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A dispersão do óleo ocorreria rumo às ilhas do Caribe, em razão das correntes marítimas,
sem previsão de toque na costa brasileira, conforme consta em modelagens feitas em 2015
e 2022. Estudos científicos contestam essa previsão de que não haveria impacto no
território brasileiro.
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Parque Nacional do Cabo Orange, no norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, em foto
de 2016 - Victor Moriyama/Greenpeace
Desde 2013, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) apontam uma necessidade de "intensa articulação
dentro do Estado brasileiro e com os países potencialmente afetados pelos
empreendimentos".
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Depois do parecer, as modelagens feitas sobre piores cenários apontaram o impacto de
petróleo rumo às ilhas do Caribe, em caso de vazamentos.
O MPF (Ministério Público Federal) no Amapá —o poço almejado pela Petrobras está a 179
km da costa do estado— recomendou, em 2018, que houvesse consulta prévia a países
potencialmente atingidos por efeitos do empreendimento. O Itamaraty acatou a
recomendação, segundo a Procuradoria da República no Amapá.
A Folha questionou o Ministério das Relações Exteriores sobre o que a pasta fez a respeito.
Não houve resposta.
Em nota, a Petrobras disse que houve articulação com o ministério e que fez reuniões com
autoridades de Barbados, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Trinidad e Tobago. O
objetivo foi "preparar eventual resposta offshore transfronteiriça em caso de incidente com
derramamento de óleo no mar durante a campanha exploratória no poço FZA-M-59".
"Como o Ibama não participou dessas reuniões, não tem maiores detalhes sobre as
discussões", afirmou na nota. "Seu papel como órgão licenciador é avaliar se as medidas
apresentadas e articulações realizadas são satisfatórias." O estabelecimento de acordos
internacionais prévios sobre o tema não é uma condicionante para o andamento do
processo, conforme o órgão federal.
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"Não se trata de um licenciamento ambiental trivial", afirmou Agostinho, que citou em sua
decisão o parecer técnico de 2013 com sugestão de "início da articulação com o Ministério
das Relações Exteriores o mais cedo possível".
A estatal insiste na obtenção da licença. Depois da negativa, uma forte pressão política
dentro do governo passou a ser encabeçada pela Petrobras, que prevê o início da
exploração em 2024, e pelo Ministério de Minas e Energia. A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente e Mudança do Clima) é o alvo central da pressão.
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adiante a exploração de petróleo na Amazônia.
A área da Foz do Amazonas é de alta sensibilidade ambiental, como o Ibama aponta desde
2014. A região tem correntes muito fortes e movimentos de marés extremamente amplos,
segundo o órgão, o que poderia limitar ou impedir estratégias de combate a eventual
derramamento de óleo.
O Rima (relatório de impacto ambiental), de 2017, aponta a existência de recifes "de grande
importância ecológica, econômica e social, por serem ricos em recursos naturais e estoques
pesqueiros".
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Sobre a previsão de que eventual vazamento não impactaria a costa brasileira, o Ibama
considera que "as bases e modelos hidrodinâmicos evoluíram ao longo da tramitação do
processo de licenciamento, em que pese ainda haver margens de erro e limitações da
ferramenta".
A Petrobras disse que contratou empresa de referência mundial e que essa empresa utilizou
sistemas modernos para modelos e projeções sobre eventual dispersão de óleo no mar,
seguindo exigências do termo de referência do Ibama.
"Foram realizadas duas modelagens (2015 e 2022) e os resultados indicam que não há
probabilidade de toque na costa brasileira, sendo remotíssima a probabilidade de toque de
óleo na costa de outros países. Ambas as modelagens foram aprovadas pelo Ibama. O
parecer do Ibama também validou que o plano da Petrobras para resposta à emergência é
robusto", afirmou a estatal.
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