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Faculdade de Economia

Universidade do Algarve

Sociologia 1ºciclo
Oficina de Sociologia II: Conceção de Projeto

Qual a influência das redes sociais digitais, nas formas de interação social, dos

jovens, residentes no concelho de Faro?

Docentes: Prof. Dra. Bernadete Sequeira

Prof. Dra. Susana Pescada

Discentes:

Elisabete Dias Nº 20711

Heidy Guerreiro Nº 70826

Laura Pires Nº 62254


Pietro Cardoso Nº 72819

Índice:
1. Introdução…………………………………………………………………..................….3
2. Tecnologias da Sociedade Contemporânea…………………….………….…....…….......5
3. Redes sociais e Interação Social………………...………..............…...............….……....6
3.1. Influência das Redes Sociais nas Interações Sociais……………………...…..7
4. Resultados e Conclusões…………......…………………………………………………..9
5. Referências Bibliográficas ………………...............................................…....................12
Introdução
O presente trabalho remete-nos para um estudo transversal, onde a temática que concerne a
Sociologia da Comunicação e Tecnologia, mais especificamente, a influência das redes sociais virtuais
nas diferentes formas de interação social dos jovens residentes do concelho de Faro.
A pertinência social do tema é justificada, em primeiro lugar, devido ao crescimento exponencial
do acesso às novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Segundo o INE (2019), 99,6% dos
jovens utilizam a internet diariamente. Em segundo lugar, verifica-se pela evolução da Web 1.0 para a
Web 2.01, ou seja, uma mudança quanto à forma de utilização da internet. Esta já não cumpre apenas a
função de ferramenta de busca de informação e conhecimento, mas também como meio principal de
interação social no quotidiano da juventude (Amaral, 2016). “O modelo comunicacional desenvolvido nas
sociedades de informação, onde o paradigma de organização social predominante assenta na rede é
apelidado de Comunicação em Rede. Este modelo não substitui os anteriores, tendendo antes a interligá-
los, produzindo novos formatos de comunicação e permitindo novas formas de facilitar a capacitação,
logo, a autonomia comunicativa” (Castells, 2002 e Cardoso, 2009, como citado por Cardoso e Lamy,
2011:76). De acordo com o relatório sobre a utilização das redes sociais digitais em Portugal disponível
no portal Datareportal (2022), as redes sociais mais utilizadas em Portugal são respetivamente: Instagram
(27,3%), Facebook (26,6%), Whatsapp (20,1%) e Tik Tok (4,7%).
Como pertinência sociológica, este trabalho tem como objetivo identificar as lacunas existentes e
a relevância dos estudos no âmbito nas relações sociais dos jovens relativamente à utilização das redes
sociais virtuais. Redes Sociais, tornando-se assim, pertinente perceber os efeitos destas alterações, no
âmbito das interações e comunicações. Optou-se por limitar o objeto de estudo aos jovens residentes no
concelho de Faro, na faixa etária compreendida entre os 15 e os 24 anos (INE, 2020), dado que, estes são
os maiores utilizadores, influenciadores e influenciados por este fenómeno fruto das alterações do
paradigma de interação social e globalização.
Desta forma, a pergunta de partida proposta pelo grupo é a seguinte: Qual a influência das redes
sociais digitais nas formas de interação social dos jovens residentes no concelho de Faro?

referimo-nos a Web 2.0 [ …


1 Nos escritos de Amaral (2016:22) é esclarecida, de forma sucinta, a diferença entre a Web 1.0 e Web 2.0: “ [

] como a nova geração de aplicações e serviços que nasce com plataformas sociais
… ]

baseadas em diferentes suportes que não única e exclusivamente o browser.”


