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Manual do Formando
Duração: 25 horas
Público-alvo:
Objetivos do Manual
O presente Manual visa o alcance dos seguintes objetivos:
Outras Informações
Entidade Promotora do Curso:
Autor:
Data da primeira Edição:
Data da última Revisão:
Índice
1. Objetivos............................................................................................................4
2. Introdução ao módulo.......................................................................................5
3. Os princípios fundamentais:
e. Sigilo Profissional.................................................................................16
b. A vida e a morte....................................................................................20
i. O que é a morte..........................................................................20
1- Objetivos:
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
2 - Introdução ao Módulo:
O presente manual pretende constituir uma ferramenta funcional de trabalho para
os formandos de “Deontologia e Ética Profissional no apoio à Comunidade”
3 - Os princípios fundamentais:
Existem conflitos éticos nos cuidados que envolvem o contacto com o próximo, não só
na esfera científica ou de investigação. Estes existem no cuidado dos idosos em
situações que vão desde a dinâmica do dia-a-dia como em situações de maior
complexidade.
O termo ética tem origem no grego “ethiké” ou do latim “ethica ”, vinda da filosofia
como objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento
correto e o incorreto. Os seus princípios constituem como diretrizes para os humanos,
enquanto sujeitos sociais, com a finalidade de dignificar um comportamento. Os
códigos de ética são, dificilmente, separáveis da deontologia profissional pelo que é,
igualmente, pouco usual serem utilizados indiferentemente.
A deontologia deriva das palavras gregas “déon”, que significa dever, que se traduz
como discurso ou tratado. Assim, é o tratado do dever ou conjuntos de deveres,
princípios e normas adaptadas a um grupo profissional. É uma disciplina da ética
especial adaptada ao exercício de uma profissão.
No cuidado com as pessoas idosas em lares, surgem conflitos éticos. Alguns dos que
podemos encontrar são, por exemplo, os relacionados com as diretrizes antecipadas,
ou testamento vital, os maus tratos, as restrições físicas, a tutela, a negação de
tratamentos ou indicações terapêuticas e a oportunidade ou não de persuasão, assim
como quanto tem que ver com as atitudes nos cuidados e a formação adequada dos
cuidadores.Os passos aconselhados a seguir para resolver conflitos devem ser:
A. Deliberação
✓ Boa vontade;
✓ Capacidade de dar razões;
✓ Respeitar os outros quando se discorda;
✓ Desejo de entendimento, cooperação e colaboração;
✓ Compromisso.
Atrás da atitude deliberativa está um modo de conceber o conflito ético não só como
dilema, mas também como problema. Quem vê nos conflitos somente dilemas,
quando dialoga arranca de um ponto de partida fixo(crenças, preferências…),
considera as questões éticas como algo que tem sempre de ter resposta e para as
quais tem sempre de haver uma solução apropriada, já que formula um dilema entre
duas posições, defendendo-se a que se julga mais correta. Em contrapartida, quem
vê nos conflitos éticos sobretudo problemas e não dilemas, situa-se de maneira
aberta no debate ético, considera que não tem a solução desde o início, que se pode
mudar de ponto de vista, que o ponto de chegada será decisões prudenciais e não
certezas nem soluções únicas (a ética não é matemática).
B. A Persuasão
❖ O segredo está:
- No peso dos argumentos em si;
- Na bondade da intenção;
- No modo de induzir o outro (os meios utilizados);
- Nos valores que orientam quem persuade;
- No objectivo da persuasão, não centrado na lei nem na norma, mas na pessoa
e as suas possíveis repercussões sobre terceiros.
Aqui, a relação de ajuda tem de entrar em diálogo aberto com as posições éticas de
respeito pela autonomia da pessoa idosa, em possível conflito com os outros
princípios éticos. Convém ter sempre em atenção que, a linha divisória entre a
persuasão, a manipulação e a coerção, é muito subtil. Existe coerção quando alguém,
intencional e efetivamente, influi noutra pessoa, ameaçando-a com danos indesejados
e evitáveis tão severos que a pessoa não pode resistir a não agir, a fim de evitá-los. A
manipulação, pelo contrário, consiste na influência intencional e efetiva de uma
pessoa por meios não coercivos, alterando as opções reais ao alcance de outra
pessoa ou alterando por meios não persuasivos a percepção dessas escolhas pela
pessoa. Finalmente, a persuasão é a influência intencional e conseguida de induzir
uma pessoa mediante procedimentos racionais, a aceitar livremente as crenças,
atitudes,valores, intenções ou ações defendidas
pelo persuasor. As pessoas persuasivas geram confiança, segurança e são
consideradas “credíveis” e “desinteressadas” e são, quase sempre, pessoas
Respeito Geral
Os A.G. defendem e promovem o desenvolvimento dos direitos fundamentais,
dignidade e valor de todas as pessoas. Respeitam os direitos dos indivíduos à
privacidade, confidencialidade, autodeterminação e autonomia. No exercício da
profissão o A.G. deve:
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Privacidade e Confidencialidade
No exercício da profissão o A.G. respeita o direito à privacidade e à confidencialidade
dos idosos. Este tem o dever de manter a confidencialidade,e fornecer apenas a
informação estritamente relevante para o assunto em questão.
