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Disciplina: Produção para Indústria Criativa

Aula 9: Redes sociais - conectar, compartilhar, existir no


mundo digital
Apresentação

As redes sociais não foram inventadas pela internet. Elas existem desde que o ser humano começou a viver em comunidade
e precisou estabelecer modelos de interação.

Mas as redes sociais na internet, por causa da internet, não só levaram a interação social a outro nível e dimensão
(literalmente) como visibilizaram essas dinâmicas já existentes, permitindo-nos tirar melhor proveito delas, ao mesmo tempo
em que criaram dinâmicas novas entre indivíduos, marcas, empresas, governos, celebridades e até mesmo entre indivíduos e
coisas, robôs, inteligência artificial.

Nesta aula, vamos entender o que é uma rede social digital, sua evolução histórica, seus elementos e conceitos, o que são
mídias sociais nesse contexto, como se relacionam, sua estrutura e como fazem parte do cotidiano da sociedade na era da
internet.

Objetivos

Reconhecer a linha do tempo da evolução das mais importantes redes sociais;

Listar as diferenças e semelhanças entre redes sociais e mídias sociais;

Definir os conceitos estruturais de redes sociais na internet e os valores referentes ao capital social nas redes sociais.
Redes Sociais, mídias sociais: o que é e o que não é?
De uma maneira geral, teóricos e profissionais do mercado de comunicação e marketing tendem a usar mídias sociais e redes
sociais como sinônimo. De um modo geral, no Brasil, o uso do termo mídia social é reforçado pelo termo equivalente em inglês
(social media) e usado prioritariamente num contexto de trabalho de marketing de comunicação, ou quando se está referindo aos
potenciais midiáticos da mídia-rede social em questão, enquanto o termo redes sociais tende a ser usado quando vamos nos
referir aos sites-plataformas de relacionamento com foco no seu contexto de relações pessoais e troca de informações.

Para exemplificar essa ideia, vamos contrapor as duas frases a seguir:

Cada vez mais as empresas incluem as mídias sociais nos seus planos de
investimento em comunicação e nas estratégias de marketing e vendas.

Cada vez mais as pessoas utilizam as redes sociais para se conectarem, no ambiente
digital, com as pessoas com que convivem diariamente, bem como para se reconectar
com antigos amigos e colegas de trabalho ou estudo e para criar novas conexões e
relacionamentos a partir da própria rede com pessoas que ainda não conhecem
pessoalmente.

Como podemos perceber, em ambos os casos os termos poderiam ser intercambiáveis, porém soam mais precisas e adequadas
quando usadas assim nesses dois contextos.

As mídias sociais se definem, antes de tudo, a partir de sua comparação com as tradicionais mídias de massa, tendo na televisão
seu melhor exemplo. Uma mídia social representa um novo modelo de comunicação que se realiza entre indivíduos, empresas e
instituições através de diferentes formas de comunicação e interação direta e num ambiente digital, online.

Considerando que a comunicação em massa tradicional se caracteriza por um modelo linear e unilateral de comunicação, na qual
o emissor da mensagem fala e o receptor ouve, numa hierarquia e relação de poder preestabelecida e sem a possibilidade que
ambos simultaneamente troquem esses papéis, temos na mídia social uma configuração em rede, com vários canais abertos de
mão-dupla, onde emissor e receptor alternam seu papel numa mesma interação, estabelecendo diálogo, troca, e novas relações
de poder midiático.

Outras duas características importantes desse novo modelo, que representam dimensões que não existiam e/ou eram
desprezadas nas mídias de massa, são:
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A comunicação ampliada 

Castells (2003) ilustra que a internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos
com muitos, num dado momento, e em escala global.

A convergência 

Jenkins (2008) chamou de cultura da convergência, onde as velhas e as novas mídias colidem, onde a mídia corporativa e a
mídia alternativa se cruzam, onde o poder de produtor de mídia e o poder de consumidor interagem de maneiras
imprevisíveis.

Em seu livro Gestão de Mídias Sociais, a autora Camila Gino Almeida Costa organiza esses dois conceitos de maneira bem
didática:

Mídias Sociais X Redes Sociais

Mídias sociais Redes sociais

O compartilhamento é a chave das mídias sociais. O relacionamento é a chave das redes sociais.

