Você está na página 1de 30

RELAÇÃO ENTRE REDES SOCIAIS E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO:

O QUE DIZEM OS JOVENS ADULTOS?

Paula Regina C. M. A. Cordeiro1


Quele Souza Gomes dos Santos2

Resumo: No início dos anos 1990, a internet rompeu barreiras militares e acadêmicas e passou a ser de
acesso à população em geral. Com o surgimento do interesse de adaptação de computadores para os fins
de comercialização e a criação do World Wide Web (WWW), as interações humanas sofreram
alterações, o número de pessoas conectadas à rede não parou de crescer e, com isto, milhões de usuários
incorporaram o uso de recursos da internet ao dia-a-dia no trabalho e aos relacionamentos interpessoais.
A internet possibilitou a criação de novas maneiras de se relacionar, interagir, produzir e consumir
conteúdos postados por outros usuários, impactando diretamente na maneira como perceber e interagir
também no mundo físico. Com isto novos hábitos e modelos de subjetividade tomaram conta de
diferentes espaços remodelando a sociedade em diversos parâmetros. Isto, intensificado pelo surgimento
não só da Web 2.0 mas também pela ascensão da Web 3.0 e 4.0 ou “internet das coisas", estreitou ainda
mais a relação humano-máquina e possibilitou através de sua característica mobile o surgimento e
disseminação das plataformas digitais também conhecidas como redes sociais. Tais serviços permearam
a vida de pessoas através do globo e passaram a integrar suas vidas atribuindo características digitais a
seus relacionamentos. Para tanto, considerando a influência de tais serviços na vida das pessoas fez-se
importante a investigação da saúde mental e bem-estar daqueles que acessam a internet. Através das
dimensões do bem-estar psicológico em paralelo com a investigação do uso das redes sociais foi possível
inferir que existem impactos relacionados ao uso dessas novas tecnologias nas maneiras de ser e estar
dos usuários não só no mundo on-line mas também off-line, e portanto em sua saúde. Foram investigados
três jovens adultos com idade entre 25 e 27 anos, todos portadores de dispositivos com acesso a internet.
Por meio da aplicação de uma entrevista semiestruturada foram coletadas informações acerca do uso e
o significado que os participantes atribuem às redes sociais e impacto destas em seu bem-estar geral.
Com isto, é importante esclarecer que tal método de investigação pauta-se no objetivo geral deste
trabalho que consiste em investigar os impactos das redes sociais no Bem-Estar Psicológico (BEP) de
jovens adultos. Muito ainda há de ser discutido sobre o tema, e os resultados da pesquisa apontaram a
necessidade de investigação desta relação de maneira ainda mais ampla, com uma amostra de maior
representabilidade e por meio de outros instrumentos de investigação. Concluiu-se que com a rápida
difusão das redes sociais através do mundo, existe a necessidade de estudos mais aprofundados e
colaborativos com áreas como a psicologia, computação e demais áreas da saúde e tecnologia.

Palavras-chave: Mídias sociais. Redes sociais. Bem-estar psicológico. Saúde mental.

Abstract: In the early 1990s, the internet broke military and academic barriers and became a means of
access to the general population. With the emergence of interest in adapting computers for commercial
purposes and the creation of the World Wide Web (WWW), as human interactions have changed, the
number of people connected to the network has not stopped growing and, with this, millions of users
incorporated the use of internet resources into their day-to-day work and interpersonal services. The
internet made it possible to create new ways to relate, interact, produce and consume content posted by
other users, directly impacting the way they perceive and interact in the physical world as well. With
these new habits and subjectivity, models took over different spaces, remodeling society in different
parameters. This, intensified by the emergence not only of Web 2.0 but also by the rise of Web 3.0 and
4.0 or the “internet of things”, has further narrowed the human-machine relationship and made possible,

1
Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. E-mail: paula.angelis@gmail.com.
Artigo elaborado com base no projeto de conclusão de curso de graduação em Psicologia, 2021.
2 Professora orientadora. Docente do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. Mestre em

Psicologia pela Universidade Federal da Bahia e Doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina.
2

through its mobile feature, the emergence and dissemination of digital platforms as well. Such services
have permeated people's lives across the globe and have come to integrate their lives by attributing
digital characteristics to their customers. Therefore, considering the influence of such services on
people's lives, it was important to investigate the mental health and well-being of those that access the
internet. Through the dimensions of psychological well-being in parallel with the investigation of the
use of social networks, it was possible to infer that there are impacts related to the use of these
technologies in the ways of being and being of users, not only in the online world, but also offline, and
therefore in their health. Three young adults aged between 25 and 27 years, all carriers of devices with
ace, were investigated. It's the internet. Through the application of a semi-structured interview,
information was collected on the use and meaning that participants attribute to social networks and their
impact on their general well-being. With this, it is important to clarify that this method of investigation
is guided by the general objective of this work, which consists of investigating the impacts of social
networks on the Psychological Well-Being (BEP) of young adults. There is still much to be discussed
on the subject, and the research results indicated the need to investigate this relationship even more
broadly, with a sample of greater representability and through other research instruments. It was
concluded that with the rapid diffusion of social networks throughout the world, there is a need for more
in-depth and collaborative studies with areas such as psychology, specialized and other areas of health
and technology..

Keywords: Social media. Social networks. Psychological well-being. Mental health.

1 INTRODUÇÃO

Há muito se tem discutido as transformações sociais e culturais advindas do surgimento


da internet, da World Wide Web (WWW) e das mídias sociais (PINHEIRO, 2018). No século XX,
a revolução da tecnologia da informação surge como uma série de avanços científicos no que
se refere a técnicas de produção, fontes de energia, advento da fibra óptica, computadores e
conexões sem fio (HONORATO, 2006).
Com os avanços da computação, o surgimento da Web 2.0 se consolida através da
publicação e circulação de informações de maneira potencializada, o que caracteriza a
“sociedade da informação” (CASTELLS, 1999). De acordo com Recuero (2009), este cenário
resume aquilo que está mudando em nossa forma de organização, comunicação e construção da
subjetividade: o advento da comunicação mediada pelo computador. A tecnologia da
informação invade e arquiteta novas regras de sociabilidade transformando a internet em espaço
de encontro social que, por sua vez, dá lugar a novas formas de agir, de viver e de se comunicar,
fazendo com que comportamentos humanos passem a surgir enquanto outros são remodelados.
A partir disto, o movimento pelo surgimento de novas ferramentas de comunicação
começa a ganhar forças e espaço no cenário tecnológico. O aspecto relacional da Web 2.0,
apesar da discordância de alguns estudiosos da área como o próprio criador da Web, Tim
Berners-Lee, deu lugar ao surgimento de efeitos de rede em serviços oriundos de uma
“arquitetura participativa” diferentemente da Web 1.0 (BRESSAN, 2009).
Essa mudança de pensamento nos anos 2000 culminou com o surgimento de redes
3

sociais como LinkedIn e MySpace3, entretanto, a popularização dessas ferramentas no Brasil


ganhou força em 2004 com o surgimento do Orkut. Criado por Orkut Buyukokkten o Orkut foi
lançado pela empresa Google em janeiro deste mesmo ano com o intuito de ser um "software
social" (ROCHA; FILHO, 2016). De acordo com Costa (2006), o ciberespaço tornou-se palco
para novas experiências nas diversas áreas do cotidiano e possibilitou o surgimento de outras
ferramentas, como o Facebook, Twitter e Instagram, com o intuito de “conectar pessoas”.
A comunicação mediada por estas plataformas passa a ser rotina na vida das pessoas
amparada pelo surgimento de novos dispositivos tecnológicos e por meio desses equipamentos,
as pessoas podem acessar diferentes serviços de entretenimento, a qualquer hora e em qualquer
lugar (SHARMA; JOHN; SAHU, 2020). Nasceu, então, o sujeito contemporâneo caracterizado
por seu comportamento “multitarefas”4 e multiplataformas5. (SILVA et al., 2019).
Com as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação em foco a Web continua
passando por transformações. Surge a Web 3.0 marcada pela inteligência artificial e metadata6,
o que significa que as informações passam a ser localizadas e avaliadas de maneira
potencializada o que dá lugar ao desenvolvimento da Web 4.0 ou “internet das coisas”7,
marcada por sua característica “mobile”8 e pela relação ainda mais estreita entre humanos e
máquinas. O relacionamento homem e máquina adquire características “simbióticas” e como
resultados observamos a emergência do machine learning9, dispositivos para casas inteligentes
e customização ainda mais intensa da experiência on-line (KRÓL, 2020).
A ascensão da Web permitiu novas possibilidades de consumo e publicação de
conteúdo, o que, apesar de trazer benefícios têm causado um grande número de efeitos

