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Pensamento Político Contemporâneo Foucault e Hanna Arendt
Pensamento Político Contemporâneo Foucault e Hanna Arendt
Pensamento Político Contemporâneo Foucault e Hanna Arendt
Material Teórico
Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Pensamento Político Contemporâneo:
Foucault e Hanna Arendt
Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe possibilitará conhecer de maneira geral
as questões relacionadas à filosofia política, que foram discutidas pelos filósofos Hannah
Arendt e Michel Foucault.
Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla
escolha, relacionada com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar
conhecimentos e debater questões no Fórum de Discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
Contextualização
Para iniciar esta unidade, reflita sobre a questão do controle e da vigilância na sociedade
atual. Trata-se de uma reportagem sobre a atual tendência da sociedade de implantar sistemas
de câmera que permitem a vigilância das pessoas.
A era da vigilância
Embora não haja dados disponíveis, estamos observando nos últimos
anos uma forte disseminação das tecnologias de vigilância eletrônica no
mundo inteiro. O Brasil, e particularmente, o Estado de São Paulo, não foge
à regra de um sistema de vigilância que confunde as esferas da segurança
pública com a privada. Cada vez mais, na verdade, os gastos privados (de
empresas e de particulares) vêm se ampliando, fazendo face ao também
crescente gasto público com segurança. As câmeras de vigilância já eram
realidade em várias cidades do mundo, mas, após os ataques de 11 de
setembro, a vigilância eletrônica tornou-se uma verdadeira febre mundial,
em parte pelas possibilidades quase ilimitadas das tecnologias digitais. O
jornal Folha de São Paulo, de 11/09/2002, mostrou essa disseminação
nos EUA, com câmeras de vídeo sendo instaladas em Washington e Nova
York para “deter terror’. O ápice da sociedade vigiada norte-americana
é o projeto de construção de muro virtual contra imigrantes, formado
por sensores, câmeras e outros equipamentos eletrônicos, com o objetivo
de aumentar a vigilância nos seus 12 mil km de fronteira comum com o
México e o Canadá. Em matéria de 10/07/2007, a Folha de São Paulo
afirma que a cidade de Londres é uma das mais vigiadas do mundo, pois
conta com cerca de 4,2 milhão de câmeras nas ruas.
Fonte: http://observatoriodeseguranca.org/seguranca/cameras
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Pensamento Político Contemporâneo: algumas questões
Nascida em 1906, na Alemanha, de origem judaica, aos 18 anos Hannah Arendt ingressou
na Universidade de Marburg para estudar filosofia. Nessa época, conheceu o filósofo Martin
Heidegger, que a teria influenciado na maneira de ver a filosofia não somente como algo
erudito, mas algo diretamente ligado à realidade. Hannah não se considerava uma filósofa, mas
sim uma cientista política.
Arendt foi uma testemunha ocular da história, pois, por sua condição de judia, sofreu os
horrores do nazismo, saindo da Alemanha em 1933. No início da Segunda Guerra Mundial, a
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
França era uma aliada, mas, quando os alemães a invadiram, em maio de 1940, os franceses
mandaram os judeus para campos de concentração. Passou um tempo no campo de concentração
de Gurs, mas logo conseguiu fugir, graças ao visto que conseguiu para ir os Estados Unidos.
Ficou sem cidadania por dezoito anos. Se estabeleceu em Nova York, se tornando jornalista e
professora da New School of Social Research.
Com o fim do nazismo, instauraram-se tribunais a fim de julgar os crimes praticados
contra os judeus.
Acredita-se que aproximadamente seis milhões de judeus morreram no Holocausto. Logo após o fim
da guerra, os nazistas foram levados a julgamento para responder pelos crimes cometidos contra a
humanidade. O Julgamento de Nuremberg foi estabelecido pelo Tribunal Militar Internacional para
julgar os 24 principais criminosos da Segunda Guerra Mundial. Eichmann foi julgado em Nuremberg,
mas conseguiu evitar a sua prisão.