Mídias sociais podem ser definidas como um “superconjunto”, Redes sociais podem ser tomadas como uma “categoria” das
como bem situa David Meerman Scott em Marketing e mídias sociais, como indica André Telles em A revolução das mídias
comunicação na era digital (2013), obra que abrange as várias sociais (2010, p. 17):

mídias usadas para a comunicação de forma compartilhada – no

caso, por meio de canais digitais:


“Várias pessoas confundem os termos redes sociais e mídias

sociais, muitas vezes usando-os de forma indistinta. Eles não
“Apenas como esclarecimento, note que há dois termos que soam significam a mesma coisa”.
semelhantes aqui: mídias sociais e redes sociais. Mídia social é o
superconjunto e é como nos referimos às várias mídias que as
pessoas usam para se comunicar online de forma social”.

Mídias sociais compreendem o conceito amplo de meios de As redes sociais estão no grupo dos sites de relacionamento. O
comunicação que permitem e facilitam o compartilhamento. principal foco das redes sociais é, dessa forma, criar um ambiente
favorável à interação social.

As redes sociais, voltadas essencialmente ao relacionamento, estão Redes sociais têm perfis sociais. Como bem coloca Scott (2013, p.
inseridas no contexto das mídias sociais, mas não só nelas. Como 44, grifo do original):

define Scott (2013, p. 44):



“Um subconjunto da mídia social é a rede social, termo que uso
“Mídias sociais fornecem maneiras para as pessoas partilharem para me referir à interação das pessoas no Facebook, no Twitter, no
ideias, conteúdo, pensamentos e relações online. Diferem da mídia LinkedIn, no MySpace e em sites semelhantes. A rede social ocorre
tradicional, porque qualquer um pode criar, comentar ou quando pessoas criam um perfil social e interagem para se tornar
acrescentar algo aos conteúdos na web. As mídias sociais podem parte de uma comunidade, formada por amigos e pessoas que
ter a forma de texto, áudio, vídeo, imagens e comunidades”. pensam semelhantemente, e para partilhar informação”.

Vale destacar, como reforça Scott (2013), que as mídias sociais são Não se trata de um enquadramento estático: com a difusão de
muito mais do que suas tecnologias e ferramentas disponíveis. Elas novas tecnologias e a evolução do público, observa-se certa
podem se modificar, enquanto o conceito de comunicação tendência a uma “fusão de funcionalidades”, em um movimento que
envolvido permanece:
tende ao hibridismo. Nele, mídias sociais que, até então, não se

enquadravam no modelo de relacionamento, ganham ferramentas
“O melhor jeito de pensar sobre mídias sociais não é em termos de nesse sentido – e, com isso, podem, também, passar a ser
diferentes tecnologias e ferramentas, mas em como essas consideradas redes sociais. Em contrapartida, redes sociais
tecnologias e ferramentas permitem que você se comunique” estabelecidas vêm investindo na diversificação, em áreas de
(SCOTT, 2013, p. 44). produção de vídeos, RV, RA, inteligência artificial, entre outras, que
podem ampliar seu escopo.
Rede social e capital social
Uma outra abordagem importante das mídias sociais/redes sociais se dá através da análise de seus principais elementos
estruturais: atores e conexões. Essa abordagem se situa historicamente dentro de alguns ramos das ciências sociais que
estudam a sociedade como uma estrutura, sistema, rede e foi trazida para os estudos modernos das redes sociais em ambientes
digitais.

É assim que a autora Recuero (2009) apresenta a perspectiva da análise estrutural de


redes sociais em sua obra pioneira no Brasil a tratar do tema.

De um lado, temos o ator social, que pode ser tanto um blog, um perfil de uma pessoa ou de uma empresa dentro de uma
rede social, ou até mesmo alguém se conectando num site de notícias para fazer um comentário. De outro lado, as
conexões são para a autora um dos principais focos no estudo de redes sociais, pois conforme as conexões variam, elas
alteram as estruturas desses conjuntos de atores conectados entre si.

A partir daí surge a importância de se entender e definir interação – que pode ser reativa ou mútua – como algo que tem
a capacidade de estabelecer relações sociais, que ou podem se desmanchar rapidamente ou, quando se tornam vínculos
mais resistentes ao tempo, determinam a criação dos laços sociais.

Saiba mais

A autora apresenta também o conceito de capital social1 – que pode ser coletivo e individual – e é fundamental para o
entendimento das dinâmicas tanto na criação de conteúdos quanto na construção de relações e laços nas redes sociais.

