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São Paulo
2021
ESTRATÉGIAS PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS DA EXCESSIVA
UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS
1. Introdução
1
GAUDIN, Sharon. The transistor: The most important invention of the 20th century?
Computerworld. disponível em: <https://www.computerworld.com/article/2538123/the-transistor--the-
most-important-invention-of-the-20th-century-.html>. acesso em: 27 maio 2021.
2
MEIRELLES, Fernando S. Panorama do uso de TI no Brasil. São Paulo: FGVcia, 2021. Relatório
da 32ª Pesquisa Anual de Uso de TI. Disponível em:
<https://eaesp.fgv.br/producao-intelectual/pesquisa-anual-uso-ti>. Acesso em: 27 maio. 2021.
3
VALENTE, Jonas. Mais de 5 bilhões de pessoas usam aparelho celular, revela pesquisa.
Agência Brasil, Brasília 08 de set. 2019. Disponível em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-09/mais-de-5-bilhoes-de-pessoas-usam-
aparelho-celular-revela-pesquisa>. Acesso em: 27 maio 2021.
intervenção, é a hiperconectividade das pessoas e o subsequente uso excessivo
dessas ferramentas.
Por se tratar de novas ferramentas e que são essenciais para o trabalho,
estudo e até entretenimento das pessoas, pouco é discutido sobre seu uso
excessivo ou problemático. Apenas em 2017 a Organização Mundial da Saúde
(OMS) publicou um relatório de uma reunião organizada pelo órgão, que visava
avaliar as evidências existentes sobre os impactos na saúde pública e na saúde das
pessoas que fazem o uso excessivo de Internet, computadores, smartphones e
outros aparelhos similares, bem como revisar as descrições clínicas e os guias
diagnósticos associados com o uso excessivo, avaliar políticas públicas de vários
países que tratam dessas questões e, por fim, sugerir à própria OMS novas ações
nessa área4.
Já na última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-5) não apresenta critérios para o diagnóstico do uso excessivo da
internet, computadores e smartphones, mas apenas o cita como diferente do
Transtorno do Jogo5. Um dos fatores apontados por Herrero et al. (2019, p.5) 6 para o
uso excessivo de smartphones indica uma relação inversa entre o uso excessivo e o
suporte social que a pessoa aufere, mostrando que, conforme o nível de suporte
social aumentava, o nível de “vício” diminuía.
Partindo de uma perspectiva fenomenológica-existencial essa limitação não
se apresenta como obstáculo para a discussão do tema, o uso excessivo das redes
sociais independe de um diagnóstico de transtorno mental, é um fenômeno que
afeta a vivência das pessoas e, portanto, deve ser visto sobre o prisma
hermenêutico e não sintomatológico7.
4
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Public health implications of excessive use of the Internet,
computers, smartphones and similar electronic devices. Meeting Report: Main Meeting Hall,
Foundation for Promotion of Cancer Research, National Cancer Research Centre, Tokyo, Japan, 27-
29 August 2014, [s.l.: s.n.], 2015.
5
O uso excessivo da internet que não envolve os jogos on-line (p. ex., uso excessivo das mídias
sociais, como o Facebook; assistir a pornografia on-line) não é considerado análogo ao transtorno do
jogo pela internet, e pesquisas futuras sobre os demais usos excessivos da internet precisariam
seguir diretrizes similares, conforme aqui sugerido. Os jogos de azar excessivos on-line podem se
qualificar para um diagnóstico separado de transtorno do jogo. (2014, p. 798, grifo nosso)
6
HERRERO, Juan et al. Adicción a los teléfonos inteligentes y apoyo social: un estudio
longitudinal durante tres años. Psychosocial Intervention, v. 28, n. 3, p. 111–118, 2019.
7
GORZA, Marcelo de Souza; BECHER, Gabriel. Dependência virtual: um olhar fenômeno-
estrutural sobre a compulsão digital, Revista Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea,
v. 9, n. 1, p. 73–93, 2020.
Nesse sentido é preciso entender como se dá o uso em excesso das redes
sociais, conforme discutido por Gorza e Becher (2020, p.9), o importante dentro de
uma visão fenomenológica “[...] é exercer a visão pregnante do vivido
psicopatológico, buscando identificar semelhanças dentro da multiplicidade.”. Sendo
assim, ao invés de se explicar o ser-no-mundo que faz uso excessivo das redes
sociais a partir de sintomas clínicos, é preciso enxergar essa pessoa em sua
totalidade, ligado não apenas aos sintomas, mas enxergar como essa condição
afeta o seu existir em suas dimensões fundamentais 8.
