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DIDÁTICA DA MÚSICA

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Sumário
DIDÁTICA DA MÚSICA ............................................................................................ 1
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
O ENSINO DE MÚSICA ............................................................................................. 5
O ENSINO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................... 13
A MÚSICA COMO CULTURA ................................................................................. 15
A EDUCAÇÃO MUSICAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL ................. 24
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 28
REFERENCIA............................................................................................................ 29

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a


participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua for-
mação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A música, arte de combinar os sons, é uma excelente fonte de trabalho


escolar porque, além de ser utilizada como terapia psíquica para o desenvolvi-
mento cognitivo, é uma forma de transmitir ideias e informações, faz parte da
comunicação social.
Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, usa-se a música há
muito tempo em sala de aula, mas normalmente de uma forma lúdica, sem co-
brança pedagógica do conteúdo aos alunos, salvo algumas exceções.
No Ensino fundamental II a música é raramente utilizada, mas ao profes-
sor interessado em enriquecer a sua prática pedagógica com música cabe estar
atento à pertinência do tema musical à matéria lecionada e fazer um planeja-
mento que permita ao aluno desenvolver análise e interpretação da letra, defen-
dendo-a, rebatendo-a e/ou lhe acrescentando algo.
Antes de apresentar a música aos alunos, deve-se ter consciência do
tema a ser trabalhado e do conhecimento prévio dos alunos. Se necessário for,
deve-se subsidiar o aluno com pré-requisitos conceituais.

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O ENSINO DE MÚSICA

A música surgiu quando o homem descobriu que, batendo um objeto no


outro, ele produzia sons e que isso não era simplesmente, um tanto de barulhos.
A música teve várias funções no decorrer da história, como para louvar os deu-
ses, exaltar autoridades, lutar, etc. e foi sistematizada como conhecemos hoje,
na Grécia, porém, foi Guido D'Arezzo, monge italiano, quem colocou os nomes
das notas musicais como conhecemos hoje - já que os gregos utilizavam as le-
tras do alfabeto, de A (lá) à G (sol), utilizando o Hino a São João, em latim.
Posteriormente, o Ut foi substituído pelo Dó, pelo fato do Ut ser conside-
rado muito difícil para cantar.
Atualmente, a música está presente no dia-a-dia de todas as pessoas que
ouvem, mas nem todos que a ouvem, sabem o que é música. Para saber o que
é música, é preciso primeiro ter conhecimento do que é som, e, som, nada mais
é do que a vibração produzida nos corpos elásticos e essas vibrações podem
ser:

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- regalares: aquelas que possuem altura definida, ou seja, quando conseguimos
ouvir que ali foi produzida uma nota musical, como dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, bem
como suas variações com sustenidos e bemóis;

- irregulares: as vibrações irregulares são todos aqueles barulhos que ouvimos


no dia-a-dia, que podem ditar o ritmo para uma música, como a batida de um
instrumento de percussão (menos marimba e xilofone, que produzem sons re-
gulares) ou barulhos do dia-a-dia, que compõem a paisagem sonora, como a
sirene de uma ambulância, o som das britadeiras de operários, o som de marre-
tas, o som da buzina dos carros, o som dos aviões e outros inúmeros sons, na
qual não podemos distinguir a altura.

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"Música é a arte de combinar os sons simultânea e sucessivamente, com
ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo." Com isso, podemos ter uma boa
ideia do que vem a ser música, falando sobre suas principais partes, sem, porém,
citar os seus nomes:
Harmonia (sons simultâneos, ou seja, aqueles que são tocados ao
mesmo tempo),
Melodia (sons sucessivos, ou seja, aqueles que são tocados um após o
outro)
E ritmo (o andamento, velocidade da música).

O objetivo do ensino de música na educação básica, não é de se formar


músicos, mas sim de formar bons ouvintes, que tenham noções daquilo que

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forma a música (harmonia, melodia e ritmo), bem como as suas propriedades
que são:

 Altura - através dela podemos identificar se um som é grave


(grosso) ou agudo (fino);

 Intensidade através dela podemos perceber a força com que o


som foi produzido, ou seja, o volume do som, que muitos chamam
erroneamente de altura;

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 Timbre - através dele podemos identificar os instrumentos que
compõem a música;

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 Duração - através dela podemos ter uma noção do tempo utili-
zado na música, podendo identificar compassos ou andamentos.

