Você está na página 1de 53

POR MARCÍLIO FALCÃO

Príncípios e métodos para você construir seu melhor projeto de aprovação


no concurso de admissão à carreira de diplomata (CACD) com fulcro
metodológico na periodização dos estudos por ciclos; e um possível plano
de leituras para a bibliografia oficiosa do concurso.
Os primeiros desafios do
candidato ao CACD
Durante meus vários anos como orientador para o concurso de diplomata,
em que tive mais de 8 mil alunos em diversos programas de mentoria de
diversos formatos, identifiquei três problemas principais cuja busca de
soluções rouba o sono dos candidatos ao CACD: 1) como construir um
plano de estudos que de fato acelere a aprovação e dar conta de todo o
conteúdo da prova que parece nunca acabar?; 2) como aprender melhor e
esquecer menos os assuntos estudados?; 3) será que conseguirei ter o
nível intelectual dos últimos aprovados, ou seja, este concurso é mesmo
para mim?

Graças à tê-pê-essite reinante, que faz as pessoas acreditarem que só o


conteúdo importa, acrescento, por minha própria conta, um quarto desafio:
4) como desenvolver as competências linguísticas específicas exigidas na
prova?

Nesse aspecto, vi e vejo os cacdistas muito mais preocupados com a


absorção do conteúdo do que com a maneira como seu conhecimento
será demonstrado à banca examinadora. É inegável que essa visão
interessa bastante aos cursos preparatórios, obcecados com a oferta de
conteúdo meramente expositivo, de carga horária interminável, que vão
sendo esticados ano após ano não para dar conta das especificidades da
prova, mas para vender mais, sob o argumento de que têm a maior carga
horária do mercado.

Nunca vi carga horária aprovar ninguém. O número de horas de exposição


ao conteúdo por meio das aulas e das leituras é apenas um dos lados da
moeda — o input, ou seja, aquilo que você absorve. Sua aprovação no
concurso dependerá sobretudo do output, isto é, daquilo que você
consegue apresentar na prova.

Seu texto é, portanto, uma peça publicitária, dotada de elementos de


persuasão que vão desde a caligrafia, passando pelo tratamento e riqueza
do conteúdo, escolha vocabular, estrutura do texto, distribuição equitativa
das ideias, estilo, coesão e coerência textuais. Ignore-os e morra sempre
na praia, quando, depois de superada a etapa objetiva, se deparar com as
complexidades e particularidades das provas discursivas.

Ao longo deste e dos próximos artigos, irei propor princípios e ferramentas


para lidar com cada uma dessas quatro preocupações. Neste primeiro
texto, tratarei dos aspectos relacionados à construção de um plano de
estudos. Para deixar a leitura mais leve e didática, além de menos
cansativa, estruturei o texto em seções e subseções. Apesar de sua
considerável extensão, o artigo é denso em informação e exigirá de sua
parte um esforço de mastigação, deglutição e digestão, por conter
princípios e conceitos didático-pedagógicos complexos, que poucos
profissionais do mercado de concursos públicos conhecem ou têm
interesse em divulgar.

Abstive-me, neste esforço, de abarcar todas as variações possíveis de um


planejamento de estudos, bem como combati a tentação de apresentar
uma lista de referências bibliográficas excessivamente extensa. Procurei
ater-me às obras de maior utilidade para o CACD e antepus as mais gerais
às mais específicas, respeitando os matizes de cada matéria.
A leap of faith
Esforcei-me para deitar os ladrilhos de um caminho que pode ser
percorrido de várias maneiras, dentro dos diversos formatos possíveis que
poderiam trazer a aprovação por meio da apresentação de princípios
didático-metodológicos (e filosóficos até) que subsidiarão tanto a
construção quanto as adaptações eventuais necessárias em seu projeto
de aprovação.

Este guia é uma tomada de posição. Se for criticado (como sei que será),
já adianto que preferi propor um plano realista a me abster de apontar
soluções sob o pretexto de que não existe um método que serve para
todos, que cada pessoa é um mundo e que não há Santo Graal ou fórmula
mágica para o CACD. Se a fórmula apresentada aqui funcionar e você
conquistar a aprovação, ela terá sido, de fato, mágica, não é? Por isso, a
melhor maneira de criticar este guia é produzir um melhor.

Poderia apostar, sem falsa modéstia, que — se seguido à risca e com as


devidas adaptações aos seus condicionantes pessoais — os projetos
alicerçados neste guia terão resultados melhores do que aqueles de 99%
dos candidatos que já prestaram o concurso. Cabe a você dar ou não o
salto de fé.

Por fim, há outros guias excelentes que tratam dos mesmos e de outros
aspectos relacionados à preparação e à bibliografia que não tratei aqui,
dos quais se destaca o de meu brilhante colega diplomata Bruno Rezende.
Princípios para a elaboração de
um plano de estudos
Não importa se você está começando hoje ou já carrega algumas
reprovações nas costas, você quer e precisa de um plano de estudos —
que prefiro chamar de projeto de aprovação — que seja abrangente,
coerente, factível, adaptado aos seus condicionantes pessoais e orientado
às especificidades de cada etapa do CACD.

No nível estratégico, o projeto deve dar conta de alguns objetivos


principais:

● Você tem que ser exposto a todo o conteúdo do edital das matérias o
mais rápido possível, com a profundidade que o tempo que resta até
a prova permitir. Seja generalista antes de ser especialista nos
temas;
● Você precisa desenvolver as competências linguísticas específicas
cobradas nas diferentes fases do concurso: elas serão
imprescindíveis nas etapas decisivas;
● Você deve ter o treinamento mecânico de realização das provas,
normalmente engendrado na reta final que sucede a publicação do
edital;
● Você deve desenvolver a disciplina no cumprimento de seu
cronograma e aumentar gradualmente sua tolerância às longas
horas de estudo.

Não será diplomata quem não domina as competências linguísticas; peleja


para entender, filtrar, reter e resgatar os conteúdos; vê todos os idiomas
como se fossem grego; não consegue se dedicar às leituras por várias
horas diárias ou manter a disciplina no cumprimento do cronograma dos
estudos — pelo menos não até que essas aptidões sejam cultivadas.

O plano tático, por sua vez, terá presente as seguintes preocupações:

● Ao término do macrociclo (ciclo completo de estudos), seu nível de


competitividade em todas as matérias deve ser equivalente. De nada
adianta entender mais de Economia do que o professor Helio Silva
Filho se seus conhecimentos em Direito Internacional são
rudimentares e deixam a desejar. Lembre-se do custo da
especialização: seu desempenho em uma matéria específica terá
rendimentos marginais decrescentes. Isto é, cada hora a mais
dedicada a uma matéria que você domina tende a ser revertida em
quantidades cada vez menores de pontos. Melhor, portanto, se fosse
aplicada em uma matéria em que você é menos competente.
● Você precisa incluir revisões do conteúdo passado em seu
cronograma de estudos. Você não precisa recorrer a métodos
complexos e inadministráveis como a teoria da curva do
esquecimento (já escrevi um artigo sobre isto, clique aqui para
acessá-lo) ou a cronogramas tão engessados cuja própria gestão já
é, em si, uma distração. Um dia exclusivo por semana para revisões
ou um par de horas ao término de cada dia já dá conta.
● Você pode, ainda, programar semanas inteiras para revisar o
conteúdo acumulado de várias matérias a cada fim de mesociclo,
por exemplo. Obviamente, o período pós-edital deve ser dedicado
quase que inteiramente à revisão de conteúdo e aos simulados.
● Você precisa ter momentos de avaliação para ter uma visão clara de
quais são suas lacunas de conhecimento em cada matéria. Você
precisa saber, por exemplo, em quais macrotemas, se cobrados em
prova, você têm maior potencial de cometer erros. Você erraria mais
questões sobre a Era Vargas ou sobre o Regime Militar? Se você já
estudou todo o edital, mas não sabe responder essa pergunta, é
hora de fazer um diagnóstico completo.
● Você precisa dar conta das atualidades. Não se engane: é muito
pequeno o valor real, em termos de pontuação de prova (menos de
10-15% da prova de Política Internacional), dessas leituras de jornais
que costumam tomar duas horas de seu dia. Leia os periódicos, mas
não perca mais do que meia hora por dia com eles. Mais importante
é conhecer as posições do Brasil acerca dos temas globais,
multilaterais e bilaterais. Nesse aspecto, as notas à imprensa e o
próprio site do Itamaraty já trazem conteúdo gratuito e específico que
pode ser instrumentalizado para a prova, além de diversas outras
fontes que indicarei adiante.
● Você selecionará as fontes de estudos (livros e cursos) mais
adequadas aos seus objetivos, ou seja, à sua disponibilidade de
tempo ao seu horizonte de aprovação. Uma bibliografia ideal de
História do Brasil teria em torno de 15 livros. Considerando, portanto,
que você tem várias outras matérias para consumir durante o
próximo macrociclo de estudos, é óbvio que você não vai conseguir
encaixar todos eles, pelo menos não sem causar grande prejuízo às
demais matérias. Faça o que estiver ao seu alcance para tornar-se
generalista no primeiro macrociclo. O resto fica, portanto, para um
próximo ciclo, caso você não seja aprovado, o que nos leva ao
próximo ponto.
● Nem todo livro deve ser lido por completo. Em uma fase avançada
dos estudos — quando o objetivo for o aprofundamento e o
suprimento de carências de conhecimento em temas específicos —
você recorrerá apenas a capítulos de livros e até a aulas avulsas do
seu curso preparatório. "Mas, Marcílio, quais livros devo ler de cabo
a rabo?" Parabéns pela excelente pergunta. Você devorará aqueles
manuais mais genéricos e abrangentes, que falam um pouco de
tudo. Alguns exemplos são: História do Brasil (Boris Fausto), História
da Civilização Ocidental (Edward Burns), Direito Internacional
Público (Francisco Rezek), Introdução à Economia (Mankiw),
História das Relações Internacionais Contemporâneas (Sombra
Saraiva), e muitos outros. Esses manuais cobrem com maior ou
menor grau de profundidade uma grande parte do conteúdo
programático das matérias. Excelentes, portanto, para cumprir o
primeiro objetivo estratégico do plano de estudos: ser generalista.
● Na mesma linha, você deve aprender a extrair o conteúdo essencial
de cada fonte, seja livro, seja aula. Isto significa criar seus próprios
materiais de estudo para minimizar a necessidade de consultas aos
livros que você já estudou. Você vai recorrer a fichamentos,
produção de resumos, mapas mentais, marcações em cores nos
livros, anotações em fichas de Cornell, flashcards, etc. Você acabará
desenvolvendo seu próprio acervo de materiais de estudos
produzidos por você mesmo, que serão os instrumentos a que você
recorrerá para revisar, relembrar, reescrever e resgatar o conteúdo já
visto. Quanto menos você deseja reestudar um livro, mais completo
e detalhado será esse material. No próximo artigo, abordarei os
diversos e mais eficientes métodos e técnicas de estudo que
costumam produzir os melhores resultados quando aplicados nos
estudos para o CACD, sendo o melhor deles a produção de suas
próprias apostilas de estudo.
● A distribuição das horas por matéria precisa levar em consideração
o seu nível de familiaridade com cada uma (se já escreve bem em
inglês, estude mais francês, que mal sabe); o peso delas na prova
(faz sentido dedicar mais tempo a PI, que vale mais do que
Geografia); a pontuação média dos candidatos na matéria (as notas
costumam ser maiores em Geografia do que em PI, portanto, melhor
estudar mais PI); à maneira como cada uma é cobrada (História
Mundial cai apenas na primeira fase e, portanto, recebe menos
horas do que História do Brasil); a quantidade de assunto que há
para ser vista em cada matéria (as mais extensas, como HB e PI,
merecem mais horas).
● Preocupe-se em incluir em sua rotina a prática das competências
linguísticas discursivas específicas do concurso de diplomata,
quais sejam, a produção de redações, resumos, traduções, versões
e respostas a questões discursivas de provas anteriores. Acostume-
se a escrever sobre o que estudou, com foco em apresentar uma
versão sua que seja rica em conteúdo, bem estruturada,
interessante, original (na medida do possível), analítica, de alto nível
intelectual, formal e acadêmico. Tenha em mente sempre que seu
texto será lido por alguém. Aliás, nem é preciso fingir: a banca
realmente lerá seus garranchos. Melhor para você se eles estiverem
bem escritos, pois serão avaliados em bases comparativas. Isto
mesmo: não adianta só estarem bons; precisam ser melhores do que
os dos coleguinhas sentados ao lado. É lindo lembrar que o seu
percurso é só seu, mas não ignore que está em uma competição.
● Algumas competências de prova, como o domínio da escrita, são
como a lenha, demoram para pegar, mas também, uma vez
adquiridas, custam a se perder. Em contraste, algumas aptidões,
como a resolução de simulados objetivos, são como rastilhos de
pólvora e inflamam com a mesma rapidez com que se apagam. Seu
treino é, portanto, de horizonte curto. Por tudo isso, recomendo que
as habilidades relacionadas à produção textual sejam incluídas em
seu projeto de estudos desde o começo, por demorarem a dar frutos;
e aquelas relacionadas à mecânica da prova, como resolução
intensiva de questões e a prática de simulados, proteladas para o
período pós-edital.
● Você tem a obrigação de tentar acertar, em exercícios simulados,
todas as questões objetivas de prova que já foram cobradas desde
2004. Refaça as provas quantas vezes for necessário até que tenha
acertado todas as assertivas, sabendo por que as errou
anteriormente. Os benefícios são múltiplos: ao tempo em que você
obtém o treinamento mecânico de resolução de prova, você revisa o
conteúdo das questões em que tropeçou, fazendo leituras de revisão
ou de expansão e aprofundamento do assunto. O candidato que
conhece as provas antigas raramente é pego de surpresa, já que a
banca examinadora sói basear-se em questões anteriores para
construir as novas.
● Se você é iniciante nos estudos ou ainda está longe de dominar todo
o conteúdo do edital, certamente terá muita dificuldade em progredir
nas matérias se quiser estudar todas ao mesmo tempo. Um plano
eficiente quebra o conteúdo do edital em ciclos mais digeríveis, em
geral de duração entre 3 e 5 meses, em que se estuda apenas um
grupo de 3 a 5 matérias, de acordo com o objetivo pedagógico. São
os ciclos de estudos.
A periodização dos estudos em
ciclos
Muitos candidatos a diplomata desistem da carreira quando se veem
incapazes de compaginar, desde o começo, o estudo de dez matérias,
cada uma com seus matizes e complexidades. Embora tenha dado certo
para alguns, sempre gosto de repetir que não se pode sair cometendo todo
tipo de atropelos metodológicos sob o argumento de que cada pessoa
aprende de um jeito.

No fim das contas, as provas e os desafios serão os mesmos para todos, o


que me leva sempre a refletir sobre por que algumas pessoas fazem tanto
malabarismo didático buscando uma hiperpersonalização dos
planejamentos de estudo. Apostar na tentativa e erro é bacana — mas
cada um de nós tem uma cota de lambanças pedagógicas que pode
cometer antes que elas comecem a inviabilizar a aprovação.

Todos que passaram no concurso de diplomata cometeram alguns ou


muitos erros durante a preparação, mas jamais um monte deles. Antes que
você me diga que há várias maneiras de se escalar uma montanha ou que
cada pessoa escala de um jeito, eu diria que a trilha da escalada é
determinada pelos acidentes do monte.

Em termos metodológicos, quando se visa a um objetivo concreto, com


parâmetros específicos e bem definidos, como é o caso do CACD,
algumas práticas são indiscutivelmente melhores do que outras.

Por princípio, todo projeto complexo tem maiores chances de dar certo se
dividido em partes menores, mais digeríveis, quando se consegue reduzir
a quantidade de itens de controle (isto é, elementos de preocupação e
acompanhamento). A periodização dos estudos em ciclos, que é o método
que adoto quando construo projetos individuais de aprovação no CACD,
tem fulcro nesse pressuposto.

Outra grande vantagem de se adotar o estudo periodizado é a constante


sensação de progresso nas matérias. Se você distribui as vinte ou trinta
horas de estudos da semana entre dez matérias, ao final de um mês, terá
dedicado apenas entre oito e doze horas em cada uma — e o progresso
será, portanto, praticamente imperceptível.

Destaco, ainda, que a abordagem por ciclos permite que você trate o
CACD mais como uma série de sprints de estudos de macrotemas do que
como uma longa maratona com objetivos vagos. A abordagem pede que
você estude tudo que puder de um determinado macrotema (como a
Guerra Fria ou a Revolução Industrial) por duas semanas, por exemplo, e
depois parta para o tema seguinte. Ficar mais tempo do que o planejado
em determinado tema significa espremer o conteúdo futuro e correr o risco
de não ter tempo de vê-lo antes da prova; ou pior, sacrificar o treinamento
de simulados, essencial na reta final. Não faça isso! Resista à tentação e
avance.

Faço apenas uma ressalva para duas situações em que acredito que o
estudo concomitante de todas as matérias seja eficiente: no imediato pós-
edital, em que o candidato entra em modo de revisão geral e treinamento
de resolução de questões; e nos planos de estudos de candidatos muito
avançados, que já dominam com profundidade tanto o conteúdo das
matérias no tocante às competências linguísticas exigidas nas diferentes
fases do concurso.

Nesse caso, o candidato avançado realizará um estudo por tópicos


específicos, selecionados a partir de simulados e questões de diagnóstico,
que evidenciarão os temas em que tem maior possibilidade de cometer
erros.

Nos demais casos, em que você possivelmente se encaixa, um plano


periodizado por ciclos, se bem desenhado e executado, trará melhores
resultados.

Suponho que você quer montar um plano de estudos hoje. Se for mesmo o
caso, considere que seu primeiro macrociclo de estudos vai de (1) hoje
até (2) a data aproximada da prova em que você realmente acredita estar
competitivo ou poderia ter alguma chance de passar. Diante de uma
reprovação, você reinicia um novo macrociclo de estudos, que terá
características distintas do primeiro, uma vez que você já terá coberto boa
parte do conteúdo e internalizado bem ou mal as principais competências
linguísticas do concurso. Caso você tenha plena consciência de que um
ano é pouco para estar competitivo para a prova, considere a criação de
um macrociclo de dois ou até três anos.

Em geral, recomendo um primeiro macrociclo de 15-16 meses, prevendo


uma certa folga para acomodar a imprevisibilidade da data de publicação
do edital e eventuais atrasos seus no cumprimento do plano. Se você tiver
a sua disposição ao menos 6 horas diárias para estudos, esses 15 meses
devem ser suficientes para você ter ao menos um conhecimento genérico
de todo o assunto do edital.

Não se engane: você não vai conseguir dominar com profundidade todos
os temas do edital nem conseguir consumir e digerir todas as obras que
relaciono aqui em um primeiro giro. Receba a bibliografia proposta como
uma esteira de leitura. Estude as obras na sequência sugerida, partindo
das mais genéricas para as mais específicas em relação aos temas.
Comece pelos manuais que abordam o maior número de tópicos do edital
para depois aprofundar-se prioritariamente, por meio das leituras
subsequentes, naqueles temas em que você cometeu mais erros ou com
os quais se sente mais inseguro.
Os mesociclos
Seu macrociclo será dividido em mesociclos, de duração média de 3 a 5
meses, cada um com objetivos pedagógicos bem definidos. Em cada um
deles, você estudará apenas um conjunto de 3 a 5 matérias. A ordem em
que se estudam as matérias também é de extrema relevância, podendo
variar um pouco em função de sua formação acadêmica e bagagem de
conhecimentos prévios em uma ou outra matéria.