Revisão de Literatura

1.Introdução
O presente trabalho remete-nos para um estudo exploratório, onde a principal questão de
investigação centra-se na influência das redes sociais virtuais nas diferentes formas de interação e
comunicação social. Para realização da revisão de literatura da nossa investigação, optamos por analisar
diversas obras de referência na área da Sociologia da Comunicação e Sociologia das Tecnologias de
Informação. Assim sendo, direcionamos a revisão de literatura extensa para a exploração dos conceitos
teóricos de comunicação em rede, redes sociais, interação social e tecnologias contemporâneas.
Dentro da temática das redes sociais digitais, o livro “Redes Sociais na Internet: Sociabilidades
Emergentes” de Amaral (2016), destaca-se pela sua pertinência sociológica para realização do estudo.
Recorremos, especificamente, ao primeiro capítulo do livro “A emergência da Internet como uma
plataforma participativa: registos de uma mudança”, cujo objetivo é percecionar o cruzamento entre o
modelo comunicacional com o atual paradigma social da Internet e globalização. O capítulo, também
procura abordar o conceito das redes sociais e as suas vertentes através da construção de um quadro
teórico. Mais concretamente, a principal hipótese de investigação deste livro “centra-se na premissa de
que o conteúdo como laço relacional mobilizador de capital social múltiplo é uma realidade que se
materializa em redes online assimétricas.” (Amaral, 2016: 15).
Na temática do funcionamento e características das redes sociais, recorremos à análise teórica de
Sonia Acioli (2007). A autora discute os vários usos e abordagens utilizadas em relação à expressão redes
sociais, as quais vêm sendo naturalizadas e associadas apenas às tecnologias da informação. O artigo
pretende situar, historicamente, a noção de redes, procurando ainda identificar as formas de expressão nas
redes sociais e como têm sido articuladas e abordadas. A autora, realizou uma revisão bibliográfica, tendo
como base os campos da Sociologia da Informação e Comunicação por serem essas as áreas onde o
quadro conceptual de redes foi formulado. O excerto pretende explorar teoricamente as abordagens de
John Barnes (1987), as quais são respetivamente: a metafórica (filosofia de rede/aproximação conceitual);
metodologia de análise de redes e a tecnológica (redes de conexões/interações) (Acioli, 2007).
No tocante à influência das redes sociais virtuais nas formas de interação social, a abordagem de
Molina (2013), surge como aspeto pertinente para o desenvolvimento da nossa investigação. A escritora
procura trazer reflexões sobre os meios de comunicação, fundamentalmente a Internet e a sua
contribuição para a alteração dos mecanismos de interação entre os indivíduos, designado por Castells
(2009), de “sociedade em rede” e identificou a comunicação como uma importante relação de poder.
Molina (2013), também pretende perceber as mudanças nos meios de comunicação e informação,
especialmente na internet e redes sociais digitais. A partir das perspetivas de Manuel Castells (1999) e
John Thompson (2011), quanto às transformações tecnológicas da contemporaneidade, destacam as
potencialidades do poder de divulgação e persuasão dos sites de relacionamento como Facebook e
YouTube. A argumentação apresentada no texto pretende destacar o papel das tecnologias informacionais
na interação social e na construção de uma sociedade em rede (Molina, 2013).
O paradigma científico social, acerca das formas nas quais os indivíduos se manifestam e
interagem dentro da internet, vem sendo muito abordado por escritores portugueses da área da Sociologia
da Comunicação e Tecnologia, dentre eles os sociólogos como, Gustavo Cardoso e Cláudia Lamy. Os
autores redigiram o artigo “Redes Sociais: Comunicação e Mudança” presente no Jornal Eletrónico de
Relações Internacionais “Janus.Net”, o qual procura entender como são formados os processos de
comunicação e interação social dentro das redes sociais digitais e como hipótese de investigação
relacionar o fenómeno do Web 2.0 como uma ferramenta de socialização para os jovens. Os escritores
também procuram verificar se, atualmente, os telespectadores virtuais consideram as informações
distribuídas pelos novos modelos comunicacionais da Internet, mais confiáveis do que as publicadas pelos
veículos de comunicação mais antigos (jornais, rádio, televisão). Simultaneamente, pretendem
compreender se o fenómeno do jornalismo do cidadão, exercido através das redes sociais virtuais, pode
ser considerado um mecanismo de manifestação e prática social. Tentar perceber como os movimentos
sociais, dentro das redes digitais, são formados e como estas diversas ações coletivas são caracterizadas
(Cardoso & Lamy, 2011:73-74).

2. Tecnologias da sociedade contemporânea


O avanço tecnológico tem vindo a assumir uma escala global nos últimos anos e a influenciar
fortemente as formas de comunicação e interação entre indivíduos, Castells (2009), citado por Molina
(2013), aponta o início deste processo evolutivo a partir do surgimento da Revolução Industrial e
consequentemente, a emergência do capitalismo que veio a mecanizar não apenas o trabalho, mas
também a interação entre indivíduos. A autora acrescenta ainda o contributo de Thompson (2011), cujos
escritos, defendem que, o maior marco na história da globalização foi a queda do Muro de Berlim, em
1989: a ausência de uma separação entre blocos permitiu a comunicação entre territórios, anteriormente
divididos, sobretudo através dos novos meios de comunicação, como a internet, e trouxe mudanças na
forma com os indivíduos percecionam as relações interpessoais e as conceções de espaço e de tempo,
levando ao aparecimento do que Castells (1999), citado por Molina (2013:104), designa de sociedade em
rede.

Esta forma de organização social baseada em redes, quando interconectadas alteram as dinâmicas
de poder, economia, sociedade e cultura, segundo Cardoso, et al (2015). Thompson (2011), citado por
Molina (2013), acrescenta, que a internet foi o mecanismo mais importante para a alteração das conceções
de espaço-tempo e das formas de relacionamento entre indivíduos. A internet está ao dispor dos
indivíduos a qualquer hora do dia e permeia todos os aspetos da sociedade moderna, o que se traduz na
detenção de poder para transformar as formas de sociabilidade.