Ainda sobre propriedades das redes sociais, a autora apresenta os comportamentos que já vimos anteriormente como padrões
que também se apresentam nas plataformas – centralizadas, descentralizadas, distribuídas.

Outro conceito importante é o do padrão de interação, que pode ser de cooperação, competição, conflito e ruptura – de novo,
conceitos que aparecem também quando tratamos dos modelos de interação e de negócios dentro da economia criativa.

No estudo da dinâmica de redes sociais, entretanto, cooperação, competição, conflito e ruptura estabelecem entre si muito mais
uma relação de complementaridade do que de oposição de valor.

Assim, ao invés de entendermos que cooperação é melhor do que competição, por exemplo,
dentro da dinâmica de redes elas na verdade são momentos diferentes: se de um lado
cooperação é o que define a própria existência da rede, o conflito é necessário para que a
rede evolua.
Já a competição aparece na rede nas dinâmicas de grupos/comunidades – que se trata de uma agregação ou clustering, em
torno do qual os atores se reúnem por compartilhar interesses e objetivos comuns – e está relacionado a busca de status, na
construção do capital social pessoal. Já a ruptura é uma condição relacionada ao fato de que existiria um número máximo de
conexões que um nó – agregação, cluster – poderia manter.

Outra dimensão das redes sociais que Recuero (2009) apresenta em seu livro são os conceitos de adaptação e auto-organização,
especialmente visível dentro de comunidades ou clusters. Diante das situações de conflito, por exemplo, é a auto-organização que
reestabelece a dinâmica.

No que se refere à diferenciação entre as redes sociais, a autora parte das definições propostas por Nicole Ellison e Danah Boyd
(2007), que definem redes sociais como sistemas que permitem:

1 A construção de uma persona através de um perfil ou página pessoal.

2 A interação através de comentários.

3 A exposição pública da rede social de cada ator.

Saiba mais

A autora ainda classifica as redes sociais como site (eu usaria aqui plataformas) que se apropriam, absorvem ou utilizam
dinâmicas de redes sociais das redes sociais propriamente ditas. Esse último tipo seria, por exemplo, o Facebook, porque ele tem
foco na conexão e no relacionamento dos atores. Já o YouTube, por exemplo, tem foco na produção e publicação de conteúdo,
mas usa a mesma estrutura de compartilhamento e conexão das redes sociais.

Isso nos leva de volta às diferenciações entre redes sociais e mídias sociais. Unindo os conceitos organizados por Costa (2017)
nos quadros-gráficos anteriores, e as conceituações de Recuero (2009), podemos dizer que redes sociais são, por exemplo,
Facebook (e o antigo Orkut), o LinkedIn, enquanto o YouTube, Twitter, Instagram são mídias sociais com maior ou menor
dinâmicas, recursos e funcionalidades de rede social.

Lembrando, obviamente, um princípio quase natural da internet e das redes sociais: a plataforma foi feita para uma coisa, mas é o
usuário que acaba não só estabelecendo seus usos, como criando novos e forçando as plataformas a (se) adaptarem recursos e
funcionalidades conforme demanda do usuário.

Esse princípio também faz com que as plataformas de mídias sociais e de redes sociais
absorvam funcionalidades uma das outras, criando, para o bem e para o mal, uma certa
uniformidade na aparência e nos recursos delas.
Foi o que aconteceu com a hashtag do Twitter, que da mesma maneira que o emoticon, se tornou é um elemento de linguagem
que hoje faz parte de qualquer conteúdo, esteja ele na mídia social ou na rede social. O mesmo aconteceu com os stories e sua
impermanência, que nasceu no snapchat e virou um elemento de linguagem/formato presente em todas as redes e mídias
sociais.

A seguir, criamos uma galeria contendo alguns dados importantes sobre as redes sociais:
A história das redes sociais – e o que elas foram mudando no
caminho
Conectar e compartilhar, eis a natureza e a vocação das redes
sociais online. Antes dos primeiros sites e plataformas de
redes sociais aparecerem, as pessoas já se conectavam e

compartilhavam na internet através de chats (ICQ, bate papo


UOL), e-mails e fóruns de discussão.


Adaptado de: Kemp, 2017, p. 46. Tradução nossa.

A seguir, veremos um breve histórico sobre as redes sociais de forma específica:


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Six Degrees – 1997 

O primeiro site de rede social do mundo: Six Degrees. Para a época, ele até possuía funcionalidades bem próximas às redes
sociais de hoje – criação de perfil, lista de amigos, bate-papo integrado – mas um pequeno fato impediu que eles fossem
adiante: em 1997 apenas 2% da população mundial acessava a internet, ainda por internet discada. Foram obrigados a
fechar as portas em 2001.


