortalecer
a relação do professor de música em sua atuação frente aos infantes,
GRÁFICO 18 – A Música na Interação Família – Escola cumprir as prerrogativas dos documentos oficiais, estabelecer uma rede
de interrelações disciplinares e, princialmente, ter a criança como centro
e sujeito de direitos plenos em vias da construção de sua identidade
cidadã.

Fonte: elaboração própria.

Os resultados apresentados denotam que, a área de música ainda é


trabalhada visando meras apresentações musicais, servindo apenas
como forma de promoção e visibilidade da escola junto a comunidade
e sociedade em geral. Cumprindo, por via de regras, um planejamento
restrito a datas comemorativas.

O currículo ainda está longe de cumprir as proposições dos documentos


oficiais e não há nenhuma conectividade expressiva entre as áreas do
conhecimento e a música.

O que motiva os alunos às aulas de música, seja em qualquer modalidade


de ensino, é o momento de fuga. O que não difere do professor, quando
encontrado em sua sala cochilando, lanchando ou foleando revistas
promocionais.

Ao professor de música, resta as orientações do pedagogo que para


garantir uma boa relação com a família, procura junto a este profissional
realizar ações externas que visam a fianlização de ciclos avaliativos e de
cunho comocionais.

62 63
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR
UTILIZANDO A ARTE MUSICAL

O livro, “Ensinando Música Musicalmente” de Keith Swanwick (2003),


mostra importantes ferramentas pedagógicas que podem auxiliar os
educadores musicais, no desenvolvimento de estratégias metodológicas
mais eficazes no ensino da música aos seus alunos.

O autor propõe que a música é uma forma de “discurso”, não utilizando


esta palavra no sentido técnico e nem usual. Outros termos, por ele
utilizados, semelhantes a “discurso” seriam o “argumento”, a “troca de
ideias”, a “conversação”, a “expressão de pensamento” e acima de tudo,
a “forma simbólica”. O discurso se manifesta de várias formas e não
apenas por meio de palavras. Sendo assim, a música é parte de uma rede
formada por variadas formas de discurso humano, em que é utiliza como
meio reflexivo, expressando os valores mais íntimos e eternos de cada
indivíduo, em formas sonoras.

O Swanwick argumenta que a música é parte integrante de nosso


processo cognitivo e defini o “discurso” científico ou artístico, através de
quatro elementos baseados em características psicológicas gerais do
discurso, identificadas por Piaget. São eles: Internamente, representamos
ações e eventos para nós mesmos: nós imaginamos; reconhecemos e
produzimos relações entre essas imagens; empregamos sistemas de
sinais, vocabulários compartilhados; negociamos e trocamos nossos
pensamentos com outros. Esses elementos, intercalados, caracterizam
o pensamento e a produção nas artes, tanto quanto em deliberação
filosófica, racionalização científica ou pensamento matemático.

Ao compreender a música como discurso, o indivíduo é capaz de


trabalhar internamente os seus conhecimentos já existentes, dando-lhes
um novo significado, tal qual no processo da metáfora. Segundo o autor,
o processo metafórico reside no coração da ação criativa, capacitando-
nos a abrir novas fronteiras, tornando possível reconstituir ideias, ver as
coisas de forma diferente.

