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UFCD - 3539

Deontologia e ética profissional no apoio à


comunidade

25 horas

Formadora:
Paula Barbosa
Objetivos

• Reconhecer e aplicar os princípios


fundamentais da deontologia e
ética profissional, na função de
acompanhamento de pessoas
idosas.
• Reconhecer e respeitar os direitos
da pessoa humana.

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Conteúdos
 Princípios fundamentais
 Deontologia e ética profissional
 Atos lícitos e ilícitos
 Atos legítimos e ilegítimos
 Responsabilidade
 Segredo profissional

 Direitos da pessoa humana


 Direitos da pessoa humana e da pessoa idosa em particular
 A vida e a morte
 O Agente em Geriatria e a morte
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Vamos lá?

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Dinâmica de Apresentação

Chegou a altura de apresentar o meu


colega!

Como se chama?
Qual a sua idade?
Qual a sua maior qualidade?
Que aspeto poderia ser melhorado?
O que sabem sobre estes conceitos?

DEONTOLOGIA E
ÉTICA?
O PRIMEIRO PASSO É…

RESPEITAR
POR ISSO, VAMOS TESTAR A VOSSA CAPACIDADE!
ERA UMA VEZ …

Qual é a história que


eu quero partilhar
com o grupo?
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DEONTOLOGIA

“déon, déontos” “logos”

DEVER DISCURSO ou TRATADO

Tratado do dever ou conjunto de deveres


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É o dever ou o conjunto de deveres, princípios e
normas adaptadas a um grupo profissional.

É uma disciplina da ética especial adaptada ao


exercício de uma profissão.

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Regra geral, os códigos deontológicos
têm por base as grandes declarações
universais e esforçam-se por traduzir o
sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o, no entanto, às
particularidades de cada país e de cada
grupo profissional.

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Resumindo…

Deontologia

Conjunto de deveres que impõe a certos profissionais o


cumprimento da sua função.

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 A par desta ideia de tratado, associado à regulamentação
de uma profissão, estava implícito uma certa ética, aquilo a
que posteriormente viria a ser entendido como a ciência do
comportamento moral em sociedade.

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ÉTICA

O termo ética tem origem no grego “ethiké” ou do


latim “ethica”, vinda da filosofia.
 A Ética, igualmente com raízes na civilização grega, é
uma palavra proveniente de “ethos”.

MODO DE SER

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 Tem como objetivo o juízo de apreciação que
distingue o bem e o mal, o comportamento correto e o
incorreto..

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 A ética não envolve apenas um juízo de valor sobre o
comportamento humano, mas determina em si, uma
escolha, uma direção, a obrigatoriedade de agir num
determinado sentido em sociedade.

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 Quando aceitamos a ética, como sendo um conjunto de
regras a orientar o relacionamento humano no seio de uma
determinada comunidade social, podemos admitir a
conceptualização de uma ética deontológica, uma ética
voltada para a orientação de uma atividade profissional.

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DEONTOLOGIA E ÉTICA PROFISSIONAL

Os seus princípios constituem diretrizes para os


humanos, enquanto sujeitos sociais, com a finalidade de
dignificar um comportamento.

A ética é assim, inseparável, da deontologia


profissional.

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“Não faças aos outros o que não queres que façam a ti
é um dos fundamentais princípios da ética. Mas
seria igualmente justificado afirmar: tudo o que
fizeres aos outros fá-lo-ás também a ti próprio.”

Erich Fromm, Ética e Psicanálise

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Dilemas Éticos
Dinâmica de Grupo
“Abrigo Subterrâneo”

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Enfrentar conflitos éticos nos lares
No cuidado com as pessoas idosas em lares, surgem
conflitos éticos:

Recusa de cuidados de terceiros

Negações de tratamentos

Testamento

Restrições físicas
Passos a seguir na resolução dos conflitos:
1. Deliberação
A deliberação é um procedimento de diálogo, um método de
trabalho quando se quer abordar em grupo um conflito ético.
Parte-se do pressuposto de que ninguém é detentor da verdade
moral e de uma vontade racional: cada um dá as suas razões e
está aberto a que os outros possam modificar o seu ponto de vista
pessoal.
1. Deliberação

Algumas condições para que se produza a deliberação:


 Boa vontade;
 Capacidade de dar razões;
 Respeitar os outros quando se discorda;
 Desejo de entendimento, cooperação e colaboração;
 Compromisso.
2. Persuasão

Persuadir o paciente ou não?