Há outros tipos de mesociclos que devem fazer parte de um projeto


completo: os de revisão, que são curtos, de duas semanas, em média; e
ciclos pós-edital, com o objetivo de prover o treinamento para a mecânica
da prova.
Ordem das matérias
Algumas matérias (e até partes delas) são pré-requisitos para o estudo de
outras. História do Brasil e História Mundial, ambas de conteúdo extenso,
merecem um lugar de destaque já no seu primeiro ciclo, a não ser que
você seja professor de história.

Via de regra, faz sentido que o estudo de História Mundial anteceda os de


Política Internacional, sobretudo dos temas que têm a ver com a evolução
das relações internacionais pós-segunda guerra. PI poderia ser combinada
com Geografia no mesmo ciclo ou mesmo antecedê-la, dado o grande
volume de informação compartilhada pelas duas matérias.

No caso de Economia, considerando que um terço das questões da


matéria versam sobre a História Econômica do Brasil, prefere-se concluir
os estudos de História do Brasil e até ter noções básicas, pelo menos, de
macroeconomia antes de mergulhar nas particularidades e efemérides da
história econômica.

Também vejo sentido em separar o Direito Interno do Direito Internacional


Público. Dado o volume de conteúdo, creio ser prudente dividir os
assuntos em ciclos distintos, com o Direito Interno sendo visto em um ciclo
anterior ao de DIP.

Geografia é uma matéria móvel, por ser a que tem menor relevância em
termos de pontos na primeira fase; pela sua semelhança com Política
Internacional (as partes referentes a economia, desenvolvimento, clima,
energia, etc.) e História do Brasil (formação do território, população, etc.) e
por ser a matéria de maior média global na terceira fase, mais fácil,
portanto.

Geografia e Economia poderiam, indiferentemente, fazer parte de um


segundo ou terceiro ciclo, com vantagens e desvantagens em cada
formato. Trocariam, portanto, de lugar entre si. A vantagem de ver
Geografia junto com PI é que muitos assuntos se tocam. A vantagem de
separar é que muitas das leituras de Geografia acabam servindo de
revisão e complemento aos temas de PI.

Outro aspecto a considerar é que os mesociclos subsequentes devem ser


construídos de maneira que abram espaço para revisões constantes do
conteúdo de períodos passados. Nossa capacidade de esquecer o que
estudamos é incrível. Aliás, o esquecimento é, na verdade, um mecanismo
de proteção da memória, que só conseguimos driblar com métodos de
revisão periódica dos assuntos estudados.

A melhor maneira de conciliar o avanço no conteúdo novo das matérias de


um ciclo subsequente com a retenção do que já foi estudado nos meses
anteriores é manter fixas em seu cronograma semanal sessões de revisão
do material de estudos que você produziu das matérias do mesociclo
anterior.
Um mesociclo inicial (4 meses)
Considerando os princípios acima, 90% dos candidatos que conheci teriam
um resultado excelente se adotassem uma estrutura como a que vou
propor abaixo. Os outros 10% precisariam de alguns ajustes para que suas
particularidades fossem atendidas.

Em um macrociclo de um ano e poucos meses de estudos, eu iniciaria o


primeiro ciclo de quatro meses com as seguintes matérias: História do
Brasil, História Mundial e Língua Portuguesa. A elas acrescentaria um ou
mais idiomas, de acordo com ideias que vou apresentar mais para frente.

Minha preocupação principal nesse primeiro ciclo seria a exposição ao


conteúdo dessas três matérias na profundidade que esses quatro meses
me permitissem. Isso quer dizer que você primeiro deve ser generalista no
conteúdo, ou seja, ter uma visão geral de todos os temas constantes do
edital programático para depois partir para o aprofundamento temático.
Esse aprimoramento por temas ocorrerá apenas após as leituras básicas
ou muito possivelmente só em um segundo macrociclo de estudos. Isto
mesmo: só no ano seguinte.

Não se espera que em apenas quatro meses você atinja o nível esperado
de conhecimento para a prova em todas essas três matérias. Aliás, é
impossível, em apenas um ano de estudos, chegar a um elevado nível de
domínio de todas as matérias. A meta é ir tornando-se mais competitivo a
cada dia que passa, até que esteja em condições de superar a
concorrência e as exigências da prova.

Você sofrerá a tentação de esticar o ciclo até sentir que domina totalmente
aquelas matérias. O prejuízo disso é que as matérias futuras receberão a
fatura e pagarão o preço. No fim do ano, os ciclos finais ficarão
espremidos, e aquele equilíbrio no nível de conhecimento entre todas as
matérias de que falei no começo do artigo fica seriamente comprometido.
Você tirará boas notas em HB e HM, mas tenderá a ser medíocre em
Economia e Direito Internacional, por exemplo.

Se você realmente deseja ter um nível excelente de conhecimento das


matérias ao final de um mesociclo, considere, então, modificar a duração
do seu macrociclo. Um macrociclo de dois anos permitiria mesociclos de 6
meses, que possivelmente seriam suficientes para atingir um grau de
competitividade razoável nas matérias do ciclo.

Portanto, ao término do período, deixe de lado as matérias que vinha


estudando e parta para o ciclo seguinte. Os aprovados estudaram em
média quatro anos antes de passarem na prova. É bem possível que você
vá precisar de mais de um macrociclo completo de estudos até estar
realmente competitivo. O seu aperfeiçoamento virá, portanto, em ciclos
futuros.
História do Brasil
Uma maneira interessante de organizar o estudo de uma matéria ao longo
de quatro meses é distribuir os macrotemas por semanas. Em História do
Brasil, você poderia determinar que estudará o macrotema Período
Colonial e Processo de Independência em 4 semanas, toda a parte de
Império em 6 semanas e a República também em 6 semanas. Sempre em
ordem cronológica. Comece pelo período pré-colonial. Não há quem me
convença de que há maneiras mais eficientes de estudar História (e já
tentaram...). Por isso HM vem antes de PI.

Distribuídas as suas horas de estudo da matéria entre os macrotemas que


a compõem, a tendência é que haja um equilíbrio de conhecimento nos
três macrotemas de HB, amplificando suas chances de tirar uma nota
maior na prova, por se evitar a hiperespecialização temática.

Os estudos específicos de obras que tratam da história da política exterior


do Brasil podem ser adiados para o segundo mesociclo (junto com PI), se
você achar conveniente. A maior vantagem é que você revisitará também a
história política e econômica do Brasil ao manipular as obras que tratam da
política externa.

Se você conseguir estudar todo um macrotema em menos tempo que o


previsto, excelente! Aproveite os dias ou semanas que ganhou explorando
outras fontes bibliográficas que aprofundam o tema ou revisando
conteúdos anteriores, de acordo com suas prioridades.

Uma excelente sequência de fontes para História do Brasil, que podem ser
combinadas com aulas específicas sobre cada tema, seria a seguinte:
História do Brasil (Boris Fausto); coleção História do Brasil Nação (Lilia
Schwarcz); História Geral do Brasil (Maria Yedda Linhares); História da
Política Exterior do Brasil (Cervo & Bueno); A Diplomacia na Construção do
Brasil (Rubens Ricupero). Recomendo, portanto, sempre dar uma folheada
em cada obra que tem disponível para ter noção de onde estão localizados
os conteúdos referentes a cada tema.

Na prática, por exemplo, nas quatro primeiras semanas você estudaria os


capítulos sobre o período colonial do livro do Boris Fausto e veria aulas a
respeito do assunto (caso tenha acesso a um curso preparatório). Se
acabar os estudos em menos tempo, você aproveita o tempo que sobrou
para ler os capítulos sobre colônia dos livros da sequência acima. Você
verá que dificilmente chegará no último deles. Não se preocupe, pois eles
serão estudados no mesociclo de História do Brasil do ano seguinte, caso
você não passe. Lembre-se de que o CACD é um projeto de longo prazo,
para o qual os aprovados estudam, em média, quatro anos.
Há outras fontes cujo conhecimento é desejável quando o intuito for o
aprofundamento, mas é improvável que você tenha tempo de chegar até
elas em um primeiro macrociclo de estudos: Navegantes, Bandeirantes,
Diplomatas (Synésio Sampaio); Da Monarquia à República (Emília Viotti da
Costa); A Construção da Ordem & Teatro das Sombras, Formação das
Almas e Cidadania no Brasil (José Murilo de Carvalho); O Brasil
Republicano (Jorge Ferreira); Maldita Guerra (Francisco Doratioto); O
Corpo da Pátria (Demétrio Magnoli); Brasil: de Getúlio a Castello e Brasil:
de Castelo a Tancredo (Thomas Skidmore); A Invenção Republicana
(Renato Lessa); O Povo Brasileiro (Darcy Ribeiro); Raízes do Brasil
(Sergio Buarque de Hollanda); História Econômica do Brasil e Formação
do Brasil Contemporâneo (Caio Prado Jr.); e muitos outros. Tirei da lista o
Donos do Poder (Raymundo Faoro) para vocês não cometerem o mesmo
erro que eu e começarem por ele.

