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Núcleo de Pós-Graduação
Apreciação e
Criação Musical
Apresentação
“Eu penso que primeiro, você tem que ver o que é educação. O seu
conceito de educação e ver, nesse caso, a música como um instrumento
dessa educação. Então você tem que ver o objetivo da educação, que a
gente pode sentir assim, por exemplo, partir do aluno, das
potencialidades do aluno no sentido de desenvolvê-las maior, na maior
amplidão possível e de forma que a música pode te ajudar a alcançar
esse objetivo. Então, para mim, o objeto da educação é o ser humano. E,
nesse caso, a educação musical seria a educação que utiliza a música
como principal instrumento no sentido de desenvolver em sua plenitude o
ser humano” (Educadora I).
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“Educar não é impor comportamentos e
conhecimentos; é amar e esclarecer, convencer
racionalmente, não incutindo ilusões, mentiras,
preconceitos, mas mostrando a verdade nas menores
coisas e permitindo o sonho na busca do inefável. A
educação é uma jornada plena de companheirismo e
compreensão, de respeito mútuo, de verdade e
liberdade” (Reis, 1996, p.78).
instrumento de comunicação:
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“Agora a questão da música. O que é a música? Bem,
a música para mim é uma linguagem. Uma linguagem
que se expressa através dos sons e das formas
sonoras” (Educadora I).
compreendido.
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em geral, e da música em especial, chega num nível
que apenas a questão da filosofia vai esclarecer. Eu
acho que a música fala de coisas muito mais
profundas através das formas. Então eu acho que a
educação musical tem como objetivo a formação e a
realização do ser humano em sua plenitude, mas essa
plenitude é no sentido muito mais amplo do que as
pessoas normalmente pensam” .
Essa questão é também abordada pela educadora musical II. Segundo ela, o
desenvolver a disciplina, a concentração e a afetividade não é tudo, não é a
essência da educação musical. A sua crítica recai na desvalorização da
música enquanto forma de conhecimento simbólico, como uma linguagem
complexa, profunda, articulada, idealizada. E isso faz a diferença, pois envolve
uma outra forma de pensar, o pensar artístico, que busca o estético e a
consciência crítica:
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pode substituir a música pelo xadrez para desenvolver
a concentração. Você pode substituir a música pelo
exército para desenvolver a disciplina. Então não é
isso que faz da música algo essencial na educação”
Swanwick (1993, p.31), que considera a música uma forma das pessoas
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“a razão de valorizarmos a música (...) depende de um
reconhecimento de que música é um dos grandes
modos simbólicos a nós disponíveis (...). Quando
alguma obra de arte nos afeta, é mais que estimulação
sensorial ou algum tipo de indulgência emocional.
Estamos ganhando algum conhecimento e expandindo
nossa experiência.”
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A música para Villa-Lobos era considerada um elemento básico e insubstituível
na formação. A música, através do canto orfeônico, deveria participar da vida
cotidiana da escola, onde o ensino de música seria proveitoso para complementar a
educação da criança não só para a formação de uma consciência musical, mas
também para a motivação do civismo e da disciplina social coletiva. O alvo do canto
orfeônico era desenvolver os principais objetivos, que segundo Villa-Lobos era
desenvolver em ordem de importância, a disciplina, o civismo e a Educação Artística.
Usou como metodologia difundir o Canto Orfeônico no Brasil, o qual tinha a
característica de prática com conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito
variável. Nessa metodologia não era necessário o conhecimento musical ou qualquer
treinamento vocal, o que é indispensável para a prática de coral ou outros grupos
eruditos. E a autora Paz fala que:
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livro ela narra sua trajetória de vida, trabalho e metodologia. Hoje, está com 83 anos,
sendo 48 deles vividos no Brasil.
No livro Jeandot (1990) apresenta de maneira progressiva, aspectos referentes
à definição dos sons e como surgiram bem como o conceito e origem da música, e a
relação da mesma com a criança, instrumentos tradicionais e confecção de
instrumentos. A autora acredita em uma metodologia que deve-se usar muitos jogos
envolvendo música, explorando sons e silêncio, ritmos, movimento, exercícios de
percepção, atenção, coordenação motora e memória, interpretação, improvisação e
expressão, e temas musicais. Os estudos, livros e pesquisas desenvolvidos pela
autora são importantes para a educação musical porque ela considera a música
“como uma força capaz de promover a comunicação entre o ser humano e seu
ambiente além de auxiliar nos processos de reequilíbrio de crianças desajustadas”
(JEANDOT, 1990, p. 9).