2. Objetivo Geral:
3. Objetivo Específico:
4. Justificativa:
8
GORZA, Marcelo de Souza; BECHER, Gabriel. Dependência virtual: um olhar fenômeno-
estrutural sobre a compulsão digital. Revista Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea,
v. 9, n. 1, p. 73–93, 2020. p. 12.
Novas tecnologias alteram a forma com que os seres humanos interagem com o
mundo e, principalmente, interagem entre si. Destarte isso significa que as novas
formas de interação entre pessoas criam dinâmicas e problemáticas específicas que
levam tempo até serem totalmente compreendidas e estudadas.
Uma destas problemáticas que ainda é pouco compreendida pela sociedade e
pelos serviços especializados de saúde é o uso excessivo da internet e das redes
sociais. Trata-se, portanto, de tema hodierno, com grande relevância numa
sociedade que se vê cada dia mais conectada e, simultaneamente, distante
socialmente.
Conforme indicam pesquisas recentes, como àquela realizada por Guedes 9 et. al.
(2015), já existem indícios de que as redes sociais afetam os mecanismos de
incentivo cerebral, a partir do sistema de recompensas, criando dessa forma, um
ciclo vicioso entre exposição e recompensa (na forma de likes, curtidas e outras
formas de engajamento social que as redes usam), que pode levar ao uso
problemático dessas ferramentas. Por fim, como indicado pelos autores
supracitados, o uso problemático das redes sociais pode estar ligado com
determinadas características da personalidade do usuário (como narcisismo,
neuroticismo, extroversão e introversão) o que as coloca em um risco maior de se
relacionar de maneira abusiva com essas ferramentas.
As novas mídias digitais estão de tal maneira ligadas ao viver-no-mundo das
pessoas que os ambientes online e offline passam a se confundir cada vez mais, e o
contexto da pandemia de COVID-19 acabou por intensificar esse processo. Se antes
existiam ambientes que o uso das redes sociais era restrito, hoje estes mesmos
espaços necessitam das redes sociais para a manutenção de suas atividades, como
é o caso das escolas, faculdades e determinados contextos laborais.
Desta feita, discutir, pesquisar e analisar o uso problemático das mídias
digitais se torna essencial para lidarmos com o presente tema, é apenas observando
o fenômeno e entendendo as múltiplas vivências que ocorrem no ambiente virtual
que será possível criar estratégias para minimização dos riscos oferecidos pelo uso
de redes sociais.
9
GUEDES, Eduardo et al. Social networking, a new online addiction: a review of Facebook and
other addiction disorders. Medical Express, v. 3, n. 1, 2016.
A abordagem fenomenológica-existencial apresenta uma perspectiva
promissora para a melhor compreensão deste fenômeno, uma vez que o uso das
redes sociais está tão difundido e ligado às questões de ensino e trabalho, não cabe
ao profissional definir de maneira binária se o uso é problemático ou não a partir de
critérios casuísticos, pelo contrário, deve ser o usuário a reconhecer se o seu uso é
problemático a partir da observação do fenômeno como ele se apresenta em sua
própria vivência.
5. População alvo
8. Procedimentos:
a. Rodas de conversa
Entende-se como grupo, um conjunto de pessoas com disponibilidade de
reconhecerem sua singularidade no processo de interação com outros seres
também únicos, que buscam alcançar segurança para lidarem com problemas
similares vivenciados pelos participantes. Os registros apontam que a civilização
mais antiga a utilizar essa prática foram os gregos, mais precisamente, o ateniense
Sócrates (469-399 a.C.), o qual constantemente se reunia junto a outras pessoas
para dialogarem sobre assuntos de interesse coletivo. Essa prática se estendeu por
toda a história em diversos povos e civilizações, seja com objetivo político ou de
ímpeto particular. Camasmie e Sá (2012)10 publicaram um artigo que nos apresenta
de uma maneira clara e objetiva os aspectos importantes da terapia de grupo a partir
da percepção existencialista de Heidegger, de que a existência do ser humano é
ontologicamente coexistência (ser-com-os-outros), um ente cujo modo de ser só se
dá no relacionar-se com os demais. Assim sendo, o artigo supracitado nos
demonstra que o participante de uma roda de conversa consegue adquirir uma
identidade estável de qualidade mais cristalina. Os autores afirmam também que o
processo terapêutico em grupo é mais proficiente quanto ao “esforço em sustentar
um específico modo de ser”, se comparado ao processo terapêutico individual.