3. Redes Sociais e Interação Social


As redes sociais têm uma característica que se distingue, que é o facto de os indivíduos serem ao
mesmo tempo recetores e transmissores de informação (Cardoso, 2015). Cardoso & Lamy (2011),
destacam que, por mais que os jovens se organizem em cyber grupos, estas organizações não permitem o
desenvolvimento de ações reais, ou seja, limitam-se nos meios virtuais e não possuem poder de influência
no cenário das manifestações ideológicas face-a-face. Os autores também defendem a inexistência de uma
relação direta entre os veículos de informação das novas tecnologias e os seus destinatários, onde há um
afastamento do utilizador comum das redes sociais e os produtores de conteúdo informativo na internet. O
texto conclui que, em diferentes contextos sociais e geográficos, o fenómeno da Comunicação pelas
Redes Sociais, é considerado um dos maiores paradigmas da Sociologia e que, atualmente, essa ciência
procura compreender os efeitos sociais das constantes transformações nos modelos de comunicação e
interação entre indivíduos.
Amaral (2016), fala-nos dos principais conceitos que concernem a essência do tema estudado e a
pertinência sociológica do mesmo. Os seus estudos, refletem, em profundidade, os conceitos
fundamentais no contexto da Sociologia da Comunicação e da Sociologia da Tecnologias de Informação,
e contribuem de forma positiva para o progresso, que diz respeito à temática das sociabilidades
emergentes, oriundas das redes sociais virtuais. Porém, é relevante acrescentar que o facto de essa mesma
profundidade, no contexto da exploração da investigação, acaba por não retratar o atual paradigma
tecnológico de forma clara e sucinta.
Recuero, R. (2004), diz-nos, que as redes socias são plataformas de comunicação que
desenvolvem as relações entre indivíduos que se identificam pela partilha dos mesmos interesses, os
perfis construídos pelos utilizadores são a forma de se autorrepresentarem. As redes sociais e outras
plataformas de comunicação em rede parecem estar a assumir cada vez mais, um papel determinante no
que diz respeito a uma nova configuração na comunicação social. Dentro do ambiente digital surgem as
comunidades virtuais, segundo Recuero 0(2004), Rheingold (1996), foi um dos primeiros autores a
definir o conceito de comunidade virtual.
“As comunidades virtuais são agregados sociais que surgem da Rede ´[internet] quando uma
quantidade suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante um tempo suficiente,
com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no espaço cibernético
[ciberespaço]” (Rheingold,1996 citado por Recuero 2004:5).
Portanto, de acordo com esta definição é possível averiguar que os elementos que formam as
comunidades virtuais são as discussões públicas, os usuários, o tempo, o sentimento, estes aspetos
mantêm as relações que perduram no ciberespaço. Para Wellman(1999), citado por Recuero(2004), o
conceito de “comunidade”, são apenas interações do mundo exterior mantidas pela comunicação mediada
por computador. Recuero, define comunidade virtual como “agrupamentos humanos que surgem no
ciberespaço, através da comunicação mediada pelas redes de computadores” (2004:5).
O conceito de comunidade possui diversas definições, porém a ideia principal retirada dos
escritos de Recuero (2004), é que comunidade virtual é um elemento do ciberespaço, que perdura
enquanto os agentes sociais realizarem trocas e formarem laços sociais (a manutenção desses mesmos
laços são feitas dentro do ciberespaço, mas também existem no espaço offline). Cardoso e Lamy (2011),
recorrem a estudos anteriores de Cardoso (1999), para distinguir comunidades virtuais de comunidades
online, no que concerne a discussão acerca da territorialidade na Internet:
“Associada a comunidades online encontra-se a recriação no ciberespaço […] de locais aos quais já se
encontravam associadas comunidades offline. Já associada a comunidades virtuais encontra-se a
formação de comunidades no ciberespaço sem qualquer correspondência com um espaço físico pré-
existente, ou seja, pontos de encontro para todos quantos partilhem um mesmo conjunto de interesses, mas
cuja reunião numa mesma localização cibernética não é possível dada a distância geográfica ou outros
constrangimentos” (Cardoso, & Lamy, 2011:79).

Estas novas formas de comunicação e comunidade são estabelecidas em sítios denominados


Social Networking Sites (SNS), tais como o Twitter, o Instagram, o Facebook, o Whatsapp, o Pinterest, o
TikTok, entre muitos outros, que já existem ou ainda estão por surgir. Assim, surge a questão: o que fazem
os usuários (agentes sociais) com as redes sociais na Internet?
Segundo os dados recolhidos no CIES ISCTE (2010), expostos por Cardoso e Lamy (2011), a
utilização das redes sociais na internet divide-se em atividades como o fortalecimento de laços sociais,
tanto com amigos ou (des)conhecidos, difusão de conhecimento e notícias, gestão de capital social,
entretenimento, expressão identitária e intervenção social ou ativismo. Os autores referem ainda o fácil e
rápido acesso que as SNS proporcionam, apesar de permitir novas formas de comunicação e liberdade de
expressão, também apresentam pontos negativos, tais como, o perigo da desinformação, rumores
rapidamente repetidos e amplificados.