Sobre esse fato, chega-se ao valor e significado de que a música não

64 65
pode ser considerada apenas como tendo um valor social, sendo pelos quais a música funciona por meio metafórico, são eles:
utilizada apenas, como um apoio a determinadas funções sociais.
Perceber os valores significativos da música é importante para que a ela 1. Transformamos sons em “melodias”; gestos;
seja concebida como algo interligado às outras áreas do conhecimento 2. Transformamos essas “melodias”, esse gestos, em estruturas;
humano. 3. Transformamos essas estruturas simbólicas em experiências
significativas.
O autor ainda expõe que a educação musical, oferecida atualmente
nas instituições educacionais, mostra deficiência, já que os educadores Swanwick afirma que a definição de música como uma forma de discurso
não desenvolvem nos seus alunos a capacidade de compreensão é de grande importância para a educação musical. Neste direcionamento,
dos aspectos significativos da música e o desenvolvimento de um ele propõe três princípios que ele considera fundamentais ao ensino da
compromisso pessoal, com a música. Acredita-se que a educação musical música.
deve ser algo memorável e significativo para o aluno, não limitando-se a
um ensino educacional rotineiro, dessa forma, saindo da concepção de No primeiro princípio é importante considerar a música como um discurso
educação tradicional. e se pode observar que estão presentes os três níveis de transformação
metafórica. Neste processo é importante que o professor observe se a
Levantam-se questões para a música e para a educação musical oriundas intenção musical está relacionada com os propósitos educacionais. Toda
da diversidade cultural. Constata duas verdades importantes, uma é que a didática aplicada deve ser utilizada para fins musicais e permitir que o
costumes e convenções são diferentes, e a outra é que a exposição a aluno obtenha a compreensão musical.
outras culturas nos ajuda a entender algo sobre a nossa. Segundo o autor
a aula de música se caracteriza por ser um ambiente cultural amplo onde O segundo princípio é considerar o discurso musical do aluno e estar
os alunos se conscientizam da diversidade da percepção musical e da atento a bagagem musical que ele possui, durante o processo de
linguagem que cada um possui, referindo-se a esta como “sotaques”. aprendizagem. Essa postura é uma maneira de estimular o envolvimento
e a integração do aluno no seu processo educativo e também é uma
Esses diferentes “sotaques” possibilitam o compartilhamento de todas forma de manter a curiosidade, que é tão importante no processo de
as formas de discurso, pois estas articulam-se e preenchem os espaços aprendizagem.
entre os diferentes indivíduos e culturas, com isso possibilitando um
desenvolvimento individual, a renovação cultural, e a evolução social. Terceiro Princípio: fluência no inicio e no final. Este princípio retoma
o primeiro na medida em que reafirma a importância da fluência do
Essa interação dos seres humanos é vital para cada indivíduo e para discurso musical do início ao fim. Swanwick acredita que a fluência
todas as culturas e ela é feita através de símbolos, ou seja, formas de musical precede a leitura e a escrita musical, para ele a fluência musical
discurso que nos tornam interpretes do nosso próprio conhecimento. permiti que o aluno possua a habilidade auditiva de imaginar a música,
Esse conhecimento, que é importante para interação, é chamado de de criar e de improvisar em grupo. Ainda, neste mesmo capítulo o
“espaço intermediário”, pois é um espaço que separa um indivíduo do autor expõe uma série de vivências musicais formais e não formais, que
outro. Sendo o ser humano um interprete cultural, é necessário que ilustram os princípios abordados.
educação musical transmita uma cultura enriquecida, que siga um
caminho interativo, vivo e criativo, através da interação dos alunos entre Trata-se a questão da avaliação musical do trabalho dos alunos. O autor
os diversos “sotaques” existentes, da integração das diversas experiências coloca que “a avaliação musical genuína é a chave para uma educação
musicais, valorizando a diversidade e aprendendo com ela. musical efetiva”. Ele ainda afirma que os critérios de avaliação dos alunos
devem ser claros, evitando assim, julgamentos arbitrários, permitindo
Para estudar a música enquanto discurso, o autor identifica três modos dessa forma um nível elevado de comunicação entre o professor e seu

66 67
aluno. Neste projeto os alunos tiveram contato com músicos performers e
compositores de muitas tradições. Esse contato despertou a admiração
Chama a atenção para um processo de avaliação baseado nas quatro dos alunos por músicos de diversos estilos musicais, com isso os jovens
camadas do discurso musical que são identificadas como: materiais, músicos de alguma forma se sentiram realizados e motivados.
expressão, forma e valor. Esses critérios seriam: consciência e controle
de materiais sonoros, consciência e controle do caráter expressivo, Outro fato observado neste programa foi a qualidade das músicas feitas
consciência e controle da forma musical e consciência do valor pessoal pelos alunos. Deixou evidente que os alunos estavam profundamente
e cultural da música. envolvidos nos fazer musical e se tornaram criticamente conscientes e
mais sensíveis.
A utilização desses critérios permite uma avaliação por completo do
trabalho musical do aluno e permite uma melhor compreensão do Os professores relatam que também se beneficiaram neste programa,
processo de construção do seu conhecimento musical. Permite ainda, que obtiveram novas experiências e o enriquecimento do seu próprio
aos professores, uma reorganização do planejamento didático. conhecimento musical.