3
Assim como o Orkut, Facebook, Twitter e Instagram são sites de relacionamento, ou seja, plataformas on-line
que conectam pessoas por meio de interesses em comum com diferentes públicos-alvo e finalidades, tais quais,
contatos profissionais relacionamentos amorosos, amizades, dentre outros. Estas ferramentas possibilitam aos
usuários interações, comunicações e compartilhamento de informações como textos, vídeos, imagens e áudios
(CIRIBELI; PAIVA, 2011).
4
De acordo com o dicionário de língua portuguesa a palavra multitarefas pode ser definida como: “Execução de
dois ou mais programas ao mesmo tempo, por um único sistema de computador; processamento concorrente”
(MULTITAREFAS, 2021).
5
Qualidade do conteúdo, software ou aplicativo que pode funcionar em várias plataformas (dispositivos)
diferentes a exemplo de tablets, computadores e smartphones.
6
Metadados (livre tradução). Metadados, ou Metainformação, são elementos descritivos ou atributos referenciais
que representam características próprias de informações, ou seja, dados que descrevem outros dados em um
sistema de informação com o objetivo informar-nos sobre eles para tornar mais fácil a sua organização
(SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014).
7
A Internet das Coisas é uma extensão da Internet atual, que proporciona aos objetos do dia a dia capacidade
computacional e de comunicação ao se conectarem à Internet. Estes dispositivos nos permitirão controlá-los
remotamente e também transforma-los em provedores de serviços, a exemplo da automatização de tarefas,
coleta de dados e criação de rotinas (SANTOS et al., 2021).
8
Adjetivo referente a dispositivos do tipo móvel.
9
Aprendizado de máquina (livre tradução). O aprendizado de máquina é um conjunto de algoritmos
computacionais que emulam a inteligência humana (NAQA; MURPHY, 2015).
4

negativos, como a demanda pela perfeição, distorção da vida e de si mesmo, modificações de


humor e depressão (SILVA et al., 2019; FORTIM, ARAUJO, 2013; PANTIC, 2014). Com
ascensão da Web, as pessoas podem, por meio das redes sociais, executar diferentes tarefas,
como postar fotos, compartilhar a localização geográfica e publicar uma atualização de status,
o que pode resultar na construção de sentidos sobre si e sobre os outros. Os usuários podem,
inclusive, interagir com outros usuários seja comentando em posts10 ou até mesmo trocando
mensagens.
Nesse sentido, a facilidade de acesso e o aumento progressivo de horas gastas na
internet, de acordo com Shensa et al (2018), tem sido associado ao aumento do risco de
depressão e ansiedade, entre jovens adultos. A utilização excessiva destes serviços,
caracterizada pelo uso de 8 a 10 horas ou mais por dia e, ao menos, 30 horas por semana, pode
estar relacionado a sintomas depressivos, baixa autoestima, ansiedade, e insatisfação com o
corpo (SHARMA; JOHN; SAHU, 2020). Consoante a isto Andreassen, Pallesen e Griffiths
(2017), explicam que tais implicações surgem devido a constante necessidade de estar
conectado as redes sociais o que faz com que outras áreas da vida sejam negligenciadas assim
como também a exista incessante comparação com o conteúdo postado e editado muitas vezes
refletindo padrões intangíveis e fora da realidade. Abi-Jaoude, Naylor e Pignatiello (2020) em
uma revisão sistemática da literatura identificaram que assim como exposto acima estudantes
que passam mais tempo na plataforma digital Facebook são mais propensos a alimentar o
sentimento de inveja e inferioridade. O termo “FOMO” - fear of missing out ou medo de estar
perdendo algo (livre tradução) foi utilizado para definir este fenômeno, que é caracterizado por
medo generalizado de perder experiências importantes enquanto se está offline, o que foi
relacionado ao aumento do stress associado ao uso do Facebook.
O aumento da conectividade entre usuários reordenou percepções e fez surgir novos
modelos de subjetividade, comunicação e interação com a sociedade, assim também como
consumo. Sharma, John e Sahu (2020), Silva et al (2019) e Pantic (2014) afirmaram que o
aumento progressivo da utilização de serviços como Instagram, Facebook e Twitter com o
objetivo de reduzir sentimentos negativos, associado a dificuldade de diminuir seu uso sem
sucesso tem apontado para comportamentos de dependência. Ainda, de acordo com os autores,
as redes sociais têm se diversificado entre vários tipos de plataformas, o que demonstra que os
efeitos aos usuários podem ir ainda mais longe. Segundo Young e Abreu (2011), a dependência
do uso da internet é semelhante à dependência gerada por substâncias psicoativas. De acordo

10
Post é o conteúdo criado e publicado pelos usuários em plataformas digitais como por exemplo nas mídias
sociais.
5

com os autores, a dependência da internet é marcada por sintomas de tolerância e abstinência


que podem resultar em impactos negativos e prejudicar esferas importantes da vida dos
usuários.
Nessa direção, Mota e Morais (2020) apontaram que este envolvimento social,
proporcionado pelas redes sociais, se encontra associado a diversos aspectos da vida dos
sujeitos como ambição, relação positiva com os outros, controle de si e, por fim, felicidade e
sentimentos positivos relacionados à vida em geral. Estes aspectos, observados como
constitutivos da subjetividade das pessoas, podem sofrer influencia direta e indireta do conteúdo
consumido apresentado nas redes sociais, assumindo papel significativo no bem-estar
psicológico dos usuários.
O Bem-Estar Psicológico (BEP) é um construto baseado na psicologia positiva
resultante da conversão de diversos campos da psicologia, como a psicologia social, humanista-
existencial, psicologia do desenvolvimento e psicologia da saúde (MACHADO; BANDEIRA,
2012). O bem-estar psicológico é determinado pela maneira como o sujeito se relaciona
consigo, com os outros e com os acontecimentos do dia a dia (MOTA; MORAIS, 2020).
Fruto da subdivisão do conceito de bem-estar na década de 1960, o bem-estar
psicológico surge nos anos 1980 em paralelo à definição de bem-estar subjetivo. Nesta
perspectiva, entende-se o bem-estar psicológico como campo de estudo que abrange as
dimensões de afeto e satisfação com a vida, contemplando as dimensões do funcionamento
psíquico. De acordo com Hutz (2014), o BEP apoia-se na perspectiva eudemônica que refere-
se à felicidade e satisfação global com a vida e equilíbrio entre as vivências de emoções
positivas e negativas.
De acordo com Machado e Bandeira (2012), o BEP pode ser compreendido em seis
dimensões: 1) autonomia (avaliação de experiências com base em critérios individuais), 2)
autoaceitação (dispor de atitude positiva em relação a si e às múltiplas dimensões de sua
personalidade), 3) relações positivas com os outros (fazer parte de uma rede de relacionamentos
confiáveis; íntimos; acolhedores e satisfatórios), 4) controle do meio (capacidade de manejo do
meio para satisfação de necessidades; valores e crenças pessoais), 5) crescimento pessoal
(percepção do desenvolvimento pessoal contínuo e abertura a novas vivências) e 6) propósito
de vida (perspectiva de futuro e objetivos a serem alcançados). O conceito de bem-estar
psicológico contribui com o modelo biopsicossocial para compreensão da saúde mental em
contrapartida ao modelo biomédico, pois constitui-se como uma abordagem global e holística
que privilegia os aspectos psicológicos, sociais e culturais que contribuem para a saúde integral
do indivíduo. A partir deste ponto de vista o objetivo deste trabalho foi investigar e identificar
6

os possíveis impactos do uso das redes sociais no Bem-Estar Psicológico dos usuários tendo
em vista que por meio delas as pessoas podem executar diferentes tarefas, como postar fotos,
trocar mensagens e publicar uma atualização de status, o que pode resultar na construção de
sentidos sobre si e sobre os outros o que encontra-se diretamente ligado a saúde mental.

2 MÉTODO

A presente pesquisa classifica-se como qualitativa, exploratória e transversal. Esta


abordagem remete a um conjunto de práticas interpretativas, não numéricas, por meio das quais
os investigadores buscam observar as pessoas e suas interações por meio de um conjunto de
técnicas elaboradas para a descrição de significados (SABADINI; SAMPAIO; KOLLER,
2009). Com base no objetivo, este trabalho se classifica como exploratório haja vista a
necessidade de estudo na área e a característica do fenômeno a ser estudado, respaldado na
atualidade do tema. Quanto ao tempo, este estudo é considerado transversal devido à obtenção
de informações em um espaço e quantidade de tempo pré-determinados que busca descrevê-las
e correlacioná-las.

2.1 PARTICIPANTES

Participaram deste estudo três jovens adultos de faixa etária entre 25 e 27 anos, usuários
de redes sociais, oriundos de estados diferentes, portadores de dispositivos com acesso à
internet, tais quais computadores, tablets e smartphones. Em relação às características dos
participantes, nota-se que todos possuem, pelo menos, o Ensino Médio completo com renda
familiar maior que dois salários-mínimos.