Amaral (2016), propõe que as Comunicações Mediadas pelo Computador (CMC), geraram a
introdução e maximização do paradigma comunicacional da individualização. Este paradigma representa
a passagem da massificação para a individualização, dentro da qual, o utilizador se transforma,
simultaneamente, em recetor e emissor (prousers). Verifica-se que a sociedade transitou de uma cultura de
massas, cuja mensagem/conteúdo partilhado era consumida em massa, para uma cultura do momento,
cujo consumidor tem uma crescente autonomia sobre a emissão e criação de conteúdo. Isto deve-se, em
parte, à obtenção cada vez mais frequente do computador pessoal. Este, veio a contribuir para a
individualização da comunicação e para o surgimento dos prousers, dado que, abriu o leque de
possibilidades da descoberta e construção dos meios de comunicação, e capacidade de reter, espalhar e
criar conteúdo no ciberespaço. Esta contribuição vem, por conseguinte, a potencializar e desenvolver, de
forma cada vez mais rápida, a cibercultura 2 (Amaral, 2016).

3.1 A Influência das Redes Sociais nas Interações Sociais


Molina (2013), destaca a forma como os novos meios de comunicação transformaram as relações
interpessoais e criaram uma forma de sociedade constituída por uma rede num espaço virtual. As redes
sociais tornaram-se ubíquas na vida dos indivíduos graças à sua difusão rápida e global. Através das redes
sociais (instrumentos de comunicação de massa), as pessoas podem conectar-se umas com as outras seja
qual for o espaço e o tempo, partilhar conteúdo e aceder à informação criada e difundida por outros
indivíduos. Com esta inovação tecnológica, criou-se uma cultura contemporânea baseada em relações
sociais e virtuais e na partilha de valores comuns.
Novas formas de interação social puderam ser tornadas possíveis com o advento da internet; por
exemplo, o que hoje designamos de redes sociais digitais, ou seja, a possibilidade de os indivíduos se
conectarem uns com os outros a qualquer hora e em qualquer lugar do mundo levou à concretização de
uma sociedade em rede. Este termo, introduzido por Castells (1999), pressupõe que os indivíduos se
encontram ligados uns com os outros como se estivessem inseridos numa rede, neste caso virtual (através
da Internet), sem fronteiras, e que possibilita a partilha de interesses e de valores comuns, a nível local e
global (Ciberespaço). Esta é uma nova sociedade baseada na comunicação entre indivíduos, atores sociais
com diversos objetivos, de todas as partes do mundo. Devido à sua flexibilidade e adaptabilidade, é
considerada um reflexo do novo mundo globalizado, caraterizado pela inovação e criatividade
tecnológicas (Cibercultura). Castells (2009), citado por Molina (2013) argumenta que o poder que daqui
surge é exercido através da auto comunicação de massas (como por exemplo o Twitter, segundo Cardoso
& Lamy, 2011) e da comunicação mediada de um para muitos (através do Facebook e.g.), uma nova
forma de comunicação capaz de influenciar as práticas sociais através da transmissão de conteúdos a
muitas pessoas, em simultâneo e a nível global, que pode ser produzida pelos próprios utilizadores.

Conclusões

Após a revisão de leitura e interpretação dos artigos e capítulo analisados, verificamos que as
investigações realizadas são sobretudo de carácter exploratório, fundamentadas em obras publicadas por

2 Cibercultura: “[…] a dinâmica sociocultural e política da rede, que promove uma reformulação das relações
sociais e a criação de comunidades em ambientes virtuais, ao mesmo tempo que potencia a emergência de novos
comportamentos” (Amaral, 2016:18).
autores de referência, apresentando reflexões, através de revisão bibliográfica, sobre o uso dos meios de
comunicação, especialmente a internet na transformação das relações sociais. Trata-se de análises teóricas
baseada em estudos empíricos.

Como conteúdo empírico, para a nossa investigação, observamos os resultados levantados pelos
sociólogos portugueses Gustavo Cardoso, Firmino da Costa, Ana Coelho e André Pereira. Os autores
procuram compreender de que forma se formulam as sociabilidades nas redes sociais, no âmbito dos
resultados do inquérito sociedade em rede em Portugal realizado em 2013, a uma amostra representativa
da sociedade portuguesa (n=1542). Os dados apurados, permite-nos distinguir algumas características
identificadoras quanto à forma de utilização da internet. Observa-se uma utilização mais evidente entre os
jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos, referindo-se aos estudantes como utilizadores
regulares das redes sociais. Estas caraterísticas confirmam-se em inquéritos recentemente realizados pelo
INE (2020), Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Famílias.