Disponível em: https://interestingengineering.com <https://interestingengineering.com/ a-chronological-history-of-
social-media> .

Mas seu nome é uma referência importante: a Teoria dos Seis Graus de Separação, desenvolvida pelo psicólogo Stanley
Milgram, afirma que qualquer pessoa no planeta está distante de outra, mesmo desconhecida, numa distância de apenas 6
graus de separação – e isso ajuda muito a entender a dinâmica das redes sociais.
LinkedIn – 2002 

Entre e o início e fim da Six Degrees nada aconteceu – fora o estouro da bolha da internet. Até que, em 2002, surge o
LinkedIn. Em outras palavras, a primeira rede social da web 2.0 foi uma rede social focada em construção de
relacionamentos e conexões profissionais.


Perfil atual de um dos fundadores do LinkedIn

Fonte: https://www.linkedin.com/ <https://www.linkedin.com/in/konstantin/> . Acesso em: 2 maio 2019.

Obviamente, mudou o mundo dos recursos humanos e começou a definir o jeito das pessoas utilizarem as redes sociais
para construírem para a sua dimensão profissional seus valores de capital social, como vimos acima – especialmente
visibilidade, reputação e autoridade. O LinkedIn é a rede social mais antiga que existe em operação, há 17 anos, e possui hoje
mais de 100 milhões de usuários.
Friendster – 2002 

Nos anos 2000, o Friendster ganha o posto de nova primeira rede social do mundo. O paradigma mais sensível para as
pessoas era o olha quantos amigos eu posso ter – e, pela primeira vez, para o usuário comum, a chance de tornar tangível e
visível a ideia da aldeia global de McLuhan, ou ao menos a própria ideia da globalização.

A seguir, veremos um breve histórico sobre as redes sociais de forma específica:


Tela de login do Friendster em 2004

Disponível em: https://www.wired.com/2013/02/friendster-autopsy/.

Diferente do que aconteceu com o Six Degrees, em 2002 a banda larga já começava a se tornar comum, o número de
usuários globais da internet já era de 500 milhões de pessoas e em poucos meses o Friendster chega a 3 milhões de
usuários.
MySpace – 2003 

Para o brasileiro, o MySpace é lembrado com uma rede social que girava em torno de música. Para o americano, ela é a rede
que substituiu e desbancou o Friendster.


Fonte: https://www.cbsnews.com/pictures/then-and-now-a-history-of-social-networking-sites/7/
Orkut – 2004 

O Orkut é a rede social que fez os brasileiros aprenderem e adotarem definitivamente as mídias sociais. O Orkut está para a
internet brasileira assim como o MySpace esteve para o americano e o Facebook para o mundo todo. Lançado em 2004, o
Orkut se manteve a rede social mais usada no Brasil até 2011, quando só então o Facebook o ultrapassou em número.
Foram 7 anos de reinado e chegou a ter 300 milhões de usuários.


Fonte: Orkut.com

A partir do Orkut, o Brasil se tornou um dos maiores heavy-users de redes sociais do mundo – hoje ocupa o primeiro lugar do
mundo como o país que passa mais tempo conectado em redes sociais (ver gráfico abaixo). Mas a partir de 2011, o
Facebook ficou muito forte no Brasil e o Orkut foi esvaziando até encerrar suas atividades oficialmente em 2014 – deixando
saudades.

O Orkut foi fundamental para estabelecer a cultura digital do brasileiro. Foi no Orkut que o usuário brasileiro entendeu e
absorveu o conceito de comunidades, de meme, e começou a exercitar as dinâmicas de relacionamento digital, de
construção de capital social, entre outros. Para saber mais sobre o assunto, assista a este vídeo
<https://www.youtube.com/watch?v=xHC2m3Ii3_M> e relembre (ou conheça) a história do Orkut.
Facebook – 2004 

Ainda como estudante em Harvard, Mark Zuckerberg lança com alguns colegas o Facebook, inicialmente para ser uma rede
social digital de estudantes universitários, com foco em Harvard, e depois se popularizando entre as maiores e mais
importantes universidades americanas, mas ainda baseada em indicação e convites.