Tabela 1: Características sociodemográficas


Características dos Entrevistados N
Sexo
Feminino 1
Masculino 2
Idade
25 anos 1
26 anos 1
27 anos 1
Estado civil
Solteira(o) 3
Cidade de residência
Florianópolis 2
São Paulo 1
Com quem reside
7

Sozinha(o) 1
Família 2
Grau de instrução
Superior completo 1
Superior incompleto (em andamento) 2
Profissão
Arquiteta(o) 1
Massoterapeuta 1
Técnico em telecomunicações 1
Renda Familiar
Até 2 salários e meio 1
Acima de 5 salários 2
Acompanhamento com psicólogo
Sim 1
Não 2
Acompanhamento com psiquiatra
Não 3
Fonte: Dados coletados pela autora.

2.2 INSTRUMENTOS

Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos distintos, sendo um deles o
questionário sociodemográfico (Apêndice B) e o roteiro entrevista semiestruturado (Apêndice
C) elaborado pela autora com o total de 25 perguntas. O questionário sociodemográfico teve
por objetivo coletar informações tais quais, como nível de escolaridade, idade, profissão, entre
outros dados, com a finalidade de traçar o perfil da amostra de participantes da pesquisa. Quanto
ao roteiro de entrevista semiestruturado, o instrumento de coleta foi elaborado pela autora, com
base nas seis dimensões do bem-estar psicológico apresentadas por Machado e Bandeira (2012)
tendo em vista a necessidade de realizar um paralelo com o uso das redes sociais. Para tal
buscou-se investigar elementos como frequência de acesso, tipo de conteúdo postado, acessado
e quais os sentimentos os entrevistados identificavam surgir durante o uso desses tipos de
aplicativos. Consoante a isto foram feitas perguntas como qual o tempo de uso diário gasto
pelos usuários na utilização de redes sociais, frequência do uso dessas plataformas durante a
semana, qual tipo de conteúdo costumam publicar e quais sentimentos experimentam ao acessar
o conteúdo publicado em seu meio social.

2.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Após a aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade de Santa Catarina, que avalia
normas de pesquisa que envolvem seres humanos, parecer 4.992.284, iniciou-se o contato e
8

coleta de dados com os participantes. Primeiramente, foi divulgado nas redes sociais da
pesquisadora e da universidade o convite para a participação do estudo com link11direcionado
a um formulário on-line. Os interessados em participar da pesquisa preencheram seus dados de
contato para serem contatados via telefone ou e-mail. A partir dessas informações, foi possível
identificar os participantes que atendiam a todos os critérios de inclusão. Após diálogo, os
participantes que aceitaram participar do estudo definiram junto com a entrevistadora data, local
e aplicativo de sua preferência para realização de vídeo chamada. Todos os participantes
optaram pela utilização da plataforma Microsoft Teams e todas as entrevistas tiveram em média
a duração de 40 minutos.
No momento do encontro, primeiramente, foi apresentado o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice A) para assinatura dos participantes. Com o aceite, iniciou-se a
coleta e registro de dados por meio de gravação da videochamada. Após a coleta de dados,
assim como orientações do Ofício n° 002/2021 para procedimentos éticos em pesquisas em
qualquer etapa em ambiente virtual (BRASIL, 2021), todo o material coletado foi arquivado
em sigilo, através de download em dispositivo eletrônico local, apagando todo e qualquer
registro em qualquer ambiente compartilhado ou "nuvem".

2.4 ORGANIZAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS.

Para organização e análise de dados, inicialmente, foi realizada a transcrição das


entrevistas em sua totalidade. Em seguida, as informações coletadas foram analisadas através
de uma leitura exaustiva quanto a conceitos, experiências, significados. Em seguida, foi
realizada a categorização das informações obtidas, o que consistiu em codificar as unidades
coletadas em categorias e, posteriormente, compará-las entre si para que fossem agrupadas em
temas com base no modelo teórico de bem-estar psicológico, proposto por Bandeira e Machado
(2012), com o intuito de atribuir significados com base nos fenômenos e na teoria abordada na
pesquisa (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). Com isto, estipulou-se três categorias
conforme a tabela abaixo:

Tabela 2 - Distribuição das categorias.


Descrição

CATEGORIA 1 Esta categoria contempla os relatos dos


Conceituação de rede social participantes sobre a definição de rede
sociais.

11
Objeto digital, palavra, texto ou imagem que quando clicado pelo internauta, o direciona para outra página na
internet.
9

CATEGORIA 2 Esta categoria caracteriza-se pelos relatos


Frequência de uso, dispositivo utilizado e dos participantes sobre o tempo médio gasto
rede social de preferência no uso das redes sociais, assim como as
plataformas mais utilizadas.

CATEGORIA 3 Esta categoria inclui os relatos dos


Relação com a rede social e o Bem-Estar participantes sobre o que estes percebem
Psicológico como relação entre bem-estar psicológico e
redes sociais.

Fonte: Autora da obra.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo deste trabalho foi analisar as percepções de jovens adultos sobre os impactos
do uso de redes sociais em seu bem-estar psicológico. Para isso, os relatos dos participantes
foram organizados em três categorias temáticas: 1) conceito de rede social, 2) frequência de
uso, dispositivo utilizado e rede social de preferência e 3) relação entre uso de redes sociais e
bem-estar psicológico.

3.1 CONCEITO DE REDE SOCIAL


As redes sociais são consideradas, pelos participantes desta pesquisa, espaços de
entretenimento e comunicação, conforme os seguintes relatos:

“Espaço de entretenimento, para passar tempo, para falar com os


amigos, acompanhar assuntos interessantes, um espaço de notícias e
lazer”. (participante F)

“Meio de comunicação, de compartilhar pensamentos, acontecimentos,


serve para muita coisa, como já disse, informação, para entrar em
contato com colegas, parentes, trabalho, um meio de poder interagir
com várias pessoas ao mesmo tempo." (participante N)

“É um local onde você pode se comunicar com as pessoas, seus amigos,


conhecidos e manter contato com eles virtualmente”. (participante B)

A conceituação de rede, em termos de estrutura social, foi introduzida por Comte no


século XIX, como forma de análise das leis da sociedade focando-se nas inter-relações que a
constituem, porém somente com Manuel Castells houve a correlação do conceito com as redes
sociais (CORREIA, 2016). Para Primo (2007), as redes sociais caracterizam-se pelo surgimento
10

potencializado de novas formas de organização, publicação e compartilhamento de


informações, o que possibilita a ampliação da interação entre os participantes do processo. Esta
revolução tecnológica é marcada por maneiras inéditas de comunicação mediadas pela internet,
ocasionando impactos sociais importantes no trabalho, nas trocas afetivas e na produção,
construção e circulação de conhecimento. De acordo com Koehler e Carvalho (2013) na
sociedade pós-moderna a discussão sobre as redes sociais se expande ainda sobre os conceitos
de público e privado, já estamos inseridos no momento em que o autor Baumam cita como
modernidade líquida. Ainda de acordo com as autoras as redes sociais refletem relações onde
tudo é efêmero e discutem sobre a volatilidade daquilo que hoje é privado e amanhã passa a ser
público de maneira a gerar grandes efeitos sobre a vida das pessoas. Essa discussão, em síntese
transpassa a velocidade da comunicação através das redes sociais potencializada pela grande
quantidade de aplicativos que hoje são veículos de informação.
Em síntese, é possível verificar que o conceito de rede social apresentado pelos
participantes desta pesquisa é semelhante ao conceito apresentado por Primo (2007) e Meurer
et al (2020), que definiram as redes sociais como redes formadas por conjunto de aplicativos
cujo objetivo é a interação para compartilhamento de conhecimentos, conteúdo, ideias, etc.

3.2 FREQUÊNCIA DE USO, DISPOSITIVO UTILIZADO E REDE SOCIAL DE


PREFERÊNCIA
As redes sociais são ferramentas utilizadas para socialização, e estão presentes em vários
países em diferentes contextos. Como resultado do advento da Web 2.0, o surgimento e
popularização das redes sociais evocou novos fenômenos, caracterizados por Souza e Quandt
(2008) como intensa troca de dados, informações e conhecimento entre as pessoas que invade
a maioria da população, hoje conectada não somente pelo computador, mas também por
dispositivos móveis, como tablets e smartphones porta de diversos tipos de plataformas sociais
características também da Web 3.0 e 4.0.
De acordo com o relato dos participantes desta pesquisa, inicialmente, sobre o
dispositivo de uso, houve variação na preferência, sendo que a maioria teve preferência pelo
acesso através do dispositivo móvel celular, conforme recorte abaixo:

“No celular é mais fácil de usar, mais rápido, computador você tem que
entrar, digitar, e eu posso usar em qualquer lugar." (participante F)