Em 1960, o serviço secreto de Israel capturou um chefe nazista e o levou para ser julgado
em Jerusalém. Ele estava foragido em Buenos Ayres. Se tratava de Adolf Eichmann, chefe da
Seção de Assuntos Judeus no Departamento de Segurança de Hitler. Estudiosos afirmam que
a fuga de Eichmann da Alemanha para a América do Sul, foi viabilizada pelo Vaticano, através
da Cruz Vermelha.
Em 1961, foi convidada, como jornalista da Revista New Yorker, a ir a Jerusalém cobrir o
julgamento. Nessa época, já possuía um certo reconhecimento acadêmico e intelectual, por ter
escrito As Origens do Totalitarismo (1961), um dos livros mais importantes do século XX.
Filósofa e vítima do racismo antissemita, Hannah Arendt tornou-se um dos grandes nomes do
pensamento político contemporâneo por seus estudos sobre os regimes totalitários e sua visão crítica
da questão judaica. A liberdade, o abandono das tradições culturais e a administração tecnocrática da
sociedade foram alguns de seus temas principais. Por exemplo, em Origens do Totalitarismo, obra pela
qual se tornou conhecida e respeitada nos meios intelectuais, Hannah Arendt descreve o fenômeno
totalitário como uma forma de dominação própria da Modernidade, baseada na organização
burocrática das massas, na ideologia, na propaganda e no terror. Como exemplos, a autora cita os
desdobramentos da utopia socialista em suas versões nazista e stalinista. Na raiz do totalitarismo situa
o antissemitismo moderno, manipulado como instrumento de poder, e o imperialismo surgido nos
países europeus no século XIX. (PEREIRA, p.21).
Ela foi a primeira a escrever sobre o Terceiro Reich sob o contexto da civilização ocidental.
Dessa experiência nasceu um livro Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do
mal de 1963. O livro causou muitas polêmicas e a filósofa foi muito criticada, perdendo prestígio
no mundo intelectual tanto em Israel quanto na Europa e nos Estados Unidos. Foi acusada de
não amar o povo judeu.
Na ocasião do julgamento, sentado dentro de uma jaula de vidro para proteger as pessoas
que acreditavam que ele era um monstro, Adolf Eichmann foi considerado por Arendt um hosti
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humani generis (um inimigo do gênero humano), ou seja, um burocrata criminoso que realiza
assassinatos em massa dentro de um sistema totalitário.
[...] Eichmann ocupou-se ativamente das possibilidades de transferir os judeus para o leste e,
em 1937, empreendeu uma viagem para compreender que concretas perspectivas havia para a
realização desse plano. Depois da Anschluss (anexação da Áustria ao Grande Reich Alemão), dirigiu
em Viena o organismo que administrava a emigração judaica. A partir de outubro de 1939, foi o
diretor, em Berlim, do escritório central para a emigração. Graças a esses encargos, tinha adquirido
grande experiência sobre a expulsão e a deportação dos judeus. Em dezembro seguinte, tornou-
se responsável pela seção IV b4 (questões relativas à evacuação dos judeus) no escritório central
para a segurança nacional e, portanto, foi o principal responsável pela gestão das deportações dos
judeus na Europa ocupada. Em março de 1944, Eichmann foi enviado à Hungria, onde organizou
a deportação dos judeus húngaros para Auschwitz. Não resta dúvida, portanto, que Adolf Eichmann
foi um dos responsáveis pela logística da “Solução Final”, um eufemismo para designar o extermínio
de indivíduos considerados indesejáveis para o III Reich. (PEREIRA, p.20).
Eichmann alegava que, como burocrata, somente executava tarefas e não atribuía a si a
responsabilidade por seus atos. Ele seria uma vítima que não mereceria punição e seu único
erro seria o de obedecer e seguir leis, tomar decisões administrativas, executando de maneira
correta o dever de encaminhar milhares de judeus para a morte. Ou seja, acreditava que não tinha
exterminado os judeus. Ele se autodefinia como um bom cidadão dentro de um Estado assassino.
Considerava-se um servo obediente do Estado nazista, tendo, portanto, que obedecer às
ordens do Fuhrer. Analisado por psicólogos, foi diagnosticado como alguém normal. Era um
bom pai de família, um filho exemplar e um irmão dedicado.