É abordada também, a questão dos modelos de avaliação presentes O autor, também, expôs alguns problemas de comunicação que surgiram
nas diretrizes curriculares de música para escolas. Swanwick levanta no decorrer do programa entre os dois sistemas envolvidos - escolas e
uma questão, se realmente, os modelos de avaliação são confiáveis. Os as organizações artísticas – porém, mesmo com algumas dificuldades
termos utilizados nos critérios de avaliação são imprecisos, mostram- encontradas Swanwick afirma que os resultados foram muito positivos
se amplos, não oferecendo parâmetros detalhados sobre os conteúdos para todas as partes envolvidas (instituições, alunos e professores),
ou de como avaliá-los, com isso, ficando evidente a dificuldade que as mostrando-nos a importância de programas com eventos diversificados
comissões possuem ao elaborar e construir modelos de avaliação. para o crescimento e desenvolvimento musical do indivíduo.

Swanwick afirma que muitos problemas, relacionados à avaliação Apresenta a importância de se explorar o uso de tecnologias de
poderiam ser evitados se a dimensão da compreensão musical recebesse informação no processo de aprendizado musical do aluno. Explica que a
a devida atenção desde o início. tecnologia contribui para o desenvolvimento do aluno de duas formas:
como extensão do aprendizado individual e como extensão dos recursos
Aborda a questão do fazer musical em outros ambientes, além dos instrumentais, possibilitando construção de vários elementos musicais
limites da sala de aula. Para isso ele descreve com detalhes estudos de que apoiarão na composição musical.
casos de um projeto realizado em Londres. Este projeto contou com a
participação de seis escolas em que os alunos envolvidos realizaram São levantadas questões importantes sobre a forma de ensino musical
atividades musicais no Royal Festival Hall, uma importante sala de nas escolas que devem ser analisadas e debatidas. É importante
concerto de 2.900 lugares. encontrar formas melhores e mais criativas de ensino, os argumentos
colocados pelo autor são muito válidos, nos força a uma reflexão sobre o
O fato dos alunos terem saído do espaço físico escolar e terem ido para ensino oferecido pelas instituições.
um local diferente, a fim de exercer as atividades, possibilitou um notável
desenvolvimento da consciência social e o envolvimento responsável É notável a preocupação do autor com a forma que é ensinada a música
com a música. Os alunos demonstraram neste período uma maior nas instituições educacionais. Deixando claro que o ensino deve ir além
socialização, a ponto de trabalharem bem em conjunto e mostraram um da educação proposta pelas escolas e que o educador tem a tarefa de
grande interesse pelo trabalho dos outros colegas. fazer com que a experiência musical de cada aluno seja o mais produtiva
possível.

68 69
A educação musical apresentada por Swanwick está relacionada de CONSIDERAÇÕES FINAIS
forma direta a essência da experiência musical, ou seja, o modo como o
aluno se relaciona com a música.

É possível verificar que determinadas práticas abordadas estão


distantes das práticas adotadas na educação musical brasileira, mas
com criatividade podemos de alguma forma, adaptá-las, para a nossa A força da música é de tal forma grande, que provoca profundas emoções
realidade. nos seres humanos – é tocada nos casamentos para nos dar alegria, em
filmes de terror e de guerra para induzir medo ou suspense, em casa
para provocar felicidade a qual irá gerar descontração, alivio do estresse
e funciona como uma forma terapêutica.

A aptidão para trabalhos de grupos, comunicação, autoestima,


pensamento criativo, atitudes mais calmas, imaginação, disciplina e
hábitos de estudo, podem ser aprendidos e refinados através do estudo
da música. Deve-se ter em conta que as crianças mais novas estão
altamente receptivas e sensíveis ao ritmo e a velocidade de uma música.

Uma das melhores formas para uma criança aprender a sua língua
materna é através da música, ou seja, podemos e devemos utilizar a
música como um dos meios para fornecer educação às crianças, para
aumentar as suas capacidades, quer na sociedade quer nas suas vidas.   
Aumentando a probabilidade do sucesso pessoal.