Tela original de acesso do Facebook (The Facebook) em 2004

Disponível em: https://www.midiatismo.com.br/como-era-a-primeira-tela-do-google-e-do-facebook-youtube-twitter-veja-aqui. Acesso em: 2 maio 2019.

Foi só em 2005 que ele passou a ser aberto ao público em geral, quando pessoas de qualquer parte do mundo podiam se
cadastrar, o que fez a plataforma se espalhar entre usuários em toda a América do Norte, Europa e Oceania, primeiramente
nos países anglófonos – cuja língua nativa era o inglês.

Só chegou ao Brasil em 2006. E olha o tamanho do Facebook em 2019: no Brasil são mais de 130 milhões de usuários, ou
seja, estão no Facebook 90% dos usuários de internet no Brasil (que somam hoje 149 milhões) e mais de 60% da população
brasileira (que é hoje de 211 milhões). E em todo mundo, são mais de 2 bilhões de usuários, quase 30% da população do
planeta. Um caminho e tanto em 15 anos de história.
Veja a trajetória do Facebook:

• Fevereiro de 2009: o Facebook apresenta o botão de Like/Curtir – que imediatamente vira uma das mais importantes
ferramentas de atribuição de valor a conteúdo e capital social ao usuário que criou ou compartilhou o conteúdo;

• Maio de 2009: Nos EUA, o Facebook supera o Myspace em número de usuários;

• Abril de 2004: é lançado o recurso do Facebook Ads;

• Setembro de 2006: O newsfeed do Facebook vai ao ar. A plataforma começa a executar sua estratégia de coletar
informações (e controlar) o que os usuários leem e compartilham;

• Abril de 2012: Facebook adquire o Instagram por US$ 1 bilhão;

• Outubro de 2012: o Facebook chega a 1 bilhão de usuários ativos e nós chegamos à verdade inconveniente que uma
empresa detém o controle de um dos canais de comunicação mais importantes do planeta e coleta dados de interesse,
comportamento e consumo de 1/7 de todos os habitantes do mundo;

• Março de 2018: o mundo descobre que uma empresa chamada Cambridge Analytica tinha coletado, nos últimos anos,
dados de usuários do Facebook sem a autorização deles, e usado esses dados para fins políticos – e que o uso desses
dados tinha definido o resultado das últimas eleições para presidente nos EUA. As ações do Facebook despencam. No fim
desse mesmo ano, essa mesma empresa é contratada para a campanha de presidente da república do candidato que
venceu as eleições no Brasil.

Hoje, o Facebook é a principal rede social em 153 dos 167 países que usam redes sociais ​(92% do planeta), e só encontra
concorrência direta em três redes sociais:

• VK (VKontakte) – rede social;

Flickr – 2004 
• Odnoklassniki (parte do mesmo grupo Mail.ru) – em territórios russos;

• QZone – na China.
O Flickr foi lançado como uma grande plataforma de conteúdo fotográfico (e não mais como as opções anteriores que eram
blog de fotos/fotologs) para publicação, organização de álbuns e compartilhamento de fotos. As câmeras digitais viram uma
febre e todo mundo descobre que pode ser fotógrafo. Além dos perfis pessoais, seja de fotógrafos amadores do mundo
todo, sejam dos profissionais, o Flickr se mostrou uma ferramenta muito útil para colecionar e organizar álbuns de fotografia,
especialmente como repositório fotográfico corporativo e de assessorias de imprensa.


Flickr do MIAD - Milwaukke Institute of Arte & Design

Disponível em: https://www.miad.edu/get-involved/social/flickr. Acesso em: 2 maio 2019.


Reddit – 2005 

Quando nasceu, o Reddit poderia ser definido como um site de notícias de votação social, mas com a popularização de likes
e dislikes em todas as redes sociais, qual rede não é? Mas é no Reddit onde nasce ou se propaga as coisas novas da
internet, especialmente sobre a internet. Onde também nasceram, provavelmente, as modernas regras e etiquetas da internet
– as boas e as ruins – e onde o Tribunal da Internet entrou em sessão pela primeira vez. No seu lado luminoso, nascem os
memes. No seu lado escuro, nascem os discursos de ódio.

• Para garantir a (boa) convivência, o site <https://www.reddit.com/wiki/pt-br/reddiquette> mais irado da internet teve de criar
uma Reddetiquetta – que inclui memes proibidos.