Diante desse quadro, Arendt chegou à conclusão que Eichmann era um homem comum,
como muitos outros e incapaz de pensar e entender o ponto de vista do outro. E iniciou um
estudo sobre os atos maus, cometidos em grande escala, fugindo assim das interpretações e
análises explicativas tão comumente difundidas sobre o mal. Assim, o mal não poderia ser
explicado como uma fatalidade, mas sim caracterizado como uma possibilidade da liberdade
humana (ANDRADE, 2010, p.111).
No entanto, Hannah Arendt contou que ficou pasma quando o viu e ouviu falar. A imprensa e
o promotor haviam-no apresentado como um inimigo patológico dos judeus, um sádico mórbido,
um monstro de depravação. Ao vê-lo, ela rapidamente se convenceu de que ele não era nada disso.
Segundo ela, ele não era louco, pois sabia perfeitamente que enviara à morte um número imenso
de judeus. Mas perdera toda capacidade de distinguir entre o bem e o mal. (PEREIRA, p.21).
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
A Banalidade do Mal
O mal é banal, não é comum, mas é vivenciado como se fosse, é extremo e não tem
profundidade. Por ser raso, se espalha rapidamente na massa de cidadãos que não refletem,
não pensam e não dão significado aos acontecimentos e aos próprios atos. Já o bem tem
profundidade e pode ser radical.
Sem dúvida, os juízes tiveram razão quando disseram ao acusado que tudo
o que dissera era “conversa vazia” – só que eles pensaram que o vazio era
fingido, e que o acusado queria encobrir outros pensamentos, que embora
hediondos, não seriam vazios. Essa ideia parece ter sido refutada pela
incrível coerência com que Eichmann, apesar de sua má memória, repetia
palavra por palavra as mesmas frases feitas e clichês semi-inventados
(quando conseguia fazer uma frase própria, e a repetia até transformá-la
em clichê) toda vez que se referia a um incidente ou acontecimento que
achava importante. [...] o que ele dizia era sempre a mesma coisa, expressa
com as mesmas palavras. Quanto mais se ouvia Eichmann, mais óbvio
ficava que sua incapacidade de falar estava intimamente relacionada com
sua incapacidade de pensar. (ARENDT, 2000, p. 62-63).
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Diálogo com o Autor
Assim, Eichmann foi incapaz de pensar. Tinha uma vida monótona, insignificante e
inconsequente. Foi a irreflexão que o levou a ser um dos maiores criminosos do século XX. Era
um servo tolo de Hitler.
De qualquer forma, a partir do exemplo de Eichmann, ela alertava que a propensão dos seres humanos
a fazer parte de um grupo, a se identificar, aderindo impensadamente a idéias, opiniões e “deveres”
pode levar ao cometimento de males inseparáveis. O pertencimento, ao exigir o alinhamento, só
se realiza às custas do desrespeito, do ódio e da destruição do “diferente”. A adesão a opiniões da
maioria ou de um grupo carrega consigo a possibilidade de matar. Convencido de que cumpria
um dever, Eichmann seguiu ordens e deixou de pensar por si próprio. Seria essa a “banalidade do
mal”. Segundo Hannah Arendt, o desumano se esconderia em cada um de nós. Continuar a pensar
e interrogar a si próprio, os atos, as normas, é a única condição para não ser tragado por esse mal.
(PEREIRA, p.21).
Psicólogo e filósofo de formação, Michel Foucault, foi um dos mais famosos pensadores da
pós-modernidade.
De maneira geral, podemos citar como características da sociedade pós-moderna: o alto nível de
tecnologia, o bombardeio de informações, o consumo exacerbado, o predomínio da imagem, a falta
de uma visão totalizadora da realidade, a falta de sentido da vida fora do consumo, o que causa um
esvaziamento do sujeito.
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
O ambiente pós-moderno significa basicamente isso: entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos
de comunicação, ou seja, de simulação. Eles não nos informam sobre o mundo; eles o refazem à sua
maneira, hiper-realizam o mundo, transformando-o num espetáculo. (SANTOS, 2012, p. 13-14).