Há muitos outros músicos pedagogos brasileiros que estão preocupados com a
Educação Musical no Brasil e que têm publicado algumas obras que relatam sua
preocupação e oferecem seu apoio didático através de livros que trazem grande
contribuição para o professor e pesquisador e que tem interesse em trabalhar através
da educação musical na escola, dentre os quais inclui-se a educadora e autora Leda
Osório Mársico que publicou materiais na área de Educação Musical, dentre os quais:
“A Criança e a Música”, e “Introdução à Leitura e à Grafia Musical”; Teca Brito cuja
proposta para o trabalho com música na educação infantil vem se desenvolvendo há
20 anos na carreira de educadora musical, tendo realizado pesquisas sobre o
assunto, colaborando na elaboração dos Referenciais Curriculares de Iniciação
Musical do MEC, e em cujo livro Música na Educação Infantil, nos mostra uma visão
desta não como um objeto funcional, mas como elemento importante para a formação
do homem, que deixa de ser só entretenimento, e passa a agir como elemento para o
aprendizado, estímulo da percepção e desenvolvimento das linguagens.
A autora descreve em seu livro “Koellreutter Educador” as questões essenciais
à pedagogia musical. Coloca os princípios pedagógicos que orientam a sua postura
como educador e que hoje ela segue como discípula que tem sido. E Brito tem como
objetivo “divulgar a metodologia usada por Koellreutter, seu pensamento e ação
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pedagógico-musical, visando ampliar e enriquecer a formação musical, cultural e
humanista de nossa gente” (BRITO, 2001, p. 21).
Seja especificamente no Brasil, seja no mundo, particularmente Europa, foi nas
primeiras décadas do século XX que a pedagogia musical começou a se ocupar de
transformações na prática pedagógico-musical, resgatando a vivência perdida em
maneiras mecânicas de ensinar. Todos os educadores citados contribuíram na
criação de novos métodos de ensino. Tais fatos levam à oportunidade de modificação
da transmissão mecânica e impessoal de conhecimentos, para um intercâmbio de
experiências através do jogo musical e da prática criativa e prazerosa.
Muitas foram as personalidades que decidiram e orientaram a reforma
educativa musical, e dentre as mais representativas destacam-se o pedagogo suíço
Émilie Jaques Dalcroze, que com suas descobertas abalou as bases tradicionais do
ensino e aprendizagem dos ritmos e da música em geral; o compositor alemão Carl
Orff, que contribuiu grandemente no campo do ritmo, da criatividade, dos
instrumentos didáticos e da integração das diferentes manifestações artísticas e
expressivas; Maurice Martenot, compositor francês, inventor do instrumento de ondas
que leva seu nome, e que incorpora importantes recursos para o ensino do canto e da
iniciação musical, baseados na psicopedagogia infantil e nas técnicas de
concentração e relaxamento corporal; o compositor e pedagogo húngaro
ZoltánKodaly, que conseguiu generalizar o ensino da música para crianças em seu
país, aplicando a extraordinária vitalidade e o poder educativo do folclore; o filósofo e
psicopedagogo musical Edgar Willems, que desenvolveu na Suíça suas bases
psicológicas da educação musical, hoje amplamente difundidas.
Muito ainda poderia ser dito sobre autores e métodos implementados, neste
sentido, no Brasil e no mundo, mas, as informações mais relevantes para a
construção dessa dissertação, e que certamente não encerram o tema, estão aí
postas. É justamente a partir de todas as informações registradas nos capítulos
anteriores, que será apresentada, no próximo capítulo, uma sistematização da
metodologia para desenvolver práticas pedagógicas musicais que auxiliem na
aprendizagem dos alunos e dos docentes iniciantes, realizando assim uma melhor
implantação das aulas de música nas escolas. A metodologia a ser aqui apresentada
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é fruto de minha experiência, ou vivência de um trabalho de mais de 20 anos, dentro
de uma metodologia que desenvolvi a partir de estudos feitos por estes educadores
citados anteriormente, e que poderá servir para uma melhor implantação das aulas de
música nas escolas
Com esta nova lei e com os novos PCN os professores de música começaram
a entender que precisariam mudar a maneira de trabalhar, mas ainda não sabiam
como. Foi quando comecei junto com minhas colegas a atender professores em
cursos de verão em duas semanas de janeiro para os que estavam querendo se
atualizar e também fazer parte desta mudança. “aula de música” cantar com todos os
alunos juntos na hora da entrada em fila, e isso quando a escola tinha algum
professor que gostava de cantar.
Fazer com que estes futuros professores entendam que musicalizar é permitir
que a criança seja sensibilizada pela música de forma dinâmica e lúdica. É o
despertar musical na educação infantil, dando oportunidade para a criança fazer
música e ter prazer em ouvi-la.