Limites da Confidencialidade
No exercício da profissão, deve informar os idosos, quando considerar apropriado,
acerca dos limites legais da confidencialidade, divulgar informação dos relatórios a
terceiros quando tal lhe seja imposto com
legitimidade jurídica e, neste caso, informa, obrigatoriamente o idoso. No exercício da
profissão o A.G. tem o dever de informar, de forma compreensível para o idoso e para
terceiras partes relevantes, todos os procedimentos que vai adoptar e obter destes o
consentimento explícito. Quando a relação com o idoso for mediada pela terceira
parte relevante é a esta que compete o consentimento informado.
Autodeterminação
No exercício da profissão o A.G. deve:
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• Ter uma reflexão crítica contínua sobre a sua conduta e em qualquer contrato
que o A.G. estabeleça, deve ter em conta o preconizado no Código
Deontológico, tendo um conhecimento aprofundado e atualizado da lei geral,
no que concerne na sua prática;
• Fornecer apenas os serviços para os quais está legalmente habilitado e
estando atento as suas limitações pessoais e profissionais, sempre que o A.G.
não tenha necessária competência profissional ou pessoal para trabalhar com
determinados idosos deve, na medida do possível encontrar soluções
alternativas;
• Apenas utilizar métodos e técnicas cientificamente validadas e ter
obrigatoriamente em conta as limitações dos métodos e técnicas que utilizam,
bem como os dados que recolhe, e deve manter-se atualizado a nível
profissional e justificando a sua conduta profissional á luz do estado atual da
ciência;
• Estar particularmente atento às limitações físicas e psicológicas, temporárias
ou impeditivas de uma adequada prática profissional. Caso estas existam, não
deve dar inicio ou manter qualquer atividade profissional. “Os A.G. estão
conscientes das suas responsabilidades” profissionais e científicas para com
os seus clientes. A comunidade e a sociedade em que trabalham e vivem;
• Evitar causar prejuízo e ser responsável pelas suas próprias ações,
assegurando eles próprios e tanto quanto possível que os seus serviços não
sejam mal utilizados;
• Contribuir para o desenvolvimento da disciplina de Geriatria responsável pela
qualidade e consequências da sua conduta profissional e deve assegurar a
manutenção de elevados padrões de integridade e conhecimento científico e
deve trabalhar em instalações convenientes e locais adequados que garantam
a dignidade dos seus atos profissionais e o Idoso;
• Assumir a responsabilidade de uma difusão adequada da Geriatria, quando se
dirige ao público em geral e aos media;
• Evitar causar dano ou prejuízo a qualquer pessoa, deve ponderar de forma
sistematizada os prejuízos que a sua ação possa vir a causar, utilizando todos
os dispositivos para os minimizar. Nas circunstâncias em que o prejuízo seja
inevitável, os A.G. devem avaliar de forma fundamentada a relação custo/
benefício da sua ação.
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• Amor pelos outros (o idoso é um ser humano global cujo potencial é necessário
conhecer);
• Objectividade e espírito crítico (estas qualidades permitem que os A.G. tenham
uma visão alargada dos problemas ligados ao envelhecimento e á morte e que
possam estabelecer soluções adequadas);
• Sentido social e comunitário (trabalhar de forma a manter a população idosa no
máximo de autonomia facilitando a abolição de atitudes sociais negativas);
• Flexibilidade e polivalência (ser capaz de se adaptar ao ritmo do idoso e
trabalhar em parceria com profissionais de saúde);
• Criatividade (campo em que cada um deve exercer a sua criatividade).
Responsabilidade alargada
No exercício da profissão, A.G. é também responsável pelo cumprimento do presente
Código Deontológico por parte daqueles que com ele colaboram, colegas de profissão
hierarquicamente superiores ou inferiores apoiando-os, nas necessidades
deontológicas e profissionais.