“É mais prático, em qualquer momento você pode abrir, se estiver


esperando um ônibus, você já pega e já pode usar.” (participante B)
11

Esta variação e prevalência pela preferência do uso do celular, ao invés do uso do


computador pessoal, pode ser explicada pela facilidade de acesso e manuseio do aparelho em
celular, em comparação ao computador. Isto é, em qualquer hora e lugar, as pessoas portadoras
de dispositivos móveis, a exemplo das falas acima, podem ter acesso direto a rede de
computadores para buscar informações, conversar com amigos e obter maneiras de
entretenimento via uma interface, muitas vezes, mais amigável aos usuários portadores de
dispositivos mobile do que propriamente de um computador pessoal. De acordo com Bairral
(2018), alguns desses dispositivos trazem, além da mobilidade (característica de outros
artefatos, como o telefone sem fio, por exemplo), a convergência de várias possibilidades
midiáticas em um só recurso e a ubiquidade, ou seja, a possibilidade de navegar por vários
espaços graças à conectividade o que fomenta ainda mais a predileção de alguns usuários por
esses dispositivos.
Um dos participantes, relatou porém, preferir utilizar o notebook,
conforme trecho abaixo: "Eu prefiro o notebook, sou mais ágil e acho
que melhora a visão, talvez as imagens, eu consigo ter uma visão mais
ampla daquilo que estou procurando, uma facilidade maior talvez de
pesquisa também, acho que meu meio de entrar nas redes sociais é mais
o notebook." (participante N)

Tal fato se justifica porque, apesar da ampliação da gama de novos serviços para
dispositivos móveis, algumas ferramentas ainda apresentam recursos mais completos quando
acessadas pelo computador. Em relação à finalidade do uso da internet, semelhante à definição
de rede social, as repostas dos participantes variaram entre comunicação e entretenimento, o
que denota que a internet deixou de ser apenas um meio para a busca de informações e adquiriu
novas funcionalidades na vida dos usuários, conforme as falas que se seguem:

“Mais para conversar com amigos e famílias e fazer buscas”.


(participante F)

"Para meios de pesquisa, entretenimento, lazer, filmes, pela


comunicação e aprendizado”. (participante N)

"Eu geralmente, para matar o tempo, né? Ou para assistir alguma coisa,
assistir algum vídeo, e pra fazer alguma pesquisa também”.
(participante B)

No uso diário relatado pelos participantes, o horário de preferência de uso das redes
sociais são os turnos vespertino e noturno, seguem frases que ilustram tal relato:
12

"Final de tarde e à noite, que é quando eu estou mais livre dos meus
afazeres." (participante F)

“De tarde, entre as 13 até umas 22”. (participante B)

"Durante a noite." (participante N)

Com isto, os participantes relataram também utilizar diariamente as redes sociais e o


tempo de uso variou em média de uma hora e meia a cinco horas por dia, podendo se estender
durante os finais de semana, conforme revelado nas falas abaixo:

"Durante a semana 5 ou 6 horas, acho que no máximo 7 horas. Final de


semana diminui um pouco." (participante F)

“Acredito que 5 horas por dia, tem dias que passo o dia inteiro no
computador aí já num final de semana ou um dia que eu não esteja
fazendo nada, aí já pode passar de 5 horas, com certeza." (participante
N)

"Olha, eu, vamos supor, da hora que eu acordo até a hora de eu dormir,
é que só que momentos picados, não fico uma hora, trinta minutos, vinte
minutos direto assim, mas assim, se juntar tudo dá umas… duas horas
no total por dia, ou uma hora e meia, por aí". (participante B)

Um dos entrevistados relatou que o uso das redes sociais ocupou muitos espaços antes
ocupados por atividades fora do mundo on-line, e que agora, em todos os momentos livres,
acaba fazendo o uso das plataformas sociais, sobretudo em virtude do período pandêmico:

“Diariamente, agora nesse período de pandemia até mais né, porque às


vezes você trabalhando por exemplo de home office e diferentemente
de quando você está no escritório e tá lá com a galera e tem algum
momento ocioso você conversa, vai tomar um café fazer alguma coisa,
em casa sozinho você fica no celular, então assim, eu acesso todo dia
assim, várias vezes no dia." (participante B)

Aos poucos as relações presenciais vão sendo complementadas e, em alguns casos,


substituídas pelas relações no mundo on-line. Sendo as redes sociais espaços de comunicação,
questões explicitadas nelas, podem ter ressonância nas relações do mundo físico e acabar
afetando-as. Tal achado pode ser considerado uma evidência da era da hiperconectividade do
século XXI, onde a superinformação e o excesso de publicização da privacidade, estão no
cotidiano dos sujeitos conectados (SILVA, 2014; LEITE et al., 2020). Assim, espera-se não
13

somente mudanças nas relações do mundo físico, e sim em toda a forma de viver dos indivíduos,
principalmente pelo tempo e afinco destes no uso das redes sociais e tecnologias (SILVA,
2014).
O supra referido é reforçado ante ao fato da maioria dos entrevistados terem relatado
alterações em sua rotina em virtude do uso de redes sociais. Resultado semelhante foi obtido
em um estudo brasileiro que revelou que, dentre os 169 participantes analisados, mais de 68%
faziam uso de redes sociais e aparelhos tecnológicos por tempo superior há três horas (variando
de três a oito horas) (MOROMIZATO et al., 2017). Ademais, pontua-se que o uso excessivo
e/ou de maneira descontraída das redes sociais, pode acarretar em alterações no padrão de
sono/repouso, alimentar, dentre outras (SOUSA, 2019).
Diante disto, nota-se uma implicação importante frente a algumas dimensões específicas
do Bem-Estar Psicológico definido por Machado e Bandeira (2012), alvo do presente trabalho.
A dimensão relações positivas com os outros, que refere-se à qualidade da rede de
relacionamentos das pessoas, pode sofrer implicações diretas, como o enfraquecimento dos
relacionamentos no mundo físico e, por fim, na diminuição da satisfação dos sujeitos com eles.
Ainda, no que tange às demais dimensões do BEP, o aspecto controle do meio pode sofrer
implicações, já que o manejo e satisfação das necessidades como explicitados por Sousa (2019)
pode ser prejudicado.
Em relação ao espaço de tempo que vêm utilizando as redes sociais, todos os
participantes relataram mais de dez anos de uso (variando entre 10, 12 e 20 anos), tempo médio
de 14 anos. Tal fato reflete a potencialidade e a rápida evolução e disseminação do fenômeno
das redes sociais a ainda tão recente, porém com grande necessidade de investigação no campo
da Psicologia. Os entrevistados relembram o motivo que os levaram a começar tais tipos de
plataformas.

"Acho que porque todos amigos tinham eu comecei a usar."


(participante F)

"A questão da curiosidade primeiramente, porque poder se comunicar


com outras pessoas distantes, poder conhecer outras vidas, enfim. E
talvez a pesquisa, principalmente guiado a pesquisa [...]” (participante
N)

"Ah, manter contato com os amigos, que lembro que eu estava na escola
e todo mundo, é, todo mundo tinha o Orkut né? Eu nunca tive, mas todo
mundo tinha aí, chegava na escola comentando aí postava foto e tal e
eu com o tempo fui querendo participar também né, mas o Orkut nunca
chamou a minha atenção, aí fiz o MSN e logo em seguida o Twitter,
14

que eu via na TV aquele “boom” que teve em 2009 por aí e, realmente


sim viralizou aí eu fiz também para participar e acabei gostando."
(participante B)

As redes sociais de preferência relatadas pelos usuários foram o Twitter, Instagram e


WhatsApp, juntamente com o motivo que os fazem ter a preferência pelas três plataformas
relatadas. Conforme recortes dos depoimentos que seguem, o fator comunicação é evidente o
que mais uma vez ressalta o aspecto relacional da Web 2.0:

Twitter: "Porque eu acho legal que eu sigo umas pessoas, é que eu me


interesso muito por parte de política também, música, várias áreas, e
tem uma galera legal assim que eu sigo que sempre está falando coisas,
por exemplo da pandemia ou do cenário político, tal, uma coisa assim
eu gosto de ler e me manter inteirado, eu não sinto isso nas redes
sociais." (participante B)

Instagram: "Eu gosto bastante de fotos, tenho meio de comunicação


ali, de interação com outras pessoas e eu acho que é de fácil acesso."
(participante N)

Instagram e WhatsApp: o Instagram é mais para o lazer, algo mais


visual para passar o tempo, ver vídeo, me distrair e o WhatsApp é para
falar com os clientes, falar com a família, falar com meu namorado, eu
uso mais para comunicação." (participante F)

3.3 RELAÇÃO ENTRE O USO DE REDES SOCIAIS E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO


Esta última categoria, tem o intuito de relacionar o uso, sentimentos e relação que os
participantes possuem com as redes sociais a fim de compreender os impactos do uso deste tipo
de serviço no bem-estar psicológico dos usuários. Diante disto, abaixo tem-se as impressões
gerais relatados pelos participantes ao fazerem uso destes tipos de serviços:

“Me sinto tranquila, normal, tenho um pouco de ansiedade das pessoas


me responderem e também não gosto muito de responder no WhatsApp,
fora isso, é tranquilo." (participante F)

