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Desmontando a curva do esquecimento

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Gabriel Granjeiro 23 de janeiro de 2017

“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não
perde o que merece ser salvo.” Eduardo Galeano

Um filósofo alemão chamado Hermann Ebbinghaus foi o primeiro pesquisador da área de


psicologia a desenvolver testes de inteligência. Foi também pioneiro no uso de técnicas
experimentais em pesquisas sobre a aprendizagem e o primeiro a estudar a relação entre
capacidade e tempo de memorização e a facilidade de recuperação das informações
retidas. Em 1885, Ebbinghaus apresentou ao mundo a sua teoria sobre a Curva do
Esquecimento (Forgetting Curve), que demonstrava graficamente a quantidade de
informações que nosso cérebro é capaz de reter ao longo de um dado período de tempo.
Até hoje a sua teoria é amplamente empregada no campo do estudo da memória e da
aprendizagem por profissionais de todo o mundo.

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No artigo de hoje, tentaremos explicar, de maneira simples e objetiva, por que a tese da
curva do esquecimento pode nos ajudar a melhorar a retenção dos inúmeros conteúdos das
muitas matérias que constam dos editais de concursos. Analisaremos a fundo o assunto, a
fim de que você, amigo concurseiro que nos acompanha, tenha mais um instrumento para
melhorar a sua capacidade de armazenamento das informações que precisará recuperar no
dia D do certame.

“…todos nós somos dotados de boa memória; ela só precisa ser


trabalhada de forma adequada.”

O primeiro fato que você precisa assimilar é que todos nós somos dotados de boa memória;
ela só precisa ser trabalhada de forma adequada. Do contrário, em condições normais, se,
por exemplo, tivermos assistido a uma aula hoje pela manhã, no fim do dia lembraremos,
em média, 75% do conteúdo nela ministrado. Cerca de 24 horas mais tarde, seremos
capazes de recordar 50% do conteúdo; muitas vezes até menos, em torno de 35%, a
depender da densidade das informações. Passados 30 dias, nós nos lembraremos de
apenas 3% a 5% do que vimos. A grande maioria das pessoas relata essa limitação, que é
absolutamente normal. É a tal curva do esquecimento, que foi objeto do estudo de Hermann
ainda no século XIX.

O que devemos fazer, então, para quebrar a regra dessa fatídica curva do esquecimento e
conseguir fixar pra valer as informações que estudamos? Devemos produzir resumos
comprimidos ou eficientes (explicaremos do que se trata daqui a pouco)? Devemos revisar
periodicamente e/ou explicar para alguém o conteúdo imediatamente após o termos
estudado? Devemos resolver milhares de questões de provas anteriores?

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Sabe-se que nosso cérebro perde muito rapidamente as informações nele retidas. Isso já é
consenso na ciência. Para refrescar a memória, devemos revisar, revisar, revisar e praticar –
no nosso caso, resolvendo milhares de questões de concursos anteriores ao longo do
desenvolvimento do plano de estudo. Sim, estudar para concurso exige a elaboração de um
bom plano de estudos, com objetivos e metas diários. Caso o assunto lhe interesse, neste
artigo o meu amigo e professor de Direito Constitucional do Gran Cursos Online Wellington
Antunes dá algumas dicas de como elaborar um.

Acredite: não se deve ler com os olhos, mas com a ponta da caneta, de
preferência de várias cores.

A primeira técnica de memorização que quero compartilhar com você é uma que conheci
ainda no tempo da escola e da faculdade e que sempre me rendeu excelentes resultados
nas provas. Ela consiste em assistir à aula ou ler o capítulo do livro, da apostila, do e-book,
do pdf etc. e, ao mesmo tempo, ir preparando o tal resumo ou assinalando – com rigor,
concentração e critério – as passagens mais relevantes do texto. Tudo isso, claro, sem
deixar de registrar anotações no rodapé e nas bordas do material de estudo. Isto é muito
importante! Eu sempre soube que material de estudo deve ser riscado e rabiscado. Acredite:
não se deve ler com os olhos, mas com a ponta da caneta, de preferência de várias cores.