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gosto musical através do estímulo, e assim contribuir para a formação global da
criança.
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A prática musical a partir de atividades lúdicas e de integração coletiva
Ouvir os sons da sala de aula, do pátio, da rua, de casa, das lojas e dos
diferentes espaços desses lugares pode ser um exercício importante para tornar o
aluno atento a tudo que acontece à sua volta e desenvolver o senso crítico para
aquilo que lhe diz respeito ou não. As atividades de tocar, cantar e dançar no início e
no fim do dia de trabalho na escola, em situações de relaxamento, em preparação
para momentos específicos da rotina de aula ou ainda em jogos interativos no pátio,
podem auxiliar o professor a conhecer melhor seus alunos e desvendar o ambiente
sonoro no qual seus alunos estão imersos, facilitando a comunicação e a
cumplicidade entre professor e alunos, o que é um fator importante para o
desenvolvimento da aprendizagem.
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Pode ainda se utilizar dos livros sobre música, levando o aluno a se interessar
pelo assunto, como os livros sobre a vida dos compositores, sobre os instrumentos
musicais e a cultura musical dos diferentes países, o que pode gerar uma
interdisciplinaridade da música com outras disciplinas, tais como a geografia, história,
a linguagem, teatro, entre outras. Da mesma forma que os livros, vídeos, CDs e DVDs
podem estar na biblioteca da escola disponibilizando um conhecimento musical para o
aluno.
Outras maneiras para o professor encorajar seu aluno a vivenciar música é
cantar junto com os alunos, ouvir e gravar as canções executadas por eles. É possível
se movimentar ou andar com a criança enquanto está ouvindo música, ou ainda tocar
um instrumento para acompanhar as atividades delas enquanto se movimentam,
brincam, escrevem ou desenham. Canções, histórias, jogos e movimentações
auxiliam o amadurecimento social, emocional, físico e cognitivo da criança, pois a
música também é um meio de fazê-la participar das atividades de grupo, e de incluir
crianças com diferentes graus de desenvolvimento, aproveitando no grupo o potencial
de cada uma.
A partir destas colocações sobre como deve ser a música na escola, com as
crianças nas aulas de musicalização e de coral na educação básica.Para uma melhor
fundamentação do trabalho, é importante buscar referências em alguns educadores
que desenvolveram métodos para o processo de ensinar crianças e que foram
resgatados para o ensino de música infantil. É importante valorizar a natureza do
afeto, caráter individual e interesses espontâneos da criança. “As canções devem ser
simples e não dramáticas, e seu objetivo é assegurar flexibilidade, sonoridade e
igualdade às vozes. Propor ações que não incluam a leitura musical, que só deverá
ocorrer anos mais tarde” (FONTERRADA, 2005, p. 51).
Buscar uma educação mais voltada à prática e que seja apropriada para
crianças de acordo com o seu entendimento. Beyer (1999) coloca: “no que se refere à
educação musical, as crianças não teriam que aprender a teoria, mas cantavam um
amplo repertório de canções de roda e de jogos musicados” (BEYER, 1999, p. 27).
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No século passado, educadores musicais como Emile Dalcroze (18651950),
ZoltánKodaly (1882-1967), Edgar Willems (1890-1978) e Carl Orff (1895-1982)
buscaram uma experiência musical na qual as crianças pudessem sentir e
experimentar a música de forma lúdica e espontânea, por meio do canto, do uso do
corpo e da sensibilidade auditiva, tornando a música prazerosa.
Muitos destes aspectos se interligam e não podem ser separados, mas apenas
para uma sistematização da ideia estarão por tópicos.
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Na apreciação musical é necessário desenvolver a percepção e discriminação
sonora. Procura-se desenvolver a audibilização, que é o conjunto das funções
relacionadas à Audição: percepção, discriminação, memória, figura/fundo e
análise/síntese.
AUDIBILIZAÇÃO
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Ouvir, escutar, sentir e perceber são os fatores mais importantes para se fazer
música, principalmente na fase da sensibilização. No senso rítmico busca-se a base
no movimento e na palavra. As rimas são empregadas desde as primeiras aulas,
usando gestos, movimentos corporais, instrumentos musicais e diferenciação de
altura.
RIMAS NA PULSAÇÃO
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De acordo com Orff apud Mársico (2003, p. 50), o ritmo verbal deve ser o
começo para o estímulo musical infantil. O movimento é a condição principal da vida
da criança, e este está presente em todo o tempo na música elementar. Para o
desenvolvimento da leitura rítmica associa-se o texto das rimas com as figuras
grandes e pequenas conforme proposto por Kodaly, apud Ávila (1998). No entanto
não se usam as palavras rítmicas (ta e titi) mas buscou-se uma adaptação de
palavras para estes ritmos, (vou, vou-e) que facilita a dicção para a língua portuguesa
e o movimento da ação. Usa-se os movimentos fundamentais de locomoção
baseados em Stokoe apud Mársico (2003, p.59) que são explorados com canções
dirigidas e movimentos livres de locomoção.