Fontes gratuitas. Candidatos em contexto financeiro desfavorável podem


ter acesso a uma infinidade de conteúdo gratuito na biblioteca digital da
FUNAG. Aliás, estão disponíveis para download obras que cobrem todo o
conteúdo da prova de História do Brasil e de Política Internacional. A
biblioteca da FUNAG é um recurso valioso e muito mal aproveitado pelo
conjunto dos candidatos, que, não sei bem por que, parece não dar muito
valor ao que é grátis. A coleção Bicentenário: Brasil 200 Anos (1822-2022),
por exemplo, aborda com profundidade todos os temas de História do
Brasil do descobrimento até um pouco além de 1912, com destaque para
os volumes que tratam especificamente do movimento de independência e
da gestão do Barão do Rio Branco.
História Mundial
O edital de HM, em minha opinião, é o menos didático. Os itens são
estruturados tanto segundo o critério cronológico quanto geográfico sob
um guarda-chuvas temático: política, economia, cultura, relações
internacionais. Infelizmente, os manuais e livros não seguem, em geral,
essa estrutura.

Em História Mundial, você pode subdividir os estudos da seguinte maneira:


nas 4 primeiras semanas, estudaria da Revolução Industrial até as
unificações da Itália e Alemanha; em 6 semanas, veria da Primeira Guerra
até a Ordem Mundial pós-Segunda Guerra; e nas 6 semanas seguintes
daria conta dos demais assuntos (história dos EUA, da América Latina,
Guerra Fria, cultura, colonialismo, etc.).

Fontes para História Mundial: História da Civilização Ocidental vol. 2


(Edward Burns); História do Mundo Contemporâneo (Norman Lowe); A
História do Século XX (Martin Gilbert), riquíssima em conteúdo; O Século
XIX e o Século XX (René Rémond); e A Era dos Extremos (Hobsbawm),
que muito tem a contribuir sobertudo em questões relacionadas à cultura
mundial, tema muito caro à banca de HM.

Caso deseje se aprofundar nos temas de História Mundial, beba das


seguintes águas: A Era dos Impérios, A Era do Capital e a Era das
Revoluções (Hobsbawm); História da América Latina (Maria Ligia Prado);
História da América Latina (Halperin Donghi); O Mundo Contemporâneo
(Demétrio Magnoli); História dos Estados Unidos (Leandro Karnal — com
ressalvas). Poderia acrescentar dezenas de outras obras interessantes,
mas você dificilmente precisará de mais do que isso para ter o conteúdo
suficiente para ir bem na prova.

Lembre-se de que História Mundial é cobrada apenas em questões


objetivas na primeira etapa de prova. Tem, portanto, um peso nominal
menor que as outras, e seu estudo permite a adoção de um método mais
orientado ao reconhecimento de dados e fatos. Mesmo assim, a matéria
não deve ser menosprezada, pois o conhecimento dela é fundamental
para a compreensão de vários temas de Política Internacional, sobretudo
os contemporâneos.

Por fim, um debate que nunca teve fim foi o da inclusão ou não das Eras
de Eric Hobsbawm em um plano de estudos de HM. Do ponto de vista
pragmático, não convém inclui-las em uma primeira rodada de estudos, já
que há obras mais sucintas (como as que citei) que abarcam todo o
assunto de maneira mais factual e menos ensaística do que as do
historiador britânico. Considere, portanto, incluir as Eras em um momento
de aprofundamento intelectual, uma vez internalizada a bibliografia básica
da matéria.
Língua Portuguesa
Recomendo dividir o estudo da Língua Portuguesa em três (ou seis)
sessões por semana: uma primeira voltada para os conhecimentos de
gramática, uma segunda para as leituras brasileiras e as noções de
literatura, e uma terceira para as técnicas de redação e estilo:

Gramática. Para o estudo da gramática da Língua Portuguesa, recomendo


um livro claro e objetivo, que eu mesmo usei em meus estudos, chamado
Gramática para Concursos, do professor Marcelo Rosenthal, que,
inclusive, lançará, em fevereiro, um curso completo de Gramática
Interpretação de Textos em parceria com o Grupo Ubique. Valha-se ainda
de uma gramática normativa, como a Moderna Gramática Portuguesa, de
Evanildo Bechara. Para o CACD, a melhor maneira de estudar gramática é
por exercícios (embora nem o seja para as demais matérias) e por meio da
aplicação prática da gramática em textos autênticos. Uma vez que se
identificam, por meio de exercícios e da correção de seus textos, lacunas
de conhecimentos em pontos gramaticais específicos, estudam-se os
capítulos correspondentes no livro de referência na gramática normativa
que foi adotada.

Leituras Brasileiras e Literatura. Você vai precisar adquirir noções de


literatura brasileira e o conhecimento das principais obras dos intérpretes
do Brasil, muito caros ao examinador da prova de segunda fase. Sugiro a
leitura de obras como Introdução ao Brasil: Um Banquete no Trópico, vol. 1
e 2 (Lourenço Dantas Mota), que de certa maneira dispensará a leitura
integral de vários clássicos; e História Concisa da Literatura Brasileira
(Alfredo Bosi), para as noções de literatura e dos movimentos literários. Se
quiser ir além, estude o Formação da Literatura Brasileira ou o Iniciação à
Literatura Brasileira (Antonio Candido); o Leituras Brasileiras (Mariza
Veloso e Angélica Madeira) e/ou As Identidades do Brasil 1 e 2 (José
Carlos Reis).

Se preferir beber diretamente da fonte (o que pode ser o caso, depois de


uns 3 ou 4 anos de estudos), deixo a seu critério debruçar-se (por sua
conta e risco) sobre as obras dos seguintes intérpretes do Brasil: Afonso
D'Escragnole Taunay, Sergio Buarque de Hollanda, Alcântara Machado,
Oliveira Lima, Joaquim Nabuco, Gilberto Freire, Silvio Romero, Manuel
Bonfim, Antonio Candido, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Caio Prado
Jr., Raymundo Faoro, Euclides da Cunha, Celso Furtado, entre muitos
outros. Se ainda está nos dois primeiros anos dos estudos, não gaste
energia com a leitura integral dessas obras clássicas, com uma ou outra
exceção. Mesmo assim, se for teimoso e quiser insistir, procure por
resumos desses livros.

Redação e Estilo. Em redação e estilo, jamais foi publicada obra melhor


em Língua Portuguesa do que o Comunicação em Prosa Moderna (Othon
M. Garcia). Atenção: nem todos os capítulos do livro são relevantes para a
prova. Despreze a segunda metade da obra, em que o autor trata de
redação técnica e outros temas que não tem pertinência com o CACD. Os
exercícios ao final do livro são ótimos para treinar os conceitos vistos no
livro.

Uma maneira simples e eficiente de desenvolver a técnica de redação é


incluir em seu cronograma semanal ou quinzenal uma sessão de 3 horas
(de preferência de manhã cedo) para a produção de um texto dissertativo.
Os temas podem ser retirados de provas anteriores ou, caso você sinta
que não tem conteúdo ainda para tratar dos temas de prova, das leituras
que fez ou mesmo do ENEM.

Aproveite, ainda, as matérias de conteúdo para desenvolver a técnica de


resumo, nos parâmetros exigidos pela prova. Perceba que, somados os
pontos dos exercícios de resumo das quatro provas de idiomas, temos,
sobre a mesa, 85 pontos! Isso quer dizer que saber resumir pode lhe dar
quase tantos pontos quanto uma prova de Política Internacional inteira!

Além do mais, por se tratar de uma competência técnico-linguística, cujo


desenvolvimento depende da aplicação de um conjunto de métodos e
normas de boas práticas, a proficiência no resumo em qualquer idioma
trará benefícios para a sua nota em todos os demais!
Primeiro bloco de revisão geral (2–3
semanas)
Neste momento, dependendo da qualidade do material de estudos que
você produziu e do nível de retenção do conteúdo estudado, você pode
considerar a inclusão de um bloco opcional de duas ou três semanas
dedicado apenas à revisão de todo o conteúdo estudado no mesociclo que
acaba de terminar.

Revise suas anotações; reescreva sua apostila de estudos (mais sobre


isso no próximo artigo); releia os trechos sublinhados e coloridos nos
livros; memorize e resgate mentalmente o conteúdo de seus mapas
mentais, esquemas, flashcards, etc.; releia e (re)escreva resumos; faça
questões com a meta de identificar os temas que você aprendeu menos e,
se for o caso (e der tempo), concentre-se em aparar essas arestas, com
leituras e revisões pontuais.

O objetivo deste bloco de revisão é amarrar o mesociclo e garantir que há


um equilíbrio de conhecimento não só entre as matérias, mas também
entre os macrotemas de cada matéria. Esse é o último nível de
sofisticação em termos de preparação para concursos públicos.

O bloco de revisões é uma espécie de primavera da sua preparação. A


revisão tende a ser um esforço mais leve do que a apreensão de novos
conhecimentos. Neste momento, você não está mais preocupado em
avançar no edital, mas em consolidar aquilo que já viu.
Um segundo mesociclo (4 meses)
Um possível segundo mesociclo teria uma duração ideal de quatro meses
e incluiria as matérias de Geografia, Direito Interno e Política Internacional.
Alternativamente, poderia incluir Economia, condição que empurraria
Geografia para o ciclo seguinte.
Geografia
O edital de Geografia é o mais didático, já que elenca todos os seus
macrotemas. A matéria demanda, em razão dessa fragmentação temática,
a consulta a fontes de informação de três naturezas: conhecimento
didático de mundo (livros de Ensino Médio); teoria e história da Geografia;
e fontes oficiais e publicações especializadas.