Os artigos têm a sua total pertinência sociológica diante da nossa pergunta de partida “Qual a
influência das redes sociais digitais, nas formas de interação social, dos jovens, residentes no concelho de
Faro?” e servem de base teórica para o nosso trabalho, principalmente para explorar acerca do conceito de
comunicação pela Internet e a influência informativa das redes sociais virtuais, na sociabilidade dos
indivíduos. A pertinência destes escritos científicos é oportuna para a construção da nossa investigação,
por procurar compreender as mudanças nos formatos de interação social e comunicação em massa, nas
sociedades contemporâneas. Refletem sobre as alterações que a internet trouxe às interações sociais, e por
isso podem ser aplicados a um contexto real. Contudo, existem conceitos que necessitariam de maior
esclarecimento, como o conceito de espaço-tempo ou de rede, por exemplo.
O conceito de rede utilizado em estudos tem vindo a incorporar uma variedade de sentidos e
significados ligados à globalização, existe hoje uma conceção ampla relativamente ao uso do conceito de
rede, dos seus diferentes usos nos diversos campos, que abrange desde as redes informáticas, redes
virtuais, redes comunicacionais, entre outras. O conceito de rede tem vindo assumir ao longo do século
XX, um papel central na teoria social, pelas discussões acerca das condicionantes entre a metodologia e a
teoria, colocam a possibilidade de um novo paradigma nas ciências sociais (Fialho,2015).
“Se nos reportarmos a um exame histórico sobre os desenvolvimentos empíricos,
teóricos e matemáticos que se têm produzido na investigação sobre redes, deveríamos
convencer o leitor de que a análise de redes sociais cobre muito mais aspetos do que um
vocabulário intuitivamente sedutor, uma metáfora ou um conjunto de imagens destinadas a
dar conta das relações sociais, dos comportamentos, das políticas ou das economias”
(Wasserman e Faust, 1998) citado por Fialho (2015).

As obras de Manuel Castells contribuíram largamente para o debate acerca das redes sociais na
teoria sociológica, ao relacionar novas formas de organização social com o processo histórico de
globalização (Fialho, 2013), segundo Castells (2002a:605) “Embora a organização social, sob a forma de
rede, tenha existido noutros tempos e lugares, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece as
bases materiais para a expansão da sua penetrabilidade em toda a estrutura social”. Castells (2002a) ao
focar-se nas estruturas sociais traça as principais linhas teóricas de análise observando a expressão dos
processos macro que reestruturam a sociedade, a fim de propor novas interpretações para uma nova
sociedade emergente.
O conceito de rede atualmente encontra-se associado às tecnologias da informação, segundo
(Acioli, 2007) trata-se de uma discussão que se tem vindo a desenrolar nas diversas áreas do
conhecimento científico, mais concretamente nas ciências sociais. Acioli (2007) aponta para uma falta de
complementaridade entre as diferentes abordagens de rede; a metafórica, de origem filosófica; a analítica
assente numa metodologia de análise de rede; e a tecnológica mais vocacionada para as conexões e
argumenta que se deve perceber a informação como um processo de partilha continua aplicando o
conceito de rede de forma articulada com a informação como um processo de partilha continua aplicando
o conceito de rede de forma articulada com a informação. Para Fialho a ciência no geral é construída por
meio de avanços e recuos, apesar da sociologia partir de pressupostos teóricos e metodologias que ajudam
a consolidar o objeto de estudo com base na cientificidade, e conclui que “ a delimitação dos objetos de
investigação é sempre uma tarefa complexa(…) sabemos onde começa a rede, mas não sabemos até onde
pode ir o conjunto de interações do ator”(2015:76), nesta perspetiva parece ainda existir obstáculos à
análise de redes em termos de delimitação do seu objeto.
Questões de Investigação

A par das transformações tecnológicas e comunicacionais, as redes sociais assumem um papel


cada vez mais relevante na sociedade, as interações multiplicam-se no ciberespaço através das redes
sociais Roesler (2020). Vários estudos já demonstraram que os jovens, nomeadamente os estudantes, são
os que mais utilizam a Internet e plataformas de redes sociais (Cardoso, Costa, Coelho & Pereira 2015),
mas ainda, pouco se sabe sobre os efeitos das redes sociais nas formas de interação dos jovens, neste caso,
os jovens farenses. De acordo com Roesler (2020) é no ciberespaço onde a maioria dos jovens interagem
e realizam intercâmbios de informações mediante os seus próprios trâmites e linguagem específica. O que
nos leva às seguintes questões; qual a frequência de uso das redes sociais?; quais os tipos de redes sociais
mais utilizadas?; Em que contexto as redes sociais são utilizadas e com que finalidade? Vários estudos
levados a cabo em Portugal contribuíram para desmistificar as discussões sobre o uso da Internet e os
supostos perigos de isolamento social, com a quebra dos laços sociais (Cardoso et al.,2015), mas até que
ponto o uso das redes sociais digitais promovem relações de sociabilidade familiar, amicais e outras?

Referencial Teórico

Atualmente, é impensável falar da sociedade e das suas mudanças sem incluir a forte e rápida
influência das novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Novos espaços de construção de
conhecimento emergiram desde o aparecimento da Internet e suas progressivas melhorias técnicas
(Roesler,2020). A web 2.0, produto dessas melhorias, surge como um meio facilitador, dinamizador e
eficaz quanto à forma em que se adquire conhecimento (Roesler, 2020). Possibilita autonomia ao
utilizador para realizar trocas de informação, pela sua facilidade de uso e disponibilidade de acesso
independentemente da localização. A web 2.0 como ferramenta, integra no seu funcionamento aplicações
como as redes sociais (Roesler, 2020), amplamente populares, as redes sociais atualmente contam com
3,96 bilhões no mundo e 8,02 milhões em Portugal, especificamente, os jovens estudantes são os mais
representativos quanto ao uso da Internet com 100% da amostra populacional portuguesa utilizadores
comparativamente com as outras faixas etárias na utilização das redes sociais os usuários femininos tem
um pouco mais representatividade em relação aos usuários do sexo masculino (INE, 2022)