A música sempre esteve muito ligada à poesia, antes enquanto era exe-
cutada, eram recitadas poesias, com o tempo elas passaram a se unir, sendo a
música a parte instrumental/vocal e a poesia, a letra da música em si.
Agora, por que estudar música? Segundo SCHAFFER (1991), o ensino
da música ajuda a criança na coordenação do ritmo do corpo, como o andar,
caminhar, correr, saltitar, balançar, podendo sincronizar-se bolas que pulam com
as ondas do mar; galopes de cavalos e outros ritmos da natureza.
O trabalho com o canto envolve a voz, que por sua vez cuida da respira-
ção. Ao se produzir sons com objetos, inventando uma linguagem própria, diri-
gindo a educação no rumo da experiência e da descoberta.

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Para se ter uma boa noção de tudo isso é importante que o estudante seja
treinado auditivamente, pois, treinando o seu ouvido, conseguirá identificar as
propriedades do som, que segundo JEANDOT (1990) é chamada de escuta crí-
tica, ou seja, a pessoa não apenas ouvirá a música, mas sim, identificará os
elementos que a compõem.
Como aprender tudo isso? Assim, como em tudo na vida, para se apren-
der música e necessário muito treino, seja para entendê-la ou para se tocar ou
cantar bem. Para que a pessoa aprenda música, existem várias formas e méto-
dos, um deles, que é muito utilizado na educação básica, é o método da utiliza-
ção de jogos e brincadeiras, que funciona muito bem, principalmente com as
crianças, e que pode ser adaptado para jovens e adultos, através das associa-
ções, por exemplo, para se identificar um intervalo musical, podemos utilizar tre-
chos de alguma música conhecida, preferencialmente o início de alguma música.
Com as crianças podemos utilizar cantigas de roda, criar com elas escritas mu-
sicais alternativas, etc., fazendo com que elas tenham uma noção rítmica, har-
mônica e melódica do que estão realizando.

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Outra coisa importante para aprender música, é ouvir bastante e imitar os
sons que são ouvidos, adquirindo influências de alguns artistas, para com o
tempo, poderem criar a sua própria identidade musical. No canto, por exemplo,
para se adquirir afinação, é preciso treinar bastante a respiração (ela deve ser
igual a de um bebê, diafragmática), além de se imitar as notas musicais, para
afinar a voz e ter hábitos saudáveis de alimentação.
Além disso, é importante se aprender música, para avaliar aquilo que se
ouve, independentemente do gosto, saber analisá-las sobre um ponto de vista
técnico, mesmo que mínimo, podendo analisar criticamente uma obra musical,
analisando todos os elementos nela presentes.
Uma atividade que pode integrar música e artes plásticas é a criação de
instrumentos musicais com objetos considerados como lixo, que vão trabalhar
com a criatividade dos alunos, obtendo sonoridades diferenciadas e estilos di-
versificados, além de desenvolver o consciente dos alunos quanto à preservação
do meio ambiente.

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O ENSINO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

As diversas linguagens artísticas que são utilizadas no processo educa-


tivo são submetidas as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) e aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s). No seu Art. 26º, a LDB
propõe que o currículo da educação básica tenha como obrigatório o ensino da
arte como forma de promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
Os Parâmetros Curriculares propõem quatro modalidades artísticas: as
Artes Visuais que englobam as Artes Plásticas e gráficas, vídeo, cinema, foto-
grafia e as novas tecnologias; a Música; Teatro; e a Dança.

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Essa proposta possibilita a discussão sobre essas medidas ocasionarem
mudanças efetivas na prática pedagógica, já que se faz necessário que o pro-
fessor tenha uma formação capaz de proporcionar um ensino da arte de quali-
dade. Dessa forma, o aluno compreenderá os valores que estão embutidos nas
suas atitudes e perceberá a realidade em que vive de forma critica e reflexiva.
Qualquer proposta de ensino que considere a diversidade deve abrir es-
paço para o aluno trabalhar a música em sala de aula, oferecendo obras signifi-
cativas para o seu desenvolvimento pessoal através de atividades de análise e
produção.
Segundo os PCN´s é através da diversidade que o aluno constrói hipóte-
ses e aprimora sua forma de avaliar a qualidade das suas produções e as dos
outros. Essa diversidade que abrange o conteúdo da música.
Ao fazer uma produção musical em sala de aula, é preciso diferenciar
composição de interpretação. Na interpretação o aluno transforma a música em
algo vivo, dando um significado ao elemento musical, construindo um conheci-
mento musical através dos contextos.