A música faz parte da nossa sociedade assim como de todas as


comunidades. Em todas as culturas humanas, a música é utilizada como
um meio de fazer avançar ideias e ideais. O estudo de artes oferece às
crianças uma vista sobre outras culturas e fomenta a empatia em relação
a outros povos. Este desenvolvimento de compaixão em oposição ao
desenvolvimento de atitudes de ganância e egoísmo, que resultam
num respeito mútuo entre diferentes sociedades, promove pontes entre
diferentes culturas.

A música tem um valor importante na nossa economia – cria postos de


trabalhos, aumenta o turismo e fomenta o crescimento dos negócios,
direta ou indiretamente relacionados com a área. O estudo da música
desenvolve aptidões necessárias no local de trabalho tal como o trabalho
de equipe e disciplina – durante uma performance musical, todos os
intervenientes precisam trabalhar em conjunto para conseguirem criar
o som que desejam atingir e para conseguir isto é necessário treinar

70 71
regularmente. A música favorece o trabalho e o fazer em oposição à longo das suas vidas. Os benefícios da exposição à música podem ser
observação passiva. psicológicos, espirituais e físicos assim como criar o desafio de dar sentido
à vida e um sentimento de uma vida preenchida. Deseja-se também que
Devido as propriedade de relaxamento e calmante por meio da música, elas atinjam um estado de desenvolvimento mais elevado - ao participar
o envolvimento com ela ajuda a fortalecer as melhores atitudes – mais no estudo da música as crianças desenvolvem auto expressão que irá
otimismo em relação ao futuro, menos atividades não produtivas, menor resultar num aumento da auto estima, que no final irá ajudar-los a ter
recurso ao álcool, tabaco e drogas ilícitas e o desejo de desenvolvimento sucesso perante os desafios referidos anteriormente.  .
de capacidades individuais.
A música é um instrumento poderoso e como foi referido anteriormente
A música necessita de certas capacidades como as de estudo, de pode melhorar e enriquecer todas as pessoas.
comunicação assim como cognitivas e desta forma que estas são
aprendidas e desenvolvidas, irão expandir as potencialidades do aluno Nesse estudo verificou-se que os profissionais envolvidos na educação
noutras áreas escolares o que irá ajudar a torná-lo um melhor aluno. infantil do município de vitória, possuem habilidade técnica para
atuarem na área da música com as crianças nesta faixa etária. Observa-
A disciplina que provém da música, especialmente a que surge de se que as metodologias aplicadas correspondem às necessidades e
trabalhos em grupo, ajudam o aluno a trabalhar mais eficientemente no apontam para o sucesso e consolidação das prerrogativas já citadas.
ambiente escolar, sem requerer atitudes violentas ou inapropriadas.
Os recursos, meios e didáticas valorizam as mais variadas formas de
Foram efetuados muitos estudos sobre o efeito da música no cérebro. educação musical objetivando garantir que as crianças, por meio da
Alguns cientistas afirmam que as crianças que estão expostas à música música, tenham acesso e contato com novas linguagens e possibilidades
ou que toquem um instrumento, obtêm por norma melhores resultados educativas. O que, certamente, implica na aquisição de novos valores
do que as restantes. Pesquisas recentes sugerem que as crianças expostas bem como na formação de sua conduta ético-comportamental.
à música se beneficiam também de uma aprendizagem de leitura mais
prematura. Embora as metodologias aplicadas correspondam às possibilidades
de transformação e desenvolvimento de novas habilidades; dos dados
Pode-se demonstrar que a inteligência de uma criança pode aumentar levantados há de se observar que não reside na variação de instrumentos
através da instrução musical – uma ligação entre a música e a inteligência a mudança tão almejada com as crianças. Pois, por mais que estes sejam
visual (a capacidade de perceber o mundo corretamente e de formar praticados em suas mais variadas formas, isso dependerá intimamente
imagens mentais de objetos) ajuda as pessoas a visualizar e a imaginar da maneira como são conduzidas e apresentadas pelo professor.
soluções. Isto ajuda a resolver os problemas de uma forma criativa e
é crucial no tipo de raciocínio necessário na resolução de problemas Ainda que estes detenham conhecimento técnico científico, que
matemáticos e até tarefas do dia-a-dia. respeitem as fases do desenvolvimento da criança e que respeitem o
contexto sócio cultural do sujeito, a utilização da música depende de
Além do desenvolvimento mental, o estudo da música pode também fatores externos e internos à escola para que as mudanças significativas
suportar o desenvolvimento físico do cérebro. A memória pode ser aconteçam. O que está relacionado aos aspectos do planejamento
aperfeiçoada através da ligação entre músicas conhecidas com objetos, articulado entre o professor de música e o professor regente. O que para
por exemplo: recordações e emoções antigas podem ser ativadas através fins deste estudo, observa-se que comumente não ocorre, uma vez que a
de informação áudio. música é utilizada como mecanismo alternativo para tempo de descanso
ou de planejamento do professor regente de classe; inviabilizando a
Idealmente pretende-se que as crianças experimentem sucesso ao interação necessária entre estes pares.