De preferência recomenda-se Diante de um paciente que não


aos Agentes de Geriatria que quer lavar-se, diante de
evitem a uma pessoa que não quer
tentativa de persuadir, dando abandonar atitudes antissociais,
maior importância aos o agente terá de
processos adotar estratégias de persuasão
de tomada de decisão
autónomos individuais
Ser persuasivo…

Confiança

Segurança

Assertividade

Argumentação Válida
Código ético e deontológico dos
agentes de geriatria

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A geriatria tem em consideração os aspetos
deontológicos da conduta profissional e do exercício da
profissão, de acordo com este código:

1) Respeito pelos direitos e dignidade da pessoa

2) Competência

3) Responsabilidade

4) Integridade
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Respeito Geral

 Promover o desenvolvimento dos direitos fundamentais e


dignidade.
 Respeitar os direitos dos indivíduos à privacidade,
confidencialidade, autodeterminação e autonomia.
No exercício da profissão o A.G. deve:

• Respeitar a diversidade
individual e cultural;
• Respeitar experiência de
todos os idosos com quem
se relaciona;
• Não impor o seu sistema de
valores perante as pessoas.
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Privacidade e Confidencialidade

 Respeitar o direito à privacidade e à confidencialidade dos


idosos.
 O A.G tem o dever de manter a confidencialidade, e fornecer
apenas a informação estritamente relevante para o assunto.
Limites da confidencialidade:

• No exercício da profissão, deve informar os idosos,

quando considerar apropriado, acerca dos limites

legais da confidencialidade.

• Deve informar de todos os procedimentos que vai

adotar e obter o consentimento explícito.


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Autodeterminação

 Respeitar e promover a autonomia e o direito à


autodeterminação dos idosos;

 Assegurar-se que é respeitada a liberdade de escolha do


idoso no estabelecimento da relação profissional;
 Ter em conta que a autodeterminação do idoso pode ser
limitada pela idade, capacidades mentais, nível do
desenvolvimento, saúde mental, condicionamentos legais ou
por uma terceira parte relevante;

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 Fornecer apenas os serviços para os quais está
legalmente habilitado e estando atento às limitações
pessoais e profissionais;
 Estar particularmente atento às limitações físicas e
psicológicas, temporárias ou impeditivas de uma
adequada prática profissional;

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Aptidão Necessária ao Agente de Geriatria

 Maturidade e capacidade de
adaptação;

 Empatia e sensibilidade;
 Amor pelos outros  Objetividade e espírito crítico
 Sentido social e comunitário;

 Flexibilidade e polivalência;

 Criatividade.
Resolução de dilemas

 Consciência da potencial ocorrência de dilemas éticos e da sua


responsabilidade para os resolver de uma forma que seja
consistente.
Honestidade e Rigor

 Reger-se por princípios de honestidade e verdade;


 Assegurar-se que as suas qualificações são entendidas de
forma inequívoca pelos outros;
 Assegurar-se que terceiras partes relevantes ou outros
(pessoas ou entidades) estão conscientes de que as suas
principais responsabilidades são, geralmente, para com o
idoso;
 Expressar as suas opiniões profissionais de forma
devidamente fundamentada.

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Franqueza e Sinceridade

 Fornecer aos idosos e terceiras partes relevante, de forma


clara e exata, informação sobre a natureza, os objetivos e
os limites dos seus serviços;
 Tentar, por todos os meios possíveis, minimizar a
ocorrência de erro. Se este ocorrer deve, de forma clara e
inequívoca, acionar os mecanismos para a sua correção.
Conflito de interesse e exploração

 O A. G. não se pode servir as suas relações profissionais


com os idosos com o objetivo de promover os seus
interesses pessoais ou de terceiros.

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Relação entre colegas

 O A.G. deve apoiar os colegas que lhe solicitem ajuda para


situações relacionadas com a prática profissional;
 Informar a instituição caso alguma conduta ética prevaleça.