Na mesma premissa, outros autores como Leszcz e Yalon 11 (2007, p. 23)
relataram onze benefícios da terapia em grupo para os participantes, sendo eles:
“1. Instilação de esperança; 2. Universalidade; 3. Compartilhamento de
informações; 4. Altruísmo; 5. Recapitulação corretiva do grupo familiar
primário; 6. Desenvolvimento de técnicas de socialização; 7.
Comportamento imitativo; 8. Aprendizagem interpessoal; 9. Coesão grupal;
10. Catarse e 11. Fatores existenciais”
b. Encontro de psicoeducação:
12
LEMES, C. B.; ONDERE NETO, J. Aplicações da psicoeducação no contexto da saúde. Temas
psicol., Ribeirão Preto, v. 25, n. 1, p. 17-28, mar. 2017.
de Roda de Conversa, todas as quartas feiras das 17:30h às 19:00h via ferramenta
online Zoom.
1º Encontro: Para o primeiro encontro propomos uma dinâmica e uma palestra.
A dinâmica consiste em os participantes responderem: “O que as redes sociais
significam para você?”, com o propósito de que cada participante comece a refletir
sobre sua relação com elas. A palestra com profissional especializado terá o tema
“Modernidade Líquida”. Palestra sobre as obras de Zygmunt Bauman que falam
sobre as mudanças nas relações sociais atuais. Para Bauman, liquidez quer dizer
ausência de forma definida, velocidade, mobilidade e inconsistência.
O objetivo dessa intervenção é apresentar o tema do encontro de forma que os
participantes percebam o uso excessivo de redes sociais, associado ao pensamento
proposto na sua própria rotina através da interação participante/palestrante. Sugerir
que a partir dos conhecimentos apresentados, os participantes possam estar mais
presentes e atentos ao momento em que estão utilizando as redes sociais para
identificar quais os impactos que isso gera no seu estado emocional e produtivo. E
assim, poder reconhecer a forma que se relaciona com as redes.
A atividade sobre a reflexão terá 30 minutos de duração, a palestra 45 minutos e
os últimos 15 minutos serão destinados para questionamentos, dúvidas sobre a
palestra e fechamento.
2º Encontro: No segundo encontro, após a terceira e quarta Rodas de Conversa,
os participantes serão convidados a participar de uma gincana/atividade, na
plataforma “Kahoot” (ANEXO B) e posteriormente debaterão os resultados
encontrados. Trata - se de um quiz com perguntas relacionadas ao uso excessivo
das Redes Sociais e de doenças relacionadas a esse uso, tal como a Síndrome do
FOMO (siga em inglês para o “sentimento de não fazer parte”).
O intuito é trazer o fenômeno para consciência sobre o uso excessivo das Redes
Sociais, a fim de que os participantes possam ter a ciência, e a partir disso, tomarem
uma decisão mais cuidadosa de quais momentos irão acessar suas redes, com o
intuito de não perderem importantes momentos do “mundo real”, por estarem no
“mundo virtual”.
Algumas perguntas exemplos que serão mencionadas no quiz são: 1. Alguma
vez, chegou a dormir menos de 4h porque ficou no celular, tablete ou computador?
2.Quando está fazendo alguma refeição (café da manhã, almoço ou jantar), costuma
ficar olhando as redes sociais? 3. Seus familiares ou amigos reclamam sobre o
tempo que você fica conectado na internet? 4. Quando está participando de alguma
reunião ou assistindo alguma aula, costuma ficar olhando as redes sociais? 5.
Quando está dirigindo, costuma olhar as redes sociais? 6. Costuma ficar ansioso(a)
ou nervoso(a) quando não sabe o que seus amigos estão fazendo? 7. Quando está
se divertindo, acredita ser importante compartilhar em suas redes sociais? 8. Com
que frequência prefere estar na internet a com seus amigos?
Para a atividade de respostas serão utilizados 30 minutos do encontro e a última
hora para discussão do tema por convidado especializado na área.