Para compreender como as redes sociais influenciam a interação social dos jovens, a teoria de
Max Weber serve de quadro teórico a este estudo. A perspetiva Weberiana parece ser compatível, uma
vez que busca interpretar os significados ou sentidos que cada indivíduo dá à ação social (Neves & Rente,
2017)
Enquadramento empírico

Segundo o INE (2020), os usuários da Internet utilizam esta tecnologia de 89% para trocar
mensagens instantâneas, 86,8% para enviar ou receber e-mails, 80% para participar nas redes sociais,
50,6% para partilhar conteúdo autónomo, 70,5% fazer videochamadas. Simultaneamente, cerca de 81,2%
da população algarvia utiliza a Internet todos os dias. 80,2% da população portuguesa participa nas redes
sociais diariamente. Em relação à amostra populacional portuguesa compreendida na faixa etária dos 16
aos 24 anos, 100 % dos jovens utilizam as redes sociais da Internet de frequência diária. Estes dados são
particularmente relevantes para analisar as relações entre os padrões de uso das redes sociais e as formas
de interação social, dos jovens farenses. Apesar de haver estudos sobre as redes sociais a nível nacional a
escassa literatura aponta, para uma carência de estudos empíricos acerca da influência das redes sociais
nas formas de interação social.

Conclusão

De acordo com Roesler (2020) as redes sociais digitais são consideradas, um importante meio de
troca e produção de conhecimento. Esta ferramenta pode ser utilizada para fins educacionais a crescente
procura por instituições de ensino, agrega num só espaço físico diferente culturas, diferentes histórias de
vida o que implica maior aceitação de diferentes pontos de vista. O ciberespaço poderá facilitar essa
interação, por ser um local de livre pesquisa de informação, possibilita a descoberta de forma aberta e
pacífica, o que poderá estimular o reconhecimento mútuo e amigável dessas diferenças sociais.

Objetivo da investigação

-Analisar as relações entre os padrões de uso das redes sociais e as formas de interação social, dos jovens
do concelho de Faro.

Questões da investigação

- Qual a frequência de uso das redes sociais por parte dos jovens do concelho de Faro?

- Quais as redes sociais mais utilizadas?

- Como as redes sociais são utilizadas e com que finalidade?


- Até que ponto as redes sociais digitais interferem nas relações de sociabilidade familiar, amicais e
outras?

Modelo de Análise
Os modelos de análise permitem-nos dividir para conquistar, ou seja, permitem-nos que
problemas complexos sejam divididos em problemas menores, e, desta forma, facilitar a explicitação do
relacionamento entre partes do problema a ser estudado, facilitando a comunicação de ideias entre
pessoas de uma forma mais facilitada.
Conceitos
Formas de Interação Social
Na Sociologia, a interação social é um conceito que determina as relações sociais desenvolvidas
pelos indivíduos e grupos sociais. Trata-se de uma condição indispensável para o desenvolvimento e
constituição das sociedades. Por meio dos processos interativos, o ser humano transforma-se num sujeito
social. É, assim, o processo pelo qual ele age e reage àqueles em torno. Inclui os atos que as pessoas
realizam uns com os outros e as respostas que eles dão em troca. É considerado um campo de estudo,
também conhecido como microssociologia, criado por Erving Goffman. Ter uma conversa rápida com um
amigo parece relativamente trivial, de acordo com Goffman (1953), citado por Nizet & Rigaux (2016),
essas formas aparentemente insignificantes de interação social são de grande importância na Sociologia e
não devem ser negligenciadas. A interação social é uma característica fundamental da vida, ou seja, todos
os indivíduos, exceto aqueles que decidiram ser monges ou viver em isolamento da sociedade, interagem
com os outros diariamente, de forma virtual ou física. De acordo com a ordem social, uma norma
obrigatória para o bom funcionamento de uma sociedade é a interação social eficaz. A microssociologia
pesquisa, analisa e tenta compreender a vida social por meio das interações das pessoas e da maneira
como o fazem (Nizet & Rigaux, 2016).
Características das interações sociais
Quando duas ou mais pessoas se reúnem, elas podem agir entre si de inúmeras maneiras. Um
estranho, por exemplo, pode perguntar onde fica o hotel mais próximo e outra pessoa pode fornecer as
informações necessárias. A questão, neste caso é o estímulo, e as informações fornecidas, são a resposta.
A resposta pode facilmente se tornar o estímulo jornalístico e, assim, levar a novas respostas e
“estimulações de interesse”. Essa é a interação social, que pode envolver duas ou mais personalidades,
grupos ou sistemas sociais que se interrelacionam. A interação em si pode abranger apenas uma pessoa
em si, essa interação ocorre quando alguém analisa uma determinada ideia ou discute com ele os prós e
contras de uma questão ou decisão importante. Os sociólogos costumam usar o conceito “relacionamento
social” como sinónimo de interação social. A interação simbólica também é usada com bastante
frequência, mas esse termo denota interação através da comunicação humana. A interação social
manifesta-se de várias maneiras. Um extremo é refletido por uma interação muito intensa, enquanto o
extremo oposto consiste no “grau zero de interação social”, ou isolamento completo (Nizet & Rigaux,
2016).
Tipos de interação social
Segundo Goffman (1953), citado por Bourdieu e Passerron (1990), o pai da microssociologia,
distingue dois tipos de interação:
1- Interação focada
É a interação entre um grupo de pessoas que têm um objetivo comum. Essas pessoas podem estar
familiarizadas uma com a outra no passado, ou podem estar familiarizadas no primeiro momento de sua
interação focada. Um exemplo disso, pode ser, um grupo de jovens que estudam juntos para uma prova
final, ou o trabalho de cooperação entre uma equipa de futebol (Bourdieu & Passeron, 1990).
2- Interação não focada
Não inclui nenhum objetivo ou familiaridade comum, mesmo durante o processo de interação. De
fato, as pessoas que interagem podem não estar cientes de sua interação. Um exemplo, de acordo com
Goffman, citado Bourdieu e Passeron (1990), é a interação entre pedestres, que evitam colisões
desastrosas, seguindo as regras e os sinais de trânsito.
As quatro categorias de interação social
Segundo Goffman, citado por Bourdieu e Passeron (1990), as interações sociais incluem diversos
comportamentos; tanto que, na Sociologia, a interação é geralmente dividida em quatro categorias. São
eles: intercâmbio, concorrência, cooperação e conflito. Esses quatro tipos serão examinados com mais
detalhes abaixo:
1- Intercâmbio