Mas o pulo do gato vem agora: revise o conteúdo várias vezes. Em resumo, nossa sugestão
é a seguinte: faça uma revisão logo após ter estudado o assunto, outra 24 horas mais tarde,
mais uma depois de 7 dias, uma após 30 dias e por fim revisões de manutenção a cada 45
dias. E não se esqueça de que, em seu plano de estudo, precisam ser reservadas duas
semanas antes da prova apenas para a revisão geral de todos os tópicos do edital. Essa
técnica é útil para quem precisa memorizar grande volume de informações, o que é o seu
caso, concurseiro e futuro servidor público.

Quando se faz a revisão do conteúdo no mesmo dia em que ele foi estudado, a retenção
sobe de 75% para 100%. Rever o assunto um dia mais tarde é necessário porque o nível de
lembrança, a essa altura, já caiu para 50% ou menos. Tanto essa revisão das 24 horas
como as subsequentes devem ser feitas por meio da leitura do resumo que você elaborou
cuidadosamente durante as anotações iniciais, lembra-se? De início, reserve até 10 minutos
para lê-lo, mas vá aumentando a velocidade da leitura para reduzir o tempo para 9, 8, 7…
até chegar a apenas 1 minuto por resumo. Essa técnica faz a mente manter a assimilação
das informações no nível ideal, de 100%.

“Revisão programada não é, como alguns pensam e espalham por aí,


perda de tempo.”

Revisão programada não é, como alguns pensam e espalham por aí, perda de tempo.
Perda de tempo é estudar sem fazer resumos e sem revisar o conteúdo de modo eficaz
como o que sugerimos. Quem age assim fica obrigado a, depois, ler tudo de novo, e de

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novo, e de novo… Isso, sim, é perda de tempo e estudo inútil e pronto para ser esquecido. É
inevitável: quem estuda sem revisar vai esquecer o que estudou; quem não revisa o
conteúdo estudado terá de estudar tudo de novo, e do zero! Obviamente, para esse
candidato, faltará tempo para vencer todo o programa do edital.

A revisão serve para, primeiro, reativar a memória; segundo, assimilar as informações


importantes; terceiro, aumentar a retenção de 75% (inicial) para 90% e até 100%. Esse
método já foi exaustivamente testado e aprovado. Minha sugestão é: teste-o apenas uma
vez. Garanto que você vai obter excelentes resultados e não vai mais querer saber de outro.

Estudo sério pressupõe o máximo de concentração e nada de distração. Naturalmente,


também demanda um mínimo de compreensão de cada assunto do edital, aliada à
memorização dos temas que não têm muita lógica ou sentido prático. Para isso, quanto
mais revisões, melhor, pois o esquecimento será menor. O esquema ideal é leitura seguida
de resumo, de revisões e, por fim, de exercícios.

Não há regras rígidas para aplicação desse método. Você deve levar em conta as suas
características individuais, a quantidade de matérias previstas no edital do seu concurso, a
sua disponibilidade de tempo para o estudo, a planilha de metas que você elaborou e a
densidade do material de estudo que você adotou. São esses e outros fatores que, com
base na experiência e no bom senso, definirão quantas revisões serão necessárias até o dia
da prova.

“O maior desafio do concurseiro, portanto, não é tanto a quantidade de


conteúdo e de disciplinas a serem vencidas, mas a capacidade de
chegar ao fim do plano de estudos com tudo estudado, lido, relido,
treinado e na ponta da língua.”

O maior desafio do concurseiro, portanto, não é tanto a quantidade de conteúdo e de


disciplinas a serem vencidas, mas a capacidade de chegar ao fim do plano de estudos com
tudo estudado, lido, relido, treinado e na ponta da língua. Em termos técnicos, com tudo
devidamente armazenado na memória de longo prazo para ser recuperado durante a prova.

Esse tema é tão amplo, que pode render outro artigo. Voltaremos a conversar mais sobre
estudo, memorização e esquecimento. Memorizem os ensinamentos que vimos hoje e não
se esqueçam do nosso próximo encontro. Até lá!

Gabriel Granjeiro

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Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase
10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N.
Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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