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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS NATURAIS


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
DPSI/CCHN/UFES

FICHAMENTO DE LEITURA
ALUNOS

Clarissa Erthal Coriolano


Igor Lima Sousa
Lucia de Farias Batista

SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 11ª. ed.. São
Paulo: Cultrix,2000. (p. 75-87)

Texto 11 – A vida de Wilhelm Wundt

Wilhelm Wundt nasceu em 1832 e morreu 1920. Sua infância foi marcada pela
solidão, distanciamento da família e fracasso escolar. Foi reprovado no seu primeiro ano
do ginásio, contrariando a forte tradição intelectual de sua família. Entretanto, mesmo não
tendo muito interesse pela escola, Wundt ingressou na universidade aos 19 anos. Entrou
na carreira de medicina, porém a pratica não o agradava e passou a se concentrar na
fisiologia. Teve aula com o grande fisiologista Müller, recebeu seu doutorado em 1855 e
ocupou vários cargos importantes.

Ao decorrer de suas pesquisas fisiológicas, começou a projetar uma psicologia que


fosse uma ciência independente e experimental. Descreveu experimentos originais e em
seu livro usou pela primeira vez o tempo “psicologia experimental”.

Em 1864 ofereceu um curso de psicologia fisiológica que foi a primeira proposta


formal de um curso do tipo no mundo. Seu livro, Princípio de Psicologia Fisiológica, foi
um grande marco e formalizou a psicologia como ciência de laboratório, com perguntas
e métodos de experimentação próprios.

Em 1875 tornou-se professor de filosofia, função que exerceu por 45 anos. Com
o progressivo sucesso de seu laboratório, um grande número de alunos posso a se
interessar por suas pesquisas. Mais tarde, vários alunos de Wundt fundaram laboratórios
próprios, tendo o laboratório de Leipzig como uma importante influência.

O sistema de psicologia de Wundt

A psicologia de Wundt baseou-se nos métodos experimentais das ciências


naturais, especialmente nas técnicas usadas pelos fisiologistas. Ele adaptou os métodos
científicos de investigação aos objetivos da nova psicologia. A fisiologia e a filosofia o
ajudaram a moldar o objeto de estudo e os métodos de investigação.

O objeto de estudo de Wundt era a consciência. O associacionismo e o empirismo


influenciaram o sistema construído por ele Para Wundt, a consciência possui
características distintas e pode ser estudada por dois métodos: pela análise e pela redução.

Wundt intitulava seu sistema de voluntarismo, que se atribui ao poder que a


vontade possui de organizar a mente/consciência em processos cognitivos de nível
superior. Entretanto, Wundt identificava a importância básica dos elementos da
consciência, afinal, sem eles não há o que a mente organizar.

A natureza da Experiência Consciente

Para Wundt, o estudo da experiência imediata é mais importante para os psicólogos


do que a mediata, pois nela podemos notar elementos da experiência em si, e não somente
do objeto. Wundt estava à procura dos elementos ou partes componentes da consciência,
similar como a obra do químico russo Dimitri Mendeleev, que desenvolveu a tabela
periódica. Devido a esse pensamento, era comum para os historiadores considerarem que
Wundt estava em busca do desenvolvimento de uma “tabela periódica da mente”.

O Método de Estudo: Introspecção

A psicologia de Wundt baseia-se em um método psicológico que envolve a


observação da experiência. Para ele, somente o sujeito tem a experiência pode observá-la
e, por isso, a introspecção é parte fundamental do processo, o que Wundt chamava de
percepção interior. O uso desse método na psicologia tem origem na física, onde foi
utilizado no estudo da luz e do som, e também na fisiologia, no estudo dos órgãos dos
sentidos.
Wundt tinha preferência pelo uso da introspecção quantitativa, pois na qualitativa o
sujeito descrevia apenas suas experiências interiores, e ele estava em busca dos
julgamentos conscientes em relação ao tamanho, intensidade e duração dos vários
estímulos físicos.

Os Elementos da Experiência Consciente

Segundo Wundt, havia três problemas na psicologia: (1) analisar os processos


conscientes até chegar aos seus elementos básicos; (2) descobrir como esses elementos
são sintetizados ou organizados; e (3) determinar as leis de conexão que governam a sua
organização.

Wundt considerava as sensações importantes para a experiência, pois elas


normalmente são provocadas quando um órgão sensorial é estimulado e os impulsos
resultantes chegam ao cérebro. As sensações foram classificadas de acordo com o tipo de
sentido envolvido, intensidade e duração. Foi mantida sua orientação fisiológica,
acreditando na existência de uma ligação direta entre a excitação do córtex cerebral e a
experiência sensorial. Considerava também que a mente e o corpo são sistemas paralelo,
mas não interatuantes, logo, é possível estudar a mente separadamente.

Outro ponto importante para a experiência são os sentimentos, pois eles são, segundo
Wundt, aspectos simultâneos da experiência imediata. Logo, a partir de suas observações
introspectivas, Wundt desenvolveu a teoria tridimensional do sentimento. Foi relatado,
através de um trabalho com metrônomo, que algumas séries de cliques aparentemente
eram mais agradáveis que outras.

Os Tópicos de Pesquisa do Laboratório de Leipzig

As pesquisas extensas realizadas no laboratório de Leipzig mostraram que poderia


haver uma nova ciência psicológica com base experimental. A princípio, Wundt
considerava que era necessário se dedicar a problemas de pesquisas já investigados e
reduzidos a algum tipo de forma empírica e quantitativa e, por isso, ele não usou seu
tempo em novas áreas de pesquisas.

A primeira série de estudos incluía aspectos psicológicos e fisiológicos dá visão e


audição, e, até certo ponto, dos chamados sentidos inferiores. Entre os problemas mais
comuns que foram investigados nessa série estão: psicofísica da cor, o contraste de cores,
visão periférica, as imagens negativas, o contraste visual, o daltonismo, a dimensão visual
e as ilusões de óptica.

O tempo de reação foi um tópico que exigiu muita atenção do laboratório, pois Wundt
acreditava poder demonstrar experimentalmente os três estágios na resposta a um
estímulo onde, após dado um estímulo, o sujeito primeiro percebe, depois apercebe e, por
fim, tem vontade de reagir a ele.

Na análise de associações verbais pedia-se para o sujeito responder com uma única
palavra quando lhe fosse apresentada uma palavra-estímulo. Wundt começou a classificar
os tipos de associações descobertos quando da apresentação de estímulos de uma só
palavra para determinar a natureza de todas as associações verbais.

Essas áreas apresentadas fizeram parte de mais da metade de todos os trabalhos


publicados nos primeiros anos de Studien. Wundt se mostrou interessado pela psicologia
infantil e animal, mas aparentemente não fez experimentos nessas áreas, acreditando não
ser possível controlar adequadamente as condições de estudo.

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