• Para conhecer melhor o Reddit, ouça a rápida palestra do seu fundador: Como fazer para ser popular nas mídias sociais
<https://www.ted.com/talks/alexis_ohanian_how_to_make_a_splash_in_social_media?referrer=playlist-
the_power_of_social_media&language=en> .
YouTube – 2005 

O YouTube nasce e o quadro de videocassetadas do domingo à tarde no Faustão começa ver seu reinado ameaçado. Em
outubro de 2006, o YouTube é adquirido pelo Google por US$ 1,65 bilhão.


Disponível em: https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/advertising-channels/vídeo/youtube-teens/. Acesso em: 2 maio 2019.

O YouTube é um capítulo importante na história das redes sociais e da comunicação em tempos de internet pois ele é a
primeira mídia social no modelo plataforma de streaming a se contrapor a modelo clássico da televisão e seus hábitos de
consumo, especialmente entre as novas gerações.
Twitter – 2006 

Twitter é lançado: essa mistura de estrutura de linha do tempo de (micro) blog, com newsfeed de rede social e velocidade de
aplicativo de bate-papo o transforma na plataforma predominante do jornalismo cidadão, da viralização de notícias e memes
e das disputas políticas. O twitter foi disruptivo nas eleições do Obama e foi tão definitivo nas eleições do Trump quanto o
WhatsApp nas eleições do Bolsonaro.

• Agosto de 2007: A hashtag (#) estreia no Twitter. A partir dela, a indexação de posts e a definição dos Trending Topics
adicionam elementos de linguagem, de diferenciação e valorização de notícias e temas à dinâmica de interação e
compartilhamento na rede;


Disponível em: https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/advertising-channels/vídeo/youtube-teens/. Acesso em: 2 maio 2019.

• Dezembro de 2012: o Twitter atinge 140 milhões de usuários ativos.

Leia o prefácio do e-book colaborativo: Tudo o que você queria saber sobre o Twitter.
<//portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012578.pdf>

Como podemos ver, mesmo tendo sido publicado há 10 anos, e mesmo com tantas mudanças da plataforma, as
explicações (e as dúvidas) sobre o que é o Twitter continuam as mesmas.
Spotify – 2008 

Spotify é lançado. Começa um novo round na reinvenção da indústria da música.

Pinterest – 2010 

O Pinterest vai ao ar. A plataforma nasceu inspirada naqueles quadros (de cortiça, metal etc.) que as pessoas têm em seus
escritórios e quartos para pregar fotos e imagens inspiracionais e de seus temas de interesse – daí o nome pin + interest.

Uma plataforma-rede social para quem queria mostrar muito sem precisar escrever tanto, que nesse aspecto preparou o
terreno para seu colega-concorrente Instagram, que nascia logo em seguida. Ele se tornou muito importante num dos
aspectos mais interessantes das redes sociais no processo de vendas das empresas, especialmente o varejo – a pesquisa
online pré-compra e a recomendação de produtos.

Em 2012, o Pinterest foi a rede social que mais encaminhou visitantes-consumidores para os sites de varejo. E é uma das
redes sociais com maior recorte de gênero: quase 90% de seus usuários são mulheres.

Instagram – 2010 

O Instagram é lançado em outubro e no natal já tinha 1 milhão de usuários. E a palavra selfie entrou definitivamente no
nosso vocabulário.

• Março de 2014: o Instagram alcança 200 milhões de usuários ativos. E a ostentação – inicialmente de pratos de comida,
depois de tudo – passa a ser um comportamento comum, incentivado e celebrado – para o bem e para o mal;

• Junho de 2016: o Instagram chega a 500 milhões de usuários.

Snapchat – 2011 

O Snapchat chega num timing perfeito: como o mundo inteiro está no Facebook, incluindo os pais e os parentes, os
adolescentes precisavam de uma rede social só para eles, de preferência com uma linguagem que os adultos não entendam.

• Fevereiro de 2013: no Snapchat são enviados 60 milhões de snaps por dia;

• Abril de 2015: o Snapchat alcança 100 milhões de usuários ativos;

• Setembro de 2015: o Snapchat apresenta o recurso de filtros em selfies e todo mundo pode ter orelhas e focinhos de
cachorro e glitter de arco-íris. Mais uma funcionalidade que vai ser absorvida em outras redes sociais como os snaps-
stories.