O intercâmbio é o tipo mais básico de interação social. Sempre que as pessoas interagem, elas
esforçam-se para receber uma recompensa ou um retorno, em detrimento das suas ações; essa recompensa
reflete que ocorreu uma “troca”. Denominada também por troca, este é um processo social pelo qual o
comportamento social é trocado por algum tipo de recompensa, por um valor igual ou superior. A
recompensa pode ser material (um salário) ou não material (um “agradecimento”). Os teóricos da “troca”
argumentam que o comportamento recompensado tende a ser repetido. No entanto, quando os custos de
uma interação excedem as recompensas, é provável que as pessoas terminem o relacionamento (Bourdieu
& Passeron, 1990).
2- Competição
A competição é um processo através do qual, duas ou mais pessoas, tentam alcançar uma meta,
porém apenas uma pode alcançar. A competição é uma característica comum das sociedades ocidentais e
o eixo central do sistema económico capitalista e da forma democrática de governo. A maioria dos
sociólogos vê a competição como algo positivo, ou como um incentivo para as pessoas alcançarem os
seus objetivos (Bourdieu & Passeron, 1990).
3- Cooperação
A cooperação é o processo na qual as pessoas trabalham juntas para alcançar objetivos
compartilhados. A cooperação é um processo social que leva à ação; nenhum grupo pode concluir as
tarefas designadas ou alcançar os seus objetivos sem a cooperação dos seus membros. Frequentemente, a
cooperação trabalha em conjunto com outras formas de interação, como a concorrência. Num jogo de
futebol, por exemplo, uma equipa trabalha em conjunto com vista a obter vitória (Bourdieu & Passeron,
1990).
4- Conflito
Conflito é o processo pela qual as pessoas enfrentam física ou socialmente. Provavelmente, o
exemplo mais óbvio de conflito é a guerra, mas este fenómeno também pode ser demonstrado no contexto
das interações diárias, como disputas legítimas, ou argumentos sobre a religião ou política. O conflito
possui funções positivas, como promover a lealdade entre grupos, direcionando a atenção coletiva a uma
possível ameaça externa. Este conceito pode também levar a mudanças sociais, dado que, o coletivo é
coagido a priorizar os problemas em causa e, forçar a oposição a encontrar soluções (Bourdieu &
Passeron, 1990).
Na sociologia Weberiana a ação social orientada para fins, consiste na compreensão da conduta
humana reciprocamente manifesta, ou seja, as interações na qual a subjetividade dos significados tem
uma intencionalidade dirigida. “A ação social é um comportamento (…) uma atitude interior ou exterior
orientada para a ação ou para a abstenção (…) é ação quando o ator associa ao modo como se comporta
uma certa significação” (Aron, 2015:529). Segundo a teoria compreensiva, a dimensão social é dotada de
sentido, abrange os fenómenos subjetivos da ação recíproca, que se organizam em relação social. Existe
relação social quando vários atores agem e cada um dá um sentido a essa ação reciprocamente referida e
socialmente orientada, ou seja, uma ação socialmente expectável. Se a conduta de vários atores
reciprocamente referida se autorregula uns com os outros, poderá existir algo que determine essa
mediação entre as relações sociais (Aron, 2015). No paradigma compreensivo, a sociologia é a ciência
que tenta compreender e interpretar a ação social, segundo Aron (2015) verificam-se três formas decisivas
na ação social, que passam por compreender os significados, interpretar a ação motivada para a ação dos
outros, e explicar os seus efeitos “evidenciar as regularidades dos comportamentos” (Aron, 2015:529).
A teoria Weberiana permite analisar a estrutura da ação social, isto é, tudo o que implique
indivíduos interagindo, através da elaboração de um esquema lógico, os tipos ideais. Estes são uma
construção lógica, uma ferramenta intelectual que não existe na realidade empírica, são conceitos
construídos que nos ajudam a organizar a complexidade da realidade social. Este método científico torna-
se relevante para compreender os significados das interações sociais, tanto físicas como virtuais. Os tipos
ideais são formados por três categorias de ações: ação racional, que consiste no interesse em alcançar
determinado objetivo, empiricamente demonstrado, mas nem todas as ações têm essa motivação racional
orientada para fins; ação efetiva ou emocional, são ações motivadas por sentimentos, como por exemplo,