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ATOS
JURÍDICOS
Atos Lícitos e Ilícitos
Os atos ilícitos envolvem sempre uma violação da norma
jurídica, sendo nesse sentido atitude adotada pela lei a
repressão, desencadeando assim um efeito tipo da violação –
a sanção.

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Os atos lícitos são conformes à Ordem Jurídica e por ela
consentidos. Não podemos dizer que o ato ilícito seja
sempre inválido. Um ato ilícito pode ser válido, embora
produza os seus efeitos sempre acompanhado de sanções.
Da mesma feita, a invalidade não acarreta também a
ilicitude do ato.

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Atos Legítimos e Ilegítimos
Os atos legítimos são de ação fundado no direito e na razão,
com carácter legal, valido, genuíno, verdadeiro e justo.

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Os atos ilegítimos são uma ação não fundada na razão, com
carácter inválido, falso e ilegal.

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Responsabilidade do Agente de Geriatria

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Responsabilidade

Obrigação que o individuo tem em dar conta dos seus atos e


suportar as suas consequências do mesmo. Diz-se que alguém é
responsável quando age com conhecimento e liberdade dos atos e
que estes possam ser considerados dignos, devendo responder por
eles, dentro de um grupo.

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Segredo Profissional

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SIGILO

Algo que precisa


Segredo de ser guardado
Podemos afirmar que constitui obrigação do agente de
geriatria:
 A salvaguarda do sigilo sobre os elementos que tenha recolhido
no exercício da sua atividade;

 Obrigação de, quando o sistema legal exige divulgação de dados,


fornecer apenas a informação relevante para o assunto em
questão e, de outro modo, manter confidencialidade;
 O sigilo é referido à difusão oral, ou escrita da informação.
A violação da confidencialidade é o desrespeito por uma determi
nada pessoa, é uma irresponsabilidade do profissional, já que o
seu papel é responsabilidade perante a sociedade.

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Direitos e Deveres do Agente em
Geriatria
FICHA DE
TRABALHO
Deveres do Agente em Geriatria

1. Exercer com competência e zelo a atividade, no campo que tiver


confiado;
2. Observar e fazer observar rigorosamente as leis e regulamentos,
defendendo todas as circunstância;
3. Honrar os seus superiores na hierarquia administrativa, tratando-
os em todas circunstâncias com consideração e respeito;
Deveres do Agente em Geriatria

4. Guardar segredo profissional sobre todos os assuntos que por lei


não estejam expressamente autorizados a revelar;
5. Desempenhar, com pontualidade e assiduidade, o serviço que lhe
estiver confiado.
Direitos do Agente em Geriatria

1. Respeito e dignidade;

2. Remuneração/horas de trabalho;

3. Promoção da saúde e prevenção da doença.


DIREITOS DA
PESSOA HUMANA
VÍDEO
“A carta de um idoso”
Direitos da pessoa humana e da pessoa
idosa em particular

Direitos dos Idosos

(Princípios das Nações Unidas para o Idoso, Resolução


46/91 - Aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas,
16/12/1991)

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 INDEPENDÊNCIA
o Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao
vestuário, à saúde, a ter apoio familiar e comunitário.
o Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras
formas de geração de rendimentos.
o Poder determinar em que momento se deve afastar do
mercado de trabalho.

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o Ter acesso à educação permanente e a programas de
qualificação e requalificação profissional.
o Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua
preferência pessoal, que sejam passíveis de mudanças.
o Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

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 PARTICIPAÇÃO
o Permanecer integrado na sociedade, participar ativamente
na formulação e implementação de políticas que afetam
diretamente o seu bem-estar e transmitir aos mais jovens
conhecimentos e habilidades.
o Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comuni
dade, trabalhando como voluntário, de acordo com seus
interesses e capacidades.
o Poder formar movimentos ou associações de Idosos.
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 ASSISTÊNCIA
o Beneficiar da assistência e proteção da família e da
comunidade, de acordo com os seus valores culturais.
o Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o
bem-estar físico, mental e emocional, prevenindo
a incidência de doenças.
o Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que
lhe proporcionem proteção, reabilitação, estimulação mental
e desenvolvimento social, num ambiente humano e seguro.
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o Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem
melhores níveis de autonomia, proteção e assistência.
o Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando
residente em instituições que lhe proporcionem os
cuidados necessários, respeitando-o na sua dignidade,
crença e intimidade. Deve desfrutar ainda do direito de
tomar decisões quanto à assistência prestada pela
instituição e à qualidade da sua vida.
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 AUTORREALIZAÇÃO
o Aproveitar as oportunidades para o total desenvolvimento 
de suas potencialidades.
o Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais
e de lazer da sociedade.