Saiba mais!
Disponível em: //midiaboom.com.br/wp-content/uploads/2010/11/historia-das-midias-sociais-blog-midia-boom.jpg <//midiaboom.com.br/wp-content/uploads/2010/11/historia-das-
 midias-sociais-blog-midia-boom.jpg> . Acesso em: 2 maio 2019.
Atividade
1. Leia o texto:

A amizade e o fundamento subjetivo das redes sociais

“Eu quero ter um milhão de amigos” é o famoso verso da linda canção “Eu Quero Apenas”, de Roberto Carlos. Adaptado aos nossos
tempos, o verso representa o anseio que está na base do atual sucesso das redes sociais. Desde que Orkut, Facebook, MySpace,
Twitter, LinkedIn e outros estão entre nós, precisamos mais do que nunca ficar atentos ao sentido das nossas relações. Sentido que
é alterado pelos meios a partir dos quais são promovidas essas mesmas relações.

O fato é que as redes brincam com a promessa que estava contida na música do Rei apenas como metáfora. O que a canção põe
em cena é da ordem do desejo cuja característica é ser oceânico e inespecífico. Desejar é desejar tudo, é mais que querer, é o querer
do querer. Mas quem participa de uma rede social ultrapassa o limite do desejo e entra na esfera da potencialidade de uma
realização que vem tornar problemática a relação entre real e imaginário. Se a música enuncia que “eu quero ter um milhão de
amigos”, ela antecipa na ala do desejo o que nas redes sociais é seu cumprimento fetichista. E o que é o fetichismo senão a
realização falsa de uma fantasia por meio de sua encenação sem que se esteja a fazer ficção? Torna-se urgente compreender as
redes sociais quando uma nova subjetividade define um novo modo de vida caracterizado pelo que chamaremos aqui de complexo
de Roberto Carlos.

Tal complexo se caracteriza pelo desejo de ter um milhão de amigos no qual não está contido o desejo de ter um amigo verdadeiro,
muito menos único. A impossibilidade de realização desse desejo é até mesmo física. Não seria sustentável para o frágil corpo
humano enfrentar “um milhão” de contatos reais. Na base do complexo de Roberto Carlos está a necessidade de sobrevivência que
fez com que pessoas tenham se reunido em classes sociais, famílias, igrejas, partidos, grêmios, clubes e sua forma não
regulamentada que são as “panelas”. Um milhão de amigos, portanto, ou é metáfora de canção ou é fantasmagoria que só cabe no
infinito espaço virtual que cremos operar com a ponta de nossos dedos como um Deus que cria o mundo do fundo obscuro de sua
solidão. Complexo de Roberto Carlos, de Rei, ou de Deus…

Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/complexo-de-roberto-carlos-2/ <https://revistacult.uol.com.br/home/complexo-de-roberto-carlos-2/> . Acesso em: 2 maio 2019.

No texto, a autora usa uma música famosa do cantor Roberto Carlos como metáfora para debater como acontece hoje a
construção das relações sociais a partir dos ambientes digitais, especialmente no contexto das mídias sociais e redes sociais
digitais.

Considerando os conceitos apresentados em aula sobre as dinâmicas entre os sujeitos que participam de uma rede social online,
o interesse das pessoas e a massiva adesão das redes sociais se deve ao fato que:

a) As conexões virtuais representam uma forma de relação interpessoal jamais vivenciada na realidade.

b) Os usuários de mídias sociais identificam que as relações mantidas no ambiente virtual são falsas.

c) Todas relações interpessoais construídas exclusivamente através das redes sociais digitais possuem laços fortes e se transformam em
amizades sólidas e perenes fora da internet.

d) Quem utiliza a rede social não percebe, a princípio, que pode existir ali uma confusão entre o real e o imaginário, fazendo com que
algumas pessoas possam acreditar e alimentar a ilusão de que todos os seus amigos virtuais são amigos de verdade.

e) Além da qualidade em si, a quantidade de conexões que temos nas redes sociais, ou amigos virtuais, são importantes porque implicam
em capital social, ou seja, impactam diretamente nos valores de visibilidade, reputação, popularidade e autoridade que são pilares das
dinâmicas de relações sociais segundo a teoria de redes sociais digitais.
2. Sobre a comunicação como dimensão do uso das redes sociais, marque a opção correta:

a) O capital social que se solidifica nos ambientes virtuais desestrutura as relações interpessoais mantidas fora desse universo.

b) As trocas mantidas nas redes sociais simbolizam a concretização de um projeto comunicativo idealizado por muitos usuários que se
consideram verdadeiros conhecedores da natureza humana.  