“Talvez tenha um impacto referente ao que eu vejo, infelizmente a gente


vê umas postagens que vai agravando as situações ou que melhoram
outras, mas vai dependendo muito do dia-a-dia mesmo." (participante
N)

"Então, eu me sinto, entediado rápido, eu abro assim para matar o


tempo, dou uma lida, mas eu me entedio fácil com as redes, apesar de
eu acessar bastante porque às vezes não tem o que fazer." (participante
B)
15

Segundo as afirmações dos participantes desta pesquisa o que gera os sentimentos supra
referidos são suas experiências e expectativas, conforme falas:

"Quero tudo rápido, geralmente não é no tempo que eu quero então,


sinto pressa." (participante F)

"Hum, porque me sensibiliza, talvez seja uma coisa que eu esteja


procurando, hum, ah não sei dizer exatamente o que poderia ser, agora
um sentimento talvez seja a curiosidade, seja a busca por… não sei dizer
sentimento agora." (participante N)

"Ah, eu acho que é a monotonia. Porque é sempre a mesma coisa, ainda


mais agora nesse último ano que passou, se você quiser encontrar seus
amigos, você vai fazer uma frente pra uma tela, se quiser estudar, de
frente pra uma tela, pra fazer uma pesquisa, de frente pra uma tela, então
chega uma hora que você fica enjoado." (participante B)

De acordo com Brito e Silva (2019), atualmente os excessos e as cobranças ligadas as atividades
do cotidiano, trabalho e relações digitais, características da era informacional caracterizada pela
rápida disseminação de informações, tem contribuído para o aumento do consumo de
psicofármacos visando a amenização da angústia. Tal fato, definido pelo imediatismo
característico da “sociedade líquida” acarreta não só a busca pela satisfação das necessidades
de maneira rápida, mas também a busca pelo prazer imediato. A exemplo dos recortes nas falas
dos participantes acima denota-se que a participante F é influenciada pelo sentimento de
imediatismo presente na expressão “sinto pressa”. Tal fato em concordância com a literatura
citada acima demonstra ainda a fala da participante F a angústia, sentimento de mal-estar
quando a mesma afirma sentir-se ansiosa.
Quando questionados sobre se sentirem influenciados pelas redes sociais os
participantes explicitaram seus sentimentos e descreveram o tipo de conteúdo das postagens:

Muito pouco: “Hum…muito pouco. Acredito que viagens, roupas, e só,


vejo uma pessoa que viajou e ou ver para onde ela foi." (participante F)

Com certeza: "Uma postagem sobre moda, sobre relacionamento,


alguma coisa parecida que eu tenha vivenciado né, acho que é isso."
(participante N)

Sim: "Já, já, principalmente que filme eu vou assistir, tipo, as vezes
você acha na netflix algum filme e você pesquisa, você joga lá, você
16

fala ah, esse filme parece legal, você joga no twitter da vida e todo
mundo metendo pau no filme, ou vice-versa, você fala ah, tem uma série
e tá todo mundo comentando, vou dar uma chance já que tá todo mundo
comentando, e mais nisso assim, em questão onde, principalmente de
filme e série e você precisa de uma opinião externa para saber se você
não vai jogar seu tempo no lixo assistindo um negócio ruim, e pelo que
me lembre assim, só isso assim, agora, algumas questões mais sérias,
tipo, o que que eu vou querer estudar ou trabalhar, eu nunca me lembro
de ter sido afetado por isso." (participante B)

Nota-se que, mesmo que os participantes comentem sentir-se pouco influenciados pelo
conteúdo acessado nas redes sociais, em todas as falas acima há influência do conteúdo
consumido, o que, no presente estudo, foi explicitado pela influência em relação a viagens,
acesso a informações, filmes e séries. Tal achado se relaciona aos apontamentos de Abbade,
Flora e Noro (2014) que explicitaram a influência das redes sociais nos comportamentos de
consumidores. Destaca-se que, entre os participantes desta pesquisa, 7.500 indivíduos, 76,5%
utilizavam as redes sociais e/ou internet para averiguação e busca de informação sobre produtos.
Em relação a como os participantes se sentiam ao acessar conteúdos postados em seu
círculo social e qual o motivo eles identificavam como causador deste sentimento, não houve
consenso nas respostas e, de acordo com seus relatos, as impressões e motivos destes eram:

"Ultimamente um pouco chateada, mas normal, se é o que eu não gosto


eu paro de seguir geralmente a pessoa - desde o começo da pandemia
eu parei de seguir muita gente que não está fazendo quarentena, então,
isso que me deixa mais chateada, postagem de aglomeração, de pessoas
em festa, e isso não estou acompanhando muito." (participante F)

"Geralmente feliz, com certeza, pelo progresso de cada um. Posso ficar
sabendo da vida dos outros, não necessariamente entrando em contato
com a pessoa, tendo de conversar com a pessoa, a pessoa vai tendo
evoluções na vida, eu me sinto feliz com certeza." (participante N)

“Me sinto bem - acho que é uma maneira de manter o contato com
aquela pessoa, mesmo não sendo contato direto né"
(participante B)

Ao contrário do que apontam Abi-Jaoude, Naylor e Pignatiello (2020) sobre as


implicações do aumento do uso das redes sociais, tais quais o aumento do sofrimento mental,
comportamento autolesivo e suicídio entre os jovens, os participantes desta pesquisa, em sua
maioria, afirmaram sentirem-se felizes ao acessarem as redes sociais. Nessa direção, Mota e
Morais (2020) demonstraram que este envolvimento social se encontra associado a diversos
aspectos da vida dos sujeitos como ambição, relação positiva com os outros, controle de si e
17

por fim, felicidade e sentimentos positivos relacionados à vida em geral. Estes aspectos,
observados como constitutivos da subjetividade dos sujeitos, sofrem influência direta do
conteúdo consumido nas redes sociais e têm assumido papel significativo no bem-estar
psicológico dos usuários.
Em consonância com as respostas anteriores, sobre o conteúdo e a frequência a qual
publicam e a relação com sentimento que possuem referente ao conteúdo que postam, os
entrevistados afirmaram que:

"Publico, não com muita frequência - Me sinto tranquila, só publico


momentos felizes e coisas legais que eu faço, não sinto uma
obrigatoriedade de publicar sempre, só quando tenho vontade."
(participante F)

“Minhas publicações ou são para entretenimento ou algo engraçado


- |Me sinto feliz, acho que poder ter a disponibilidade de poder estar
publicando aquilo, de poder estar alcançando as pessoas certas, as
pessoas que eu quero estão vendo, aquilo que estou publicando, isso
geralmente pode me gerar uma alegria." (participante N)

"Publico, muito raramente - |Me sinto confortável, antes eu publicava


bem mais. Hoje já não, no Twitter eu quase não escrevo, reposto o que
outras pessoas escrevem, mas antes eu escrevia bem mais."
(participante B)

No tocante à descrição dos relacionamentos no mundo físico, ou seja, relacionamentos


interpessoais que os participantes mantém de maneira off-line e nas redes sociais, relacionados
à dimensão relações positivas com os outros (BEP), os entrevistados afirmaram que existem
diferenças, conforme apresentadas no quadro abaixo:

Tabela 3: Descrição dos relacionamentos no mundo físico e nas redes sociais.


ENTREVISTADO MUNDO FÍSICO REDES SOCIAIS MOTIVO

“Geralmente são pessoas que eu não


“Saudáveis,
tenho muito contato, então, não
divertidos, “Superficiais”
Participante F chega a ter uma amizade, a pessoa é
espontâneos”
conhecida, então comenta numa
foto, curte uma foto, mas, não passa
disso.”
“É super tranquilo para ambos, eu
“Geralmente não falo tanto gosto muito de conversar
“Relacionamentos com muita gente, pessoalmente como gosto muito de
Participante N conturbados” então com quem falo, conversar pela internet, pelas redes
é de meu agrado, eu sociais.”
me sinto bem de estar
falando com eles, de
18

estar com eles."

“São relacionamentos “Um pouco diferente,


bons, é normal, tenho sou mais um “Tenho preferido a conversa frente a
minhas amizades, espectador, eu só frente, meus relacionamentos na
grande maioria são vejo, é muito difícil rede social são assim: o pessoal
Participante B
amizades de 5 - 10 eu comentar alguma marca, eu esqueço de ver, as vezes
anos, meus coisa ou iniciar uma passa uma semana e eu não vi
relacionamentos são conversa ainda."
tranquilos” virtualmente”

Fonte: Dados coletados pela autora.