72 73
mais novas o aproveitamento destes grandes benefícios – aumento da
Reside, portanto, na falta de envolvimento dos professores a maior inteligência através da ampliação do pensamento criativo, resolução
dificuldade e mais significativa ação que poderia repercutir diretamente de problemas e cérebro fisicamente mais desenvolvido, uma maior
no desenvolvimento da criança. Ainda que a música, mesmo quando percepção da vida que inclui melhores atitudes, um aumento do desejo
trabalhada desta forma, garanta uma sensível modificação na conduta de atingir certas metas, uma maior autoestima, mais disciplina, aptidões
do sujeito. para estudar, concentração, comunicação e trabalho de equipe que irão
ajudar não só na educação como ao longo da carreira profissional e por
Pois, por sua natureza, a música exerce influência direta no fim uma melhor compreensão de outras comunidades e sociedades.
desenvolvimento da criança pelo fato desta, desde a tenra idade – ou da
gestação – já está em contato com produtos sonoros.
7.1 RECOMENDAÇÕES
Como mencionado no capítulo quatro, associando a música, já presente
no processo de desenvolvimento da criança e seu cotidiano, ao ensino Que este estudo possa transcender as aulas de músicas como meros
formal, por meio da construção de valores éticos; a música tende a exercícios de apresentações culturais e sociais e que com as devidas
revelar potenciais geradores de condutas comportamentais favoráveis adequações no nível do planejamento e da avaliação tenha-se um
às aprendizagens significativas da criança. currículo efetivamente interdisciplinar na escola. Para tanto, este estudo
será disponibilizado ao curso de Licenciatura da faculdade de Música do
E é por meio de ações interdisciplinares que o docente e o professor de Espírito Santo e, também, a gerência de educação infantil de Vitoria/ES,
música promoverão um planejamento que objetive alcançar tais metas. para que a proposta metodológica no que tange a interdisciplinaridade,
O que pode ser notado infimamente quando os resultados apresentados ora apresentada, possa ser experenciada e experimentada.
promovem uma participação significativa, bem como uma atuação,
envolvimento, sentimento de pertença e motivação necessária para a Que novas investigações no nível de formação de professores de músicas
execução musical. Características estas que influenciam diretamente e na qualificação continuada do docente regente de classe sejam
na vida da criança, em seu comportamento e sua preparação para o realizadas, no sentido de verificar como a música interfere na conduta
exercício pleno de sua cidadania. ético-comportamental da criança e em como esta pode contribuir
significativamente no processo de desenvolvimento de habilidades e
Como ser social é direito da criança o acesso ao saber e é dever da escola potencialidades da criança em sua formação inicial.
sistematizá-lo e socializá-lo. O que nos dados analisados observou-se que,
apesar da música revelar os gostares e saberes das crianças favorecendo Que sejam manifestos esforços mútuos entre os atores educativos no
os processos de construção de sua conduta ético-comportamental. sentido de estudo e análise das metodologias existentes no currículo
Ainda há muito que se caminhar no campo da rede interdisciplinar. da música, para educação infantil, objetivando sua reformulação e
contribuindo significativamente para a formação do sujeito de direito
É fato as influencias da música nos aspectos intelectivos da criança. pleno e a construção de sua cidadania, atendendo assim, às demandas
Também em sua capacidade de modificar seu comportamento. da sociedade contemporânea.
No entanto, cumpre a escola identificar formas de articular os
conhecimentos sistematizados a este eixo temático possibilitando
ampliar as possibilidades didático-metodológicos, que repercutirão em
todo processo de ensino aprendizagem.