Resolução de Dilemas
No exercício da profissão o A.G. deve ter consciência da potencial ocorrência de
dilemas éticos e da sua responsabilidade para os resolver de uma forma que seja
consistente com este Código Deontológico. No exercício da profissão, quando
confrontado com um dilema ético, o A.G. deve procurar com os colegas o objectivo de
encontrar a melhor solução. Se ocorrer um conflito de interesses entre as obrigações
para com o idoso ou terceiras partes relevantes e os princípios deste Código
Deontológico, o A.G. é responsável pelas suas decisões. Se estas contrariarem este
Código Deontológico, o A.G. tem o dever de informar os idosos e/ou as terceiras
partes relevantes fundamentando a sua relação.
Honestidade e Rigor
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Franqueza e Sinceridade
No exercício da profissão o A.G. deve:
Os atos ilícitos envolvem sempre uma violação da norma jurídica, sendo nesse
sentido atitude adoptada pela lei a repressão, desencadeando assim um efeito tipo da
violação – a sanção.
São contrários à Ordem Jurídica e por ela reprovados, importam uma sanção para o
seu autor (infractor de uma norma jurídica).
Os atos lícitos são conformes à Ordem Jurídica e por ela consentidos. Não podemos
dizer que o ato ilícito seja sempre inválido.
• Um ato ilícito pode ser válido, embora produza os seus efeitos sempre
acompanhado de sanções. Da mesma feita, a invalidade não acarreta também
a ilicitude do ato.
Os atos legítimos são de ação fundado no direito e na razão, com carácter legal,
valido, genuíno, verdadeiro e justo.
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Os atos ilegítimos são uma ação não fundada na razão, com carácter inválido, falso
e ilegal.
Responsabilidade define-se como a obrigação que o individuo tem em dar conta dos
seus atos e suportar as suas consequências do mesmo. Diz que alguém é
responsável quando age com conhecimento e liberdade dos atos e estes possam ser
considerados dignos, devendo responder por eles, dentro de um grupo. A relação
entre o Profissional/Utente resulta na forma como o Agente de Geriatria deve cuidar
do utente, com respeito, como uma pessoa que tem direito de tomar as suas decisões
de ser autodeterminação e que merece a defesa ou a confidencialidade das suas
informações.
Segredo Profissional
A palavra sigilo está relacionada à ideia de segredo, ou ainda, com algo que precisa
de ser guardado frente a uma verdade. Assim, definido o sigilo podemos concluir que
se procura estabelecer vínculos de confiança. Contudo, gostaria de apresentar o sigilo
não como um imperativo técnico ou moral na relação que mantemos com o outro mas
sim como uma dimensão ética da própria relação. Manter sigilo é silenciar frente a
algo que se encontra posto. A partir deste contexto, podemos entender que o sigilo
parece indicar antes de um uso técnico, uma ação que se prolonga no mundo como
espaço para a escuta do silêncio. Este silêncio torna o homem detentor de uma
verdade ao mesmo tempo que aberto para outras possibilidades de constituir sentido
e significado ao vivido. Do sigilo ao silêncio parece ser a postura esperada. Portanto,
podemos afirmar que constitui obrigação do agente de geriatria:
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1) Respeito e dignidade;
2) Remuneração/horas de trabalho;
3) Promoção da saúde e prevenção da doença.
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INDEPENDÊNCIA
✓ Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao vestuário, à saúde, a ter
apoio familiar e comunitário.
✓ Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de
rendimentos.
✓ Poder determinar em que momento se deve afastar do mercado de trabalho.
✓ Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e
requalificação profissional.
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Participação
✓ Permanecer integrado na sociedade, participar ativamente na formulação e
implementação de políticas que afectam diretamente o seu bem-estar e
transmitir aos mais jovens conhecimentos e habilidades.
✓ Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando
como voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades.
✓ Poder formar movimentos ou associações de Idosos.
Assistência
✓ Beneficiar da assistência e proteção da família e da comunidade, de acordo
com os seus valores culturais.
✓ Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o bem-estar físico,
mental e emocional, prevenindo a incidência de doenças.
✓ Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem
proteção, reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, num
ambiente humano e seguro.
✓ Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de
autonomia, proteção e assistência.
✓ Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em
instituições que lhe proporcionem os cuidados necessários, respeitando-o na
sua dignidade, crença e intimidade.
✓ Deve desfrutar ainda do direito de tomar decisões quanto à assistência
prestada pela instituição e à qualidade da sua vida.
Auto-Realização
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Dignidade
✓ Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objecto de exploração e
maus-tratos físicos e/ou mentais.