Tratando-se especificamente das relações físicas, quando questionados se as redes


sociais já os prejudicaram em tais relações, dois entrevistados argumentam que não, um
explicitou que sim, conforme relatos:

“Não percebi isso ao longo do meu uso." (participante F)

“Não percebi isso até o momento." (participante B)

“Sim, às vezes quando a gente divulga alguma coisa, direcionada a


algum acontecimento, pode atingir uma pessoa diretamente e essa
pessoa pode entender de forma errada, consequentemente na vida real
ela vai agir de outra forma." (participante N)

No tocante às diferenças dos relacionamentos no mundo físico e nas redes sociais, os


achados no presente estudo são consonantes aos achados de Vasconcellos (2014), que observou
maior superficialidade nos relacionamentos ocorridos em redes sociais. O autor aponta ainda
que, em virtude das redes sociais, a solidão deixou de ser um sentimento subjetivo para ser
vivida na exterioridade das relações sociais (VASCONCELLOS, 2014). Assim, é esperado que
conforme ocorra avanço nos processos tecnológicos, a maneira de se estabelecer vínculos entre
os indivíduos seja alterada e ganhe outros contornos, que interferem diretamente nos
comportamentos e relações sociais (SILVA, 2014; VASCONCELLOS, 2014).
Destaca-se que, em virtude das diferenças dos ambientes (mundo físico X redes sociais),
é esperado a diferença explicitada acima e, para além disso, espera-se também que os
relacionamentos do mundo físico sejam mais saudáveis, duradouros e com ocorrência de atritos.
Bauman, (2006), ao discorrer sobre a fragilidade dos vínculos humanos, aponta que os humanos
no mundo físico, querem simultaneamente “apertar os laços e mantê-los frouxos” (BAUMAN,
2006, p. 8).
Pontua-se ainda, sobre as preferências dos entrevistados, no tocante às relações do
mundo físico, onde podem estar frente a frente e possuem vínculos mais sólidos, estáveis e não
19

superficiais. Neste aspecto, Leite e colaboradores (2020) questionaram que até que ponto o uso
da tecnologia, desenvolvida para auxiliar o humano em suas múltiplas tarefas diárias, avança
ou regride. Logo, compreende-se que, mesmo as redes sociais possibilitando contatos
longínquos, elas não superam e/ou substituem as relações do mundo físico.
Em relação às dimensões de crescimento pessoal e propósito de vida antes de ser usuário
de redes sociais e após os participantes descreveram a percepção que possuem em quatro
diferentes vertentes, para cada um dos períodos, essas percepções, estão descritas na Tabela 4.
Tabela 4: Descrição dos relacionamentos no mundo físico e nas redes sociais.
VARIÁVEIS ENTREVISTADO
RELACIONADAS
PARTICIPANTE F PARTICIPANTE N PARTICIPANTE B
AO BEP
Sentimento antes de ser usuário das redes sociais
“Perdi um pouco da “Sempre fui muito feliz” “Me sinto mais seguro
Você mesmo
timidez” comigo mesmo”
“Me sentia mais “Perdeu a ideia de ficar no “Me sentia bem”
Sensação de bem- tranquila” (se sente mundo de fora”
estar bombardeada) (enfraquecimento em
relações)
“Planejo coisas mais “Problema de atenção” “Nada mudou”
Objetivos de curto
materiais” (têm mais (acredita que fica muito
prazo
acesso à informação) entretido)
“Nada mudou” “Também é um atraso” “Nada mudou”
Objetivo de longo
(acabo perdendo tempo e
prazo
não sei ainda o que quero)
Sentimento após ser usuário das redes sociais
“Mais consumista e “Mais expressivo e acho “Tranquilo, seguro do que eu
mais competitiva” que me sinto mais feliz sou, do que eu faço do que eu
Você mesmo
por isso” tenho pra oferecer pros
outros”
“Um pouco instável” “É um sentimento bom, “Saturado de ficar entrando
(coisas que me eu acho que eu consigo em rede social, eu me sinto
contrariam me irritam) lidar com diferentes assim bem, só me entedio
Sensação de bem-
sentimentos talvez que mais rápido”
estar
poderiam me fazer mal”
(pessoas próximas que
gosto)
“Possuir mais objetivos “Com certeza a gente “Me sinto bem, bem focado”
de curto prazo” consegue desviar a (não sinto que as redes sociais
Objetivos de curto
atenção do computador, mexam com meus objetivos)
prazo
das redes sociais, para
poder concluí-los”
“Me sinto tranquila” “Acaba distraindo um “Não sinto que as redes
Objetivos a longo
pouco a construção de sociais afetem isso”
prazo
objetivos a longo prazo”
Fonte: Dados coletados pela autora.

O questionamento acerca dos sentimentos antes e após ser usuários de redes sociais
resultou em diferentes perspectivas, sendo elas o ponto de vista do próprio participante, a
sensação de bem-estar, os objetivos do participante a curto e longo prazo. Em relação aos
sentimentos relacionados ao próprio participante, apesar de todos terem afirmado que as
20

mudanças ocasionadas pelas redes sociais foram pouco significativas, a maioria sugere que
antes do início do uso das redes sociais, havia insegurança. Após se tornarem usuários das redes
sociais, os participantes sugeriram haver uma maior expressividade e segurança, além de um
aumento do consumismo. Isso se correlaciona com o estudo de Carvalho (2014) que identificou
que há uma preferência de pessoas tímidas em relacionar-se de forma online, pois há uma
inibição da interação face a face. Contudo, há uma congruência com o comportamento on-line
e off-line também encontrado por Scott et al (2018) e que justifica essas pessoas possuírem
menor quantidade de postagens e contatos.
Desse aspecto emergiu também a pauta sobre consumismo relacionado aos objetivos de
curto prazo, sendo um importante ponto relacionado às redes sociais, já que é crescente o
número de exposição de produtos, tendo Awomabise (2018) constatado que a maior exposição
de jovens a produtos por essas redes e nos shoppings online aumentaram suas taxas de consumo.
Em outro estudo Gunaseran e Khalid (2017), apontaram que pessoas que utilizam a rede social
Instagram tendem a comprar mais quando percebem que possuir o produto é merecido, sendo
movidos pelo que os autores denominaram inveja benigna.
No que tange ao aspecto bem-estar, a maioria dos participantes demonstrou estar
incomodada, havendo uma maior sensação de bem-estar anterior ao uso de redes sociais. Esse
ponto foi discutido por Chen (2019) que encontrou uma correlação entre o nível de satisfação
com a vida e o nível de vício em redes sociais. Huang (2017), contudo, não encontrou correlação
entre sentimentos negativos e tempo gasto conectado. Isso se aplicou também quando se
correlacionou tempo gasto em redes com sentimentos positivos como autoestima e satisfação
com a vida (HUANG,2017).
Outra ideia emergida a partir do questionamento sobre o bem-estar se refere á sensação
de enfraquecimento das relações, tornando-se um ponto de insegurança trazido pelo uso
massivo de redes sociais virtuais, sendo congruente ao pensamento de Bauman (2006) que
pontua sobre o “amor líquido” e a fragilidade das relações bem como da insegurança nas quais
relações se iniciam e finalizam com facilidade.
Quanto aos objetivos de curto prazo, observa-se que a maior parte dos entrevistados
relataram que o uso de redes sociais não causa impacto, porém emergiu como uma questão a
falta de concentração para planejar, sendo também observado por Bashir e Bhat (2017) como
um dos efeitos do uso das redes sociais sobre a saúde mental de jovens. Além disso, outros
efeitos são aumento de estresse, fadiga, solidão, cyberbullying e declínio de habilidades
cognitivas, sugerindo os autores que qualquer rede que fortaleça este tipo de comportamento
deve ser abolido.
21

Em relação aos objetivos a longo prazo, tanto antes, quanto após o advento das redes
sociais, a maioria dos participantes disseram que não perceberam a influência das redes sociais,
mas outra parte dos entrevistados sinalizou que, após as redes sociais, tem dificuldade na
construção de objetivos a longo prazo. Destaca-se que tal achado, além de se relacionar ao
tempo de dedicação ao uso de redes sociais (MOROMIZATO et al., 2017), possui relação com
a capacidade de planejamento e realização dos indivíduos. Mas, sinaliza-se a importância de se
pensar nos prejuízos e perdas decorrentes do uso das redes sociais, e suas formas de uso, haja
visto que, na contemporaneidade, elas fazem parte do cotidiano das pessoas e a cada dia, de
maneira mais precoce, se insere na socialização/vida dos indivíduos (HAN, 2021).
Por fim, cada um a seu motivo, todos os participantes já cogitaram parar de utilizar as
redes sociais, como explicitado abaixo:

“Por questão de tomar muito tempo e eu às vezes ficar mais tempo do


que eu deveria (época de trabalho de conclusão de curso)”. (participante
F)

“Voltar ao mundo físico, tentar se afastar um pouco dessa conexão, mas


é uma coisa que eu descobri que eu gosto de fazer então acabou não
sendo tão viável”. (participante N)

“Parei de usar o Instagram, todo mundo quer vender a ideia de que é


feliz 100% do tempo e às vezes um pouco de futilidade, vi que não
estava me agregando, mas aí eu depois reativei.” (participante B)