Adolecálepetiletomá.
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A galinha do vizinho,
Bota ovo amarelinho,
Bota um, bota dois,
Bota três, bota dez.
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Caracol, caracol,
Roda, roda , caracol.
Uni dunitê,
Salame mínguê ,
Um sorvete colorê,
O escolhido foi você.
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LEITURA RÍTMICA
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TRANSFERÊNCIA DOS CARTÕES PARA OS IMÃS
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Figura 4 e 5: Leitura dos ritmos dos cartões para imãs
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TRANSFERÊNCIA DOS CARTÕES PARA PALITOS
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ACRESCENTAR OUTROS RITMOS
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O senso melódico é desenvolvido a partir do movimento sonoro e altura do som
conforme Willems (1966). São usados movimentos da mão e do corpo, bem como
gráficos elaborados pelos alunos e feito pelos professores sendo cantados ou tocados
pela flauta de êmbolo.
MOVIMENTO DO SOM
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MOVIMENTO DO SOM COM AS MÃOS - CARTÕES MELÓDICOS
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IMITAÇÃO DOS SONS
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Música: Meu Boneco de Pau - Carmen Rocha
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Música: É o Pistão – Autor desconhecido
contar uma história de que o palhacinho ficou doente, e que para o circo não fechar,
todos precisam fingir que são o palhaço. É interessante deixar que as crianças dêem
ideias sobre que outros movimentos podem fazer como dormir, beijar, arrastar o pé e
outros.
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Música: Joaninha – Josette Feres
Ouvir, escutar, sentir e perceber são os fatores mais importantes para se fazer
música, principalmente na fase da sensibilização. No senso rítmico busca-se a base
no movimento e na palavra. As rimas são empregadas desde as primeiras aulas,
usando gestos, movimentos corporais, instrumentos musicais e diferenciação de
altura.
BRINCADEIRAS MUSICAIS
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LEITURA DOS CARTÕES COM RITMO E MELODIA – SOL E MI
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LEITURA MELÓDICA COM MANOSSOLFA
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som como altura, duração, intensidade e timbre; estimular a criança a expressar-se de
maneira criativa por meio de elementos sonoros; estimular na criança a autodisciplina
para desenvolver a atenção e respeito ao próximo ajudando-os na convivência social.
O ideal é iniciar o ensino da música cedo. Quanto antes o bebê tem contato
sistemático com a exploração sonora e a voz cantada, melhor a apreensão da
linguagem musical. É de suma importância que haja um equilíbrio entre o ensino
musical exploratório e o sistematizado, pois ambos têm suas funções e características
que precisam ser trabalhadas com as crianças. Feres (1989) diz que o professor de
musicalização infantil precisa usar os vários recursos didáticos e pedagógicos
disponíveis, conhecendo materiais e técnicas de ensino e aprendizagem que irão
favorecer a percepção e a execução musicais do aluno. Todas as atividades
realizadas na aula precisam ser desenvolvidas por meio do lúdico, buscando o prazer
e a alegria de fazer música resgatando e preparando as crianças para a cidadania
plena.
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BRINCADEIRAS DE RODA
INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO
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BINGO MUSICAL
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Figuras 20
Figuras 16 a 20 dos jogos: Site da Menestrel
Instrumentos de sopro:
DE METAL-Trompete, trompa, trombone, tuba, bombardinoetc...
DE MADEIRA – Flauta transversal, flautim, flauta doce, saxofone, oboé,
clarinete, clarone, fagote, saxofone, corn-inglês e outros.
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Em conjunto com o processo e atividades desenvolvidas nas aulas de
musicalização, faz parte do estudo sistemático também a aula de Coral que favorece
e estimula as diversas áreas do conhecimento.
REFERENCIAS
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ANDRADE, Mário. Pequena Historia Da Música. Martins Editora, 1980.
FELINTO, Marilene. Do que você gosta de brincar? . Folha de São Paulo. 500
Brincadeiras. São Paulo, 16 de Abril, 2000.
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KRAMER, Sônia. A Política do pré escolar no Brasil: A arte do disfarce. 7. ed. São
Paulo: Cortez . 2003.
SILVA, Patrícia, A Canção na Pré Escola. São Paulo: Paulinas, 6 ed, 2001.
ROSA, Nereide Schilaro Santa. Educação Musical para Pré-Escola. Rio de Janeiro:
Libador, 1990.
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