Em geral, os manuais de Ensino Médio trazem um conteúdo suficiente


para cobrir a parte de conhecimento de mundo e de Brasil no que tange ao
que é cobrado pelo edital programático. À guisa de sugestão, apresento as
seguintes referências bibliográficas: Conexões — Estudos de Geografia
Geral e do Brasil (Lygia Terra); Geografia para o Ensino Médio (Demétrio
Magnoli); O Brasil: Território e Sociedade do Início do Século XXI (Milton
Santos e Maria Laura Silveira); Geografia do Brasil (Jurandyr Ross). O
Atlas do Brasil: Disparidades e Dinâmicas do Território (Hervé Théry) é
excelente para eventuais consultas e leituras pontuais, já que a obra não
fica restrita à exibição dos mapas, mas desenvolve analiticamente as
informações apresentadas.

Para aprofundamento temático em geografia física, cito o Biomas


Brasileiros (Leopoldo Coutinho) e Os Domínios da Natureza no Brasil —
Potencialidades Paisagísticas (Aziz Ab'Saber). Para o estudo da formação
das fronteiras, há o excelente O Corpo da Pátria (Demétrio Magnoli).

A parte da teoria e história da Geografia é bem coberta pelos livros:


Geografia: Conceitos e Temas (Iná Elias de Castro) e Geografia: Uma
Pequena História Crítica (Antonio Carlos Robert de Moraes). Se tiver
interesse e tempo, recorra também às obras do mais conhecido geógrafo
brasileiro, Milton Santos, cujo pensamento costumava ser frequentemente
cobrado em prova. Dê preferência a ler os resumos de suas obras e a
tomar conhecimento dos principais conceitos e ideias do autor.

Como fontes oficiais, é imprescindível conhecer e acompanhar os planos


nacionais nas áreas de energia, gestão de águas, tecnologia, logística e
transportes, desenvolvimento, economia, demografia, etc., disponíveis nos
diversos sites do Governo e das agências. Deixo, como sugestão, a leitura
dos relatórios do IBGE, do IPEA, da EPE, do IHGB, do CEBRI, da FUNAG,
do FMI, do Banco Mundial, etc.; além de teses específicas de diplomatas
no âmbito da Curso de Altos Estudos (CAE). Uma interessante fonte de
artigos que tratam de temas de geografia mundial é o site
newgeography.com.

Alguns boletins e artigos gratuitos trazem um aprofundamento temático em


relação aos manuais de Ensino Médio. Várias dessas publicações
recentes (algumas das quais agradeço ao Gersínio, diplomata recém-
aprovado em 2021), segmentadas abaixo por macrotemas, são úteis,
ainda, como fontes de conhecimento para a matéria de Política
Internacional. Alguns desses boletins tem periodicidade de atualização e
republicação anual.

População: Global Trends in Forced Displacement (boletim da UNHCR);


International Migration Report (ONU); World Population Prospects ·
Highlights (ONU); World Population Ageing · Highlights (ONU); artigo
Estrutura Etária, Bônus Demográfico e População Economicamente Ativa
no Brasil: Cenários de Longo Prazo e suas Implicações para o Mercado de
Trabalho (IPEA e CEPAL).

Meio Ambiente: Executive Summary of the Third Communication of Brazil


to the United Nations Framework Convention on Climate Change (MCTIC);
Trajetória da Política Ambiental Federal no Brasil (Adriana Maria
Magalhães de Moura, IPEA); Conjuntura dos Recursos Hídricos Brasil
2021 (ANA); Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)

Economia: Plano Nacional de Logística (PNL); Os Dilemas da


Globalização (Rogério Haesbaert); As Divisões Regionais do IBGE no
Século XX (1942, 1970 e 1990).

Energia: Balanço Energético Nacional 2020 (MME e EPE); World Energy


Outlook — Executive Summary (IEA); Balanço Energético Nacional 50
Anos (EPE).

Geografia Agrária: Velhos e Novos Mitos do Rural Brasileiro (José


Graziano da Silva); A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira (José
Graziano da Silva); boletim Produção Agrícola Municipal — PAM (IBGE);
Produção Pecuária Municipal — PPM (IBGE); The State of Food Security
and Nutrition in the World: Transforming Food Systems for Affordable
Healthy Diets (FAO); The State of Food and Agriculture: Overcoming Water
Challenges in Agriculture (FAO).

Geografia Urbana: The New Urban Agenda Illustrated (UN HABITAT); The
Global City: Introducing a Concept (Saskia Sassen); The World's Cities
(relatórios da ONU); World Urbanization Prospects, Highlights (ONU);
World Cities Report: The Value of Sustainable Urbanization, Key Findings
and Messages (UN HABITAT); Regiões de Influência das Cidades (IBGE).

Geopolítica: A biblioteca da FUNAG traz várias obras relacionadas a


Geopolítica e Relações Internacionais, como o Fundamentos da
Geopolítica Clássica: Mahan, Mackinder e Spykman, organizado pelo
diplomata Braz Baracuhy. Ainda sobre Geopolítica, conhecimento cobrado
também na prova de PI, há um livro recente, de 2015 e atualizado em
2018, chamado Prisioneiros da Geografia: 10 Mapas que Explicam Tudo o
Que Você Precisa Saber sobre Política Global, do jornalista Tim Marshall,
que analisa as principais regiões estratégicas do planeta: Rússia, China,
EUA, Europa Ocidental, África, Oriente Médio, Índia e Paquistão, Japão e
Coreia, América Latina e até o Ártico! Ao manipular esta obra, considere
que está estudando também para a prova de Política Internacional.

Por último, mantenha um registro dos principais conceitos geográficos


(espaço, região, território geográfico, redes, etc.) e esteja pronto para ter
que explicá-los sob o ponto de vista de diversos autores.

Saber Geografia e Política Internacional é sinônimo de ter conhecimento


de mundo. Você verá que muitos assuntos são tratados em ambos os
campos de conhecimento. Inclusive, essas duas matérias já foram
cobradas na mesma prova, lá pelos idos de 2015. Por outro lado, seu
edital (assim como o de Economia) parece ser o mais fácil de segmentar
por macrotemas que não necessariamente mantêm relação entre si,
podendo, quase sempre, ser estudados de maneira isolada.

Não se costuma estudar Geografia como uma matéria una, que tem
começo, meio e fim, em que tudo se entrelaça, mas por tópicos. Pelo
menos é assim que a matéria é cobrada nas provas do CACD e que as
fontes de estudos são construídas.

Supondo que você adotou um mesociclo de quatro meses, terá, portanto,


18 semanas para distribuir entre os tópicos de Geografia. Uma sugestão
de distribuição dos temas por semana, baseada no peso histórico
estatístico de cada um e no volume de informação dos tópicos poderia ser:
História e Teoria da Geografia (1–2 semanas); População (2 semanas);
Geografia Econômica e de Energia (3–4 semanas); Geografia Agrária e e
Urbana (3–4 semanas); Geografia Política e Geopolítica (3-4 semanas) e
Meio Ambiente e Geografia Física (3–4 semanas).
Direito Interno
A prova do CACD costumava incluir poucas questões de Direito Interno. O
perfil da prova mudou nos últimos anos, sendo, hoje, imprevisível. As
questões atuais são distribuídas de maneira praticamente igual entre as
partes interna e internacional do Direito, o que justifica estudar Direito
Constitucional e Administrativo como uma matéria à parte da faceta
Internacional. Da mesma maneira, antes de começar os estudos do Direito
Internacional Público, seria de bom alvitre familiarizar-se com as noções
básicas de Direito, sobretudo para quem não teve formação jurídica.

Não há muito o que inovar em DI: os manuais Direito Constitucional


Esquematizado (Pedro Lenza) e o Direito Administrativo Descomplicado
(Marcelo Alexandrino), já sugeridos por outros diplomatas e professores,
trarão todo o conteúdo que você precisa para as questões de Direito
Interno. Se sentir alguma dificuldade na compreensão dos conceitos
básicos de Direito, recorra ao Introdução ao Estudo de Direito (Paulo
Nader).
Política Internacional
Política Internacional é a matéria de conteúdo mais plural, disperso e
arredio, que ninguém jamais conseguiu aprisionar por completo em uma
única fonte bibliográfica. Por isso, é comum que os aprovados tenham feito
mais de um curso de PI para terem contato com curadorias distintas, que
se propõem, cada uma a sua maneira, a concatenar toda essa informação
que se encontra pulverizada em fontes de naturezas variadas, como livros,
artigos, vídeos, notas à imprensa, jornais, etc.

Embora o edital programático elenque os temas que podem ser cobrados


em prova, costumo dividir o estudo da matéria, pelo bem da didática, em
cinco macrotemas: 1) teorias das relações internacionais; 2) temas globais;
3) [história da] política externa brasileira; 4) geopolítica por região e
políticas externas nacionais; e 5) integração regional e blocos econômicos.

Uma vez encerrado o ciclo de estudos de Política Internacional, mantenha-


se antenado em relação aos desdobramentos dos temas que foram
estudados ao longo desses quatro meses. Dedique, portanto, um pouco
mais de tempo nas sessões de revisão de PI para dar conta dos novos
fatos relevantes supervenientes. A melhor maneira de fazer isso é manter
um caderno (ou apostila, como costumo chamar) que reúne toda a
informação útil de cada tema. Atualize essa apostila à luz de novos fatos,
leituras, aulas, reflexões, etc.

No tocante à bibliografia sugerida, deixo uma relação de livros que tratam


dos diferentes macrotemas de Política Internacional:

Teorias das relações internacionais: O Teoria das Relações


Internacionais (Messari) é mais do que suficiente para dar conta deste
macrotema. Se preferir um livro gratuito, veja o Teoria das Relações
Internacionais (Thales Castro/FUNAG).