Portanto, faz sentido utilizar a educação musical e permitir as gerações

74 75
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STRALIOTTO, J. Cérebro e música: segredos desta relação. Blumenau:
Odorizzi, 2001. Compreendendo que os processos culturais podem auxiliar nas bases de
ação da educação. Solicitamos sua colaboração no sentido de responder
SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, este questionário. Este questionário faz parte do diagnóstico para
2003. investigação científica do Mestrado em Educação e tem como objetivo
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Música. S.l., ano 6, v.6, 1946. 1 – O que você utiliza na sua aula de música?
A) ( ) Cd.
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Rinehart & Winston: Nova Iorque, 1965. C) ( ) Teclado.
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attractiveness, stage behavior, and dress on violin performance E) ( ) Instrumento de percussão.
evaluation. Journal of Research in Music Education, n. 46, 1998, p. 51- F) ( ) Outros
521. Por quê?
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288. ______

82 83
2 – O repertório que você utiliza está relacionado a: 5 - Em seu planejamento, quais dos fatores abaixo você considera:
A) ( ) Cotidiano do aluno. A) ( ) Social .
B) ( ) Cultura. B) ( ) Cultural.
C) ( ) Cantiga de roda. C) ( ) Sistematização do conhecimento.
D) ( ) Datas comemorativas. D) ( ) Nivel de desenvolvimento da criança.
E) ( ) Definido pela coordenação Pedagógica. E) ( ) Grau de complexidade do repertório em função da
potencialidade.

3 - Durante a aula de música, quais as alterações que são perceptíveis: 6 - No ato de escolha do repertorio você valoriza:
A) ( ) Resistência. A) ( ) Estética.
B) ( ) Apatia. B) ( ) Articulação com o conhecimento sistematizado.
C) ( ) Aceitação. C) ( ) Cultura.
D) ( ) Euforia. D) ( ) As diferenças.
E) ( ) Envolvimento e participação. E) ( ) A diversidade.
De que forma?
____________________________________________________
4 - Responda esta questão se você marcou as questões A e B: ____________________________________________________
A que você atribui tais reações comportamentais? ____________________________________________________
____________________________________________________
A) ( ) Realidade social. ________________________________
B) ( ) Realidade econômica .
C) ( ) Realidade cultural. 7 - A plasticidade da linguagem musical favorece a articulação
D) ( ) Mídia. interdisciplinar dos conteúdos além de permitir a transversalidade do
E) ( ) Ouro________________________________________ conhecimento. Como esses aspectos são pensados no plano de ensino?
Justifique: A) ( ) Planejamento de musica é realizado, observando o
___________________________________________________________ plano de ensino do professor regente a análise dos sujeitos
___________________________________________________________ envolvidos.
___________________________________________________________ B) ( ) O planejamento das aulas de musicas é realizado após
Responda esta questão se você marcou as questões C, D e E: contato informal com o professor regente.
a que você atribui tais reações comportamentais? C) ( ) O planejamento de música é realizado de forma
A) ( ) A musica promove integração grupal. isoladamente.
B) ( ) A musica faz parte do cotidiano da criança. D) ( ) O planejamento de música é realizado mediante orientação
C) ( ) A musica é um momento de descontração e lazer. da coordenação pedagógica.
D) ( ) A musica envolve movimento por ser algo/objeto E) ( ) Outros __________________________________________
conhecido e envolvimento pelo sujeito. _________
E) ( )Outro___________________________________________
Justifique: 8 - Como são realizados os registros de desenvolvimento das
___________________________________________________________ crianças envolvidas?
___________________________________________________________
___________________________________________________________ A) ( ) Não há registro. Pois, o importante é a participação destes.