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Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na forma-
ção de cidadãos é necessário que os alunos tenham a oportunidade de participar
ativamente como ouvinte, intérprete e compositor tanto dentro como fora da es-
cola. É preciso envolver os educandos, promovendo encontros musicais e artís-
ticos com grupos de outras localidades, através dos eventos musicais.
Os parâmetros destacam como pontos principais e que devem ser traba-
lhos no ensino da música: a música como produto cultural e histórico; a escuta,
o envolvimento e a compreensão da linguagem musical; a interpretação, impro-
visação e composição musical.
A inclusão da música como conteúdo neste documento tem como finali-
dade garantir aos alunos mais oportunidades para um desenvolvimento de uma
inteligência musical, pois aprender com sentido e prazer facilita a compreensão
daquilo que é ensinado.

A MÚSICA COMO CULTURA

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Ressalta-se que a música faz parte da arte, sendo também um elemento
cultural. Enquanto educadores, devemos preservar a cultura musical em nossos
alunos. Este aspecto nos leva à afirmação sobre o trabalho com as diferentes
culturas, encontrada no PCN-Arte (2000, p.51):
A arte pode ser observada […] na música dos puxadores de rede, nas
ladainhas entoadas por tapeceiras tradicionais, […] nos pregões de vendedores
[…] O incentivo à curiosidade pela manifestação artística de diferentes culturas
[…] pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus […]
possibilitando […] reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade artística
de manifestar-se na diversidade.
Na atualidade percebe-se que as pessoas diferenciam os estilos musicais
de acordo com que refletem a maneira da cultura do grupo social: se são negros,
gostam de funk ou pagode, se gostam de forró, são do interior, e assim por di-
ante.

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Contudo à necessidade de que a criança conheça os estilos musicais de
cada região, que conheça vários nomes que ajudaram a construir esse rico pa-
trimônio musical que o Brasil dispõe. Assim, conhecendo diferentes estilos mu-
sicais de diferentes culturas, o aluno deixará o preconceito de lado, percebendo
que sua cultura não é a única, e optará por músicas que lhe agrada. Ao se propor
o uso da música no ensino de arte, o educador parte da música do cotidiano do
aluno para trabalhar sons e ritmos, levando o aluno aprimorar seu gosto musical.
Candau (1998) constata a dificuldade da escola em lidar com as diferen-
ças. Nos espaços de conhecimentos sistematizados, como a sala de aula, dis-
tancia-se da cultura social de referência dos alunos, o que não favorece proces-
sos de interculturalidade e pode ter consequências negativas para a autoestima
dos alunos.
Percebe-se, em alguns casos, o desinteresse dos alunos em conhecer
outros universos culturais, pois se apresentam como confusos, por vezes até
longe demais da realidade do aluno. Cabe ao professor propor uma metodologia
para o ensino da música e das artes em geral, que utilize a realidade de cada
um como ponte para a ampliação do conhecimento dos outros alunos e profes-
sores, acerca das diferentes formas de produção cultural e sua utilização como
objeto para a educação.

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Outra questão em relação ao conceito de música diz respeito ao fator po-
pular. A música industrializada, ou dita comercial, tem como principal objetivo o
simples e imediato retorno financeiro, sem questionar se a obra é de qualidade
ou não. Constata-se dessa forma, o professor que atua no ensino de música na
educação deve trabalhar envolvendo o gosto musical dos alunos, fazendo inter-
pretação das letras para terem consciência do que estão escutando, não dei-
xando ser influenciados pela mídia. Outra dimensão da relação entre cultura e
ensino de Música trata de retroalimentar a perspectiva intercultural, trazendo
para o debate a contribuição que a Música pode lhe conferir.