c) O nascimento do prosumidor, o usuário produtor-consumidor de conteúdo nas redes sociais fez surgir um novo tipo de repórter amador
multimídia, que de um lado é versátil e rápido, mas do outro é superficial e sem nenhuma ética jornalística.

d) Se, por um lado, as redes sociais facilitam o compartilhamento de conteúdo audiovisual, músicas, fotos, memes etc., por outro, ainda
existe uma limitação de números de caracteres por post, sejam em blogs ou nas próprias redes sociais, dificultando o compartilhamento de
textos e impactando na produção intelectual e crítica na rede.

e) Nas redes sociais, o capital mais importante não é o monetário, mas sim o capital social, a forma e a solidez como as pessoas
constroem e mantêm relacionamentos (conexões) baseadas em confiança e consistência, onde a criação e curadoria de conteúdo
compartilhado possui um papel fundamental para criar e fortalecer essas conexões.

3. Sobre a história das redes sociais, marque a resposta correta:

a) O Twitter foi criado para substituir o Snapchat, com a função mais veloz de divulgação de notícias que viralizavam em instantes.

b) O Instagram é uma rede social que mescla aplicativo de bate-papo com plataforma de jornalismo, em que se divulgam memes e notícias
de última hora. 

c) O LinkedIn não é uma rede muito conhecida por muitas pessoas, pois é voltada para contatos profissionais, mas é a mais antiga em
operação e a que mais cresce no mundo.

d) O Orkut ficou muito famoso no Brasil, pois foi criado por um brasileiro e depois foi adquirido pelo Google, o que fez a rede social a crescer
também fora do Brasil e ser a rede social mais usada no mundo antes do Facebook se popularizar.

e) Atualmente, o Facebook é a rede social mais usada no Brasil e no mundo, e mesmo com as acusações recentes de falhas na segurança
da rede e ameaça a privacidade de dados a percepção do público em relação a segurança e relevância do Facebook continua a mesma e a
marca continua no topo da lista das mais valiosas do planeta.

Notas

Capital Social 1

Os valores do capital social são quatro e são importantes não só nas dinâmicas pessoais, para indivíduos e seus personas na
rede, mas também para as marcas (empresas, perfis corporativos, comerciais), que são igualmente atores na rede:

• A visibilidade é primeiro e o valor mais fácil de se construir, obviamente, pelas próprias características intrínsecas da rede
(internet e redes sociais);

• A reputação depende da construção de relacionamento com outros nós (agentes) da rede, bem como da capacidade de se gerar
conteúdos/mensagens/impressões que persistam na rede;

• A popularidade é um valor mais próximo ao conceito tradicional de audiência - os nós ou atores de maior popularidade são os
nós conectores, ou seja, são ponto de conexão para outros nós e redes. Quanto mais conexões, mais popularidade;
• A autoridade, por outro lado, é um valor mais qualitativo, relacionado a capacidade que um nó, um ator, tem de influenciar a rede.
Referências

CASTELLS, M. A Galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

COSTA, C. G. A. Gestão de mídias sociais. Curitiba: Intersaberes, 2017.


JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

KEMP, S. Digital in 2018: world’s internet users pass the 4 billion mark. In: We are social. 2018. Disponível em:
https://wearesocial.com/blog/2018/01/global-digital-report-2018 <https://wearesocial.com/blog/2018/01/global-digital-report-
2018> . Acesso em: 6 maio 2019.

MARTINO, L. M. S. Teoria das mídias digitais: linguagens, ambientes, redes. Petrópolis: Vozes, 201.

RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.

Próxima aula

Mídia própria, mídia paga e mídia ganha;

Todos os Cs de Conteúdo;

Comunicação na era digital.

Explore mais

Acesse:

Reddit e a luta para desintoxicar a internet – como consertamos a vida online sem limitar a liberdade de expressão?
<https://www.newyorker.com/magazine/2018/03/19/reddit-and-the-struggle-to-detoxify-the-internet> ;

A mídia social falhou <https://medium.com/futuresin/social-media-has-failed-b5a7ba60ec50> ;

2018 é o fim das mídias sociais como as conhecemos <https://medium.com/futuresin/2018-is-the-end-of-social-media-as-


we-know-it-1e5658f41a5> ;

Mensagens particulares são a nova rede social (antiga) <https://www.wired.com/story/private-messages-new-social-


networks/> ;

Tudo o que você queria saber sobre Twitter <//portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012578.pdf> .

É possível traduzir os textos nas próprias páginas para fazer a leitura.

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