✓ Ser tratado com justiça, independentemente da idade, sexo, raça, etnia,
deficiências, condições económicas ou outros factores.
A Vida e a Morte
• O que é a morte ?
A morte, ainda hoje, é um tabu, a nível pessoal, embora seja exibida em altas doses
nas televisões, jornais, etc. Todo o ser humano, mais cedo ou mais tarde, confronta-
se com esse drama existencial e mais ainda à medida que a vida vai declinando,
assumindo o morrer e a morte não apenas como uma dimensão biológica (de doença
e cuidados contínuos), mas também psicológica (consciência da finitude e fragilidades
da vida) e sociológica (isolamento do moribundo e outros problemas sociais).
Em todo o caso, preparar a própria morte é uma das tarefas mais importantes, senão
a mais importante, de todo o ser vivo pensante e mais ainda o idoso. A morte deve
ser encarada com naturalidade e não como um fatalismo ou fracasso da medicina.
Para além de que a aceitação ou não desta fase terminal depende, com frequência,
do grau com que a pessoa idosa continua a situar-se em relação à família, aos
amigos, à sua comunidade, assim como aos seus valores e à sua consciência de
continuar a ser útil aos outros.
Apresenta-se mesmo uma perspectiva (positiva, mas não sem algumas apreensões)
quanto à velhice no século XXI, supondo-se que a ansiedade face à morte pode
evoluir positivamente em alguns aspectos mas também negativamente noutros; por
exemplo, no futuro pode-se ter mais medo de ser vítima de violência e também, a
nível mais pessoal, de ficar suspenso entre a vida e a morte, considerado nem vivo
nem morto, dadas as possibilidades da tecnologia e da medicina. Mas em geral, pode
supor-se que o envelhecimento e a morte se tornarão menos marginais e mais
integrados socialmente. Os idosos podem beneficiar com o pensamento consciente
sobre as suas preferências a respeito da qualidade vs quantidade de vida ou sobre o
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• Medo da morte
O medo da morte relaciona-se na maior parte das vezes com o seu processo, o facto
de ser destruído, de deixar as pessoas mais significativas, medo do desconhecido, da
sorte do corpo. A morte não só bate à porta dos idosos como também dos jovens. É
comum a todas as idades, embora o jovem espere durar ainda muito tempo, enquanto
tal expectativa não a pode ter o velho, a menos que seja insensato; neste sentido, o
idoso encontra-se em melhor situação por já ter alcançado o que esperou. Uma boa
atitude face à morte leva a uma melhor vivência do tempo no presente: passam as
horas, os dias, os meses, certamente os anos; o tempo que passou já não volta e
desconhecemos o futuro; deve cada um contentar-se com aquela porção de tempo
que lhe foi dada para viver. Mais importante que a quantidade é a qualidade do
tempo: o tempo para se viver, ainda que breve, é suficientemente longo para se viver
bem e com honra.
A aceitação da morte e do luto são processos complexos. Muitas pessoas estão sós
quando se encontram perante a morte. Aqui o agente de geriatria desempenha um
papel fundamental no acompanhamento na morte, ou no auxílio à ultrapassagem do
luto. Estas duas experiências, embora muito dolorosas, podem conduzir o indivíduo a
um estado sereno face à morte ou a um novo período da sua vida no qual se sente
psicologicamente mais forte. A morte é incontornável e as nossas sociedades devem
reintegrá-la, a fim de auxiliar os idosos a partir dignamente. É importante que o agente
de geriatria se consciencialize que numa fase em que a morte está perto, se deve
transmitir serenidade e paz interior ao moribundo. Para o auxiliar a atingir este estado,
é necessário que o cuidador esteja sereno perante a morte e suficientemente
equilibrado relativamente a esta questão. Para que o idoso ultrapasse o estado de
angústia e chegue a uma fase de aceitação, são necessárias muitas horas de diálogo
e escuta. É também de extrema relevância um trabalho de aconselhamento e de
apoio aos pais, filhos amigos, etc. . Na maior parte dos casos, o idoso apenas
reclama apoio e atenção. Qualquer que seja a sua forma, o acompanhamento na
morte faz parte do direito que toda a pessoa tem de morrer em dignidade.
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✓ Negação: o Idoso não quer acreditar que vai morrer e rejeita a ideia da morte.
✓ Negociação: o Idoso aceita a morte mas dá-se conta de que o tempo lhe falta,
que a sua vida está a acabar e tenta ganhar tempo negociando. Ex. “sim, eu
vou morrer mas falta algum tempo”.
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