“Mais do que a herança genética, é exatamente a cultura que deter-


mina a música dos povos e justifica as suas realizações (ao mesmo tempo
em que sua música vai constituir também sua cultura)”. (SEKEFF, 1996,
p.145)

Através da educação musical, acredita-se que seja possível despertar o


interesse da criança pela música de tal modo que ela possa conhecer a plurali-
dade musical. A escola tem o papel fundamental de criar situações para que o
aluno possa vivenciar analisar e compreender a produção artística musical.
música na escola

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Percebe-se que a música no cotidiano escolar não é valorizada como de-
veria ser. É utilizada sim, mas em comemorações ou como recurso para a recre-
ação. A escola tem uma preocupação pedagógica com outras matérias, dei-
xando de lado a arte, não levando em conta que o ensino da música proporciona
aos alunos oportunidades enormes de desenvolvimento, um enorme aprendi-
zado além de tornar as aulas lúdicas e prazerosas. Deve-se contribuir para que
o ensino da música exista no currículo escolar.
No ensino-aprendizagem musical, o repertório não é o mais importante,
mas sim o desenvolvimento de habilidades e conceitos musicais, sendo o pro-
fessor o mediador e o motivador da aprendizagem. A motivação para aprendiza-
gem musical acontece quando o aluno faz a conexão entre o que é realizado em
sala com a sua experiência. Isso não quer dizer que o professor deve trabalhar
só com o universo musical de seus alunos, mas fazendo trocas de experiências,
começando assim um diálogo.

De acordo com Gainza (1995):


“[…] educar em música implica em focalizar de maneira simultânea
uma multiplicidade de processos que revertem a uma multiplicidade de mo-
delos formativos e não a um modelo único”.

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Sendo assim devem-se desenvolver atividades musicais onde a criança
tenha um olhar crítico. Incentivá-los a ouvir música é fundamental, por enriquecer
o aprendizado, ajudar no desenvolvimento emocional e proporcionar uma forma-
ção mais completa.
Pode-se utilizar a música em vários contextos. Em Língua Portuguesa, a
música é riquíssima para trabalhar no aspecto oral e escrito, e um importante
recurso para a alfabetização. O aluno, ao entrar em contato com as letras musi-
cais, manifesta curiosidade e interesse em buscar significados de palavras, as-
sim como ler a letra musical e entender sua mensagem. A música virá como
consequência das atividades normais e rotineiras da sala de aula, onde é possí-
vel trabalhar de forma interdisciplinar. Com a música, existe a possibilidade de
se trabalhar todos os conteúdos, em todas as disciplinas, de forma prazerosa.
Assim, o aluno chegará a sentir a beleza na literatura, na matemática, ciências
e nas outras matérias, facilitando o seu aprendizado.
Compreende-se que a música pode ser uma atividade como outra qual-
quer, incluída no planejamento do professor, para que seja realmente um ele-
mento valorizador do ensino, sendo vista pelas crianças como algo agradável.
Se for encarada de forma muito didática, a criança pode relacioná-la uma obri-
gação.

A questão da qualificação docente no ensino da música

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Acredita-se que a educação musical para crianças é hoje uma das mais
preocupantes tarefas das escolas de educação infantil. Uma preocupação é de
não ter professores aptos a desenvolver esta tarefa, e a falta de profundidade do
preparo formal pedagógico, ou seja, pouca formação na área específica da mú-
sica. Por outro lado, não se tem material preparado para facilitar a tarefa, e não
se tem um planejamento que possa orientar os passos fundamentais, e garantir
que se tenha sucesso nos objetivos. Santos (2005), por exemplo, coloca que a
ausência de professores capacitados acentua-se nas séries iniciais onde o en-
sino da música é privado de recursos e de uma adequada formação musical.
Observa-se que a formação dos educadores musicais para a prática do
ensino tem sido um assunto bastante discutido. Com essa falta de vivência e
especialização musical que se tem visto atualmente entre os professores nas
escolas, os inúmeros aspectos musicais que poderiam ser trabalhados, as vi-
vências estéticas e sonoras, e o universo de recursos expressivos de comunica-
ção e produção artística, não são instaurados.
Figueiredo (2005) afirma que as conclusões dos debates acerca desse
tema falam sobre uma formação cada vez mais voltada às realidades sociais,
preparando os educadores musicais para uma prática de ensino de acordo com
o cotidiano da escola.
Assim, a escola deve ter consciência da importância do desenvolvimento
de projetos de capacitação, treinamentos que possibilitem o conhecimento na
área de música e acompanhamento contínuo das atividades desenvolvidas por
esses profissionais nas suas práticas musicais, possibilitando o aprimoramento
das atividades.

