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Mais de 3 mil quilômetros do litoral do Brasil já foram atingidos na maior tragédia ambiental por
derramamento de petróleo já ocorrida no país. A mancha de óleo se espalhou por praias e mangues
da costa nordeste e já chegou a áreas marinhas protegidas como o Parque Nacional de Abrolhos,
um dos principais bancos de corais e berços de biodiversidade marinha do Atlântico Sul.
Desde que foi detectada pela primeira vez, no dia 30 de agosto, a mancha de petróleo atingiu 877
locais em mais de 127 municípios em 11 estados. A quantidade total de óleo que ainda chegará ao
litoral é desconhecida, segundo a Marinha, mais de 4.500 toneladas já foram retiradas das praias.
Diversos locais foram limpos pela mobilização de voluntários, mas voltaram a ser atingidas pelo óleo
pouco tempo depois. Não se sabe ainda quanto tempo levará para que todo o óleo seja retirado das
praias, rios e mangues, mas dificilmente a remoção poderá ser completa.
Por todo o litoral, há relatos de animais marinhos mortos por contaminação pelo petróleo. Todo o
ecossistema marinho foi afetado de forma direta, incluindo peixes, tartarugas, baleias, frutos do
mar, corais, aves e mamíferos aquáticos. A economia, com base no turismo das praias, já está
sofrendo forte impacto, com consequências especialmente graves para a população que vive da
pesca e coleta de frutos do mar.
O Governo Federal demorou para agir e não acionou o Plano Nacional de Contingência de
Incidentes com Óleo (PNC). O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez sua primeira menção
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Privacidade
da tragédia.
(https://www.wwf.org.br/privacidade/).
O material que se espalhou por praias, mangues e áreas marinhas protegidas é petróleo cru de alta
densidade, com alta concentração de hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA), substância altamente
tóxica. Uma investigação da Polícia Federal apontou um navio grego, o Boubolina, como possível
fonte do vazamento. A empresa grega dona da embarcação, no entanto, nega a responsabilidade e
alega que não há provas.
A lista dos locais é atualizada diariamente ao meio dia pelo Ibama neste
link: http://www.ibama.gov.br/manchasdeoleo (http://www.ibama.gov.br/manchasdeoleo)
Quanto tempo antes das primeiras manchas o óleo começou a vazar? Há estimativas?
As investigações da Polícia Federal indicam que o vazamento do óleo ocorreu no fim de julho.
Paralelamente, uma empresa privada especializada em geointeligência indicou uma mancha de óleo
no dia 29 de julho a 733 km a leste da Paraíba (primeiro estado a registrar as manchas). A partir
dessa área inicial, a Marinha chegou a um número de 30 suspeitos. O navio grego Bouboulina,
principal suspeito, encontrava-se na área de surgimento da mancha naquela data transportando
óleo cru proveniente do terminal de carregamento de petróleo San José, na Venezuela.
Região de maior biodiversidade do Atlântico Sul, localizada dentro do Parque Nacional Marinho de
Abrolhos, o arquipélago é berçário de espécies como a baleia jubarte e corais endêmicos, muito
sensíveis ao material tóxico que vem contaminando as praias. Além do turismo, todo o ecossistema
marinho pode ser afetado diretamente prejudicando milhares de espécies.
Um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) analisou mais de 50 amostras de
animais coletados nas áreas atingidas e identificou petróleo cru em peixes, moluscos e crustáceos.
Segundo Vinícius Nora analista de conservação do WWF-Brasil, o impacto nos manguezais pode ser
irreparável. “O mangue é um ambiente altamente complexo e com uma biodiversidade incrível.
Porém, ele é muito sensível e essas áreas podem levar muitos anos para se recuperarem. Podendo
essa reversão ser impossível em alguns casos”, diz.
Quando sedimentado e alojado no fundo do mar, o petróleo cru inviabiliza a vida nos locais onde se
deposita. E quando micro particulado, o material pode ser ingerido por animais e se alojar nas
partes internas podendo ser ingerido por humanos.
Outra justificava é a distância potencial do início do vazamento, entre 600 km e 700 km da costa.
Normalmente os satélites não monitoram essas regiões.
Por que não o óleo não foi contido com barreiras de contenção flutuantes?
Segundo nota técnica publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
(Ibama), as boias de contenção não são as mais indicadas para este tipo de situação. Segundo o
Ibama, as barreiras de contenção são compostas por uma parte flutuante e outra submersa,
chamada saia, que tem a função de conter o óleo superficial (substância com densidade menor que
a da água), mas o poluente que atinge o nordeste do país se concentra em camada subsuperficial.
Por essa razão, as manchas não são visualizadas em imagens de satélite, sobrevoos e
monitoramentos com sensores para detecção de óleo.
Victor Manoel Mariz, Procurador da República no Estado do Rio Grande do Norte (Ministério Público
Federal), criticou a estratégia adotada em audiência pública realizada no Senado no dia 17 de
outubro. Segundo ele, falta de metodologia adequada não é justificativa para a não ação. Isso não é
argumento para não adotar medidas para minorar os danos.
O Governo Federal demorou para agir? O Brasil não tem um plano de emergência para esse
tipo de situação?