Temas Globais: Inicie com o estudo da história da formação da sociedade


global contemporânea. Uma excelente fonte é o História das Relações
Internacionais Contemporâneas (Sombra Saraiva). Sugiro ainda o Temas
da Agenda Internacional (Cristina Pecequilo) para aumentar seu repertório.
Os livros de História Mundial que tratam do período pós-Guerra também
são fontes úteis. Uma excelente fonte de estudos que reúne informações
sobre os principais temas de interesse global, é o Política Internacional
Contemporânea — Revisão 2022, do diplomata e professor Rômulo
Neves, a ser publicado em breve. O livro foi baseado no conteúdo do curso
de Política Internacional produzido pelo Grupo Ubique. Se preferir, faça o
curso do Rômulo, disponível aqui.

Geopolítica (por região): Repito que há considerável sobreposição dos


conteúdos de PI e Geografia. Por essa razão, todas as obras citadas na
seção atinente a Geografia, em especial aquelas que tratam de
Geopolítica, são válidas para PI, com destaque para o Prisioneiros da
Geografia, de Tim Marshall. Outra fonte útil para na compreensão de
aspectos geopolíticos contemporâneos que talvez mereça constar de um
segundo ou terceiro macrociclo é A Segunda Guerra Fria, do professor
Luiz Alberto Moniz Bandeira, que também publicou A Desordem Mundial,
em que expande seu conceito de espectro da total dominação [norte-
americana]. Embora consideradas enviesadas por alguns, as obras de
Moniz Bandeira trazem conhecimento relevante acerca de temas de
interesse do Brasil em matéria de geopolítica.

(História da) Política Externa Brasileira: As melhores fontes de estudo


são o clássico História da Política Exterior do Brasil (Cervo & Bueno); o
recente A Diplomacia na Construção do Brasil (Rubens Ricupero); e o
fininho e utilíssimo História das Relações Internacionais do Brasil (F.
Doratioto e C. E. Vidigal). Como material de apoio e consulta, adote o
Cronologia das Relações Internacionais do Brasil (Eugênio Vargas). Você
não precisará de mais do que isso para dar conta dos fundamentos
históricos da PEB.

Subsidiariamente, o estudo dos temas globais, da geopolítica, da


integração e da parte atual da política externa do Brasil demandará que
você recorra a publicações especializadas como os Cadernos de Política
Exterior (IPRI-FUNAG); a coleção Em Poucas Palavras (FUNAG); o banco
de teses de CAE e dissertações (FUNAG); e as dezenas de livros
publicados pela FUNAG, em geral escritos por diplomatas. Para cada tema
de PI que vier à sua mente, há um livro ou tese na FUNAG que trata dele
detalhadamente. Relacionar todos aqui, segmentados por tema, seria um
exagero de minha parte e fugiria do propósito do artigo. Há ainda os ciclos
de palestras e os podcasts da FUNAG, cujo conteúdo permitiu o acerto de
várias questões objetivas e discursivas da edição de 2021 do CACD.
Aproveite esses recursos gratuitos.

A última edição do Caderno de Política Exterior do IPRI traz, por exemplo,


artigos que tratam de temas amplos relacionados ao conteúdo de prova,
tais como a participação do Brasil em operações de paz; o impacto da
COVID na agricultura mundial; Brexit; a geopolítica dos minerais
estratégicos; diplomacia da defesa, etc.

Em relação às posições do Brasil — tanto no plano bilateral quanto


multilateral — não há fonte melhor do que o próprio site do MRE. Você
encontrará páginas específicas para as relações bilaterais do Brasil com
dezenas de países, em que são explicitadas as principais linhas de
cooperação, além de outras que tratam da posição do Brasil em relação
aos temas globais, como segurança, meio ambiente, desenvolvimento,
direitos humanos, etc.

Mais uma vez, a FUNAG traz obras que tratam de relações bilaterais bem
particulares do Brasil (Brasil–Líbano; Brasil–Índia, Brasil–Turquia, etc.),
além de volumes dedicados à análise das políticas externas dos principais
países e interlocutores do Brasil.

Acompanhe ainda as notas à imprensa publicadas quase que diariamente


pelo Itamaraty, também acessíveis pelo site do MRE. Se sobrar tempo, há
ainda uma série de entrevistas com embaixadores que ocupavam as
chefias da Casa em 2016, organizada pelo IPRI, interessante para
entender um pouco do papel de cada área do Itamaraty.

Não deixe de acompanhar os discursos de autoridades, sobretudo do


MRE, que tratem de temas relevantes em matéria de política externa.
Melhor ainda: leia as coletâneas de discursos do ministro das Relações
Exteriores organizadas pela FUNAG, que aborda todos os temas de relevo
em matéria de PEB.

Se tiver condições financeiras de se matricular em um curso preparatório,


recomendo primeiramente o do Grupo Ubique, de cerca de 70 horas, em
que o diplomata e professor Rômulo Neves explora em detalhes os 30
principais temas de interesse global.
Segundo bloco de revisão geral (3–4
semanas)
O segundo bloco de revisão poderia ser distribuído da seguinte maneira:
uma ou duas semanas para revisão o conteúdo do primeiro mesociclo e
duas para rever as matérias do segundo.
Um terceiro mesociclo (3 meses)
Perceba que o terceiro mesociclo é composto de apenas duas matérias de
conteúdo, devido ao fato de que, quanto mais conteúdo você absorve,
maior a necessidade de incluir revisões do que já foi visto. Além do mais, é
interessante que o último ciclo tenha um pouco de folga para que você
encaixe algumas leituras complementares das matérias que não fazem
parte do ciclo, caso perceba que há necessidade.

A inclusão de Economia no segundo mesociclo, ao invés do terceiro,


também costuma produzir bons resultados. Nesse caso, Geografia seria
vista neste momento da preparação.

Você terá, portanto, em seu cronograma de estudos semanal, mais blocos


de horas dedicados às revisões de Direito Interno, Geografia, História do
Brasil, História Mundial, Política Internacional e Geografia, que foram as
matérias percorridas nos ciclos anteriores.

A ideia é que, ao término do terceiro mesociclo, você tenha tido contato


com todos os temas do conteúdo programático de todas as matérias. Use
o tempo que sobrar no terceiro mesociclo para preencher essas lacunas.
Economia
Economia tem macrodivisões claras: Macroeconomia; Microeconomia;
Economia Internacional e História Econômica do Brasil, cujo estudo é, com
algumas ressalvas, praticamente independente. Para efeitos didáticos, o
candidato poderia começar por Microeconomia, para então partir para
Macroeconomia e Economia Internacional, concluindo os estudos com
Economia Brasileira, que inclui tanto a história econômica quanto os temas
atuais de economia.

Os conteúdos de Macroeconomia e de Economia Brasileira são os mais


extensos e têm maior recorrência histórica em prova. Considere este dado
na distribuição das semanas de estudo.

Manuais abrangentes. Um excelente manual que abrange boa parte dos


conteúdos dos três primeiros macrotemas é o Introdução à Economia
(Gregory Mankiw). Uma outra fonte abrangente é o Manual de Economia
dos Professores da USP, cujo conteúdo se sobrepõe ao do Mankiw, mas
que aprofunda alguns pontos que o livro americano deixa a desejar. Essas
primeiras leituras podem ser complementadas com a do Manual do
Candidato de Economia, escrito por Renato Baumann e pelo diplomata
Samo Gonçalves, que conhece a prova como poucos.

Microeconomia. Havendo possibilidade de especialização temática, o


estudo de Microeconomia pode ser aprofundado por meio do estudo da
obra intitulada Microeconomia (Krugman e Wells).

Macroeconomia. Reconhecidamente, o melhor manual de


Macroeconomia é o de Gregory Mankiw.

Economia Internacional. A fonte de referência para um estudo


aprofundado deste macrotema é o Economia Internacional — Teoria e
Política (Krugman e Obstfeld).

História Econômica do Brasil e Economia Brasileira. O livro A Ordem


do Progresso (Marcelo de Paiva Abreu), embora denso, é referência no
estudo da história econômica do Brasil. Como opções adicionais, há o
Economia Brasileira (José Márcio Rego e Rosa Maria Marques) e A
Economia Brasileira (Werner Baer), de leitura mais fácil. Se quiser se
aventurar pelos clássicos, há os já citados História Econômica do Brasil
(Caio Prado Jr.) e Formação Econômica do Brasil (Celso Furtado). Para os
estudos contemporâneos de Economia, cito ainda duas obras de mesmo
título: Economia Brasileira Contemporânea, uma escrita por Fabio
Giambiagi e a outra por Amaury Patrick Gremaud.

Por se tratar de matéria técnica, faz sentido manter um registro, em forma


de glossário, em que você reúne todo o jargão da matéria, bem como
explica, com a maior precisão e clareza possível, os principais conceitos e
noções da economia (por exemplo, as definições de elasticidade-preço da
demanda, retornos decrescentes de escala, o modelo IS-LM-BP, e
dezenas de outros). Tudo isso deve estar na ponta da língua na hora da
prova, pois quase toda questão discursiva exigirá esse tipo de
conhecimento.
Direito Internacional Público
O manual mais básico da matéria é o Direito Internacional Público: Curso
Elementar, de Francisco Rezek, que é uma obra de fácil leitura e bastante
sintética, ótima como introdução ao direito internacional para quem não
teve formação em Direito

Há vários outros manuais que podem complementar os estudos em


macrociclos posteriores e/ou havendo sobra de tempo: Direito
Internacional Público e Privado (Paulo Henrique Gonçaves Portela);
International Law (Malcolm Shaw); Principles of Public International Law
(Ian Brownlie); e Manual de Direito Internacional Público (Hildebrando
Accioly), com ressalvas.

Outras fontes interessantes de especialização temática são o Manual das


Organizações Internacionais (Ricardo Seitenfus) e A Humanização do
Direito Internacional (Cançado Trindade).

Tenha em mãos, ainda, um vade mecum com os principais tratados,


acordos, convenções, leis, etc., em matéria de Direito Internacional. À
guisa de sugestão, temos o Legislação de Direito Internacional Público e
Privado (editora Saraiva).