A influência que a música exerce sobre a criança


Constata-se que antes mesmo de nascer, a criança tem contato com um
dos elementos fundamentais da música que é o ritmo, pois no útero da mãe ela
sente o ritmo através da pulsação do coração materno.
Ao nascermos, temos o aparelho auditivo formado. É a primeira porta de
entrada para a comunicação com a criança. Inicialmente, ouvindo-se a si
mesmo, o recém-nascido começa a emitir sons e, aos poucos, vai organizando-
os de tal maneira que os transformará em pequenas melodias. Dessa forma,
antes de falarmos, aprendemos a cantar.

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Pode-se observar que as crianças gostam de acompanhar as músicas
movimentando o corpo, batendo palmas, dançando e sapateando, por isso a
música não deve ser trabalhada apenas ouvindo. A música exerce sobre a cri-
ança grande influência, mexe com sua sensibilidade afetiva e sensorial, promove
relaxamento ou euforia, de acordo com a música trabalhada.

Conforme explica Vallin (2003, p.78) “a criança que desenvolve boa per-
cepção rítmica tem mais facilidade na alfabetização”, garantindo uma leitura flu-
ente, sem marcas fonológicas, além de desenvolver o raciocínio lógico com
maior facilidade. O ritmo faz parte dos processos ativos que são conhecidos,
como: audição, canto, dança, percussão corporal e instrumental, e até mesmo a
criação melódica. Esses elementos são fundamentais para ativar os desenvolvi-
mentos cognitivos, linguísticos, psicomotor, afetivo e social da criança.
Pode-se observar que a música desperta a motivação da criança, integra-
ção e participação afetiva no grupo social entre várias outras aptidões, facilitando
também a formação geral da criança, e sua aprendizagem nas diversas áreas
do conhecimento.

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A música enquanto elemento recreativo

Constata-se que a música atende várias necessidades da criança, exer-


cendo um caráter lúdico. Para a criança, a música representa uma forma de pra-
zer e descontração. Sendo assim, a música representa uma forma rica de recre-
ação, seja ela livre ou dirigida.

[…] A iniciação musical deve ter como objetivo durante a idade pré-
escolar, estimular na criança a capacidade de percepção, sensibilidade,
imaginação, criação, bem como age como uma recreação educativa, soci-
alizando, disciplinando e desenvolvimento a sua atenção […](WINN, 1975,
p.32)

Entende-se que a recreação é indispensável na vida da criança. Ao


mesmo tempo em que brinca, a criança desenvolve sua criatividade e promove
a autodisciplina. A escola deve proporcionar aos alunos formas variadas de re-
creação atendendo as diferenças individuais, fornecendo material para o uso nas
horas de lazer.
Nota-se que são várias as formas de recrear através da música, exem-
plos: canto coletivo, brinquedos cantados, histórias cantadas e musicadas, dan-
ças folclóricas ou não folclóricas, teatro musicado, etc. Não importa a maneira
empregada, o importante é usar a imaginação e recrear.

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A EDUCAÇÃO MUSICAL E AS POLÍTICAS PÚBLI-
CAS NO BRASIL

Há algum tempo a comunidade escolar, pesquisadores e as autoridades


discutem a importância da música na escola, mas após a promulgação da lei n
o 11.679/08 em 18 de agosto de 2008 (Brasil, 2008), intensificou-se a necessi-
dade de refletir sobre sua inserção na escola e os desdobramentos a partir da
lei.
Ao analisar a história da música na escola brasileira é possível verificar
que o ensino de música na educação básica foi instituído a partir do decreto no
1.331, de 17 de fevereiro de 1854, todavia o documento não colocava o conteúdo
musical como obrigatório. Foi somente em 1890 com o decreto no 981 que os
conteúdos musicais foram definidos.
"definiu novas perspectivas para a educação do Distrito Federal, tendo,
consequentemente, impacto em outras realidades educacionais do país [...] esse