3º Encontro: No terceiro encontro de Psicoeducação, propomos uma palestra
sobre “Redes Sociais e Saúde Mental”, por algum especialista na área de saúde
mental. Tal tema tem base no estudo feito pela instituição Royal Society For Public
Health13 (RSPH), no Reino Unido em 2017. Ele apontou que 91% de jovens usam
redes sociais, sendo que as taxas de ansiedade e depressão deste grupo tiveram
70% de aumento no período. O aplicativo Instagram foi considerado como o “pior”
(mais perigoso) para a saúde mental.
Pensando viver uma vida autêntica ou uma vida inautêntica, a palestra propõe
uma explicação sobre a linha tênue da vida real e a vida compartilhada (vida nas
Redes Sociais), uma reflexão para a identificação do refúgio da angústia, o que é e
como lidar com o cyberbullying, e como os algoritmos dos aplicativos podem
influenciar certas condutas e gerar fake News, como mencionado no documentário
“Dilema das Redes”.
A palestra será realizada em 1:15 horas e os últimos 15 minutos será aberto para
perguntas dos participantes.
4º Encontro: A intervenção não tem como objetivo privar o uso das redes
sociais e, sim, promover o uso consciente delas com o intuito de que cada
participante tenha autonomia de se perceber nos momentos que estão usando
demasiadamente e realizar uma reflexão entendendo o seu fenômeno singular.
Sendo assim, no quarto e último encontro de psicoeducação, propomos uma
dinâmica pela plataforma “Mentimeter” (ANEXO C), onde o participante responde 3
perguntas sobre o tempo de utilização das Redes Sociais. O intuito é entendermos
se houve uma evolução na utilização de Redes Sociais após os 11 encontros de
Rodas de Conversa e Encontros de Psicoeducação.
13
ROYAL SOCIETY FOR PUBLIC HEALTH. Instagram Ranked Worst for Young People’s Mental
Health. disponível em: <https://www.rsph.org.uk/about-us/news/instagram-ranked-worst-for-young-
people-s-mental-health.html>. acesso em: 17 jun. 2021.
Após as respostas e apresentação dos resultados, ocorrerá o debate sobre a
evolução ou não dos participantes da intervenção. As perguntas a serem realizadas
são: 1. Você conseguiu identificar o motivo de seu uso demasiado nas redes
sociais? 2. Você sentiu que seu relacionamento com as redes sociais mudou? 3. E a
partir daí, você pretende fazer algo, pensar em nova forma de lidar com as redes?
Uma vez que teremos 03 perguntas neste encontro e as respostas são imediatas,
dedicaremos 30 minutos para debate de cada pergunta.
9. Cronograma
Semanas
Fase e Nome
S S S S S S S S S S1 S1 S1 S1 S1 S1 S1 S1 S1
da Tarefa
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Iniciação
Selecionar o
líder do projeto X
e instituição
Avaliar
viabilidade da X
intervenção
Planejamento
Recursos
X X
humanos
Recursos
X X
materiais
Determinar
todos os papéis
e X
responsabilidad
es
Execução
Mobilização da
equipe do X X X X X X X X X X X X X X X
projeto
Campanha X X X
Pesquisa com
X X
os participantes
Rodas de
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
conversa
Encontros de
1º 2º 3º 4º
psicoeducação
Monitoramento
X X X X X X X X X X X X
e Controle
Encerramento
Analisar se os
objetivos foram X X
alcançados
Coletar as
lições X X
aprendidas
Concluir os
X X
relatórios
Apresentação
X
dos resultados
11. Encerramento
ROYAL SOCIETY FOR PUBLIC HEALTH. Instagram Ranked Worst for Young
People’s Mental Health. Disponível em:
<https://www.rsph.org.uk/about-us/news/instagram-ranked-worst-for-young-people-s-
mental-health.html>. Acesso em: 17 jun. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Public health implications of excessive use
of the Internet, computers, smartphones and similar electronic devices. Meeting
Report: Main Meeting Hall, Foundation for Promotion of Cancer Research, National
Cancer Research Centre, Tokyo, Japan, 27-29 August 2014. [s.l.: s.n.], 2015.
Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/184264/1/9789241509367_eng.pdf>.
Acesso em: 27 maio 2021.
1 – Sobre minha relação com as Redes Sociais, minha maior descoberta foi...
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4 – O que faltou...
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7 – Os profissionais...
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8 – Os participantes do grupo...
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10 – Críticas e sugestões:
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ANEXO B – Atividade Kahoot!