Nascido em Poitiers, na França, em 1926, Foucault pertenceu a uma família de classe média
alta formada por vários médicos.
Abordou temas inéditos no campo das ciências humanas. Estudou as relações entre poder
e saber, as instituições sociais, a loucura, as doenças mentais e como a sociedade moderna se
relacionava com elas. Foi uma das primeiras vítimas famosas da AIDS, vindo a falecer em 1984.
Sofreu por sua opção sexual, tentando o suicídio várias vezes. Foi mundialmente conhecido,
com uma grande presença nos meios de comunicação. Possui um pensamento transversal,
passando pelos campos: Filosofia, História, Sociologia, Direito e Psicologia. Foi professor
de filosofia e pesquisador. Viajou o mundo tudo, tendo lecionado em várias universidades e
realizado palestras. Várias vezes, esteve no Brasil, onde realizou conferências, sobretudo na
PUC do Rio de Janeiro.
Ele se propôs a fazer uma arqueologia do saber, ou seja, investigar as estruturas do saber
que marcaram cada época do pensamento a fim de entender a cultura, a prática de vida e
o pensamento em determinado período. Concluiu que as estruturas do saber alternam-se,
sucedem-se, afirmam-se e entram em decadência, sem que haja um final pré-determinado.
As ideias aqui apresentadas se encontram nos livros Vigiar e Punir e Microfísica do Poder.
O Poder
Foucault estudou o poder e seu exercício sobre a vida das pessoas, ou em suas palavras, a
estatização da vida biológica. Pensou o poder não somente no âmbito estatal, mas também dentro
das instituições como a escola, o exército, o hospital, os manicômios e hospitais psiquiátricos. Se
interessou também pelas formas de controle exercidas pelas instituições sociais e suas pesquisas
o levaram a uma abordagem inovadora sobre esses temas.
O senso comum acredita que o poder é algo que alguém possui: uma instituição, um indivíduo.
Foucault não acreditava que o poder era originado de uma única fonte controladora: ele seria
exercido em várias direções, todos os dias, em diferentes níveis, permeando toda a sociedade, e
se espalhando pelo tecido social. Além disso, essa ação do poder não seria sempre repressora,
ela poderia estar relacionada com a criação.
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Diálogo com o Autor
[...] uma das primeiras coisas a compreender é que o poder não está localizado no aparelho de
Estado e que nada mudará na sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo, ao
lado dos aparelhos de Estado a um nível muito mais elementar, quotidiano, não forem modificados.
(FOUCAULT, 1979, p. 149-150).
Assim, o poder se torna algo negativo, que proíbe, que interdita, que oprime e também
algo produtivo, que produz saberes, que produzem poder para manter e perpetuar as próprias
relações de poder. Assim, saber e poder estão intimamente relacionados.
Crítico da Modernidade, acreditava que os homens são livres e não estão totalmente subordinados
ao poder, podendo realizar uma vida autônoma e plena de sentidos para eles mesmos.
Biopoder e Biopolítica
Biopoder é um nome geral que se atribui à ação do Estado sobre o indivíduo, um poder
disciplinar, que torna o corpo dócil e produtivo. Tem por função a regulamentação da vida das
populações. Ou seja, é um poder que determina os modos de vida que alguém terá, vivendo
em sociedade. São mecanismos de controle da vida: a disciplina, por exemplo, que permite que
o poder se exercite.
O poder disciplinar tem por alvo a regulamentação da vida dos indivíduos e inclui uma
vigilância constante, uma perpétua pirâmide de olhares, que garantam a disciplina.
A política se transforma em domínio sobre a vida a partir do século XVIII. Nesse mesmo período,
nascem os saberes do Estado, como a Estatística, para que a população se torne dócil e produtiva.
Biopolítica é um termo muito usado em várias áreas, filosofia, direito e ciência política.
Significa tornar a atividade política uma ação de governo sobre a vida biológica dos indivíduos,
ou de uma população, ou espécie humana. Faz com que se controlem os corpos das pessoas
e a população como um todo e, por meio do controle se promove a vida dos indivíduos e da
população. O Estado passa a ter como tarefa cuidar da vida das pessoas, controlando epidemias
e as obrigando a participar de certas instituições, como a escola por exemplo. Outro exemplo
de biopolítica seria a segurança pública.