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B) ( ) O registro é a observação gradual do repertorio/plano de conhecimento sistêmico.
ensino. E) ( ) Outros __________________________________________
C) ( ) O plano de ensino é confrontado com o planejamento do _________
professor regente e a ficha de desenvolvimento do aluno, onde são
traçadas novas estratégias de (res) significação do mundo.
D) ( ) Não é realizada ficha descritiva e sim um relatório final com
informações sobre a execução do planejamento.
E) ( ) Outros___________________________________________ 12 - Como são avaliados os gostares saberes e fazeres das crianças?
A) ( ) Mediante nível de desenvolvimento das crianças.
9 - Como você avalia os resultados frente aos objetivos propostos? B) ( ) São considerados os aspectos da infância.
A) ( ) Avaliação dialógica. C) ( ) Os gostares saberes e fazeres são subjetivos ao
B) ( ) Avaliação Formativa. conhecimento do aluno.
C) ( ) Avalição Final. D) ( ) No planejamento são observadas as singularidades dos
D) ( ) A avaliação é restrita a execução do planejamento e ao alunos por meio de roda de conversa e analise da realidade
envolvimento da classe. sócio, econômica e cultural.
E) ( ) Outros __________________________________________ E) ( ) Outros____________________________________________

10 - Como é realizado a feed back do professor regente com relação à 13 - Como são observados, no ato do desenvolvimento do plano de
alteração do comportamento da criança? ensino, os programas oficiais de arte?
A) ( ) Não há devolutiva, pois, a dinâmica da escola não permite A) ( ) São evasivos, pois não corresponde a realidade da sala de
tal ocorrência. aula.
B) ( ) As aulas de musica ocorrem independentemente das aulas B) ( ) Cumpre-se rigorosamente o que esta prescrito.
formais. C) ( ) É realizada a triangulação de dados que permitem um
C) ( ) Não há contato do professor de musica com o professor planejamento mais conciso.
regente. D) ( ) Os programas oficiais estão descontextualizados.
D) ( ) No processo de planejamento das aulas de música são E) ( )
observados as inferências e apontamento do professor Outros_____________________________________________
regente.
E) ( ) Outros_______________________________________ 14 - Como se dá o processo de formação continuada do professor de
musica?

11 - Como que o professor regente participa na aula de musica? A) ( ) Restritamente musical, visto que os conceitos musicais são
A) ( ) Como mero observador/assistente. historicamente pré-estabelecidos.
B) ( ) Aula de musica é utilizada como abertura para que o B) ( ) Discute-se assuntos variados com ênfase na prática
professor realize seu planejamento. musical.
C) ( ) Momento de fuga, uma vez que o professor precisa de C) ( ) São esporádicos, visto que os assuntos pertinente a arte
descanso. musical na infância é restrita a interação e o lazer.
D) ( ) De forma atuante, visto que o planejamento é feito de D) ( ) Contínua e necessária, pois, as constantes mudanças dos
forma coletiva, na qual os resultados estão intrinsicamente paradigmas do conhecimento forçam o profissional a buscar
correlacionados com o processo da construção do constantemente novas formas de ensino bem como, a rever

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seus conceitos e pré-conceitos musicais.
E) ( ) Outros __________________________________________
_________

15 - Como é planejado e avaliado o processo de inclusão dos


portadores de necessidades especiais?
A) ( ) É feito um planejamento a parte, pois cada deficiência
requer uma atenção especial.
B) ( ) Participa como ouvinte/assistente.
C) ( ) Dentro do planejamento propor uma atividade que possa
interagir com a turma, sem que tenha separação de atividade.
D) ( ) A música, enquanto agente sociabilizador permite a
participação de todos independente das condições físicas
mentais e sociais.
E) ( ) Outros __________________________________________
_________

16 - Como que a musica é utilizada no processo de interação família e


escola?
A) ( ) Apresentações culturais.
B) ( ) Auxilio no trabalhos musicais.
C) ( ) Participação direta da família nos encontros musicais.
D) ( ) Interação de pais e professores quanto ao repertório
musical.
E) ( ) Outros __________________________________________
________

17 - Como é considerado no ato do planejamento a diversidade


religiosa?
A) ( ) A escola é laica e não há com que se preocupar.
B) ( ) Escolha de brincadeiras e repertório independente da
crença.
C) ( ) Atividades iguais para todos.
D) ( ) Planejamento diferenciado considerando a diversidade
religiosa.
E) ( ) Outros _________________________________________

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