amor/ódio; e, por último, a ação tradicional, orientada por valores como por exemplo: a solidariedade
(Aron, 2015).
Redes Sociais Digitais
São redes formadas por indivíduos que têm algum grau de relacionamento. Recuero, define as
redes sociais digitais como “agrupamentos complexos instituídos por interações sociais apoiadas em
tecnologias digitais de comunicação” (Recuero, 2004). O que hoje designamos de redes sociais digitais,
ou seja, a possibilidade de os indivíduos se conectarem uns com os outros a qualquer hora e em qualquer
lugar do mundo levou à concretização de uma sociedade em rede. Este termo, introduzido por Castells
(1999), pressupõe que os indivíduos se encontram ligados uns com os outros como se estivessem
inseridos numa rede, neste caso virtual, sem fronteiras, e que possibilita a partilha de interesses e de
valores comuns, a nível local e global (Ciberespaço). Esta é uma nova sociedade baseada na comunicação
entre indivíduos, atores sociais com diversos objetivos, de todas as partes do mundo. Devido à sua
flexibilidade e adaptabilidade, é considerada um reflexo do novo mundo globalizado, caraterizado pela
inovação e criatividade tecnológicas (Cibercultura). Castells (2009), segundo Molina (2013) argumenta
que o poder que daqui surge é exercido através da autocomunicação de massas (como por exemplo o
Twitter, segundo Cardoso & Lamy, 2011) e da comunicação mediada de um para muitos (através do
Facebook e.g.), uma nova forma de comunicação capaz de influenciar as práticas sociais através da
transmissão de conteúdos a muitas pessoas, em simultâneo e a nível global, que pode ser produzida pelos
próprios utilizadores.
Juventude (Jovens)
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a juventude é compreendido como o
grupo etário composto por pessoas entre os 15 e os 24 anos. Mas segundo a sociologia contemporânea, o
conceito de juventude, não condiz apenas com a idade dos indivíduos, mas também integra a construção
de limites e experiências vividas no âmbito social, temporal e cultural. Ao contrário do senso comum,
juventude não é um conceito natural, mas sim uma construção sócio-histórica.
Plano de Amostragem
Ao planear e executar uma pesquisa, além de se ter claro os problemas científicos de interesse,
é necessário eleger a população que participará do estudo. A população é determinada como todos os
membros de um grupo bem definido. Dessa forma, a população é composta por um conjunto de
objetos que apresenta, ao menos, uma característica em comum. Em Sociologia, com muita
frequência, a população é formada por indivíduos. A população pode ser classificada como finita ou
infinita e, a depender de alguns delineamentos de pesquisa, também pode ser entendida como
população-alvo ou população externa. Em relação à população ser finita ou infinita, estudantes de
métodos quantitativos ou pacientes que um psicólogo atende no ano atual ilustram uma população
finita.
Em relação ao tipo (também chamado de Plano Amostral), uma amostra pode ser composta
por métodos probabilísticos e não-probabilísticos. Métodos probabilísticos são aqueles em que a
seleção dos participantes ocorre de maneira aleatória, ou seja, de uma forma que cada elemento da
população tenha uma probabilidade conhecida de fazer parte da amostra. Por oposição, métodos não-
probabilísticos ocorrem por uma escolha deliberada dos elementos da amostra. Esta será composta, em
proporção, por todas as características qualitativas e quantitativas da população, os participantes do
estudo representam adequadamente a população e, com isso, processos de generalização tornam-se
mais adequados.

Amostras formadas por seleção não-probabilística são pouco capazes de estender os resultados
obtidos à população de interesse. No entanto, esse tipo de metodologia é mais rápida e menos custosa
do que a probabilística. Em situações em que se desconhece a população de interesse ou quando não
há necessidade de generalizações, ela é uma opção adequada. Neste tipo de amostragem, o
pesquisador decide quem irá compor a amostra. É bem frequente em estudos psicométricos de
validação de testes psicológicos. Neste tipo de pesquisa, existe uma etapa em que especialistas são
convidados para opinar sobre características dos testes.
Diante o contexto da nossa investigação, os tipos de amostras selecionadas, enquadram-se no
tipo não-probabilístico, especificamente por meio dos métodos intencional e bola de neve.

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