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Sim, o Governo Federal demorou justamente por não ter acionado o plano de emergência para este
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tipo de situação, o Plano Nacional de Contingência de Incidentes com Óleo (PNC). As primeiras
(https://www.wwf.org.br/privacidade/).
notícias sobre a chegada de óleo na costa do Nordeste brasileiro datam de 30 de agosto, no estado
da Paraíba.
O Ibama, órgão de fiscalização do Ministério do Meio Ambiente, emite a primeira nota oficial a
respeito das manchas em 25 de setembro, quando já havia óleo em 108 localidades. A primeira
menção do ministro Ricardo Salles foi feita no dia 05 de outubro –e pelas redes sociais.
As respostas do governo federal têm sido lentas e vagas. É sabido por aqueles que estão vivendo a
crise nos locais atingidos que o PNC não tem sido implantado de maneira efetiva.
O desmonte do sistema de proteção ambiental é marca dessa gestão. Em abril deste ano, o Governo
Federal extinguiu o comitê executivo que deveria colocar o plano em ação no caso de um desastre –
e deveria ter formado os comitês locais, com respectivos diagnósticos e planos de ação para cada
região.
Mas nenhum dos laudos técnicos em relação à origem do óleo foi divulgado, nem houve coleta
sistemática de amostras para que se possa delinear a origem da substância. Essas medidas
precisam ser tomadas em nome da segurança jurídica dos prejudicados – no futuro, essas amostras
serão necessárias para definir as responsabilidades em relação aos atingidos – e em nome da
transparência, obrigação e dever dos agentes públicos. Também não há detalhamento sobre os
recursos empregados para combater essa tragédia, como o efetivo de funcionários do Ministério do
Meio Ambiente ou a localização das ações de contenção ou mitigação dos estragos.
Em uma orientação técnica sobre a gestão de resíduos publicada no site do Ibama, clique aqui
(https://www.ibama.gov.br/phocadownload/notas/2019/3.pdf) para acessar, o órgão diz que “A
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transferência e a destinação final dos resíduos devem ser realizadas o mais rapidamente possível”.
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Porém, não explica qual é a destinação final adequada.
(https://www.wwf.org.br/privacidade/).
Sem uma orientação clara sobre a destinação, cada estado tem buscado uma solução diferente ao
problema. Em Pernambuco, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), o material
está sendo recolhido para uma empresa particular de tratamento de resíduos, onde o material
deverá ser processado e poderá servir como combustível para a indústria de cimento.
IMPORTANTE
*Os efeitos do contato a longo prazo ainda não são totalmente conhecidos.
*Crianças e gestantes devem evitar a proximidade com as áreas impactadas.
A pesquisa foi divulgada dia 24 de outubro pelo professor e pesquisador Francisco Kelmo, diretor do
Instituto de Biologia (Ibio). Segundo o professor, o consumo de peixes e mariscos vindos das áreas
afetadas deve ser evitado.
Entretanto, o secretário nacional da Pesca, Jorge Seif Júnior, afirmou em uma transmissão ao vivo
em uma rede social que é possível consumir os pescados da região. Apesar da afirmação, o
secretário não apresentou nenhum estudo que comprove a seguridade alimentar dos pescados.
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O que fazer se encontrar algum animal com óleo?
(https://www.wwf.org.br/privacidade/).
Caso encontre algum animal ferido ou em contato com o petróleo cru, a orientação do Ibama é ligar
para a Polícia Ambiental no telefone 190. O animal não deve ser devolvido ao mar antes da avaliação
de um veterinário ou biólogo.
O EPI resolve apenas a emergência, precisamos entender os impactos a médio e longo prazo com
estudos científicos e pesquisas. O WWF-Brasil está elaborando um plano de pesquisa com
especialistas em ecossistemas marinhos. Com base no resultado destas análises poderemos
direcionar os esforços de restauração das áreas afetadas.
O WWF-Brasil também tem atuado diretamente junto ao Congresso Nacional para pressionar o
governo para que o Plano Nacional de Contingenciamento seja ativado de forma eficaz.
Hoje, o grupo -também formado pelas ONGs Conservação Internacional (CI-Brasil), Oceana no Brasil,
Rare-Brasil e SOS Mata Atlântica- apoia a campanha Abrolhos Sem Óleo (http://bit.ly/DoeAbrolhos),
que arrecada doações para atuar em três frentes de trabalho na região: adquirir kits de proteção
individual; monitorar diário dos recifes de corais em pontos críticos; retirar o óleo em alto mar.
Se você está distante, pode ajudar participando de financiamentos coletivos de ONGs locais ou
ajudando o WWF-Brasil (DOE (https://doe.wwf.org.br/oleo-no-nordeste-wwf)) que fará o repasse
a instituições que estiverem com maior necessidade no momento.
LINKS RELACIONADOS
A vida dos oceanos está em perigo. Junte-se a nós no combate ao óleo no Nordeste!
(http://bit.ly/DoeOleoNE)
Visite o site Conexão-Abrolhos (http://conexaoabrolhos.com.br/)
Abrolhos: investidores recuam diante do risco ambiental e abandonam disputa em leilão
de Camamu-Almada
(https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?
73383/Abrolhos-livre-do-petroleo)
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Pescadores voluntários retiram mancha de óleo de manguezal em Cabo de Santo Agostinho,
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Pernambuco
(https://www.wwf.org.br/privacidade/).
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