Biopolítica é uma série de fenômenos, conjunto de mecanismos, aquilo que, na espécie
humana, vai entrar em uma estratégia política de poder. Resumindo, é o calculo que o poder
faz sobre a vida das pessoas, ou ainda é o controle que o governo, as instituições, tem sobre a
nossa vida e, sobretudo, sobre o nosso corpo.
Foucault se pergunta por que a biopolítica se tornou algo tão estruturado e como resposta
chega à conclusão de que há um excesso de governamento sobre os indivíduos. Outro problema
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
apontado por Foucault é o nosso gosto, o nosso prazer por obedecer, já que em nossa sociedade
a obediência muitas vezes é tida e é propagada como uma virtude. Chegou à conclusão de
que, quando obedecemos, a culpa será sempre do outro, assim podemos obedecer e nos
desresponsabilizar pelo o que acontece. Logo, precisamos entender a obediência não somente
pela perspectiva de quem manda, mas também de quem obedece.
Para o filósofo, o nazismo e o stalinismo, experiências que revelam um excesso de poder
sobre o outro, não são simples exceções na história do mundo ocidental. Também na
democracia existe quem governa e quem é governado. A lógica do nazismo e do stalinismo
continua presente na nossa vida.
A disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e constante dos indivíduos. Não
basta olhá-los às vezes ou ver se se o que fizeram é conforme a regra. É preciso vigiá-los durante todo
o tempo da atividade e submetê-los a uma perpétua pirâmide de olhares. (FOUCAULT, 1979, p. 106).
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Para exemplificar esse conceito Foucault utilizou um exemplo idealizado pelo filósofo inglês, um
dos pais do utilitarismo Jeremy Benthan: o panóptico. Ele foi criado para explicar como seria possível
de maneira ideal o controle de um poder central sobre uma população a ela subordinada.
A ideia seria que poderia haver um lugar onde poderíamos ser vistos, mas todas as pessoas
que estariam no entorno dessa estrutura de poder, poderiam ser vistas, sem ver.
Figura 1 – O panóptico de Benthan
O princípio é: na periferia, uma construção em anel; no centro, uma torre; esta possui grandes janelas que se
abrem para a parte interior do anel. A construção periférica é dividida em celas, cada uma ocupando toda
a largura da construção. Estas celas têm duas janelas: uma abrindo-se para o interior, correspondendo às
janelas da torre; outra, dando para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de um lado a outro. Basta
então colocar um vigia na torre central e em cada cela trancafiar um louco, um doente, um condenado,
um operário ou um estudante. (FOUCAULT, 1979, p.210).
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Unidade: Pensamento Político Contemporâneo: Foucault e Hanna Arendt
Entretanto, a dominação além de ser do ponto de vista do poder é, também, uma dominação
do ponto de vista do saber. Criamos novos saberes que passam a conhecer melhor os indivíduos
(subjetividades, formas de vida, as suas maneiras de ser), saberes esses que hoje são conhecidos
como ciências humanas e que passam a ter um conhecimento muito grande sobre o que se
passa na vida das pessoas.
Para Pensar
Como se manifestaria o panóptico em sua forma virtual? Poderíamos pensar nos mecanismos de
vigilância que atuam sobre as redes sociais? Em que medida isso afetaria a nossa vida?
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Material Complementar
Explore
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, leia as seguintes
obras e assista aos seguintes filmes:
Livros
·· Origens do Totalitarismo e Eichmann em Jerusalém: a banalidade do mal, de
Hannah Arendt.
·· História da sexualidade (Vol. I) e Microfísica do Poder, de Michel Foucault.
·· 1984, de George Orwell.
Filmes
··Hannah Arendt, de Margareth Von Trota.
··The Truman Show, com Jim Carey.
··Arquitetura da Destruição.
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Referências
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 37. Ed, Trad. Raquel Ramalhete.
Petrópolis: Vozes, 2009.
SANTOS, J.F. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 2012. Coleção primeiros passos.
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Anotações
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