Conforme os recortes acima, todos os entrevistados afirmaram já terem tido o desejo de


encerrar o uso das redes sociais, porém acabaram desistindo. Tal achado é reforçado pelos ditos
de Han (2021), que explicita que vivemos em uma era de dissolução do mundo físico, para o
completo estabelecimento do mundo de informação, de não-coisas. Não-coisas que, ainda
assim, continuamos desejando, comprando e vendendo, que continuam nos influenciando
(HAN, 2021). O autor pontua ainda sobre a confusão da existência nos dois mundos (físico e
virtual), a ponto de confundirem-se entre si, tornando a existência cada vez mais intangível e
fugaz (HAN, 2021). Neste aspecto os indivíduos não conseguem se ver fora do novo, e se
sentem excluídos ao não terem redes sociais, optando sempre por reestabelecerem seus acessos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente estudo permitiram a compreensão da influência das redes


sociais no bem-estar psicológico dos indivíduos. A análise sob a ótica qualitativa, revelou que
os participantes associaram as redes sociais às suas relações, decisões e escolhas, o que por sua
22

vez apontou, apesar dos participantes não indicarem explicitamente, para a influência do uso
das redes sociais nas seis dimensões do BEP apontadas por Machado e Bandeira (2012).
Como limitações do presente estudo, tem-se a investigação da realidade de poucos
indivíduos, e de localidades específicas, devendo futuras pesquisas, analisar a relação entre o
bem-estar psicológico e as redes sociais com outros instrumentos, tais quais uma pesquisa de
levantamento, com o uso de um questionário, à ser divulgado em redes sociais e uma amostra de maior
representatividade. Para tal, indica-se o uso de instrumento misto com perguntas fechadas e
abertas assim como a aplicação de uma escala específica de Bem-Estar psicológico
Por fim, espera-se que a presente pesquisa, aponte para a realização de mais estudos que
possam investigar o uso de redes sociais sobre os vieses da Psicología já que o uso dessas
ferramentas influenciam diretamente no bem-estar dos usuarios e com isso podem trazer
maleficios a saúde mental. Espera-se de futuras pesquisas o desenvolvimento de estratégias
específicas para o cuidado necessário à saúde mental dos indivíduos inseridos na
hiperconectividade característica do século XXI.

REFERÊNCIAS
ABI-JAOUDE, Elia; NAYLOR, Karline Treurnicht; PIGNATIELLO, Antonio. Smartphones, social media use
and youth mental health. Canadian Medical Association Journal, [S.L.], v. 192, n. 6, p. 136-141, 9 fev. 2020.
Http://dx.doi.org/10.1503/cmaj.190434. Disponível em: https://www.cmaj.ca/content/192/6/E136. Acesso em: 24
abr. 2021.

ANDREASSEN, Cecilie Schou; PALLESEN, Stale; GRIFFITHS, Mark. The relationship between addictive use
of social media, narcissism, and self-esteem: findings from a large national survey. Addictive Behaviors, [s. l], v.
64, p. 287-293, jan. 2017. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460316301095?via%3Dihub. Acesso em: 14 dez.
2021.

BAIRRAL, M. A. Dimensões a considerar na pesquisa com dispositivos móveis. Estudos Avançados, [S. l.], v.
32, n. 94, p. 81-95, 2018. DOI: 10.1590/s0103-40142018.3294.0007. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/152680. Acesso em: 7 dez. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ofício circular 2/2021/CONEP/SECNS/MS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 24
fev. 2021. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf. Acesso em: 2
dez. 2021.

BRESSAN, R. T. Dilemas da rede: Web 2.0, conceitos, tecnologias e modificações. Anagrama, [S. l.], v. 1, n.
2, p. 1-13, 2009. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/35306. Acesso em: 27 abr.
2021.

BRITO, Raquel Cristina da Costa; SILVA, Jeann Bruno Ferreira da. O imediatismo frente ao sofrimento psíquico.
Amazônia Science And Health, Amazonas, v. 7, n. 4, p. 56-59, nov. 2019. Disponível em:
http://ojs.unirg.edu.br/index.php/2/article/view/3064. Acesso em: 14 dez. 2021.
23

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CIRIBELI, João Paulo; PAIVA, Victor Hugo Pereira. Rede e Mídias Sociais na Internet: realidades e perspectivas
de um mundo conectado. Mediação, Belo Horizonte, v. 13, n. 12, p. 60-74, out. 2011. Semestral. Disponível em:
http://revista.fumec.br/index.php/mediacao/article/view/509. Acesso em: 03 jul. 2021.

COSTA, A. M. N. (2006). O psicólogo na sociedade em rede. In O. Z. Prado, I. Fortim, & L. Consentino (Orgs.),
Psicologia e Informática: produções do III Psicoinfo II Jornada do NPPI (pp. 20-30). São Paulo: Conselho
Regional de Psicologia.

FORTIM, Ivelise; ARAUJO, Ceres Alves de. Aspectos psicológicos do uso patológico de internet. Bol. - Acad.
Paul. Psicol., São Paulo, v. 33, n. 85, p. 292-311, dez. 2013. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415711X2013000200007&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 20 maio 2021.

HONORATO, E. J. S. (2006). Comunidade virtual Orkut: uma análise psicossocial. In O. Z. Prado, I. Fortim, &
L. Consentino (Orgs.), Psicologia e Informática: produções do III Psicoinfo II Jornada do NPPI (pp. 31-47).
São Paulo: Conselho Regional de Psicologia.

HUNTZ, C. S. (Org.) (2014). Avaliação em Psicologia Positiva. Porto Alegre: Artmed

KRÓL, Karol. EVOLUTION OF ONLINE MAPPING: from web 1.0 to web 6.0. Geomatics, Landmanagement
And Landscape, [S.L.], v. 1, p. 33-51, 2020. The University of Agriculture in Krakow.

MACHADO, Wagner de Lara; BANDEIRA, Denise Ruschel. Bem-estar psicológico: definição, avaliação e
principais correlatos. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 29, n. 4, p. 587-595, Dec. 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2012000400013&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 24 abr. 2021. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2012000400013.

MORAIS, Maria Helena; MOTA, Catarina Pinheiro. Separação-individuação aos pais e bem-estar
psicológico em jovens adultos: papel mediador da personalidade. Psicologia, [S.L.], v. 34, n. 1, p. 135-146, 7
ago. 2020. Associação Portuguesa de Psicologia. http://dx.doi.org/10.17575/psicologia.v34i1.1430.

MULTITAREFAS. In: MICHAELIS, Dicionário Online de Português. Melhoramentos, 2021. Disponível em: <
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/multitarefa>. Acesso em:
28/11/2021.

PANTIC, Igor. Online Social Networking and Mental Health. Cyberpsychology, Behavior, And Social
Networking, [S.L.], v. 17, n. 10, p. 652-657, out. 2014. Disponível em:
https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/cyber.2014.0070. Acesso em: 27 abr. 2021.
Http://dx.doi.org/10.1089/cyber.2014.0070.

PINHEIRO, W. M. Emoticons do Facebook: analisando a demarcação de sentimento e engajamento do


consumidor pela mídia social. Signos do Consumo, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 70-81, jan./jun. 2018

PRIMO, A. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, v. 9, 26 jun. 2007.

RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Meridional, 2009.

ROCHA, Glauco Capper da; FILHO, Veridiano Barroso de Souza. Da guerra às emoções: história da internet e o
controverso surgimento do Facebook. In: IV ENCONTRO REGIONAL NORTE DE HISTÓRIA DA MÍDIA,
maio, 2016, Rio Branco. Anais eletrônicos. Rio Branco, 2016. Disponível em: <
http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-regionais/norte/4o-encontro-2016/gt-historia-da-
midia-digital/da-guerra-as-emocoes-historia-da-internet-e-o-controverso-surgimento-do-facebook/view> Acesso:
27 maio 2021.

SABADINI, A. A. Z. P.; SAMPAIO, M. I. C.; KOLLER, S. H. (org.). Publicar em Psicologia: um enfoque para
a revista científica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009
SAMPIERI, Roberto Hernandez; COLLADO, Carlos Fernandez; LUCIO, Maria del Pilar Baptista. Metodologia
24

de Pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013.

SANTOS, Matheus Martins et al. Internet das Coisas: a busca do conceito e as perspectivas futuras sobre sua
aplicabilidade. Research, Society And Development, [S.L.], v. 10, n. 10, p. 1-11, 7 ago. 2021. Research, Society
and Development. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i10.18504. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18504/16678. Acesso em: 28 nov. 2021

SHARMA, Manoj Kumar; JOHN, Nisha; SAHU, Maya. Influence of social media on mental health. Current
Opinion In Psychiatry, [S.L.], v. 33, p. 01-09, 6 jul. 2020. Disponível em:
https://journals.lww.com/copsychiatry/Abstract/2020/09000/Influence_of_social_media_on_mental_health__a.7.
aspx. Acesso em: 12 abr. 2021. http://dx.doi.org/10.1097/yco.0000000000000631

SILVA, Alana Vieira da et al. A Influência do Instagram no cotidiano: Possíveis Impactos do Aplicativo em seus
usuários. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, 21., 2019, São
Luís. Anais [...]. São Luís: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2019. p. 1-14.
http://dx.doi.org/10.15576/gll/2020.1.33.