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decreto, em relação ao anterior, trouxe definições mais pontuais acerca dos con-
teúdos de música que deveriam fazer parte da formação na instrução primária e
secundária. (QUEIROZ, 2012, p.27).
Em 1931 o canto orfeônico passa a ser estabelecido com o decreto n o
19.890, "O ensino do Canto Orpheonico em todo o país obedecerá a normas
estabelecidas pelo Governo Federal e fica obrigatório nas escolas primarias den-
tro do que dispuser a legislação em vigor" (Brasil, 1934).
A figura de Villa-Lobos foi de extrema importância nesse período pois o
músico, consagrado nos grandes centros culturais do mundo como compositor,
retorna ao país e passa a se preocupar com a elevação artística e musical do
povo brasileiro. O compositor acabou sendo um dos responsáveis pelo canto
orfeônico no Brasil e entre os seus objetivos destacavam-se auxiliar o desenvol-
vimento artístico das crianças e produzir adultos musicalmente alfabetizados.
Segundo Paz (2000) o educador tinha muita fé na criança e no jovem e acredi-
tava no contato direto com a música, que tinha um caráter completamente elitista
na época. "Outra preocupação de Villa-Lobos era o ensino de deficientes visuais,
alvo de uma programação adaptada às suas necessidades e com a utilização da
escrita braile" (PAZ, 2000, p. 21).
As ideias de Villa-Lobos foram influenciadas por princípios do educador
musical Kodaly que entre suas metodologias abordava o canto e a música fol-
clórica. A metodologia Kodaly foi bem sucedida, disseminando-se em outros pa-
íses, mas o canto orfeônico, após o seu período de apogeu, estagnou, sendo
esquecido aos poucos.

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A música volta a ter destaque no decreto n o 51.215 que "estabelece nor-
mas para a educação musical nos Jardins de Infância, nas escolas Pré-Primá-
rias, Primárias, Secundárias e Normais, em todo país" (BRASIL, 1961) e com a
primeira Lei de Diretrizes e Bases no 4.024 fica evidenciando as "atividades com-
plementares de iniciação artística" (Brasil, 1961b), consolidando o ensino poliva-
lente das artes e enfraquecendo o ensino de música nas escolas.
As críticas à polivalência vão se intensificando até que em 1996 a nova
LDB estabelece que "o ensino da arte, especialmente em suas expressões regi-
onais, constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da edu-
cação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos" (Lei
9.294/96 - Art. 26, parágrafo 2o ).
Em 1997 surge os Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pelo
Ministério de educação para o ensino fundamental com orientações para as mo-
dalidades artísticas: artes visuais, música, teatro e dança, enfatizando o fazer,
apreciar e refletir de um modo generalizado, sem indicações claras sobre o tra-
balho específico de cada área.
No ensino médio (BRASIL, 1999) os parâmetros são "bem mais sucintos
e genéricos do que os documentos para o ensino fundamental; o texto sobre arte
(como o de qualquer outra disciplina) não é muito extenso e não inclui uma pro-
posta específica para cada linguagem artística" (PENNA, 2012, p. 131).
O documento ainda permite uma leitura polivante na disciplina de arte: "

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Na Educação Infantil a situação também é muito delicada, já que o profis-
sional que irá atuar com o conteúdo musical com as crianças na maioria das
vezes é o professor uni docente. Há orientações sobre o trabalho a ser realizado
com crianças no volume intitulado "Conhecimento de Mundo" do Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), documento de orientação
pedagógica para o trabalho nesta faixa etária, mas a dificuldade é que nem sem-
pre os professores tem contato com a linguagem musical em suas formações e
acabam utilizando a música apenas como recurso na formação de hábitos, rotina
escolar ou na apresentação de conteúdos.
Em 2008, há a alteração do artigo 26 da LDB, reforçando a ideia de que
"a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente
curricular de que trata o 2o deste artigo" (Brasil, 2008), porém, foi vetado que o
ensino de música deveria ser ministrado por professores especíicos da área,
alegando que:

A aprovação da lei com certeza contribui com o avanço da educação mu-


sical na escola, mas é necessário refletir sobre os novos direcionamentos frente
as práticas atuais para que haja uma mudança significativa e as crianças possam
de fato ter acesso a linguagem musical.

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CONCLUSÃO

A prática musical na escola não está relacionada apenas ao cantar e to-


car, mas sim com o despertar da curiosidade perante ao mundo sonoro e as
interações possibilitadas por essas descobertas.
A lei não obriga uma nova disciplina, mas insere o conteúdo como obriga-
tório na disciplina de artes.
Cabe aos professores interessarem-se pela pesquisa e pelo estudo musi-
cal propriamente dito, mas é papel do governo proporcionar as condições neces-
sárias para que as experiências musicais sejam verdadeiramente significativas.
É necessário contratar profissionais da área para exercer tal função, além
de possibilitar a especialização de profissionais que já estão em sala de aula
através de cursos livres, projetos e cursos de pós-graduação.

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REFERENCIA

BRASIL. P ARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS : ARTE / SECRETARIA DE EDU-


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29
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