Quer bibliografia gratuita? Acesse mais uma vez a biblioteca da FUNAG


para encontrar obras que tratam de temas diversos do Direito
Internacional, com destaque para o Princípios do Direito Internacional
Contemporâneo, que apresenta as visões do renomado jurista
internacional Antonio Augusto Cançado Trindade. Há textos sobre
desarmamento, segurança e paz, direito ambiental, direito do mar, direito
do comércio internacional, jurisdição internacional, formação de fronteiras,
cooperação internacional, solução de controvérsias e responsabilidade
internacional dos Estados.

Você poderia dedicar uma semana ao estudo de cada um dos macrotemas


a seguir: 1) Desenvolvimento do DIP e Princípios que regem o Brasil nas
RI; 2) DIP e Direito Internacional Privado; 3) Sujeitos do DIP, Estado,
Território, Povo, Nacionalidade; 4) Fontes do Direito Internacional; 5)
Jurisdição, Privilégios e Imunidades; 6) Solução Pacífica de Controvérsias;
7) Direito das Organizações Internacionais; 8) Direito do Comércio
Internacional; 9) Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário; 9)
Direito Penal Internacional e Direito Internacional do Trabalho, Cooperação
Jurídica Internacional; 10) Direito Internacional do Meio Ambiente e Direito
do Mar; 11) Uso da Força; e 12) Direito da Integração Regional.

A exemplo de Economia, também vale a pena cultivar um glossário de


termos e brocardos relacionados aos temas de direito internacional.
O ciclo pós-edital
O objetivo principal do ciclo pós-edital, que dura entre 30 e 60 dias, é
preparar o candidato para ser competitivo na mecânica de realização da
prova. Isso inclui a prática intensiva de diversas microcompetências, quais
sejam: aprender a acertar as questões objetivas mesmo que não saiba o
conteúdo; resolver de questões de provas anteriores; treinar a escrita
manual de textos e a caligrafia; resolver simulados dentro dos parâmetros
exatos de prova (tempo, extensão, tensão); praticar a transposição das
respostas para o cartão de respostas; ajustar seu horário de alimentação e
sono (ciclo circadiano) para maximizar seu desempenho nos dias de
prova; acostumar-se a produzir textos no período da manhã, que é quando
você vai, de fato, escrever; praticar com mais frequência as respostas às
questões discursivas, cotejando seus textos com as respostas usadas
como modelo nos guias de estudos produzidos pelos aprovados no CACD
(clique aqui para baixar os guias).

Este não é um momento de estudar novos conteúdos. Pressupõe-se que o


edital programático já foi vencido. Agora, deve-se dedicar toda a energia e
tempo à resolução de questões e à revisão de todo o material produzido
ao longo dos meses de preparação, bem como avaliar até que ponto eles
ajudam a resolver as questões de prova. Mais adiante, abordarei com mais
detalhes as boas práticas para a resolução de questões.
Os idiomas
Deixei o melhor — e o que causa mais dúvidas — por último. Não me
alongarei nos princípios metodológicos do estudo dos idiomas à luz das
especificidades do CACD, porque já o fiz em outras ocasiões. Serei o mais
pragmático possível, assumindo que você já está familiarizado com o
princípio da especificidade e suas aplicações no estudo de línguas. Leia
mais sobre isso na página principal do programa de idiomas do Grupo
Ubique (acesse aqui).
Especificidades dos idiomas
As provas de idiomas do CACD têm as seguintes especificidades:

1) Elas abstraem a oralidade das línguas, isto é, você não precisa da


fluência falada. Esse fator tem implicações metodológicas extremamente
relevantes. Perde tempo quem estuda para o CACD em cursos de
conversação ou assistindo Netflix para treinar o ouvido;

2) Elas cobram competências técnico-linguísticas muito específicas,


segundo cada idioma: o candidato deve dominar as técnicas de resumo,
tradução, redação, versão, interpretação de textos, além de ter
desenvoltura na gramática e um conhecimento de vocabulário tão vasto
quanto possível;

3) As provas têm natureza defensiva, isto é, você é muito mais penalizado


pelos erros que comete do que premiado pelas demonstrações de
profundo conhecimento das línguas que você dá ao examinador. Isso quer
dizer que, durante a prova, sua maior preocupação deve ser a de não
cometer erros — e não só a de mostrar que sabe a língua. Mais uma vez,
as implicações na maneira como você estuda e tenta desenvolver as
competências em cada idioma são tremendas. Uma delas é que sua
gramática tem que ser o mais perfeita possível, bem como seu vocabulário
deve ser vasto e avançado em algumas áreas temáticas;

4) O edital não é exaustivo, isto é, ele não relaciona tudo que você deve
aprender sobre cada idioma, mas faz referência apenas às competências
linguísticas. Não há uma lista de palavras a ser memorizada ou de regras
de gramática a dominar. O conhecimento nas línguas, portanto, não tem
fim. Não há uma linha de chegada, diferentemente das matérias de
conteúdo. Você nunca vai saber tanto inglês, francês ou espanhol a ponto
de prescindir do contato permanente com essas línguas;

5) O conhecimento de línguas, em geral, é desenvolvido melhor quando


espaçado e constante. Sprints (tentar estudar intensivamente uma língua)
costumam trazer resultados piores do que o contato regular com a
gramática, o vocabulário e os textos em língua estrangeira.

Por essa razão, defendo que os idiomas façam parte de seus estudos em
caráter permanente, ou seja, você estudará as línguas em todos os
mesociclos, desde o começo de sua preparação. Use o bom senso e
considere seu nível de conhecimento prévio em cada língua para saber
quando introduzi-las no seu projeto. O ideal é que todas elas façam parte
de sua rotina de estudos o mais rápido possível. Se achar que é demais
estudar os três idiomas estrangeiros no primeiro mesociclo, além de
História do Brasil, Português e História Mundial, deixe uma ou duas
línguas para o segundo ciclo.

Quanto ao tempo de contato, prefira sessões mais curtas, porém mais


frequentes, ao estudo esporádico. Uma vez iniciados os estudos de um
idioma, procure não passar mais de dois dias sem ler ou fazer pelo menos
uma atividade relacionada à língua, a não ser que seu nível já seja
bastante avançado. Repito, candidatos com menos horas de estudos
disponíveis por semana terão menores chances de atingir um nível
desejado nos idiomas no curto prazo.

O objetivo principal do estudante dos idiomas deve ser o de tornar-se mais


competitivo para a prova a cada atividade que desempenha, sempre com o
foco em dominar a gramática, adquirir vocabulário e treinar as
competências técnico-linguísticas de prova.

A melhor maneira de garantir o contato permanente com os idiomas é


matricular-se em um curso extensivo e estudar até passar na prova, já que
o conteúdo não se esgota. Não poderia deixar de recomendar, portanto, o
programa de idiomas Ubique, criado sob o pilar metodológico do princípio
da especificidade. Há, inclusive, diversas aulas gratuitas em todos os
idiomas e níveis. Acesse este link para assistir a todas elas.

O estudo autodidata de idiomas também é possível. Se quiser ler mais a


respeito de como criar suas próprias atividades de estudo de idiomas com
base no princípio da especificidade, visite esta página.

Por fim, há dois métodos excelentes para garantir que sua gramática
progredirá paulatinamente e seu vocabulário será cada vez mais rico e
preciso: escreva sua própria gramática, baseado nos erros que cometeu e
no aprendizado que extraiu depois de estudá-los; mantenha um dicionário
pessoal, segmentado por áreas temáticas, em que você registra todas as
palavras, expressões idiomáticas e construções sintáticas interessantes.
Elas serão seu repertório para a prova. Enriqueça essa lista pouco a pouco
e garanta que consegue usar ativamente todos os termos incluídos nela.

Dois outros hábitos saudáveis para a desenvoltura da escrita, para


identificação de pontos gramaticais deficientes e para a aquisição de
novos vocábulos são a tradução de textos de português para o idioma alvo
e a redação diária de um diário/relato de estudos em outro idioma, em que
você escreve sobre algum tema de uma matéria de conteúdo que tenha
visto no dia. Essa é uma maneira simples de garantir o contato diário com
as línguas estrangeiras sem grandes firulas.

Por último, cultive o hábito de praticar as competências linguísticas:


escreva redações, resuma textos complexos e traduza muito, sobretudo do
português para o idioma alvo. Você perceberá que a prática dessas
atividades já é mais do que suficiente para desenvolver o vocabulário e
ainda por cima evidenciar pontos de gramática nos quais você deve
concentrar os estudos de reforço.
Fontes de estudo e referência para os
idiomas
Língua Inglesa
As gramáticas de referência em Língua Inglesa são: Essential Grammar in
Use (Raymond Murphy); How English Works (Michael Swan), minha
preferida, por conter vários exemplos com temática da diplomacia; e a
excepcional gramática avançada Advanced Learners' Grammar (Mark
Foley & Diane Hall). Sugiro ainda ter à mão um dicionário de collocations,
como o Oxford Collocations Dictionary, além de um dicionário temático,
como o Word Routes (Cambridge/Martins Fontes), excepcional para os
exercícios de tradução do/para o inglês.

Para a técnica de redação e as noções de estilo, se tiver disposição,


estude, nem que seja um resumo, do clássico The Elements of Style
(William Strunk).

Não poderia deixar de recomendar o excelente The Candidate's


Handbook, organizado pela renomada ex-professora do Instituto Rio
Branco e ex-membro da banca examinadora do CACD Sara Walker, por
quem todos os diplomatas nutrimos profundo carinho e admiração. O
manual traz análises de várias respostas dos aprovados, com
recomendações, inclusive, de como poderiam ser mais bem respondidas.