SOUZA, Queila Regina; QUANDT, Carlos Olavo. Metodologia de análise de redes sociais. In: Fábio Duarte;
Carlos Quandt; Queila Souza. (Org.). O Tempo das Redes. São Paulo: Perspectiva, p. 31-63, 2008.

YOUNG, Kimberly, ABREU, Cristiano (Orgs). Dependência de internet: manual e guia de avaliação e
tratamento. Porto Alegre: Artmed; 2011.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP UNISUL

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Participação do estudo

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa intitulada “Relação entre Redes
Sociais e Bem-Estar Psicológico: O que dizem os jovens adultos?”, coordenada pela professora
Quele de Souza Gomes Santos. O objetivo deste estudo é caracterizar as relações do uso de
redes sociais no dia-a-dia na saúde mental dos usuários, mais especificamente em seu bem-estar
psicológico.
Caso você aceite participar, você terá que responder um questionário de dados
sociodemográficos assim como participar de uma entrevista semiestruturada acerca das
repercussões do uso de redes socias em seu bem-estar, o que deve despender cerca de 60
minutos. Além disso, a entrevista de videochamada terá seu áudio gravado.

Riscos e Benefícios

Com sua participação nesta pesquisa, você estará exposto a riscos como mal-estar
emocional, constrangimento, estresse e ansiedade, e caso eles venham a ocorrer, serão tomadas
as seguintes providências: acolhimento psicológico inicial assim como encaminhamento para
realização de acompanhamento psicológico caso necessário, sob a responsabilidade da
pesquisadora e professora responsável Quele de Souza Gomes Santos. Esta pesquisa tem como
benefícios diretos acesso a um momento de escuta e acolhimento com base em suas vivências
e narrativas viabilizado um momento de reflexão e bem-estar e como benefício indireto o
conhecimento acerca do tema.

Sigilo, Anonimato e Privacidade

O material e informações obtidas podem ser publicados em aulas, congressos, eventos


científicos, palestras ou periódicos científicos, sem sua identificação. Seus dados de
identificação não constarão no áudio coletado e qualquer informação que te identifique na
transcrição do material coletado será substituída. Os pesquisadores se responsabilizam pela

_______________________________ ________________________________
Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável
Universidade do Sul de Santa Catarina
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP UNISUL

guarda e confidencialidade dos dados, bem como a não exposição individualizada dos dados da
pesquisa. Sua participação é voluntária e você terá a liberdade de se recusar a responder
quaisquer questões que lhe ocasionem constrangimento de alguma natureza.

Autonomia

Você também poderá desistir da pesquisa a qualquer momento, sem que a recusa ou a
desistência lhe acarrete qualquer prejuízo. É assegurada a assistência durante toda a pesquisa,
e garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e
suas consequências. Se em sua participação na pesquisa for detectado que você apresenta
alguma condição que precise de tratamento, você receberá orientação da equipe de pesquisa, de
forma a receber um atendimento especializado. Você também poderá entrar em contato com os
pesquisadores, em qualquer etapa da pesquisa, por e-mail ou telefone, a partir dos contatos dos
pesquisadores que constam no final do documento.

Devolutiva dos resultados

Os resultados da pesquisa poderão ser solicitados a partir de dezembro de 2021 através


do e-mail paula.cordeiro@unisul.br. Ressalta-se que os dados de áudio coletados nesta pesquisa
somente poderão ser utilizados para as finalidades da presente pesquisa, sendo que para novos
objetivos um novo TCLE deve ser aplicado.

Ressarcimento e Indenização

Lembramos que sua participação é voluntária, o que significa que você não poderá ser
pago, de nenhuma maneira, por participar desta pesquisa. De igual forma, a participação na
pesquisa não implica em gastos a você. No entanto, caso você tenha alguma despesa decorrente
da sua participação, tais como transporte, alimentação, entre outros, você será ressarcido do
valor gasto. Se ocorrer algum dano decorrente da sua participação na pesquisa, você será
indenizado, conforme determina a lei.
Após ser esclarecido sobre as informações da pesquisa, no caso de aceitar fazer parte do

_______________________________ ________________________________
Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável
Universidade do Sul de Santa Catarina
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP UNISUL

estudo, assine o consentimento de participação em todas as páginas e no campo previsto para o


seu nome, que é impresso em duas vias, sendo que uma via ficará em posse do pesquisador
responsável e a outra via com você.

Consentimento de Participação

Eu ______________________________________________ concordo em participar,


voluntariamente da pesquisa intitulada “Relação entre redes sociais e bem-estar psicológico: O
que dizem os jovens adultos?” conforme informações contidas neste TCLE.

Local e data: _________________________________________________________

Assinatura: __________________________________________________________

Pesquisador (a) responsável (orientador (a)): Quele de Souza Gomes Santos


E-mail para contato: quele.santos@animaeducacao.com.br
Telefone para contato: 0800 970 7000
Assinatura do (a) pesquisador (a) responsável: ____________________________
Outros pesquisadores:
Nome: Paula Regina Cardoso de Mello de Angelis Cordeiro
E-mail para contato: paula.cordeiro@unisul.br
Telefone para contato: 0800 970 7000
Assinatura do (a) aluno (a) pesquisador (a): _______________________________

O Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) é composto por um grupo de pessoas
que estão trabalhando para garantir que seus direitos como participante sejam respeitados,
sempre se pautando pelas Resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
O CEP tem a obrigação de avaliar se a pesquisa foi planejada e se está sendo executada de
forma ética. Caso você achar que a pesquisa não está sendo realizada da forma como você
imaginou ou que está sendo prejudicado de alguma forma, você pode entrar em contato com o
Comitê de Ética da UNISUL pelo telefone (48) 3279-1036 entre segunda e sexta-feira das 13h
às 17h e 30min ou pelo e-mail cep.contato@unisul.br.

_______________________________ ________________________________
Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável
APÊNDICE B – Questionário de Dados Sociodemográficos
Idade:
Gênero :
Estado Civil:
( ) Solteiro(a)
( ) Casado(a)
( ) Divorciado(a)
( ) Viúvo(a)
Cidade e estado de residência:
Com quem mora:
Grau de instrução:
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Superior completo
( ) Superior incompleto
( ) Pós-graduação(Espcialização)
( ) Mestrado
( ) Doutorado
Curso de graduação:
Profissão:
Renda familiar mensal aproximada (em reais):
Já fez acompanhamento com psicólogo?
Já fez acompanhamento com psiquiatra?
APÊNDICE C – Roteiro de entrevista

1) Pra você o que é uma rede social?


2) Por meio de qual dispositivo você acessa a internet?
3) Caso utilize mais de um dispositivo, por qual você tem preferência e por quê?
4) Com que finalidade você acessa a internet?
5) Com qual frequência você acessa as redes sociais durante a semana e final de semana?
6) Por quantas horas você as utiliza durante o dia?
7) Qual período do dia você identifica que faz mais uso das redes sociais?
8) Há quanto tempo você utiliza as redes sociais?
9) Qual motivo foi o motivo que te levou a começar utilizá-las?
10) Qual é a rede social que você mais acessa?
11) Por que você tem essa preferência?
12) Como você se sente quando acessa as redes sociais? O que você acha que gera esse
sentimento?
13) Você se sente influenciado por publicações nas redes sociais?
14) Caso a resposta da pergunta anterior seja sim, qual é o conteúdo dessas publicações?
15) Nos últimos seis meses, você notou a mudança ou surgimento de algum comportamento
devido a algo que viu nas redes sociais?
16) Você publica nas redes sociais?
17) Como você se sente sobre o conteúdo que publica nas redes sociais?
18) Como você se sente ao acessar conteúdos postados em seu círculo social? Qual motivo
você identifica causar este sentimento?
19) Como você descreve seus relacionamentos no mundo físico?
20) Como você descreve seus relacionamentos nas redes sociais?
21) Você identifica que o uso da internet já te prejudicou em suas relações no mundo físico?
22) A utilização de redes sociais te prejudica ou já prejudicou na organização das tarefas do
dia-a-dia? Você pode me contar em que situação isso ocorreu?
23) Como você se sentia antes de ser usuário das redes sociais em relação a:
a) Você mesmo
b) Sensação de bem-estar
c) Objetivos de curto prazo
d) Objetivo de longo prazo
Atualmente, com o uso das redes sociais, como você se sente em relação a:
a) Você mesmo
b) Sensação de bem-estar
c) Objetivos de curto prazo
d) Objetivos a longo prazo
24) Você já levou em conta informações obtidas nas redes sociais para tomar decisões?
25) Você já cogitou parar de utilizar as redes sociais?

Você também pode gostar