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 DIGNIDADE
o Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objeto de
exploração e maus-tratos físicos e/ou mentais.
o Ser tratado com justiça, independentemente da idade,
sexo, raça, etnia, deficiências, condições económicas ou
outros fatores.

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A vida e a morte

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O que é a morte?

A morte, ainda hoje, é um tabu,


embora seja exibida em altas doses
nas televisões, jornais, etc.
Todo o ser humano, mais cedo ou mais tarde, confronta-
se com este drama existencial.
Morte

Dimensão
Dimensão Dimensão
Psicológica
Biológica Sociológica
(Consciência da
(Doença e (Isolamento e
finitude e
cuidados problemas
fragilidades da
continuados) sociais)
vida)
Preparar a própria morte é uma das tarefas mais importantes,
senão a mais importante, de todo o ser vivo pensante e mais
ainda o idoso.

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Medo da morte

O medo da morte relaciona-se na maior parte das vezes


com o seu processo:
(i) ser destruído;
(ii) deixar as pessoas mais significativas;
(iii) medo do desconhecido,
(iv) entre outros.
Atitudes Positivas face à morte, levam a :

Maior rentabilização do tempo

Estado físico e psicológico saudável

Menor Isolamento

Dias mais felizes…


O A. G e a morte
A aceitação da morte e do luto são processos complexos. M
uitas pessoas estão sós quando se encontram perante a
morte.

Aqui o agente de geriatria desempenha um papel


fundamental no acompanhamento na morte, ou no auxílio à
ultrapassagem do luto.

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Etapas do processo da morte e do luto

Negação: o Idoso não quer acreditar que vai morrer e rejeita


a ideia da morte.

Revolta: o Idoso indigna-se e questiona-se “porquê eu?”.

Melancolia: período de tristeza (dita depressiva), o Idoso


desliga-se do seu meio e isola-se.

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Medo: depois da tristeza vem o medo ligado ao sentimento
de abandono, o medo geralmente manifesta-se por sintomas
físicos, angustia ou reações agressivas.

Negociação: o Idoso aceita a morte mas dá-se conta de que o


tempo lhe falta, que a sua vida está a acabar e tenta ganhar
tempo negociando. Ex. “sim, eu vou morrer mas falta algum
tempo”.
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Aceitação: não é feliz nem infeliz é um estádio da paz e conf
ormismo “a minha hora vai chegar em breve e estou
pronto”.

Reajustamento da rede social: o Idoso tenta encontrar outras


pessoas fontes positivas de energia para encher o seu vazio
interior.

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Perdão: o Idoso torna-se capaz de se desligar concretamente
de alguém ou de alguma coisa e de se desprender, o que lhe
permite integrar o que vive da sua experiência pessoal.

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Meios para reforçar o sentido da vida nos
Idosos

Reminiscência

Através de uma discussão


orientada, facilitar o exame da
vida passada, de modo a resolver
os conflitos latentes, realçar os
êxitos/ talentos e transmitir as
lições da experiência

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Compromisso

Dar aos Idosos ocasiões de


consagrar/ dedicar o seu
tempo e energias a uma
tarefa ou a outra pessoa.

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Otimismo

Evocar acontecimentos em
perspetiva e manter a
esperança de um futuro
melhor. “É olhando para o
futuro que se tem melhores
oportunidades de ultrapassar
as dificuldades presente.”
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Religião

Encorajar as crenças religiosas e as


práticas
enriquecedoras. “Quando tudo está p
erdido, incluindo a saúde, a faculdad
e espiritual de tender para Deus
continua a ser um meio eficaz de
combater o absurdo da vida e o
desespero.”
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Dúvidas?

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