Como fontes rotineiras de leitura, sugiro artigos dos periódicos The


Economist, The Guardian, The Washington Post, The New Yorker, Foreign
Affairs e Foreign Policy.
Língua Francesa
As gramáticas de referência em Língua Francesa são da série Grammaire
Progressive du Français (CLE), que vai desde o nível débutant até o
avancé.

Como fonte de leitura, indico os textos do Le Monde Diplomatique, muito


citados em prova. Se tiver tempo, leia também algo de literatura em língua
francesa e extraia o máximo de vocabulário que puder.
Língua Espanhola
Geralmente, recomendo a Gramática Básica del Estudiante de Espanhol
como fonte de referência para Língua Espanhola. Dado o caráter
instrumental da prova de Espanhol, sugiro ainda a aquisição de uma
gramática comparativa entre espanhol e português, uma vez que a maioria
dos erros de gramática cometidos são justamente em pontos gramaticais
específicos e que são exaustivamente trabalhados nesse gênero de
gramática. Uma boa referência é a Gramática de Espanhol para Brasileiros
(Esther Maria Milani). Como alternativa, veja a Gramática y Práctica de
Español para Brasileños (Adrián Fanjul).

Para leituras, indicaria os artigos do El Pais, bem como obras de literatura


espanhola, com vistas a ampliar o vocabulário.
Recursos Adicionais
Deixei por último os comentários acerca de alguns recursos valiosos que
você pode (e deve) utilizar durante sua preparação. São ferramentas que
suprem necessidades específicas, havendo, portanto, um momento exato
em que produzem seus melhores resultados.
Manuais do Candidato
São manuais produzidos pela FUNAG que foram tirados de circulação. O
objetivo desses livros era a democratização do acesso ao conteúdo
cobrado em prova. Alguns deles estão defasados por terem sido escritos
há mais de 5 anos. Outros ainda guardam alto valor, como o de Língua
Inglesa, Economia e de História do Brasil.

A inclusão ou não dos manuais em seu projeto de aprovação dependerá


de suas condições financeiras para adquirir livros mais completos em
termos de conteúdo para a prova e de sua disposição para ler livros muito
extensos (os manuais tendem a ser mais curtos e sintéticos).

Sendo muito honesto, dificilmente alguém se tornará competitivo


prescindindo da bibliografia oficiosa do concurso e alimentando-se apenas
dos manuais, o que me faz ser extremamente seletivo na escolha dos MC
que são incluídos nos planos de meus alunos. O melhor deles é o de
Língua Inglesa, que sempre escalo, devido à maneira específica como
trabalha as competências cobradas na prova.
Guias de Estudos
Os Guias de Estudo costumavam ser produzidos pelo próprio IRBr. Após
sua interrupção, os próprios aprovados no concurso passaram a organizar
guias que são na verdade coletâneas das melhores e piores respostas às
questões discursivas das provas.

O valor desse material é sobretudo comparativo, e o melhor momento para


recorrer a eles é justamente no(s) mês(es) que antecede(m) as provas
discursivas, momento em que você tratará de responder o maior número
possível de questões dissertativas de provas anteriores. A análise das
melhores respostas lhe dará parâmetros para a comparação entre suas
respostas e os melhores textos escritos pelos aprovados. Você perceberá
os aspectos que foram mais valorizados pela banca e a maneira como a
exposição do conteúdo foi estruturada e poderá, com isso, calibrar seu
texto e a forma como você tende a se expressar sobre aquilo que estudou.
Provas Anteriores
Como já disse, o candidato tem a obrigação de ter respondido (e acertado)
e analisado todas as questões objetivas e discursivas de provas
anteriores. Se você pretende fazer a prova pela primeira vez ou por
experiência, não queime agora esses recursos tão valiosos que são as
questões passadas. Guarde-as para sua reta final real, isto é, os meses
que sucedem a publicação do edital no ano em que você realmente estiver
competitivo.

Alguns pedagogos, mentores, professores e cacdistas gostam de incluir a


resolução de questões desde o começo da preparação, isto é, desde o
primeiro mesociclo. Eu discordo, com exceção da gramática de Língua
Portuguesa. A resolução de questões deve levar sempre em conta o
objetivo pedagógico do momento de sua preparação.

A resolução de questões tem supostamente quatro finalidades didáticas


costumeiras: a fixação e consolidação do conhecimento; a avaliação de
desempenho e do nível de competitividade; a função diagnóstica-
propositiva; e o treino mecânico da resolução das questões.

A verdade é que, por experiência, as questões de provas anteriores têm


pouco valor como ferramenta de fixação do conteúdo estudado, até porque
quase nunca cobram diretamente o conhecimento dos textos extraídos das
fontes de estudo. As questões foram criadas para serem meros
instrumentos de avaliação, não de fixação.

Por outro lado, usar questões apenas para saber seu grau de
competitividade é inútil se você não aprende nada com a experiência.

Restam, portanto, as duas funções primordiais das questões anteriores. A


mais importante delas é a de permitir o diagnóstico e a identificação de
temas específicos da matéria em que você tem maior potencial de cometer
erros em prova. A partir da resolução de várias questões, você saberá, por
exemplo, que tende a errar mais questões de Macroeconomia do que de
Microeconomia. Saberá, ainda, quais são os tópicos específicos de
Macroeconomia em que você tem mais carências. Tratará, a partir daí, de
reforçar as revisões e as leituras e de realizar novos exercícios naqueles
pontos exatos, e não no macrotema ou na matéria como um todo. Por isso,
sempre que errar um item, certifique-se de que não cometerá erros
similares em questões que versem sobre o mesmo tema. Estude seus
erros e saiba exatamente por que falhou em cada assertiva.

A segunda aplicação útil das questões passadas é o treino mecânico das


habilidades de prova, que costumam dar melhores frutos nas semanas que
antecedem o concurso. Sentar-se por sete horas em uma cadeira e julgar
292 assertivas como C ou E; ler textos extensos e transcrever suas
respostas impecavelmente para o cartão; escrever por horas a fio sem
saber se terá ou não dor de barriga, ânsia de vômito, fome, sono, sudorese
ou se distribuirá flatulências (o que pode ser útil para eliminar boa parte da
concorrência) são situações que costumam ocorrer na hora da prova e
para as quais não estamos acostumados a nos preparar.

São dezenas de distrações que ocorrem ao mesmo tempo em que


estamos tentando nos concentrar para julgar as assertivas. Um pouco (ou
muito) treino para essa situação específica não faz mal nenhum.

Sendo assim, o segundo melhor momento para praticar questões


anteriores é no pós-edital, procurando, na medida do possível, simular a
situação real de prova (tempo, extensão do texto, ambiente, hora do dia,
etc.).

Tenha em mente que uma questão de prova passada é um recurso


valioso. Não queime esse cartucho sem ter um objetivo pedagógico bem
definido.
Prestação de Contas
(Accountability)
É o momento de avaliação de seu progresso no macrociclo que acaba de
terminar, geralmente, logo depois da prova em que foi reprovado (claro,
porque se você passar, estará muito ocupado com as providências da
posse).

O objetivo é diagnosticar, com base tanto nos seus resultados de prova,


quanto dos simulados, realizados antes delas, quais são as matérias,
macrotemas, tópicos e competências linguísticas que precisam ser
aprimoradas na temporada seguinte.

Compare, ainda, seu desempenho com a da prova anterior, se for o caso.


Veja em que pontos progrediu e regrediu.

Com base nesse exercício, programe o próximo macrociclo. Se achar que


é o caso, altere a composição de cada mesociclo, privilegiando e
antecipando as matérias em que teve pior desempenho ou cobriu menos
conteúdo, sempre no entendimento que você conseguiu ter contato pelo
menos superficial com todos os temas do edital.

Tive alunos que, não obstante terem tido nota altíssima na primeira fase,
foram reprovados na prova de Língua Inglesa, na segunda fase. Não
tiveram, portanto, a chance de testar seus conhecimentos nas provas
discursivas das matérias de conteúdo temático. Faz sentido, nesse caso,
que os estudos de Língua Inglesa ganhem protagonismo no macrociclo
seguinte.

Busque planejar o ciclo vindouro no nível dos macrotemas. Saiba priorizar


Economia Internacional em detrimento de Microeconomia, caso seu
diagnóstico aponte nessa direção. Aproveite para dar seguimento à
sequência de leituras de cada matéria, com base nas fontes de estudos
que relacionei acima. Se estudou apenas os quatro primeiros livros da lista
de História do Brasil na primeira temporada, continue os estudos com a
quinta obra da relação. Uma vez esgotadas todas as fontes conhecidas,
submeta-se a mais sessões de diagnóstico, sempre com o objetivo de
encontrar carências e falhas em seus conhecimentos.

A duração e a composição das matérias dos mesociclos de sua segunda


temporada dependerão, portanto, dos resultados da primeira e de suas
prioridades de estudo identificadas tanto nas próprias provas do CACD
quanto nos simulados realizados.
Técnicas e Métodos de Estudo
Neste artigo, contive-me ao tratar de "como estudar" cada matéria. Dei
prioridade a desenvolver minhas sugestões sobre "o que estudar" e
"quando estudar cada matéria/assunto".

No próximo texto, explicarei como construir seu próprio material de


estudos, que são as apostilas, gramáticas pessoais, vocabulário de
idiomas, resumos, etc., e como aplicar técnicas de estudos que
potencializam a retenção do conteúdo e favorecem a revisão e o resgate
mental ativo da matéria.

Por fim, quero que este artigo seja vivo, dinâmico, passível de
atualizações, modificações e retratações. Não garanto, portanto, que
estará intocado da próxima vez que você o acessar.

Você também pode gostar